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Dois lados do ensino remoto: o aluno e o professor

Sala de aula vazia tornou-se uma realidade em todo o mundo. Foto: Lucas

O novo coronavírus chegou ao mundo e muitas consequências foram sentidas nos diversos setores da  sociedade, como a economia, a segurança, a indústria, a área de transportes, a saúde obviamente, e a educação. As  aulas estacionaram por todo o mundo para a segurança de crianças e adolescentes. A solução encontrada foi algo similar ao ensino à distância (EAD) : as aulas remotas. A principal diferença é que no EAD as aulas são gravadas, e no ensino remoto, as aulas são ao vivo em reuniões online com alunos e professores. As salas de aulas ficaram vazias e as aulas foram feitas de casa, o que gerou dificuldades e desafios tanto para os professores, como para os alunos.
Ao ser questionada sobre os problemas enfrentados diante da necessidade de trabalhar de modo remoto, a professora de português, redação e literatura do ensino médio, Andrea Raffone respondeu que “As principais dificuldades que encontramos é que, da noite para o dia, nos vimos completamente dependentes da tecnologia, do sinal de internet, dos recursos e de domínio desses recursos.(…) A nossa vida pessoal também ficou mexida, invadida em função desse uso excessivo das tecnologias e dessa facilidade com que nós ficamos abertos ao trabalho durante 24 horas. É o  Whatsapp que não parava  com chamadas de pais e alunos, as demandas da escola e os grupos de turma de sala de aula”.
Já o estudante Paulo Hillal comenta que as suas maiores dificuldades foram o excesso de trabalhos e prazos para cumprir, além de conseguir manter a atenção na tela do computador por horas, sem desvios para celular ou alguma outra atividade.
Por outro lado, apesar das muitas dificuldades e desafios, os entrevistados apontaram que também há facilidades nesse modo de ensino. Para Paulo Hillal, as facilidades “São poucas, mas a mais notável e que realmente fez, e ainda faz a diferença, é a comodidade de estar em lugares mais confortáveis. As atividades escolares, por exemplo, provas, trabalhos e exercícios tiveram uma certa facilidade pelo fácil acesso à internet.  Não que seja uma facilidade que auxiliou, se for comparar facilidade com produtividade.”
“Uma das facilidades mais relevantes foi a possibilidade de trabalhar e estudar em casa diante da pandemia e do risco que significa o vírus”, afirmou a professora Andrea.

Descompassos 

Trabalho virtual tornou-se uma rotina no dia-a-dia da professora Andrea Raffone. Foto: arquivo pessoal

Segundo pesquisa feita pelo Instituto Península, 83,4% dos professores se sentem nada ou pouco preparados para ensinar de forma remota e esse número pode ter uma grave consequência no desempenho do próprio professor. “A nossa  é uma atividade, como conceituou um professor de filosofia, narcísica. Como o mito de Narciso, a gente contempla, a gente se explica, a gente fala de si mesmo e, sem esse contato, sem a interação, sem o olho no olhar do aluno,   se perdeu consideravelmente a riqueza desse encontro. Passamos um ano esgotados pelo excesso de trabalho, mas com pouca interação. Foi praticamente um trabalho voltado a nós mesmos, uma atividade muito solitária e um silêncio muito constrangedor, para além do que já havia no presencial”, reflete a professora Andrea Raffone.
Também os estudantes sentiram bastante diferença nos seus desempenhos escolares.  O estudante Paulo Halial diz que não absorveu os conteúdos. “Pensando em relação ao ENEM, a única forma  de preparação que eu adotei foram cursos online e, mesmo assim, fica difícil desempenhar bons resultados, ficando mais de 6 horas na frente de um computador”.
O relato do estudante vai ao encontro de outra pesquisa do CONJUVE,  ao constatar que metade dos jovens que pretendem fazer o Enem ou ainda não se decidiram, ou  já pensaram em desistir da prova. Trata-se de um número extremamente preocupante.
Outra questão muito discutida em tempos de ensino remoto é a participação e a presença dos alunos nas aulas.   “Acredito que essa seja a grande queixa de todos os professores no trabalho remoto, afirma a professora Andrea. “Trabalho silencioso, com pouco eco, com pouca resposta, pouco olhar, tanto do aluno em relação ao professor, quanto do professor em relação ao aluno”, conclui.
Levando em conta que o ensino remoto tem algumas semelhanças com o ensino à distância, esse modo ocasiona novas experiências para os alunos e consequentemente abre um leque de possibilidades de cursos profissionalizantes online. Tal questão ainda precisa de delineamentos. O que se contata é que o ensino remoto trouxe dificuldades para  tanto para o professor, como para o aluno, porém, foi a solução encontrada para que o aprendizado continuasse num contexto hostil aos humanos.

Saiba mais: pesquisas relevantes sobre o assunto.

Texto de autoria de Lucas Saraiva, produzido na disciplina de Produção da Notícia

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Sala de aula vazia tornou-se uma realidade em todo o mundo. Foto: Lucas

O novo coronavírus chegou ao mundo e muitas consequências foram sentidas nos diversos setores da  sociedade, como a economia, a segurança, a indústria, a área de transportes, a saúde obviamente, e a educação. As  aulas estacionaram por todo o mundo para a segurança de crianças e adolescentes. A solução encontrada foi algo similar ao ensino à distância (EAD) : as aulas remotas. A principal diferença é que no EAD as aulas são gravadas, e no ensino remoto, as aulas são ao vivo em reuniões online com alunos e professores. As salas de aulas ficaram vazias e as aulas foram feitas de casa, o que gerou dificuldades e desafios tanto para os professores, como para os alunos.
Ao ser questionada sobre os problemas enfrentados diante da necessidade de trabalhar de modo remoto, a professora de português, redação e literatura do ensino médio, Andrea Raffone respondeu que “As principais dificuldades que encontramos é que, da noite para o dia, nos vimos completamente dependentes da tecnologia, do sinal de internet, dos recursos e de domínio desses recursos.(…) A nossa vida pessoal também ficou mexida, invadida em função desse uso excessivo das tecnologias e dessa facilidade com que nós ficamos abertos ao trabalho durante 24 horas. É o  Whatsapp que não parava  com chamadas de pais e alunos, as demandas da escola e os grupos de turma de sala de aula”.
Já o estudante Paulo Hillal comenta que as suas maiores dificuldades foram o excesso de trabalhos e prazos para cumprir, além de conseguir manter a atenção na tela do computador por horas, sem desvios para celular ou alguma outra atividade.
Por outro lado, apesar das muitas dificuldades e desafios, os entrevistados apontaram que também há facilidades nesse modo de ensino. Para Paulo Hillal, as facilidades “São poucas, mas a mais notável e que realmente fez, e ainda faz a diferença, é a comodidade de estar em lugares mais confortáveis. As atividades escolares, por exemplo, provas, trabalhos e exercícios tiveram uma certa facilidade pelo fácil acesso à internet.  Não que seja uma facilidade que auxiliou, se for comparar facilidade com produtividade.”
“Uma das facilidades mais relevantes foi a possibilidade de trabalhar e estudar em casa diante da pandemia e do risco que significa o vírus”, afirmou a professora Andrea.

Descompassos 

Trabalho virtual tornou-se uma rotina no dia-a-dia da professora Andrea Raffone. Foto: arquivo pessoal

Segundo pesquisa feita pelo Instituto Península, 83,4% dos professores se sentem nada ou pouco preparados para ensinar de forma remota e esse número pode ter uma grave consequência no desempenho do próprio professor. “A nossa  é uma atividade, como conceituou um professor de filosofia, narcísica. Como o mito de Narciso, a gente contempla, a gente se explica, a gente fala de si mesmo e, sem esse contato, sem a interação, sem o olho no olhar do aluno,   se perdeu consideravelmente a riqueza desse encontro. Passamos um ano esgotados pelo excesso de trabalho, mas com pouca interação. Foi praticamente um trabalho voltado a nós mesmos, uma atividade muito solitária e um silêncio muito constrangedor, para além do que já havia no presencial”, reflete a professora Andrea Raffone.
Também os estudantes sentiram bastante diferença nos seus desempenhos escolares.  O estudante Paulo Halial diz que não absorveu os conteúdos. “Pensando em relação ao ENEM, a única forma  de preparação que eu adotei foram cursos online e, mesmo assim, fica difícil desempenhar bons resultados, ficando mais de 6 horas na frente de um computador”.
O relato do estudante vai ao encontro de outra pesquisa do CONJUVE,  ao constatar que metade dos jovens que pretendem fazer o Enem ou ainda não se decidiram, ou  já pensaram em desistir da prova. Trata-se de um número extremamente preocupante.
Outra questão muito discutida em tempos de ensino remoto é a participação e a presença dos alunos nas aulas.   “Acredito que essa seja a grande queixa de todos os professores no trabalho remoto, afirma a professora Andrea. “Trabalho silencioso, com pouco eco, com pouca resposta, pouco olhar, tanto do aluno em relação ao professor, quanto do professor em relação ao aluno”, conclui.
Levando em conta que o ensino remoto tem algumas semelhanças com o ensino à distância, esse modo ocasiona novas experiências para os alunos e consequentemente abre um leque de possibilidades de cursos profissionalizantes online. Tal questão ainda precisa de delineamentos. O que se contata é que o ensino remoto trouxe dificuldades para  tanto para o professor, como para o aluno, porém, foi a solução encontrada para que o aprendizado continuasse num contexto hostil aos humanos.

Saiba mais: pesquisas relevantes sobre o assunto.

Texto de autoria de Lucas Saraiva, produzido na disciplina de Produção da Notícia