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A Comunicação Pública e as ocupações das escolas estaduais em Santa Maria

Observatório da mídia CS-02A comunicação pública tem como compromisso levar à população informações que dizem respeito à sociedade. Os veículos de comunicação devem abordar com seriedade e a objetividade possível  os assuntos que afetam a população, proporcionando uma ponte de ligação entre a coletividade e as instituições e o Estado. Por meio da comunicação pública é possível suprir as dúvidas e esclarecer pontos importantes de temas relevantes, oferecendo à população conhecimento para que possam exercer sua cidadania.
Nas últimas semanas, as ocupações nas escolas estaduais geraram matérias que abordam esse manifesto dos estudantes, que reivindicam por melhorias e investimentos nas instituições. Os atos realizados pelos estudantes são formas de cobrar do Estado melhores condições de ensino, em conteúdo e estrutura das escolas. A cobertura deste fato se torna importante, pois é preciso levar ao conhecimento da população as lutas dos alunos e conscientizar a sociedade de que o que é oferecido aos estudantes das escolas públicas não vai de encontro com as necessidades destes jovens.
Em Santa Maria, oito escolas foram ocupadas desde o dia 19 de maio. Na última segunda-feira, 04 de julho, ocorreu a assinatura do termo de acordo para desocupação das instituições que ainda se encontravam ocupadas. Os dois jornais do município com maior circulação realizaram a cobertura destas atividades.
Ao analisar como os dois veículos abordaram as ocupações das escolas percebe-se que, embora um deles tenha abordado mais detalhadamente a situação enquanto o outro reportou informações mais básicas, há certo distanciamento entre os estudantes e ambos os jornais.
Hoje, o consumo das informações se dá por noticias que são fragmentos da realidade. Porém, esses relatos dos quais temos acesso não contribuem para compor uma narrativa completa sobre um determinado contexto. Com relação às ocupações notou-se a necessidade de um aprofundamento sobre o tema, da pluralidade de vozes, de uma análise mais detalhada.
Se forem colocadas em uma balança de um lado as notícias diárias e de outro uma reportagem mais apurada e lapidada, a segunda se mostra mais benéfica à sociedade. Apesar da demanda por informações rápidas e curtas, quando se é disponibilizado um conteúdo que passou por um período de produção e averiguação mais longo, se obtém um material mais rico e esclarecedor.
Em um momento em que o fluxo de comunicação é rápido, qualquer pessoa que portar um celular e estiver conectada nas mídias sociais é capaz de transmitir um fato. É neste momento em que o jornalista deve cumprir seu papel, buscando fontes e dados, ouvindo pessoas e assim contribuir com a disponibilização de uma matéria de qualidade.
Para quem está de fora do contexto abordado as noticias desempenham a função de olhos e ouvidos que levam informações sobre o tema. Quando um assunto é tratado de maneira superficial o leitor sofre as consequências.
Não estou desmerecendo as noticias diárias, mas chamo a atenção para necessidade de um aprofundamento e tratamento mais detalhado sobre as questões, pois não necessariamente os fragmentos farão um diagnóstico da situação.
A forma de abordagem das ocupações deveria ter sido feita de forma diferente, por meio de um olhar critico, diferenciado e mais detalhado, com uma imersão no tema. Proporcionar maior espaço para discussão sobre o assunto ocupação, ouvir mais os estudantes, entender melhor suas reivindicações seria uma boa iniciativa. Além disso, também dar voz aos pais desses jovens, os professores, e até mesmo os moradores que vivem próximos às escolas tornaria o debate mais plural.  A Secretaria Estadual de Educação, por meio da 8º Coordenadoria Regional de Educação (8ºCRE), deveria ter sido mais questionada e instigada a responder outras perguntas e dar declarações mais consistentes. Estas ações são importantes, visto ser necessário dar o mesmo espaço aos envolvidos, para que a população possa refletir e tirar suas próprias conclusões.

paloa

Paola Saldanha é acadêmica de Jornalismo na Unifra.

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Observatório da mídia CS-02A comunicação pública tem como compromisso levar à população informações que dizem respeito à sociedade. Os veículos de comunicação devem abordar com seriedade e a objetividade possível  os assuntos que afetam a população, proporcionando uma ponte de ligação entre a coletividade e as instituições e o Estado. Por meio da comunicação pública é possível suprir as dúvidas e esclarecer pontos importantes de temas relevantes, oferecendo à população conhecimento para que possam exercer sua cidadania.
Nas últimas semanas, as ocupações nas escolas estaduais geraram matérias que abordam esse manifesto dos estudantes, que reivindicam por melhorias e investimentos nas instituições. Os atos realizados pelos estudantes são formas de cobrar do Estado melhores condições de ensino, em conteúdo e estrutura das escolas. A cobertura deste fato se torna importante, pois é preciso levar ao conhecimento da população as lutas dos alunos e conscientizar a sociedade de que o que é oferecido aos estudantes das escolas públicas não vai de encontro com as necessidades destes jovens.
Em Santa Maria, oito escolas foram ocupadas desde o dia 19 de maio. Na última segunda-feira, 04 de julho, ocorreu a assinatura do termo de acordo para desocupação das instituições que ainda se encontravam ocupadas. Os dois jornais do município com maior circulação realizaram a cobertura destas atividades.
Ao analisar como os dois veículos abordaram as ocupações das escolas percebe-se que, embora um deles tenha abordado mais detalhadamente a situação enquanto o outro reportou informações mais básicas, há certo distanciamento entre os estudantes e ambos os jornais.
Hoje, o consumo das informações se dá por noticias que são fragmentos da realidade. Porém, esses relatos dos quais temos acesso não contribuem para compor uma narrativa completa sobre um determinado contexto. Com relação às ocupações notou-se a necessidade de um aprofundamento sobre o tema, da pluralidade de vozes, de uma análise mais detalhada.
Se forem colocadas em uma balança de um lado as notícias diárias e de outro uma reportagem mais apurada e lapidada, a segunda se mostra mais benéfica à sociedade. Apesar da demanda por informações rápidas e curtas, quando se é disponibilizado um conteúdo que passou por um período de produção e averiguação mais longo, se obtém um material mais rico e esclarecedor.
Em um momento em que o fluxo de comunicação é rápido, qualquer pessoa que portar um celular e estiver conectada nas mídias sociais é capaz de transmitir um fato. É neste momento em que o jornalista deve cumprir seu papel, buscando fontes e dados, ouvindo pessoas e assim contribuir com a disponibilização de uma matéria de qualidade.
Para quem está de fora do contexto abordado as noticias desempenham a função de olhos e ouvidos que levam informações sobre o tema. Quando um assunto é tratado de maneira superficial o leitor sofre as consequências.
Não estou desmerecendo as noticias diárias, mas chamo a atenção para necessidade de um aprofundamento e tratamento mais detalhado sobre as questões, pois não necessariamente os fragmentos farão um diagnóstico da situação.
A forma de abordagem das ocupações deveria ter sido feita de forma diferente, por meio de um olhar critico, diferenciado e mais detalhado, com uma imersão no tema. Proporcionar maior espaço para discussão sobre o assunto ocupação, ouvir mais os estudantes, entender melhor suas reivindicações seria uma boa iniciativa. Além disso, também dar voz aos pais desses jovens, os professores, e até mesmo os moradores que vivem próximos às escolas tornaria o debate mais plural.  A Secretaria Estadual de Educação, por meio da 8º Coordenadoria Regional de Educação (8ºCRE), deveria ter sido mais questionada e instigada a responder outras perguntas e dar declarações mais consistentes. Estas ações são importantes, visto ser necessário dar o mesmo espaço aos envolvidos, para que a população possa refletir e tirar suas próprias conclusões.

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Paola Saldanha é acadêmica de Jornalismo na Unifra.