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Viajar pelo Marrocos é aguçar os sentidos

a nossa caravana.jpgO Marrocos é um daqueles lugares que tem cor, cheiro, gosto e som! A primeira cor que se vê é o marrom, cor de tijolo, mas aos poucos, o colorido dos tapetes, lenços e lajotas pintadas invadem o olhar.

O ar seco e vento forte amenizam o sol e o cheiro de cavalos, camelos, macacos, motos, verduras, frutas e temperos da praça JamaaElFna, em Marrakesh, (que também pode ser escrita como Marraquexe ou ainda Marraquesh) cidade localizada a 326km da capital do país, Rabat. Já o gosto é um tanto peculiar: os temperos são bonitos aos olhos, porém, no paladar podem ser muito fortes, doces ou amargos. E o som é da fala alta dos homens, das flautas e músicas alegres.

A experiência de viajar para um lugar como este é incrível. Uma das características é o contraste, paisagens lindíssimas em meio a pobreza e riqueza, luxo e condições precárias de higiene, simpatia e “receio”com as mulheres.

Praça de Marrakesh

 

AJamaa El Fna, algo como a “Praça dos Mortos” ou “Assembleia dos Mortos” em português, merece um tópico. O nome é devido ao local ter sido utilizado no passado para execuções dos prisioneiros ou quem o sultão decidia matar e, ainda, expor aspraca_marrocos.jpg cabeças cortadas para servir de exemplo. Patrimônio da Humanidade da UNESCO é sem dúvida, o local mais movimentado de Marrakesh. Motivo que a fez alvo de um atentado a bomba em abril de 2011, que destruiu um café e deixou 19 mortos  e cujos motivos, até hoje, são discutíveis.

Transitar por ela é um desafio. Tem-se que desviar de motos, bicicletas, pedestres apressados, cavalos, carroças e carros, além das barracas de frutas, macacos com coleiras, cobras “dançantes” e “watermans”- os homens água, atrações que cobram para ser fotografados! Sim, a praça é uma loucura! À noite, a praça fica ainda mais cheia com dançarinas e contadores de histórias, jogos e com os mesmos “veículos” circulando. Pode-se dizer que a “praça pode ser ouvida” ao longe. Encontrá-la não é difícil, pois fica no centro da cidade e muitas ruas terminam nela, mas se quiser fechar os olhos (e tiver coragem) pode seguir o som das flautas, buzinas e gritos e logo chegará ao lugar certo.

A questão de ser mulher

Mesmo acostumados com estrangeiros o machismo predomina. Os negócios são feitos com homens e, muitas vezes, fui ignorada. As mulheres usam lenços para cobrir os cabelos e é comum vê-las com a burcum dos muitos mohammeds que encontramos.jpga que cobre grande parte do corpo. Já à noite, poucas mulheres circulam pelas ruas, e é raro ver alguma nativa em restaurantes, bares e lojas. 

Na cultura do país, as mulheres podem ser compradas, o que pode ser considerado também como “dote” que havia no Brasil. Assim, é aconselhável que, principalmente as turistas, e se forem brancas, de olhos claros, loiras, ou ainda, com os três quesitos juntos, estarem na companhia de um representante do sexo masculino. O sentimento de ser “moeda de troca” não é agradável e não há opção de manifestação durante o negócio. Uma curiosidade é que as mulheres “intrometidas” têm valor menor, além de receberem um olhar de repreensão. O “pagamento” varia conforme a região do país. No geral são camelos, o que vale aproximadamente 5 mil euros, mas podem ser carros, sacos de sal e até mesmo casas.

Comunicação

A primeira língua é o árabe, seguido pelo francês, inglês e espanhol. Os dois últimos muito mais voltados aos negócios, o que torna o vocabulário um pouco restrito. Mas como o país recebe muitos turistas, é fácil encontrar até crianças que falam italiano, mesmo no interior.  Segundo um dos guias, isso é possível porque há escolas de línguas, gratuitas, mantidas pelo governo justamente para favorecer a comunicação com os estrangeiros. E uma dica para quem quer conhecer o “Marocco” é ter, pelo menos, uma noção de francês, e o inglês é fundamental.

MARROCOS, cidade, transporte

O transporte pelo interior é precário, mas não faltam empresas que prestam esse serviço. A principal cidade onde  é possível entrar nas bancadas de areia é Merzouga.  Conhecer o Saara, mesmo que seja uma ponta dele, é lindo e único. As dunas encantam e assustam, pois com “rapidez” se tornam todo o horizonte. A sensação de estar no “meio do nada” remete aos desenhos animados e às miragens.

Andar de camelo ou dromedário também é diferente e não pode ser comparado ao andar a cavalo. Para quem sabe tem vantagens, pois consegue administrar o “balanço” sobre o animal com mais facilidade. O mais estranho é para subir ou descer, pois ele se deita ao chão, e a tarefa de manter-se firme neste momento é complicada.  

Atajin de carne de cordeiro com ameixas.jpg culinária mereceria um texto à parte. O prato mais tradicional é o Tajin, que é o nome dado ao recipiente, com formato semelhante a um sino. Em geral, a carne é frango ou cordeiro temperados com as mais diferentes especiarias, que podem ter ainda, frutas secas ou cristalizadas. O arroz vem de entrada e frio, e  a salada pode ter macarrão e batata.

Os citrinos são as frutas mais comuns, motivo que faz do país grande exportador. Mesmo com distintos sabores tem-se que provar no paladar a cultura e retirar os preconceitos, cuidando apenas as condições mínimas de higiene.  um pouco do colorido dos temperos.jpg

Apesar das comuns discussões no comércio, da fala rápida, que pode também ser interpretada como agressiva, dos exageros nos valores dos produtos (que no fim são negociados até por metade do valor ou menos), da confusão do trânsito e resquícios de violência, vale a pena conhecer.

 O Marrocos é assim, marrom e colorido de um lado, arenoso e montanhoso do outro, exótico e divertido nas ruas e com as pessoas, com as sensações dos antônimos recorrentes. Mas, sobretudo, é um país de povo humilde, que quer sobreviver.

Fotos: Alice Balbé

  

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a nossa caravana.jpgO Marrocos é um daqueles lugares que tem cor, cheiro, gosto e som! A primeira cor que se vê é o marrom, cor de tijolo, mas aos poucos, o colorido dos tapetes, lenços e lajotas pintadas invadem o olhar.

O ar seco e vento forte amenizam o sol e o cheiro de cavalos, camelos, macacos, motos, verduras, frutas e temperos da praça JamaaElFna, em Marrakesh, (que também pode ser escrita como Marraquexe ou ainda Marraquesh) cidade localizada a 326km da capital do país, Rabat. Já o gosto é um tanto peculiar: os temperos são bonitos aos olhos, porém, no paladar podem ser muito fortes, doces ou amargos. E o som é da fala alta dos homens, das flautas e músicas alegres.

A experiência de viajar para um lugar como este é incrível. Uma das características é o contraste, paisagens lindíssimas em meio a pobreza e riqueza, luxo e condições precárias de higiene, simpatia e “receio”com as mulheres.

Praça de Marrakesh

 

AJamaa El Fna, algo como a “Praça dos Mortos” ou “Assembleia dos Mortos” em português, merece um tópico. O nome é devido ao local ter sido utilizado no passado para execuções dos prisioneiros ou quem o sultão decidia matar e, ainda, expor aspraca_marrocos.jpg cabeças cortadas para servir de exemplo. Patrimônio da Humanidade da UNESCO é sem dúvida, o local mais movimentado de Marrakesh. Motivo que a fez alvo de um atentado a bomba em abril de 2011, que destruiu um café e deixou 19 mortos  e cujos motivos, até hoje, são discutíveis.

Transitar por ela é um desafio. Tem-se que desviar de motos, bicicletas, pedestres apressados, cavalos, carroças e carros, além das barracas de frutas, macacos com coleiras, cobras “dançantes” e “watermans”- os homens água, atrações que cobram para ser fotografados! Sim, a praça é uma loucura! À noite, a praça fica ainda mais cheia com dançarinas e contadores de histórias, jogos e com os mesmos “veículos” circulando. Pode-se dizer que a “praça pode ser ouvida” ao longe. Encontrá-la não é difícil, pois fica no centro da cidade e muitas ruas terminam nela, mas se quiser fechar os olhos (e tiver coragem) pode seguir o som das flautas, buzinas e gritos e logo chegará ao lugar certo.

A questão de ser mulher

Mesmo acostumados com estrangeiros o machismo predomina. Os negócios são feitos com homens e, muitas vezes, fui ignorada. As mulheres usam lenços para cobrir os cabelos e é comum vê-las com a burcum dos muitos mohammeds que encontramos.jpga que cobre grande parte do corpo. Já à noite, poucas mulheres circulam pelas ruas, e é raro ver alguma nativa em restaurantes, bares e lojas. 

Na cultura do país, as mulheres podem ser compradas, o que pode ser considerado também como “dote” que havia no Brasil. Assim, é aconselhável que, principalmente as turistas, e se forem brancas, de olhos claros, loiras, ou ainda, com os três quesitos juntos, estarem na companhia de um representante do sexo masculino. O sentimento de ser “moeda de troca” não é agradável e não há opção de manifestação durante o negócio. Uma curiosidade é que as mulheres “intrometidas” têm valor menor, além de receberem um olhar de repreensão. O “pagamento” varia conforme a região do país. No geral são camelos, o que vale aproximadamente 5 mil euros, mas podem ser carros, sacos de sal e até mesmo casas.

Comunicação

A primeira língua é o árabe, seguido pelo francês, inglês e espanhol. Os dois últimos muito mais voltados aos negócios, o que torna o vocabulário um pouco restrito. Mas como o país recebe muitos turistas, é fácil encontrar até crianças que falam italiano, mesmo no interior.  Segundo um dos guias, isso é possível porque há escolas de línguas, gratuitas, mantidas pelo governo justamente para favorecer a comunicação com os estrangeiros. E uma dica para quem quer conhecer o “Marocco” é ter, pelo menos, uma noção de francês, e o inglês é fundamental.

MARROCOS, cidade, transporte

O transporte pelo interior é precário, mas não faltam empresas que prestam esse serviço. A principal cidade onde  é possível entrar nas bancadas de areia é Merzouga.  Conhecer o Saara, mesmo que seja uma ponta dele, é lindo e único. As dunas encantam e assustam, pois com “rapidez” se tornam todo o horizonte. A sensação de estar no “meio do nada” remete aos desenhos animados e às miragens.

Andar de camelo ou dromedário também é diferente e não pode ser comparado ao andar a cavalo. Para quem sabe tem vantagens, pois consegue administrar o “balanço” sobre o animal com mais facilidade. O mais estranho é para subir ou descer, pois ele se deita ao chão, e a tarefa de manter-se firme neste momento é complicada.  

Atajin de carne de cordeiro com ameixas.jpg culinária mereceria um texto à parte. O prato mais tradicional é o Tajin, que é o nome dado ao recipiente, com formato semelhante a um sino. Em geral, a carne é frango ou cordeiro temperados com as mais diferentes especiarias, que podem ter ainda, frutas secas ou cristalizadas. O arroz vem de entrada e frio, e  a salada pode ter macarrão e batata.

Os citrinos são as frutas mais comuns, motivo que faz do país grande exportador. Mesmo com distintos sabores tem-se que provar no paladar a cultura e retirar os preconceitos, cuidando apenas as condições mínimas de higiene.  um pouco do colorido dos temperos.jpg

Apesar das comuns discussões no comércio, da fala rápida, que pode também ser interpretada como agressiva, dos exageros nos valores dos produtos (que no fim são negociados até por metade do valor ou menos), da confusão do trânsito e resquícios de violência, vale a pena conhecer.

 O Marrocos é assim, marrom e colorido de um lado, arenoso e montanhoso do outro, exótico e divertido nas ruas e com as pessoas, com as sensações dos antônimos recorrentes. Mas, sobretudo, é um país de povo humilde, que quer sobreviver.

Fotos: Alice Balbé