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A Balada da diversidade

No palco, uma das professoras apresentou coreografia com seus alunos. Foto: Vic Martins

A preparação para ir a uma festa começa bem antes de chegar à boate – ou casa de shows, ou salão de festas. Mulheres se perguntam entre um vestido e outro e qual par de sapatos usar, enquanto os homens — hoje em dia muito vaidosos — tratam do famoso barba, cabelo e bigode. Expectativa: essa é a palavra que antecede cada festa. Com os integrantes desta história não foi diferente. Eles vestiram roupas diferentes das que estão acostumados e, uma semana antes, a ansiedade já fazia seus peitos explodirem.

Algumas semanas após ter uma das experiências mais humanas que tive como estudante de Jornalismo, ainda consigo fechar os olhos e lembrar da expressão de cada um dos jovens e adultos que tive a oportunidade de conhecer na Balada Inclusiva. O ambiente acolheu minorias que, muitas vezes, não têm visibilidade — e isso me emocionou do início ao fim. Uma tarde regada a muita música, luzes e dança fez com que todos interagissem como iguais. Aqueles que diariamente são tidos como pessoas diferentes estavam ali integrados ao ambiente no qual só faziam sorrir, sorrir e sorrir. Aliás, a palavra que mais escutei de todos os entrevistados? Integração.

Na foto, a cantora Raquel Tombesi com uma das participantes do evento.
Foto: Balada Inclusiva/Divulgação

Aproximei-me, então, de uma senhora que estava sentada em uma das cadeiras dispostas pelo salão. Pergunto se posso conversar um pouco com ela que, prontamente e com um sorriso no rosto, me diz que sim. Era Emir Pereira, mãe de Ireno, de 56 anos, aluno na Associação Colibri há 17. Presente em todas as edições da Balada, a mãe conta que “ele se sente muito feliz porque sai sozinho”.

Além de pais, professores e colaboradores das entidades educacionais, teve um dos apoios mais importantes para que o evento acontecesse: os voluntários. Neste ano, a edição foi realizada na boate Moon NigthLife e mais de 20 pessoas dispuseram um pouco do seu dia para ajudar a trazer alegria aos presentes. Uma delas é Luisa Beltrão, de 23 anos, que faz parte do voluntariado na Balada desde a primeira edição. Ela conta que, no início, os pais e responsáveis vinham apenas para acompanhar, mas que, com o passar das edições, eles começaram a participar. “É gratificante demais ser voluntária. Hoje eu cheguei e eles vieram me abraçar, sabe, eles já reconhecem a gente das outras edições” contou ela.

O projeto

Estudante de Publicidade e Propaganda, Renan Beltrão conta que a ideia do projeto surgiu em 2016, a partir da cadeira de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária, ofertada pelo Centro Universitário Franciscano. “Precisávamos dar visibilidade à uma entidade beneficente de Santa Maria e optamos pela APAE. Depois que encerramos a cadeira, eu continuei trabalhando com a APAE e decidimos colocar em prática uma das ideias do projeto que ainda não tinha sido aplicada: a Balada Inclusiva. A primeira edição foi apenas para os alunos e pais que faziam parte da APAE e contou com mais ou menos 180 participantes. Como vimos que deu super certo, decidimos fazer uma segunda edição, só que dessa vez deixaríamos aberto à outras instituições” conta ele, perceptivelmente feliz com a repercussão que teve o projeto.

Segundo a organização do evento, esta quarta edição teve em torno de 800 participantes. Contou também com apresentações de palhaços e uma cabine de fotos, atrações que foram novidade a partir desta edição. Além disso, tiveram auxílio de socorristas e uma exposição de carros e motos para entretenimento.

Atualmente, além de apoio da APAE, a Balada conta com o apoio de diversos patrocinadores e voluntários em sua divulgação — além, é claro, daqueles que são as peças mais importantes para isso acontecer: os alunos e familiares. Diogo dos Santos é fonoaudiólogo na APAE de São Sepé e, nesta quarta edição, levou pela primeira vez os alunos da instituição. “Fizemos até uma camiseta. Eles compraram roupas e quiseram se arrumar. Estão felizes e em interação, porque eles estão acostumados apenas com a gente (professores e outros funcionários) e com os outros alunos. É lindo de ver a felicidade deles aqui”.

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No palco, uma das professoras apresentou coreografia com seus alunos. Foto: Vic Martins

A preparação para ir a uma festa começa bem antes de chegar à boate – ou casa de shows, ou salão de festas. Mulheres se perguntam entre um vestido e outro e qual par de sapatos usar, enquanto os homens — hoje em dia muito vaidosos — tratam do famoso barba, cabelo e bigode. Expectativa: essa é a palavra que antecede cada festa. Com os integrantes desta história não foi diferente. Eles vestiram roupas diferentes das que estão acostumados e, uma semana antes, a ansiedade já fazia seus peitos explodirem.

Algumas semanas após ter uma das experiências mais humanas que tive como estudante de Jornalismo, ainda consigo fechar os olhos e lembrar da expressão de cada um dos jovens e adultos que tive a oportunidade de conhecer na Balada Inclusiva. O ambiente acolheu minorias que, muitas vezes, não têm visibilidade — e isso me emocionou do início ao fim. Uma tarde regada a muita música, luzes e dança fez com que todos interagissem como iguais. Aqueles que diariamente são tidos como pessoas diferentes estavam ali integrados ao ambiente no qual só faziam sorrir, sorrir e sorrir. Aliás, a palavra que mais escutei de todos os entrevistados? Integração.

Na foto, a cantora Raquel Tombesi com uma das participantes do evento.
Foto: Balada Inclusiva/Divulgação

Aproximei-me, então, de uma senhora que estava sentada em uma das cadeiras dispostas pelo salão. Pergunto se posso conversar um pouco com ela que, prontamente e com um sorriso no rosto, me diz que sim. Era Emir Pereira, mãe de Ireno, de 56 anos, aluno na Associação Colibri há 17. Presente em todas as edições da Balada, a mãe conta que “ele se sente muito feliz porque sai sozinho”.

Além de pais, professores e colaboradores das entidades educacionais, teve um dos apoios mais importantes para que o evento acontecesse: os voluntários. Neste ano, a edição foi realizada na boate Moon NigthLife e mais de 20 pessoas dispuseram um pouco do seu dia para ajudar a trazer alegria aos presentes. Uma delas é Luisa Beltrão, de 23 anos, que faz parte do voluntariado na Balada desde a primeira edição. Ela conta que, no início, os pais e responsáveis vinham apenas para acompanhar, mas que, com o passar das edições, eles começaram a participar. “É gratificante demais ser voluntária. Hoje eu cheguei e eles vieram me abraçar, sabe, eles já reconhecem a gente das outras edições” contou ela.

O projeto

Estudante de Publicidade e Propaganda, Renan Beltrão conta que a ideia do projeto surgiu em 2016, a partir da cadeira de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária, ofertada pelo Centro Universitário Franciscano. “Precisávamos dar visibilidade à uma entidade beneficente de Santa Maria e optamos pela APAE. Depois que encerramos a cadeira, eu continuei trabalhando com a APAE e decidimos colocar em prática uma das ideias do projeto que ainda não tinha sido aplicada: a Balada Inclusiva. A primeira edição foi apenas para os alunos e pais que faziam parte da APAE e contou com mais ou menos 180 participantes. Como vimos que deu super certo, decidimos fazer uma segunda edição, só que dessa vez deixaríamos aberto à outras instituições” conta ele, perceptivelmente feliz com a repercussão que teve o projeto.

Segundo a organização do evento, esta quarta edição teve em torno de 800 participantes. Contou também com apresentações de palhaços e uma cabine de fotos, atrações que foram novidade a partir desta edição. Além disso, tiveram auxílio de socorristas e uma exposição de carros e motos para entretenimento.

Atualmente, além de apoio da APAE, a Balada conta com o apoio de diversos patrocinadores e voluntários em sua divulgação — além, é claro, daqueles que são as peças mais importantes para isso acontecer: os alunos e familiares. Diogo dos Santos é fonoaudiólogo na APAE de São Sepé e, nesta quarta edição, levou pela primeira vez os alunos da instituição. “Fizemos até uma camiseta. Eles compraram roupas e quiseram se arrumar. Estão felizes e em interação, porque eles estão acostumados apenas com a gente (professores e outros funcionários) e com os outros alunos. É lindo de ver a felicidade deles aqui”.