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Escola Aberta Paulo Freire luta para não fechar

Equipe de professores, alunos e acadêmicos de jornalismo da Unifra na Escola Aberta Paulo Freire.

Na última sexta-feira, 02, entre brincadeiras, “zoações”  e bate-papos, houve muita confraternização na Escola Aberta Paulo Freire. Os responsáveis foram os estudantes do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano, grupo que desenvolveu um trabalho junto à  escola de ensino fundamental básico que abriga crianças de 10 a 17 anos que estão em situação de vulnerabilidade Social, e encerrou as atividades com uma festa de encerramento junto à instituição.

O time comunitário é composto por Agnes Barriles, Deivid Pazatto e Robson Brilhante. Desde 13 de março deste ano, todas as terças e sextas- feiras foram realizadas atividades diferentes, oferecidas para  as crianças e adolescentes. Trata-se de um trabalho de interação e integração que integram a disciplina de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária, orientada pela professora Rosana Zucolo. O projeto dos acadêmicos é voltado à produção de um documentário sobre a escola e que, por conta das dificuldades que as crianças apresentaram ao ler e escrever, fez com que a equipe mudasse a forma de trabalhar, ampliando e realizando trabalhos dinâmicos e educativas.

Teve bolo na confraternização da Paulo Freire. Fotos: Luis Ricardo Kaufmann

“Muitas vezes saía exausto da escola, principalmente pela agitação das crianças. Mas, fazer com que o pensamento de um aluno que seja, mude já me deixa satisfeito e  com um sentimento de trabalho cumprido. A primeira interação foi muito difícil, pois as crianças eram muito fechadas. Fazê-los se soltar demorou, porém, hoje as coisas mudaram e ficaram mais mais tranquilas”, conta Deivid.

A equipe de acadêmicos entra na etapa da edição do vídeo que será lançado no final de junho na Unifra e na Escola Paulo Freire.

A Escola Aberta Paulo Freire

Conhecida como Escola Aberta, a Paulo Freire dedica atenção especial aos alunos, na sua maioria em situação de risco. São crianças e adolescentes em situação de rua, abrigados, em risco de violência ou em famílias em vulnerabilidade. O tratamento destinado a eles é diferenciado. Não é exigida freqüência e o sistema de séries é dividido em quatro etapas que equivalem a duas ou mais séries do ensino fundamental tradicional.

 Os alunos passam o dia na escola, ganham almoço, tomam banho e têm aulas de manhã e oficinas, que lhes ensinam uma profissão, na parte da tarde.

A primeira oficina pela qual todos devem passar é a de papel reciclado. Depois, cada um escolhe que área quer seguir entre as outras três oficinas oferecidas: informática, corte de cabelo e padaria.

A Unifra tem sido parceira da Paulo Freire em várias ocasiões. Entre 2006 e 2008 desenvolveu diversos projetos na instituição. Entre eles, o Ação de de Cidadania, atividade interdisciplinar entre cursos que envolveu professores e alunos na prestação de serviços à comunidade, oficina de foto com a então acadêmica  de jornalismo, Josiane Stringhini, da Unifra, além de apresentações de funk, pagode e rap. Entre esses serviços estão o corte de cabelo, serviços de saúde, serviço social, recreação, orientações jurídicas, mateada e atividades lúdico-pedagógicas.

Produções da Oficina de Papel da Escola Paulo Freire.

A importância  social da escola  para santa Maria pode ser constatada nos depoimentos que farão parte do vídeo que está sendo produzido e pelas entrevistas já realizadas em matérias anteriores da ACS, entre elas os depoimentos que se seguem.

O aluno Ronaldo Tavares, 13 anos, que saiu das ruas para frequentar a escola, pretende seguir os passos do irmão, que também estudou lá. “Pretendo ir para a oficina de cabeleireiro e ter um salão. Um dia quero ser da base área e virar um piloto de caça, que nem meu irmão” falou o empolgado aluno.

Estudando na escola desde o começo do ano, Daniel Cezar Gonçalves, 15 anos, mesmo demonstrando bastante timidez, tem uma opinião diferente e pretende seguir os estudos, fazer uma faculdade e só depois trabalhar. “Quero aprender e estudar” falou o aluno.

Crise

A Escola Paulo Freire que foi reconhecida como modelo de inclusão social corre o risco de fechamento. A 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) alega que estudos da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) indicam que há mais oferta de vagas do que demanda, muitas reprovações, e fechou recentemente o EJA da escola, transferindo 41 alunos que frequentavam a turma noturna. Em entrevista ao  jornal Diário de Santa Maria em fevereiro último, a 8ª CRE alega ainda questões de economia e um projeto pedagógico que visa atrair o aluno para a sala de aula.

A direção da Paulo Freire afirma que há uma tentativa de desmonte da escola. Segundo eles, a 8ª CRE não trabalha com dados reais, tem reduzido o grupo de professores na tentativa de inviabilizar o trabalho no local e gerado uma série de dificuldades operacionais.  Ainda conforme a direção, alunos do EJA afirmaram que foram procurados em suas casas para que desistissem das aulas na instituição, e aceitassem a transferência para outras escolas. Muitos deles teriam deixado de frequentar o EJA por ocasião da transferência, uma vez que isso gerou dificuldades de deslocamento.

Procurada pela reportagem da ACS, a 8ª CRE não retornou as ligações.

Por Luis Ricardo Kaufmann e Agência Central Sul

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Equipe de professores, alunos e acadêmicos de jornalismo da Unifra na Escola Aberta Paulo Freire.

Na última sexta-feira, 02, entre brincadeiras, “zoações”  e bate-papos, houve muita confraternização na Escola Aberta Paulo Freire. Os responsáveis foram os estudantes do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano, grupo que desenvolveu um trabalho junto à  escola de ensino fundamental básico que abriga crianças de 10 a 17 anos que estão em situação de vulnerabilidade Social, e encerrou as atividades com uma festa de encerramento junto à instituição.

O time comunitário é composto por Agnes Barriles, Deivid Pazatto e Robson Brilhante. Desde 13 de março deste ano, todas as terças e sextas- feiras foram realizadas atividades diferentes, oferecidas para  as crianças e adolescentes. Trata-se de um trabalho de interação e integração que integram a disciplina de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária, orientada pela professora Rosana Zucolo. O projeto dos acadêmicos é voltado à produção de um documentário sobre a escola e que, por conta das dificuldades que as crianças apresentaram ao ler e escrever, fez com que a equipe mudasse a forma de trabalhar, ampliando e realizando trabalhos dinâmicos e educativas.

Teve bolo na confraternização da Paulo Freire. Fotos: Luis Ricardo Kaufmann

“Muitas vezes saía exausto da escola, principalmente pela agitação das crianças. Mas, fazer com que o pensamento de um aluno que seja, mude já me deixa satisfeito e  com um sentimento de trabalho cumprido. A primeira interação foi muito difícil, pois as crianças eram muito fechadas. Fazê-los se soltar demorou, porém, hoje as coisas mudaram e ficaram mais mais tranquilas”, conta Deivid.

A equipe de acadêmicos entra na etapa da edição do vídeo que será lançado no final de junho na Unifra e na Escola Paulo Freire.

A Escola Aberta Paulo Freire

Conhecida como Escola Aberta, a Paulo Freire dedica atenção especial aos alunos, na sua maioria em situação de risco. São crianças e adolescentes em situação de rua, abrigados, em risco de violência ou em famílias em vulnerabilidade. O tratamento destinado a eles é diferenciado. Não é exigida freqüência e o sistema de séries é dividido em quatro etapas que equivalem a duas ou mais séries do ensino fundamental tradicional.

 Os alunos passam o dia na escola, ganham almoço, tomam banho e têm aulas de manhã e oficinas, que lhes ensinam uma profissão, na parte da tarde.

A primeira oficina pela qual todos devem passar é a de papel reciclado. Depois, cada um escolhe que área quer seguir entre as outras três oficinas oferecidas: informática, corte de cabelo e padaria.

A Unifra tem sido parceira da Paulo Freire em várias ocasiões. Entre 2006 e 2008 desenvolveu diversos projetos na instituição. Entre eles, o Ação de de Cidadania, atividade interdisciplinar entre cursos que envolveu professores e alunos na prestação de serviços à comunidade, oficina de foto com a então acadêmica  de jornalismo, Josiane Stringhini, da Unifra, além de apresentações de funk, pagode e rap. Entre esses serviços estão o corte de cabelo, serviços de saúde, serviço social, recreação, orientações jurídicas, mateada e atividades lúdico-pedagógicas.

Produções da Oficina de Papel da Escola Paulo Freire.

A importância  social da escola  para santa Maria pode ser constatada nos depoimentos que farão parte do vídeo que está sendo produzido e pelas entrevistas já realizadas em matérias anteriores da ACS, entre elas os depoimentos que se seguem.

O aluno Ronaldo Tavares, 13 anos, que saiu das ruas para frequentar a escola, pretende seguir os passos do irmão, que também estudou lá. “Pretendo ir para a oficina de cabeleireiro e ter um salão. Um dia quero ser da base área e virar um piloto de caça, que nem meu irmão” falou o empolgado aluno.

Estudando na escola desde o começo do ano, Daniel Cezar Gonçalves, 15 anos, mesmo demonstrando bastante timidez, tem uma opinião diferente e pretende seguir os estudos, fazer uma faculdade e só depois trabalhar. “Quero aprender e estudar” falou o aluno.

Crise

A Escola Paulo Freire que foi reconhecida como modelo de inclusão social corre o risco de fechamento. A 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) alega que estudos da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) indicam que há mais oferta de vagas do que demanda, muitas reprovações, e fechou recentemente o EJA da escola, transferindo 41 alunos que frequentavam a turma noturna. Em entrevista ao  jornal Diário de Santa Maria em fevereiro último, a 8ª CRE alega ainda questões de economia e um projeto pedagógico que visa atrair o aluno para a sala de aula.

A direção da Paulo Freire afirma que há uma tentativa de desmonte da escola. Segundo eles, a 8ª CRE não trabalha com dados reais, tem reduzido o grupo de professores na tentativa de inviabilizar o trabalho no local e gerado uma série de dificuldades operacionais.  Ainda conforme a direção, alunos do EJA afirmaram que foram procurados em suas casas para que desistissem das aulas na instituição, e aceitassem a transferência para outras escolas. Muitos deles teriam deixado de frequentar o EJA por ocasião da transferência, uma vez que isso gerou dificuldades de deslocamento.

Procurada pela reportagem da ACS, a 8ª CRE não retornou as ligações.

Por Luis Ricardo Kaufmann e Agência Central Sul