Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Reportagem

Dois lados do ensino remoto: o aluno e o professor

O novo coronavírus chegou ao mundo e muitas consequências foram sentidas nos diversos setores da  sociedade, como a economia, a segurança, a indústria, a área de transportes, a saúde obviamente, e a educação. As  aulas estacionaram por

As doenças silenciosas que emergem durante a pandemia

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas

Os Sete Magníficos e a representatividade feminina na mídia

Durante a segunda quinzena de abril, diversos veículos da mídia brasileira abordaram um aspecto peculiar do enfrentamento da pandemia da Covid-19 em alguns países do mundo. “Os Sete Magníficos”, como foram classificados pelo jornal italiano Corriere,

Caminhos da cultura de Santa Maria durante pandemia

As programações culturais de Santa Maria envolvem muito mais profissionais, participantes, público, tempo e preparo do que se imagina. Em 2020, frente à pandemia da Covid-19, o grande desafio de organizar um festival de cultura se

VocaPampa: a música tradicionalista com o canto a cappella

Se baterias, baixos e guitarras demandam esforço das bandas que sobem e descem dos palcos, alguns grupos possuem apenas uma missão: estar com as vozes afinadas. O canto a cappella tem suas origens na prática do canto

Estilo de vida a favor de outras vidas

Para além do vegetarianismo, o veganismo é um estilo de vida e um modo de ser e pensar em todas as áreas da sociedade e em si, como indivíduo. Na prática, além de repensarem suas formas

Movimentos em direção à plenitude

Existem muitos tipos de danças e cada um tem uma finalidade ao praticá-la. Saúde, concentração, uma carreira… Teatral, em dupla, sozinho, para uma grande plateia, em grupo, com um sentido maior ou apenas para se divertir.  Geralmente,

O retorno de uma marca amada pelos santa-marienses

 Em meio à tristeza e à crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, uma promissora alegria para muitos santa-marienses –  a fábrica de refrigerantes Cyrilla, que havia fechado as portas em 2008 por questões financeiras, retomou suas

Apesar de existirem desde 1994, os mandatos coletivos não são legalizados no país. Desde 2017, uma PEC que busca viabilizar os coletivos no Poder Legislativo está parada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados

Denzel Valiente, Laura Gomes e Vitória Gonçalves*

Coletivos Eleitos em 2020 para o Legislativo Municipal

As instituições políticas brasileiras são consideradas as menos confiáveis pela população. Na última pesquisa do Datafolha (07/2019) sobre o tema, 58% dos cidadãos afirmaram não confiar nos partidos políticos, e 45% informaram que não confiam no Congresso Nacional. Esse cenário coloca em debate novas formas de pensar e fazer política. Uma das alternativas para essa crise da democracia representativa são os mandatos coletivos. 

Essas iniciativas aparecem no Brasil a partir de 1994. Desde então, foram 351 candidaturas coletivas nas eleições federais, estaduais e municipais, de acordo com os dados da Rede de Ação Política para Sustentabilidade (RAPS). Esse tipo de mandato é caracterizado pela atuação de um(a) parlamentar em conjunto com coparlamentares que debatem e deliberam coletivamente acerca das decisões políticas tomadas nas casas legislativas. 

Apesar do crescimento das candidaturas coletivas nos últimos anos, ainda não existe uma regulamentação na área. Em 2017, a deputada Renata Abreu (PODE-SP) ingressou com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 379/17) para inserir, no art.14 da Constituição Federal, a possibilidade dos mandatos coletivos no âmbito do poder Legislativo. A PEC, porém, está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desde o ano que foi proposta.

O pós-doutorando em Direito na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), doutor em Educação nas Ciências pela Unijuí e professor do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), Domingos Benedetti Rodrigues, aponta uma razão para esse cenário. Segundo ele, a regulamentação ainda não ocorreu pois os mandatos coletivos não surtiram um efeito abrangente na sociedade capaz de efetivar uma pressão nos parlamentares brasileiros para regulamentar a questão. No entanto, o professor acredita que o cenário está mudando. “A repercussão dos mandatos coletivos e a experiência positiva que eles vão mostrar servirá de pressão para que o parlamento o regulamente”, afirma Domingos.

O professor ainda acredita que esse tipo de representação política fortalece o exercício da democracia representativa, pois, ao contrário do parlamentar que após a eleição rompe o contato com as suas bases eleitorais, as candidaturas de grupos pressupõem um estreitamento das relações de diálogo com a população. “Penso que a proposta do mandato coletivo é incipiente e está nascendo. Mas, eu diria que com o debate e o amadurecimento, a evolução do projeto vai se concretizar. A democracia não é estática, a democracia é evolutiva, e progride de acordo com as necessidades da sociedade”, reitera Domingos.

O crescimento dos mandatos coletivos pode ser observado nas eleições municipais de 2020: foram 257 candidaturas e 16 coletivos eleitos no Brasil.

Utilize a barra lateral para visualizar todos os coletivos.

*O primeiro nome corresponde à pessoa que representa o coletivo na Câmara Municipal.

Eleitos mas não regulamentados. Como será a atuação?

Na prática, apenas o titular dos mandatos coletivos atuará na Câmara Municipal. Os (as) covereadores serão nomeados (as) nos gabinetes parlamentares como auxiliares, assistentes ou assessores. Desse modo, os coletivos adotaram diferentes formas de organização com relação à gestão e à distribuição de funções e tarefas.

 A Coletiva de Mulheres (PT – SP), por exemplo, possui 18 integrantes. Na Câmara Legislativa do município de Ribeirão Preto é possível designar apenas duas pessoas para o gabinete. O coletivo nomeará, assim, duas covereadoras como assessoras. Os coletivos Nossa Cara (PSOL – CE), Candidatura Coletiva (PCdoB – RS), Nossa Voz (PT – MG) e Pretas por Salvador (PSOL – BA) também pretendem nomear os (as) covereadores (as) como assessores (as) de acordo com as cotas de cada município.

Algumas cidades permitem um número maior de pessoas no gabinete. Assim, além da representação política, os coletivos Representa Taubaté (Cidadania – SP), Nossa Cara (PSOL – CE), Bancada Feminista (PSOL – SP), e Coletivo Nós (PT – MA) planejam compor o gabinete com pessoas que não estão, necessariamente, dentro do coletivo. 

O processo de tomada de decisão também é diversificado nos mandatos coletivos. Na Coletiva de Mulheres (PT – SP), devido ao número elevado de covereadoras (18), a deliberação das decisões políticas ocorrerá por meio de votações. Já a Candidatura Coletiva (PCdoB – RS) defende uma construção ampla e plural. “Cada uma tem 1/5 da decisão nos temas que se apresentarem para votação – mas não só isso, também queremos trazer um sexto elemento para essas decisões: a opinião popular sobre cada tema”, comentam as covereadoras.

O coletivo Todas as Vozes (PSOL – SP) possui um regimento interno que estabelece o funcionamento do mandato e as tarefas desempenhadas por cada covereador (a). Segundo o coletivo, os princípios que orientam a atuação do grupo são a governança compartilhada, a participação popular e o estímulo a decisões dentro da coletividade. Na prática, os temas são discutidos e deliberados por todos (as). Além disso, pretendem debater assuntos polêmicos com a população por meio de audiências públicas, reuniões de bairro e conselhos de moradores. 

O Coletivo Nós (PT – MA) estabeleceu no estatuto do regimento do mandato um processo de tomada de decisão em três etapas. “A primeira instância de decisão são os próprios covereadores e vereadoras, que também incidirão sobre as pautas prioritárias do mandato; a segunda é a coordenação geral do Coletivo Nós, que atua para além do mandato; e um terceiro espaço são as plenárias populares nos polos, que vão ouvir as demandas das comunidades. Será apresentado na tribuna as demandas que o povo definir como prioridade”, explica o coletivo.

Além disso, o coletivo planeja propor alterações no regimento da casa legislativa para que todos (as) os (as) covereadores (as) tenham direito de falar na tribuna e participar das comissões especializadas. Outro coletivo que já relata intenções de indicar mudanças na Câmara Municipal é o Nossa Voz (PT – MG). Para o coletivo, os discursos da pauta do dia podem ser escritos por qualquer um dos quatro covereadores, assim como, durante as votações podem ser utilizados termos como “após deliberação do Coletivo, entendemos que sim/não”, ou “eu co-vereadora Andressa, voto junto aos covereadores Bruno, Hernane e Priscila que sim/não”.

O professor Domingos entende que a regulamentação dos mandatos poderia auxiliar nessas questões reivindicadas pelos coletivos. Contudo, a Lei nº 9.504/97, que estabelece as normas para as eleições, ainda não incorporou essas novas demandas. “Para que a candidatura seja aceita, deve ser uma candidatura única, de apenas uma pessoa. O mandato coletivo é um grupo de pessoas que escolhem e candidatam um membro do grupo, registram ele em um partido e realizam a candidatura. Mas, legalmente apenas um candidato participa”, sinaliza Domingos.

Outra questão presente no debate é referente aos salários. Alguns grupos eleitos este ano propõem a divisão do salário do parlamentar entre os (as) membros (as) do mandato coletivo. A Coletiva das Mulheres (PT – SP) lembra que a divisão de salário é considerada crime, dessa forma, apenas a vereadora titular vai receber o salário integralmente. O coletivo Nossa Cara (PSOL – CE)  relata que apenas a representante Adriana Gerônimo receberá o salário como vereadora, e o restante como assessoras parlamentares. Além dos coletivos que não definiram qual será a remuneração de cada representante (3), outros afirmaram que o salário não será compartilhado (3).

Uma solução que busca contemplar todos (as) foi adotada pelo coletivo Todas as Vozes (PSOL – SP), composto por nove pessoas. Cinco covereadores (as) serão nomeados (as)  para o gabinete do vereador. “Equiparamos ao máximo o salário das pessoas que atuam dentro da Câmara, que originalmente não são iguais, e ainda remuneramos mais três pessoas. Vale ressaltar que no nosso caso serão seis pessoas na Câmara (trabalhando 40hs semanais) e três pessoas alocadas nos bairros (trabalhando 20hs semanais), portanto elas receberão um salário menor”, explica o coletivo.

O Representa Taubaté (CIDADANIA – SP) afirmou que não haverá divisão de salário da vereadora, cada um (a) terá sua função e serão contratados (as) como funcionários do gabinete. O mandato também verifica possibilidades, dentro da legalidade, para tornar essa questão mais igualitária possível. O coletivo Pretas por Salvador (PSOL – BA) pretende usar a verba para fazer o pagamento dos funcionários, enquanto as duas principais representantes receberão o salário igualitário. 

A Coletiva Bem Viver (PSOL – SC) relatou que o salário da parlamentar será dividido entre as cinco covereadoras da mesma maneira. O grupo Fany das Manas (PT – PE) pretende dividir o salário igualmente entre a representante e as assessoras. Embora a intenção da divisão dos ganhos seja manter os parâmetros igualitários dos coletivos, a partilha salarial é considerada um esquema de rachadinha, na qual ocorre uma transferência de parte ou de todo salário do servidor para o parlamentar ou secretários a partir de um acordo anteriormente estabelecido. 

Segundo o professor Domingos Benedetti, a lei proíbe que o parlamentar eleito pela teoria do mandato coletivo divida o seu salário entre correligionários. “Ele vai ter o número de assessores que é permitido por lei, que irão receber o salário do parlamento”, relata o professor. Ele também reforça que o papel dos assessores é desenvolver funções de assessoramento ao desenvolvimento do mandato parlamentar. Mas apenas um candidato vai subir na tribuna, para defender e apresentar o projeto de lei. 

Por questões legais, a partilha de salário deve ser analisada juridicamente visto que há diversos casos ilegais em relação a divisão salarial. Assim, a questão pode causar confusão entre o que é ou não legal por parte dos tribunais eleitorais. Por outro lado, os custos de campanha eleitoral são regulados pela legislação eleitoral, sem grandes complicações do ponto de vista da estratégia de compartilhamento dos gastos. 

Embora os mandatos coletivos não sejam regulamentados juridicamente no Brasil, o método tem pretensões de alcançar outros níveis institucionais e se fortalecer no legislativo. Para o professor Domingos Benedetti, a proposta oferece um grande exercício de democracia participativa e contribui com a reaproximação dos desejos da população aos espaços institucionais.

Espaço das mulheres

O crescimento dos mandatos coletivos nas eleições acompanhou a luta pelo espaço das mulheres na política, que, nas últimas eleições foram eleitas nas Câmaras Municipais de todas as capitais do país. Apesar disso, a maior parcela da população feminina permaneceu ausente no Legislativo municipal de 17% dos municípios brasileiros, segundo o levantamento do Instituto Update

Por outro lado, os mandatos coletivos avançam na questão da representatividade. Ao todo, 93 pessoas compõem os 16 grupos eleitos. Destes, 71 são mulheres e 22 são homens. Apenas um coletivo não possui mulheres na composição. As mulheres ainda estão à frente da representação parlamentar em 13 coletivos. 

Disposição geográfica

A região sudeste concentra a maioria dos mandatos coletivos (oito). Em seguida, vem a região nordeste com eleição de quatro coletivos. No sul, três Câmaras Municipais serão ocupadas por coletivos. Na região centro-oeste, apenas um coletivo foi eleito. No nordeste, a reportagem não encontrou coletivos eleitos.

O que defendem?

Quando o assunto são as bandeiras defendidas pelos coletivos, todos possuem diversas frentes de atuação. Entre as pautas mais frequentes estão a defesa dos direitos das mulheres, da educação, da cultura, da população negra e periférica e LGBTQIA+. 

No nordeste, que em 2017 era a região com maior número de homicídios no Brasil segundo o Atlas da Violência – levantamento de homicídios relatados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pautas com o enfrentamento a violência contra a mulher e ao extermínio da juventude negra se destacam em comparação às outras regiões. Os coletivos Pretas por Salvador (PSOL – BA), Fany das Manas (PT – PE) e Nós (PT – MA), possuem entre suas bandeiras de luta o combate a violência e a defesa dos direitos das populações, o que evidencia uma realidade enfrentada na região.

Além disso, pautas relacionadas à gestão das cidades, meio ambiente e agricultura familiar estão presentes tanto nos coletivos da região nordeste como nas regiões sudeste e sul.

A reportagem entrou em contato com todos os coletivos eleitos. 12 retornaram e quatro não haviam respondido até o encerramento da matéria: Teremos Vez (RS), Mandato Popular Coletivo (SP), Quilombo Periférico (SP) e Mandato Coletivo de Machado (MG). 

*Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Investigativo sob a orientação do professor Mauricio Dias

 

Foto: Alec White/ Pixabay

Desde que começou a pandemia do novo coronavírus, vários setores do comércio tiveram que fechar as portas para impedir a circulação do vírus. Com isso, muitas empresas passaram por dificuldades financeiras, corte de gastos e demissões.

Neste cenário, verifica-se  que inúmeras escolas de música estão se adaptando ao “novo normal”, buscando novas soluções e metodologias para manter seus serviços ativos. É o caso da escola Musiartes, uma das mais antigas escolas de música de Santa Maria e  que, no mês de maio último, teve uma baixa de 35% no número de alunos, acarretando dificuldades financeiras em todos os setores.

Segundo o CEO da empresa, Henrique Schneider, a escola não estava preparada para esse tipo de acontecimento e teve que enfrentar inúmeros desafios, desde a questão financeira até a adaptação para aulas remotas. Schneider explica que no começo a interação aluno e professor foi difícil, porque a opção naquele momento era usar aplicativos como Zoom e Whatsapp. Além disso, outros problemas dificultavam as aulas remotas, tais como a conexão instável e os aplicativos pesados. No entanto, o ponto mais delicado, segundo ele, foi o fato do aluno não estar presente para tirar suas dúvidas.

Tal cenário mudou quando a escola aderiu à metodologia da Keep On Playing,  empresa de educação musical que atua em parceria com diversas escolas de música no país, disponibilizando seu método de ensino e material didático em seus cursos. A ideia é oferecer cursos direcionados para cada tipo de aluno, tendo em vista que cada estudante  possui uma preferência e objetivo. Além disso, a empresa possui uma ferramenta de visualização de progresso, na qual o aluno acompanha, passo a passo, a sua trajetória no instrumento.

Foto: T Dube/Pixabay

Além da metodologia da Keep On Playing, a  Musiartes adotou uma plataforma online de ensino para melhorar o aprendizado dos alunos. A plataforma está disponível no site da escola, e faz com que o aluno não precisa baixar aplicativos para acessar as aulas. Ela consiste em disponibilizar material didático (cifras, partituras, letras) aulas gravadas e especializadas em um ambiente virtual próprio para cada aluno.

Segundo Mirian de Oliveira Tavares, professora de violino da escola, a pandemia causou uma infinidade de desafios. Entre eles, a adaptação dos professores e alunos à nova metodologia, o uso obrigatório de máscaras, as questões das bandeiras de distanciamento social – quando estava laranja, trabalhavam presencialmente e vermelha, remotamente.  No entanto, segundo a professora, isso não afetou o aproveitamento dos alunos. Ela afirma que ” os alunos correspondem bem. Há rendimento e buscamos realizar o sonho deles de tocar um instrumento e aprender as músicas que gostam”.

Ainda de acordo com o CEO da empresa, a Musiartes foi uma das primeiras empresas da cidade a possuir o plano de contingência aprovado, oque fez com que as buscas pela escola aumentassem consideravelmente. Para Henrique Schneider as expectativas para o futuro são promissoras.  Segundo ele ,  “o cenário está melhorando, então, vamos sair mais fortes porque nós aprendemos com a pandemia, tendo que criar novos cursos e flexibilizações”.

Henrique diz também que as ” expectativas para 2021 são que (a empresa) tenha bons resultados. Até melhores do que antes, por conseguirmos nos  reinventar e, ao mesmo tempo, criar novas possibilidades. Hoje não temos aquela barreira local; estamos conseguindo expandir até mesmo para outros estados. Portanto, nossa perspectiva é de crescimento,”conclui.

Texto de autoria de Rubens Miola Filho, produzido na disciplina de Produção da Notícia

Sala de aula vazia tornou-se uma realidade em todo o mundo. Foto: Lucas

O novo coronavírus chegou ao mundo e muitas consequências foram sentidas nos diversos setores da  sociedade, como a economia, a segurança, a indústria, a área de transportes, a saúde obviamente, e a educação. As  aulas estacionaram por todo o mundo para a segurança de crianças e adolescentes. A solução encontrada foi algo similar ao ensino à distância (EAD) : as aulas remotas. A principal diferença é que no EAD as aulas são gravadas, e no ensino remoto, as aulas são ao vivo em reuniões online com alunos e professores. As salas de aulas ficaram vazias e as aulas foram feitas de casa, o que gerou dificuldades e desafios tanto para os professores, como para os alunos.
Ao ser questionada sobre os problemas enfrentados diante da necessidade de trabalhar de modo remoto, a professora de português, redação e literatura do ensino médio, Andrea Raffone respondeu que “As principais dificuldades que encontramos é que, da noite para o dia, nos vimos completamente dependentes da tecnologia, do sinal de internet, dos recursos e de domínio desses recursos.(…) A nossa vida pessoal também ficou mexida, invadida em função desse uso excessivo das tecnologias e dessa facilidade com que nós ficamos abertos ao trabalho durante 24 horas. É o  Whatsapp que não parava  com chamadas de pais e alunos, as demandas da escola e os grupos de turma de sala de aula”.
Já o estudante Paulo Hillal comenta que as suas maiores dificuldades foram o excesso de trabalhos e prazos para cumprir, além de conseguir manter a atenção na tela do computador por horas, sem desvios para celular ou alguma outra atividade.
Por outro lado, apesar das muitas dificuldades e desafios, os entrevistados apontaram que também há facilidades nesse modo de ensino. Para Paulo Hillal, as facilidades “São poucas, mas a mais notável e que realmente fez, e ainda faz a diferença, é a comodidade de estar em lugares mais confortáveis. As atividades escolares, por exemplo, provas, trabalhos e exercícios tiveram uma certa facilidade pelo fácil acesso à internet.  Não que seja uma facilidade que auxiliou, se for comparar facilidade com produtividade.”
“Uma das facilidades mais relevantes foi a possibilidade de trabalhar e estudar em casa diante da pandemia e do risco que significa o vírus”, afirmou a professora Andrea.

Descompassos 

Trabalho virtual tornou-se uma rotina no dia-a-dia da professora Andrea Raffone. Foto: arquivo pessoal

Segundo pesquisa feita pelo Instituto Península, 83,4% dos professores se sentem nada ou pouco preparados para ensinar de forma remota e esse número pode ter uma grave consequência no desempenho do próprio professor. “A nossa  é uma atividade, como conceituou um professor de filosofia, narcísica. Como o mito de Narciso, a gente contempla, a gente se explica, a gente fala de si mesmo e, sem esse contato, sem a interação, sem o olho no olhar do aluno,   se perdeu consideravelmente a riqueza desse encontro. Passamos um ano esgotados pelo excesso de trabalho, mas com pouca interação. Foi praticamente um trabalho voltado a nós mesmos, uma atividade muito solitária e um silêncio muito constrangedor, para além do que já havia no presencial”, reflete a professora Andrea Raffone.
Também os estudantes sentiram bastante diferença nos seus desempenhos escolares.  O estudante Paulo Halial diz que não absorveu os conteúdos. “Pensando em relação ao ENEM, a única forma  de preparação que eu adotei foram cursos online e, mesmo assim, fica difícil desempenhar bons resultados, ficando mais de 6 horas na frente de um computador”.
O relato do estudante vai ao encontro de outra pesquisa do CONJUVE,  ao constatar que metade dos jovens que pretendem fazer o Enem ou ainda não se decidiram, ou  já pensaram em desistir da prova. Trata-se de um número extremamente preocupante.
Outra questão muito discutida em tempos de ensino remoto é a participação e a presença dos alunos nas aulas.   “Acredito que essa seja a grande queixa de todos os professores no trabalho remoto, afirma a professora Andrea. “Trabalho silencioso, com pouco eco, com pouca resposta, pouco olhar, tanto do aluno em relação ao professor, quanto do professor em relação ao aluno”, conclui.
Levando em conta que o ensino remoto tem algumas semelhanças com o ensino à distância, esse modo ocasiona novas experiências para os alunos e consequentemente abre um leque de possibilidades de cursos profissionalizantes online. Tal questão ainda precisa de delineamentos. O que se contata é que o ensino remoto trouxe dificuldades para  tanto para o professor, como para o aluno, porém, foi a solução encontrada para que o aprendizado continuasse num contexto hostil aos humanos.

Saiba mais: pesquisas relevantes sobre o assunto.

Texto de autoria de Lucas Saraiva, produzido na disciplina de Produção da Notícia

Um inimigo mais cruel do que a Covid-19 ataca silenciosamente a população durante a quarentena. Imagem: Pixabay

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas por um vírus para o qual ainda não se tem cura, e que não se sabe de onde surgiu. E o pior, não se sabe se algum dia irá acabar.

Aqui no Brasil já são 5 milhões de casos confirmados e 150 mil vidas perdidas para o novo vírus. Tanto o país quanto o restante do mundo adortaram medidas de prevenção contra o novo coronavírus, tais como o uso de máscaras, luvas, álcool em gel, afastamento social, fechamentos do comércio, escolas, ou redução no número de pessoas em um mesmo ambiente.

Certa parcela da população mundial  não obedeceu as regras de afastamento. Preferiram sair e correr os riscos de contrair a covid, seja pela necessidade de ir trabalhar, ir ao médico ou  de comprar alimentos. Há ainda, aqueles que optaram por fazer de conta que o vírus não existe ou, simplesmente acreditar que está tudo normal.

Vale ressaltar que há uma enorme quantidade de pessoas que optou por fazer a quarentena. Optou por se proteger, proteger os seus familiares, amigos e também tentar aniquilar o vírus.   E se ficar em casa ajudou muito na proteção contra o Covid-19,  ao mesmo tempo acabou abrindo espaços para novos inimigos. Isoladas em casa, muitas pessoas, cansadas por não terem o quê fazer e não poderem circular, acabaram apresentando novas doenças.

A saudade dos amigos, familiares, empregos, escolas, faculdades, entre tantas outras coisas, fizeram o psicológico de muitos ficar tão abalado que inúmeros casos de depressão, ansiedade, tonturas e pressão alta estão sendo diagnosticados.

Imagem: Gerd Altmann/Pixabay

A procura por especialistas da área  da saúde mental aumentou significativamente.

Aqui em Santa Maria,  Larissa Goulart, 23 anos, estudante de Terapia Ocupacional do 8° semestre da Universidade Franciscana e estagiária na Clínica Escola de Terapia Ocupacional da UFN e também na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), afirma que: “Nesse momento atípico no qual nos encontramos devido à pandemia, a procura por auxílio psicológico e de demais profissionais da saúde aumentou acentuadamente. Esse aumento da demanda, ocorreu devido ao isolamento social que foi o momento no qual as pessoas passaram a sentir-se só e sem ter com quem contar, vinculado ao grande volume de notícias trazidas pela mídia. Com isso, o sentimento de solidão, acabou gerando nas pessoas um grande número doenças como depressão e ansiedade”.

As demandas para atendimentos Terapêuticos Ocupacionais aumentaram consideravelmente, não apenas a partir de declínios cognitivos, pacientes de saúde mental, como também para reorganizar e adequar rotinas devido ao prolongamento do isolamento social.  Essa reorganização da rotina, se deu em todas as faixas de desenvolvimento visto que, as crianças e adolescentes não estão mais indo a escolas e nem aos tratamentos, os pais estão trabalhando em regime de home office e isso gerou uma grande mudança, interferindo significativamente no desempenho ocupacional dessas pessoas, assegura a estagiária em terapia ocupacional.

A estudante declara que o prolongamento da pandemia fez com que os profissionais da saúde, a partir do segundo mês, iniciassem o protocolo de atendimentos online, ou seja, tele-consultas, teleatendimentos e tele-monitoramentos, desenvolvidos para organizar os atendimentos às pessoas que necessitam. “Após a flexibilização, iniciou-se novamente os atendimentos individualizados, com todos os EPIs de segurança necessários para prevenção do profissional. como também do paciente”, informa Larissa.

Foto: Orna Wachman/Pixabay

A psicóloga Regina Stock, que trabalha na Unimed, diz que aumentou muito o número de pessoas que procuram o atendimento psicológico.No entanto, ela não atribui essa tendência ao Covid, mas sim ao  isolamento decorrente dele. ” O fato das pessoas ficarem mais tempo em casa, conviverem mais com os familiares e o ócio também decorrente de não estarem exercendo suas funções, já que quem estuda tinha uma rotina, quem trabalhava e reduziu o horário tinha outra rotina”, diz  a psicóloga.

Segundo ela, as incertezas do futuro, o medo da contaminação pelo vírus são coisas que geram ansiedade. “As pessoas pararam para pensar nos seus problemas que, às vezes, estão arrastando por tempos e esses podem ser um dos motivos que fez com que aumentasse a demanda (por atendimento) durante a quarentena”, comenta Regina ao afirmar também que neste momento as pessoas estão muito estressadas.

“A própria situação vivida causa ansiedade, vários distúrbios e as doenças mentais tem aumentado muito. Os procedimentos que temos adotados é de acordo com cada situação. Há pessoas que buscam o atendimento com ansiedade, tem pessoas com depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia… então, não é uma atitude padrão para todos”, relata a psicóloga.

Regina conta que trabalha com sistemas,  quando busca ver onde aquela pessoa está inserida, as situações que ela vivencia e o que se pode fazer nesse contexto. “O paciente às vezes está se boicotando. Muitas vezes o problema que ela apresenta é gerado por ele próprio, por pensamentos distorcidos da realidade ou pensamentos disfuncionais que ocasionam algum sentimento, afirma a psicóloga.

Ela fala também que na maioria dos casos são problemas emocionais, alguns patológicos. São patologias crônicas que perduram a uma vida toda e outros adquiridos recentemente. “Acredito que tudo é tratável, o principal para esta questão é o empenho que a pessoa possa fazer para que faça mudanças na própria vida”. “Precisamos ser autor das nossas mudanças, do nosso livro que a gente escreve a vida toda, não podemos ser coadjuvantes temos que fazer o papel principal”, assegura a psicóloga.

Os atendimentos atualmente são de forma online, por áudio ou vídeo, devido ao fato de haver pacientes que não querem ser vistos, apenas ouvidos. As sessões são semanais.

Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

Foto: Reprodução / Metrópoles \ Mulheres governantes de sete países têm enfrentado à Covid-19 com sucesso

Durante a segunda quinzena de abril, diversos veículos da mídia brasileira abordaram um aspecto peculiar do enfrentamento da pandemia da Covid-19 em alguns países do mundo. “Os Sete Magníficos”, como foram classificados pelo jornal italiano Corriere, são países liderados por mulheres, a Alemanha, governada pela chanceler Angela Merkel, Taiwan, com a presidente Tsai Ing-wen, Islândia, com a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, Finlândia, com Sanna Marin, Noruega, com Erna Solberg, Dinamarca, com Mette Frederiksen, e Nova Zelândia, com Jacinda Ardern. As matérias abordam aspectos geopolíticos que refletem em âmbitos culturais, de saúde e econômicos.

Os veículos escolhidos pela reportagem variam entre jornais independentes, tradicionais, grandes corporações e mídia alternativa. São eles BBC, Forbes, Catraca Livre, Metrópoles, CNN Brasil e Mídia Ninja.

Mas por que este tema?

A reportagem se perguntou por que o tema foi levantado e foi atrás da opinião de especialistas.

Marcia Veiga, mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e membro da ONG Themis, de assessoria e estudos de gênero, explica que o fenômeno não é mera coincidência e que, embora não seja o motivo por completo, o gênero das líderes tem a ver com o sucesso do enfrentamento à pandemia:

“Ao estudar gênero, é possível compreender o que esses fatos trazidos à tona sinalizam”.

Elas serem do sexo feminino, por fatores culturais, facilita com que tenham um olhar mais aproximado da população, não sempre, mas na maioria dos casos, de acordo com a especialista.

“Todas as sociedades têm convenções sociais, entre elas, a expectativa de que meninas e mulheres serão mais frágeis e que a elas caberão os cuidados. Entre ocidentais, tudo que é considerado masculino são elementos mais valorizados e que sensibilidade é algo “menor” e menos importante”, diz Marcia.

A pesquisadora esclarece que estas líderes focam em ações de cuidado e prevenção, valorizando o ser humano e tratando áreas como saúde e educação como tão importantes quanto a economia:

“Enquanto Brasil e Estados Unidos declaram “guerra ao vírus”, as mulheres são pacifistas”.

Um caso que chamou atenção da especialista foi a abordagem trazida pela BBC acerca de atitudes da primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern. Antes da páscoa, ela realizou um discurso voltado às crianças, em mídia nacional, para acalmar os pequenos com relação à data, garantindo que “o coelho da páscoa faz parte dos serviços essenciais”.

“Traços femininos fundamentais em um governante, como o diálogo e o interesse pela opinião de todos, são comuns para elas. Após ouvirem a população, através de atitudes horizontais como esta, só então elas agem”, afirma a pesquisadora.

Sobretudo, coloca o ser humano como prioridade e centro da preocupação. Assim, os cidadãos se sentem participantes. Isso mostra a necessidade de colaboração de todos num período de crise, ainda conforme a especialista.

“Valorizar a diversidade, mantendo o cuidado e a horizontalidade de discursos é o caminho”, conclui Marcia.

Para ela, o jornalismo tratar destes assuntos é cumprir o papel primário da profissão, de encontrar fatos e trazê-los à tona, nada mais do que retratando a realidade:

“Não havia como não perceber a existência deste fato. Além disso, hoje, há mais mulheres jovens e informadas nas redações e em chefias dos veículos jornalísticos. Então, o entendimento de que isso significa algo relevante é mais comum. Talvez a mídia não aprofunde os temas, ainda tendo muito o que avançar, mas, ao menos, publicam”.

A professora de psicologia Graziela Miolo, explica que as mulheres já crescem se adaptando à cultura machista já imposta e implantada na sociedade:

“Elas enfrentam dificuldades para se legitimar em posições habituais aos homens e precisam conquistar os espaços onde desejam estar. Qualquer lugar fora do lar não é para elas, principalmente na liderança e ainda mais fortemente no campo da política. Por isso, são mais inventivas e preparadas para demandas inusitadas”.

A reinvenção das mulheres faz parte de uma constituição psíquica, histórica, política e social, segundo a Graziela. Por isso, esta criatividade com a qual a mulher cresce a auxilia a se adaptar e encontrar recursos e saídas para grandes e inesperados problemas, como uma pandemia, desenvolvendo habilidades para conquistar seu lugar no espaço público, de ser e estar no mundo.

“As mulheres têm habilidades psíquicas que tornam esta administração mais fácil por terem mais recursos criativos para lidarem com as crises”, diz a professora.

Para ela, este momento é de sair do padrão tido como o certo e criar novas formas de governar e enfrentar conflitos, característica do feminino:

“A mídia aborda a questão do gênero de forma massificada, sem questões mais específicas, trazendo “as mulheres”, ao invés de “a mulher”, não dando conta de observá-la. Ainda observamos o discurso que prevalece a posição do homem, mas não é difícil de se compreender, em função de estar dentro de uma cultura embasada em uma linguagem que prioriza um discurso machista, que é estrutural”.

Por: Gabriele Bordin
Texto produzido na disciplina de Jornalismo Internacional, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana. Orientação: Profª Carla Torres

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / Programações como o Viva o Natal levam cultura a milhares de santa-marienses, evidenciam artistas locais e trazem nacionais ao Coração do Rio Grande

As programações culturais de Santa Maria envolvem muito mais profissionais, participantes, público, tempo e preparo do que se imagina. Em 2020, frente à pandemia da Covid-19, o grande desafio de organizar um festival de cultura se tornou ainda maior.

Neste momento, há dúvidas latentes por parte de quem encabeça estas ações. Se adaptar ao formato à distância, adiamento ou, o tão evitado mas às vezes inevitável, cancelamento da edição anual são algumas delas.

Os festivais culturais são parte importante da manutenção da cidade, envolvendo instituições, governo, população e organizações, visto que movem a economia, são planejados com larga antecedência, envolvem muitos profissionais e marcam tradição.

Entre estes festivais, está a, tão querida pelos tradicionalistas, Tertúlia Musical Nativista, pelos amantes de leitura, a Feira do Livro, pelos cinéfilos, o Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), e pelos bailarinos, o Santa Maria em Dança (SMD).

Além destes, é impossível pensar em cultura local e não lembrar dos shows e demais atrações do Viva Santa Maria, programação cultural alusiva ao aniversário da cidade, e o Viva o Natal, que atraem tanta gente à Praça Saldanha Marinho, à Locomotiva da Gare, ao Theatro Treze de Maio, entre outros cantos da Cidade Cultura.

Só quem está à frente destas organizações tem a real dimensão do alcance e movimento que estes festivais provocam.

Como tudo muda rapidamente neste novo momento da humanidade, não há como prever acontecimentos, mas, para quem coordena projetos, é preciso arriscar e tomar decisões.

E quais são os destinos destas programações, até agora?

Santa Maria Vídeo e Cinema

Foto: Divulgação \ Facebook / O tema central da 14ª edição será Memória

O SMVC está indo para a 14ª edição. Cada festival tem, em  média, 250 espectadores por noite, assistindo aos filmes expostos. Pela Praça Saldanha Marinho, espiando e tendo a oportunidade de desfrutar de obras cinematográficas, são milhares incontáveis.

No ano passado, a competição teve mais de 50 diretores com obras inscritas, sem contar o restante das equipes.

O presidente Luiz Alberto Cassol coordena o SMVC ao lado de Alexandra Zanela, ambos residindo em Porto Alegre, e Luciano Ribas, em Santa Maria.

A competição de curtas e longas-metragens deste ano não foi cancelada. Por enquanto, os organizadores aguardam a regularidade da vida social.

Ao final do 13º SMVC, o tema Memória foi anunciado para 2020, dando um ano de antecedência aos candidatos.

“O tema não mudará, pois combina com este momento. Antes, falaríamos a respeito da história do Cinema de Santa Maria. Atualmente, a memória é discutida a todo tempo”, diz Cassol.

Em um período típico, o SMVC ocorre no mês de novembro. Nos dois primeiros meses deste ano, Luiz esteve em Santa Maria reservando datas do Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para garantir o local de abertura da edição. Atualmente, as reuniões semanais entre os organizadores estão sendo realizadas pela internet.

“Neste momento, muitos detalhes já estariam prontos. Teríamos cartazes na rua, a praça reservada e as inscrições abertas, por exemplo”, conta o coordenador.

Para o cineasta, a edição será uma oportunidade de refletir a nova realidade, junto do audiovisual:

“O festival sempre foi muito ligado a questões atuais, aquilo que retumba… Então, neste ano, vamos refletir diante desta nova realidade, como as maneiras de apropriação”.

Segundo Cassol, transferir a programação para o ambiente virtual, como tantos outros do país e de fora, seria interessante, mas deixaria de lado o essencial ao SMVC. Há cerca de 10 anos, foi o primeiro festival de cinema do Brasil a realizar oficinas online, ele recorda:

“A praça e as o público, hoje, não o nosso diferencial, o contato humano. Não podemos abrir mão. Nossa singularidade é ir para a cidade, debater, promover seminários e oficinas presenciais, encontrar os pares… não encontrar as pessoas é o que mais me frustra. Só quando tivermos a praça, mesmo que só no ano que vem, é que promoveremos a próxima edição”.

O coordenador também supõe que, na próxima edição, serão vistos muitos filmes feitos durante a pandemia, refletindo acerca desta fase e, também, adaptando a produção audiovisual aos obstáculos do período de isolamento:

“Acredito que veremos produções a partir de recursos adaptáveis, como celular, câmera fotográfica, locação interna, de casa e equipes menores. O audiovisual não será mais o mesmo”.

A previsão dos organizadores é que a 14ª edição seja cancelada ou transferida para o início de 2021.

Tertúlia Musical Nativista

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / O público da 26 edição chegou a 3 mil espectadores

A Tertúlia Musical Nativista, que já havia tido a edição de 2019 transferida para junho este ano, foi adiada novamente.

Previsto para os dias 14 a 17 de maio, o festival já não tem prazo para ocorrer. O festival nativista já é consagrado no Estado e atrai artistas de todos os cantos do Rio Grande e de fora.

A 26 Tertúlia Musical, de 2018, teve mais de mil trabalhos inscritos. Destes, 44 foram apresentados no palco da Associação Tradicionalista Estância do Minuano. O público da edição chegou a 3 mil espectadores.

A equipe é constituída por 40 membros e conta com mais de 15 empresas prestadoras de serviços.

O festival deste ano já está pronto, organizado de maneira presencial e aguardando a possibilidade de estabelecer uma data.

Embora a dúvida sobre a data, a próxima edição do festival é garantida devido aos recursos públicos, já que o projeto ocorre através de Leis de Incentivo municipais, por meio de incentivos fiscais ou direto do governo.

Coordenador do festival há quatro anos, Carlinhos Lima afirma que a vontade é da equipe é de realizar a programação ainda neste ano, mas não há como garantir:

“A Tertúlia depende de recursos públicos. Como temos dificuldades para a área de Cultura desde o ano passado, as projeções são incertas”.

Por isso, os ingressos não são cobrados. Os CDs e DVDs produzidos a partir dos vencedores da competição são distribuídos gratuitamente. Lima explica que o objetivo não é gerar lucros.

Conforme o coordenador, a cada ano, no mínimo 20 novos trabalhos são divulgados e artistas se lançam:

“Nosso maior dano se resume ao prejuízo de quem é sustentado pela produção cultural, como artistas e prestadores de serviços. Esta situação nos frustra porque, desta forma, a cultura perde. Os objetivos do festival, de preservação da identidade cultural tradicionalista, são prejudicados”.

Santa Maria em Dança

Foto: Divulgação \ Facebook / As edições anuais do SMD são ininterruptas desde 1994

Um dos maiores festivais de dança do país, o SMD ocorre anualmente desde 1994, com edições ininterruptas. A média de inscritos, há mais de cinco anos, não baixa de 2.500. No ano passado, mais de 3 mil bailarinos subiram ao palco.

O festival é auto-suficiente através de patrocínios, parceiros culturais e cobrança de ingressos e inscrições. A comissão organizadora é composta por bailarinos e ex-bailarinos.

Paulo Xavier, idealizador e coordenador do festival, explica que o trabalho para alguns dias dura todo o ano e é mantido há 25 anos ininterruptamente.

A programação ocorre, tipicamente, no mês de setembro mas, neste ano, foi adiada para outubro.

A 26º edição tem os apoios culturais mantidos, ainda de acordo com Xavier. Mas os tantos inscritos do Brasil e de fora tem receio de participar da competição ainda neste ano, devido à pandemia provocada pela Covid-19.

“Para este ano, tínhamos mais de 350 inscritos da Argentina e Uruguai. O público de longe lota hotéis durante todos os dias do festival e contribui com a economia local”.

As inscrições desta edição foram abertas ainda em fevereiro e a primeira fase encerraria ainda em junho. O SMD ocorreria, tipicamente, em setembro. Hoje, a previsão é de 20 a 22 de novembro.

O coordenador explica que a organização do festival será retomada conforme os grupos e escolas de dança retomarem suas atividades. Por isso, a programação será formatada se adaptando à realidade atual, como a supressão de noites.

“Não terá o mesmo número de participantes, mas estamos cientes e tranquilos em relação a isto. Estamos bem organizados e podendo olhar para a situação com tranquilidade. Com tanta experiência, conseguimos valorizar as vitórias e enfrentar as dificuldades”.

Viva Santa Maria e Feira do Livro

162º aniversário da cidade foi comemorado à distância, do Theatro Treze de Maio

Maio é o mês da tradicional celebração pelo aniversário da Cidade Cultura. Para tal, não faltam shows e atrações diversas promovidas pela prefeitura municipal.

Viva Santa Maria é o nome da festa, que, em 2020, além de driblar os obstáculos, apoiou cerca de 150 artistas que foram contratados para agregar à programação a distância.

Para a secretária de Cultura de Santa Maria, Rose Carneiro, a ação foi uma grata surpresa:

“Passando da metade de março a cidade simplesmente “fechou”. Precisamos organizar o aniversário bem em cima da hora, mas a recepção foi muito boa. Em tudo isto, estamos reaprendendo a pensar fora dos padrões e a fazer produção cultural de forma inédita”.

Somando as visualizações das lives de toda a semana de festival, mais de meio milhão de espectadores puderam, de casa e protegidos, prestigiar, destaca a secretária.

Com os artistas direto do Palco da Cultura, o Theatro Treze de Maio, a produção cultural pôde ser movimentada.

“Conversando com os artistas, eles destacam a diferença entre um show com público presente e com plateia vazia. É meio estranho, principalmente para os do público infantil, porque as apresentações são repletas de interatividade. Assim, precisaram imaginar a reação dos espectadores”.

A secretária enxerga o presente com boa perspectiva e o futuro com otimismo:

“Penso que, daqui em diante, não voltemos aquele normal  de  mensurar os resultados de um festival pelo número de público, isso perde o sentido. Agora, pensamos  na sobrevivência do planeta, na sustentabilidade e na humanidade. Esta maneira não é melhor nem pior, é apenas diferente”, avalia Rose.

Feira do Livro

Foto: Assessoria de Imprensa da Feira do Livro \ Eduardo Camponogara LABFEM UFN / A maior programação cultural de Santa Maria não poderia deixar de acontecer. virtual, presencial ou híbrida, alcançará

A Feira do Livro, que ocorreria de 24 de abril a 9 de maio, ocorre de 1º a 10 de outubro. As reuniões e de planejamento estão sendo feitas há cerca de dois meses.

Embora por tempo limitado, a edição será, como de costume, repleta de atrações, novidades e convidados, é o que garante a secretária:

“Vamos propor, em breve, uma nova Feira do Livro, em novo formato, combinando com os tempos atuais”.

Por enquanto, o que pode ser revelado é que tudo será adaptado. Embora não possa ser igual, a programação de palco, cultural, os lançamentos de livros de escritores de Santa Maria e região e as tradicionais bancas de livros estão sendo pensadas para um novo formato. Ela garante que os propósitos da feira se manterão.

Rose, embora tenha adentrado à secretaria de cultura do município ainda neste ano, atua com  a feira desde 2011, com grande bagagem como produtora cultural. Para ela, o momento é uma oportunidade de inovar e pensar fora da caixa.

Por mais que ainda não tenha detalhes divulgados, já é possível perceber que o festival será bem conectado. A secretária mencionou lives e podcasts como fortes possibilidades de levar a cultura da feira ao público.

Uma forma de venda de livros ainda não foi definida, mas é cogitada e será melhor engendrada junto da Câmara do Livro.

Dentro do possível, parte da programação será presencial, com medidas de cautela bem planejadas, mas ainda é cedo para tantos detalhes. Como a secretária conclui: “tudo pode acontecer”.

Os festivais agora
Como estão programados os festivais, até o momento:

47ª Feira do Livro

  • Formato: on-line
  • Quando: previsão do final de setembro ao início de outubro
  • Situação: confirmada
  • Onde: plataformas ainda indefinidas
  • Informações: pelo site ou pela página

27ª Tertúlia Musical Nativista

  • Formato: indefinido
  • Quando: sem previsão
  • Situação: festival confirmado, data pendente
  • Onde: sem previsão
  • Inscrições: encerradas
  • Informações: pelo site da prefeitura municipal

14º Santa Maria Vídeo e Cinema

  • Formato: presencial
  • Quando: sem data definida
  • Situação: pendente
  • Onde: na Praça Saldanha Marinho
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

26º Santa Maria em Dança

  • Formato: presencial
  • Quando: de 20 a 22 de novembro
  • Situação: pendente
  • Onde: no Centro de Convenções Park Hotel Morotin
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

Por: Gabriele Bordin

Grupo VocaPampa, em apresentação ao vivo, Foto: arquivo pessoal

Se baterias, baixos e guitarras demandam esforço das bandas que sobem e descem dos palcos, alguns grupos possuem apenas uma missão: estar com as vozes afinadas. O canto a cappella tem suas origens na prática do canto gregoriano, que não exige o auxílio do órgão ou de qualquer outro instrumento, sendo executado apenas por vozes de monges ou clérigos que formavam o grupo de cantores.

Muitas vezes os cantores desciam do presbitério e se punham a cantar em uma capela lateral da igreja, daí a origem da expressão. Essa forma de arranjo musical vem sendo executado por artistas de diversos estilos diferentes, o que lhe confere popularidade.

As músicas cantadas a cappella se modernizaram com a entrada da percussão vocal, o chamado beatbox, com a modificação do papel do baixo, que não só canta a letra como é responsável pelo grave do ritmo, e os cantores ganham trabalho no quesito extensão vocal e/ou sons imitáveis.

No Rio Grande do Sul existem diversos grupos a cappella, e em nossa cidade não seria diferente. Aqui temos o grupo VocaPampa, composto por seis integrantes, que juntos, encontraram uma forma de realizar o sonho de cantar. Todos os componentes são graduados em Música pela Universidade Federal de Santa Maria.

O grupo foi formado em 2016, a partir do desejo de um dos componentes, o músico e professor Josemar Dias, possuir o desejo de trazer para o coração do Rio Grande essa forma de canto, criando a identidade do grupo, que possui um repertório de músicas nativistas e originais.  Josemar, já conhecendo os demais componentes a partir do Departamento Tradicionalista Gaúcho Noel Guarany, projeto de extensão da UFSM, convidou os demais cantores a se unirem a ele. Sendo assim, atualmente o VocaPampa é formado pelos seguintes músicos: Ediana Larruscain, soprano; Gabriel Zeppe, contratenor; Josemar Dias, tenor; Lucas Siduoski e Julio Cezar Pires, Barítono;Matheus Lameira, Baixo. (Vídeo música Céu, Sol, Sul, Terra e Cor – VocaPampa).

O grupo VocaPampa preparou um arranjo inédito desta canção “Céu, Sol, Sul, Terra e Cor” retratando a cultura do Rio Grande do Sul. O vídeo conta com mais 7 mil visualizações no Youtube. Confira no vídeo como a mágica acontece:

Conversamos com alguns integrantes que nos contaram das suas experiências e trajetórias musicais, e explicaram como são definidas as vozes nas partituras.

Jornalismo Cultural – Você sempre quis cantar desde criança? Quando surgiu o amor pela música?

Matheus Lameira (baixo)  – Comecei os estudos em música aos 5 anos através do método Suzuki, aqui em Santa Maria, aprendendo violino, meu instrumento principal de trabalho. Até chegar à faculdade (com 17 anos) nunca tinha explorado a minha voz. No Curso de Licenciatura em Música comecei cantando no Coral Universitário, onde fui conhecendo melhor o trabalho vocal.

JC – Qual a tua formação? Quais projetos trabalhou antes de entrar no VocaPampa e quais possui agora fora do grupo?

ML – Sou licenciado em Música pela UFSM. Antes do VocaPampa toquei na Orquestra Sinfônica de Santa Maria. Atualmente, além do VocaPampa, sou regente de três corais (Coral Allan Kardec, Coral Nativista do CTG Sentinela da Querência e Coral Vozes do Vagão, do Colégio Militar); sou educador musical no colégio Nossa Senhora de Fátima, professor de violino e violoncelo na AMEART (Tupancireta), diretor do musical do CTG Sentinela da Querência e administrador do grupo Cadenza – Assessoria Musical (para eventos em geral).

JC – Como você se sente em relação ao sucesso e a notoriedade que o grupo vem ganhando ultimamente?

ML – Sinto-me grato à todas as pessoas que abraçam o VocaPampa e reconhecem o trabalho vocal a capella que é realizado, pois esta cultura ainda está em fase de crescimento no Brasil.

JC – Um dos diferenciais do grupo é a música tradicionalista. Como que você percebe essa questão no trabalho do VocaPampa?

ML – Por nós fazermos músicas nativistas e regionais do Rio Grande do Sul, isso acaba sendo um dos selos do VocaPampa. Embora a gente tenha canções de Natal, um show de Natal, canções de rock, pois já participamos de dois festivais de rock em Porto Alegre.

JC – O VocaPampa também anda por outros meios, mas o selo que traz a identidade do grupo e a música nativista e regional. O que acaba sendo um diferencial pela dificuldade de encontrar para grupos a cappella no Brasil, no Rio Grande do Sul, ou até mesmo, aqui em Santa Maria e que ainda faça esse estilo de música.

JC –Você sempre quis cantar desde criança? Como que surgiu a sua experiência musical?

Josemar Dias (tenor) Tudo surgiu de um desejo pessoal, muito ligado com a minha experiência musical desde os meus 10 anos de idade, na cidade. Pelas minhas oficinas de canto coral no colégio, que durou toda a minha adolescência até o terceiro ano do ensino médio, onde eu participei dessas oficinas. Então, meu contato com o grupo vocal aconteceu desde muito cedo.

JC – Como que surgiu a ideia de criar um grupo a cappella?

JM – Quando eu fui para Santa Maria,  consegui trabalhar com os CTGs para trocar nas invernadas que tem como uma das suas características o trabalho vocal muito forte, já que utiliza bastante da voz para construir a música que embala os sonhos dos dançarinos. A partir disso eu conheci a maioria dos integrantes por experiências de convívio em ambientes tradicionalistas. Eu tive a ideia de convidá-los a formar o grupo que, na verdade, era uma ideia antiga minha, pois eu já acompanhava outros grupos a capella. Na época nem tinha o YouTube. Então a ideia surgiu dessa influência. Nós todos somos oriundos da Universidade Federal de Santa Maria, do curso de Música, e a gente acabou de se conhecendo lá e também pelo trabalho que nós desenvolvemos em entidades tradicionalistas.

JC – O que é o canto a cappella?

Ediana Larruscain  (soprano) – A cappella é um termo italiano que significa você fazer música, sem usar nenhum instrumento musical. A voz seria o único instrumento musical, que não precisa comprar. Então, fazer um grupo a capella tem esse sentido, um grupo musical, que não utiliza nenhum tipo de instrumento, que não seja a voz.

JC – Por que fazer um grupo a cappella?

EL – Eu me identifico como cantora. Eu toco teclado, violão e outros instrumentos musicais, mas o meu instrumento principal é o canto. Então, eu sou meio suspeita de querer fazer um grupo a capella porque, às vezes, a profissão do cantor é solitária, e até mesmo carrega uma grande responsabilidade. Imagina juntar várias pessoas, que tem uma grande responsabilidade de fazer musical e querem fazer música junto, que estão cansados dessa solidão… o grupo a capella é perfeito para a gente se unir e fazer música, que é o que a gente gosta de fazer.

JC – Um dos diferenciais do grupo é a música tradicionalista. Como que você percebe essa questão no trabalho do VocaPampa?

EL – A música gaúcha é uma das principais características que chama a atenção para o nosso grupo. Se você procurar outros grupos a capellas tem alguns com beatbox, que geralmente nesses grupos mais modernos, e tem grupos vocais aqui do Rio Grande do Sul, que usam um repertório variado. Partindo da música gaúcha para o pop, nacional, internacional, samba. O VocaPampa foca na música gaúcha e esse é um grande diferencial do nosso grupo.

JC – Você sempre quis cantar desde criança? Quando surgiu o amor pela música?

Gabriel Zeppe ( contratenor) – Eu nasci em uma família de músicos, então sempre tive esse contato com a música. Fui estimulado desde berço a ter essa disponibilidade musical. Então foi muito bom para mim, e algumas coisas foram muito fáceis por ter essa pré-disponibilidade musical. Eu canto há um bom tempo em função de que minha mãe e minha irmã sempre cantaram, meu pai também sempre cantou um pouco e eu sempre estava junto, então esse contato desde novo estimula como qualquer outra forma de aprendizagem. Eu comecei a cantar desde muito pequeno e comecei a participar de festivais, até que comecei a fazer aulas canto, de técnica vocal, onde meu professor, que estudava música na UFSM, me apresentou o curso. Foi então que eu pensei que era isso o que eu queria fazer, foi paixão à primeira vista. A partir daí eu comecei a me dedicar e estudar para entrar no curso. Dentre os demais estudos que tinha de canto, tinha o coral e uma orquestra. Eu comecei cantando no coral do SESI Santa Rosa. Eu morava com meus pais em Porto Lucena e ia até Santa Rosa para ter uma aula por semana. Em 2016, eu entrei no curso de licenciatura em Música na UFSM. A partir daí, eu comecei a cantar no coro da UFSM e  onde conheci o Josemar e a Ediana, que também cantavam no coro. Em 2017, eles me convidaram para entrar no VocaPampa. Também foi uma paixão à primeira vista, pois fui muito bem recebido e hoje eles são uma família para mim.

JC – Quais projetos trabalhou antes de entrar no VocaPampa e quais possui agora fora do grupo?

GZ – Além de cantar no VocaPampa, eu estava dando aulas, antes da pandemia, na extensão de música que a UFSM oferece, de canto, de técnica vocal e de grupo vocal. Além disso, aulas de canto particulares.

JC – Como você se sente em relação ao sucesso e a notoriedade que o grupo vem ganhando ultimamente?

GZ – Feliz, é um trabalho minucioso. São vários detalhes que precisam ser estudados e precisam de muita atenção para fazer a coisa acontecer. Como todos estudamos música, temos uma bagagem e queremos colocar tudo no VocaPampa, no trabalho que a gente faz. Isso requer bastante estudo e conhecimento, porque além de tudo eu aprendo muito com meus colegas, e isso é notável nas nossas músicas, é possível notar que temos um trabalho muito rico, tanto musical como interpretacional, que nós tentamos fazer da melhor forma. Eu acho que o nosso sucesso é em função disso, de fazermos da melhor forma possível, porque tudo aquilo que se coloca amor, dedicação, um grupo, uma unidade trabalhando em prol daquilo, sempre vai ter sucesso.

JC – Quais os planos para o futuro do VocaPampa?

GZ – O que eu espero é que o VocaPampa siga colhendo os frutos que ele já plantou ao longo de todos esses anos. O que eu acho admirável no VocaPampa, é a união, a qualidade musical e a amizade entre todo mundo. É isso que rege nosso trabalho e faz com que a gente colha todas as coisas boas que acontecem conosco. É isso que eu espero, sucesso e muitas coisas boas que virão.

Por Allysson Marafiga, Gabriele Braga e Mariama Granez, acadêmicos de Jornalismo da UFN – Universidade Franciscana. Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Cultural, com a orientação do Professor Bebeto Badke. 

 

Para Bruna, entre tantos outros motivos para ser vegana, o amor pelos animais é um dos principais. Na foto, em aula prática do curso de Medicina Veterinária Foto: arquivo pessoal
Imagens: Raw Pixel

Para além do vegetarianismo, o veganismo é um estilo de vida e um modo de ser e pensar em todas as áreas da sociedade e em si, como indivíduo. Na prática, além de repensarem suas formas de consumir, subsistir e viver, os adeptos do veganismo lutam pela causa, desde os pequenos atos particulares do dia a dia.

O termo foi cunhado na década de 1940 e tem adeptos ao redor do mundo. No Brasil, tem se popularizado e conquistado muitos membros  nos últimos anos. Marcas de vestuário e cosméticos, restaurantes, dentre outros nichos de mercado, já tem se segmentado para atender a este público que cresce e requer cada vez mais espaço.

A acadêmica de Medicina Veterinária Bruna Carnelosso, 21 anos, é vegetariana há oito anos e vegana há mais de três.

Para Bruna, ser vegano é…

Respeito

Veganismo é, para mim,  sinônimo de respeito. Respeito à natureza, aos animais e, sobretudo, aos direitos destes: de ser livre, se não sentir dor e desconforto, de poder exercer seu comportamento natural, de não ser explorado… de viver!

Luta

Veganismo também é luta. É lutar pelos direitos daqueles que não têm voz. É lutar por um consumo mais consciente e empático. Lutar para ser ouvido no meio dessa sociedade tão dura, que não se importa com minorias, com quem pensa diferente. É cansativo às vezes, mas não é difícil quando você pensa que, aos pouquinhos, você está mudando o mundo.

Consciência

Estamos tão acostumados a viver no automático que, às vezes, não questionamos nada ao nosso redor, mesmo que algumas dessas coisas nos pareçam erradas. Afinal, não é um pouco hipócrita amar os animais e contribuir com uma indústria que mata, maltrata e subjuga esses seres em sua grande maioria? Penso que quando abrimos nossas mentes para pensar nessas questões, estamos fazendo um exercício que pode contribuir a nos tornarmos seres humanos melhores em muitos aspectos.

Alternativa

Optar ou não pelo veganismo é uma escolha de cada um. É uma escolha muitas vezes difícil, pois geralmente somos acostumados desde pequenos a consumir produtos animais, seja na alimentação, vestuário ou outros produtos que nem imaginamos que contém substâncias derivadas de animais. É importante então mostrar para as pessoas que existe essa opção, que existem alternativas para substituir esses usos e popularizar esse estilo de vida cada vez mais, para que assim, futuramente, talvez esta não seja uma decisão tão difícil de tomar.

Amor

Há muitas formas de expressar o amor, e penso que optar pelo veganismo é uma delas. Afinal, há muitas vantagens nesse estilo de vida: para a natureza, para os animais, para nossos próprios corpos. E optar por uma alternativa melhor para todos é um ato de amor também.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Emanuelle dança desde os 6 anos de idade. Foto: arquivo pessoal / Emanuelle Maciel
Imagens: Raw Pixel

Existem muitos tipos de danças e cada um tem uma finalidade ao praticá-la. Saúde, concentração, uma carreira… Teatral, em dupla, sozinho, para uma grande plateia, em grupo, com um sentido maior ou apenas para se divertir.  Geralmente, quem dança busca felicidade na prática.

A formanda em Arquitetura e Urbanismo Emanuelle Maciel, 23 anos, nasceu em Santa Maria. Ela dança balé clássico desde os 6 anos e hoje nos conta um pouco sobre o significado da dança em sua vida.

Para Emanuelle, ser dançarina é…

Imagem: Pixabay

Força

É perceptível que, por trás da leveza dos passos, sempre há uma força física proporcional à força emocional. Desafiar os próprios limites, enfrentar a ansiedade e esquecer as dores são eventos rotineiros para um bailarino.

Perseverança

Acredito que vivemos num país onde a dança não é tão valorizada quanto deveria ser. Tudo se torna muito caro, desde a elaboração de figurinos e de cenários a aluguéis de espaços. Muitas vezes, isso torna a permanência numa escola privada difícil. Assim como eu, muitas colegas trabalham, estudam e precisam de muita perseverança para encaixar as aulas às rotinas diárias.

Terapia

A dança tem o poder da cura. Tive problemas físicos e psicológicos totalmente curados com a prática, sem medicamentos. É muito prazeroso trabalhar o nosso próprio corpo. Dedicarmos algumas horas semanais para algo em benefício de nós mesmos é gratificante.

Aprendizagem

Como tudo na vida, na dança também sempre há o que aprender. Quanto maior a dedicação, maior o aprendizado. Esse, compete tanto à parte teórica e prática da dança, quanto ao convívio social do grupo inserido e das regras de postura e disciplina exigidas.

Autoconhecimento

Para mim, a forma mais clara de compreender meu corpo e mente é dançando. Sei cada centímetro que minha perna ergue a mais, cada segundo que meu joelho aguenta em equilíbrio, conheço todos os meus rituais inconscientes antes de um campeonato ou espetáculo e todas as minhas técnicas para inibir a ansiedade quando estou dançando.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Sede da Cyrilla no bairro Itararé, em Santa Maria. Fotos: Joedson Dornelles
A Cyrillinha é produzida do óleo da casca da laranja.

 Em meio à tristeza e à crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus, uma promissora alegria para muitos santa-marienses –  a fábrica de refrigerantes Cyrilla, que havia fechado as portas em 2008 por questões financeiras, retomou suas atividades na cidade após 12 anos.  Agora, a busca pelo popular refrigerante e os demais itens Cyrilla  se mostra surpreendente, dificultando, inclusive, o abastecimento da mercadoria nas prateleiras dos supermercados que esvaziam rapidamente.
A Cyrilla surgiu no ano de 1910 em Santa Maria e é considerada um dos refrigerantes mais antigos do país. A fábrica foi uma das pioneiras no envase do guaraná, sendo um dos primeiros refrigerantes desse sabor no Brasil.
Sua fórmula foi produzida no ano de 1905 pelo médico Luiz Pereira, na cidade de Resende, no Rio de Janeiro. Porém, só passou a ser utilizada em 1910, quando o médico trouxe a fórmula para Santa Maria, e ela adquirida e registrada pela Cyrilla. “Com o passar do tempo foram produzidos novos sabores, como por exemplo, a gasosa limão, a Cyrillinha, bebida na cor alaranjada transparente, produzida a partir do óleo da casca da laranja, e a tônica”, afirma Luiz Marquezan Bagolin, hoje sócio-administrativo da fábrica.
Bagolin conta que após o final da primeira Guerra Mundial, a Cyrillinha parou de ser fabricada. Nessa época, a lei do suco estava em vigor no país e proibia a venda de bebidas que não fossem feitas diretamente da fruta. “Desse modo, foi feito um novo sabor laranja, que contém 10% do suco natural da fruta”, revelou Bagolin.  Como a lei do suco não permaneceu na ativa por muito tempo, o retorno da fabricação da Cyrillinha deu continuidade ao trabalho da empresa que marcou a história de Santa Maria, mesmo em meio aos muitos revezes sofrido.

 Da retomada da empresa  à distribuição dos produtos

O maquinário da fábrica foi totalmente renovado.

“Alguns anos após o fechamento da indústria, na época em que a cidade era administrada pelo prefeito Cezar Schirmer, nos aliamos a ele para tentar trazer de volta a empresa, aproveitando que o prefeito era muito voltado ao trabalho e desenvolvimento empresarial de empresas daqui e, com isso, começamos as negociações que ajudaram a pôr em prática este sonho”, conta Bagolin.
O sócio administrativo da Cyrilla diz que com a apoio da prefeitura, à época, foi adquirido o prédio e a marca em um leilão federal. Hoje a Cyrilla pertence a três empresários e amigos. Ao lado de Bagolin estão Lairton Padoin, dono dos postos Padoin,  e  José Antônio Saccol, proprietário da Minami (Honda).  “Nos unimos com intuito de não deixar uma marca centenária morrer e, assim, trabalhamos duro para sua volta neste ano de 2020”, afirma Bagolin.
A indústria foi remontada do zero, mantendo apenas a sua fachada. Todos equipamentos foram readquiridos com a mais moderna tecnologia do mercado atual.

A Cyrilla possui duas fontes de água originadas de aproximadamente 100 metros de profundidade do solo. Estas águas têm o ph 7.1, ou seja, uma água mineral que é usada para o consumo industrial, bem como a água gaseificada, conhecida como “Diamantina”, presente na antiga Cyrilla.

Para dar conta da demanda total de refrigerantes, a produção de garrafas pets chega a 15 mil/dia.

Sucesso de vendas desde sua volta, a bebida que mais se destaca é a Cyrillinha,  a única produzida em garrafas de vidro, utilizando material reciclável.
A demanda do refrigerante  que é o carro chefe da empresa,  é quase maior que a quantidade comercializada todos os dias. São produzidas 6 mil garrafas de vidro/dia e quase todas são vendidas no mesmo dia. Ela é oferecida em embalagens de vidro de 275ml  e pet de 500ml.

Para dar conta da demanda total de refrigerantes, a empresa começou a produzir também em garrafas pet.  São quinze mil garrafas pet de 2 litros e de 500 ml produzidas diariamente.

Na imagem à esquerda, a embalagem atual da Cyrillinha e, ao lado, as anteriores.

A ideia inicial é o atendimento municipal, mas com o tempo o objetivo será servir outras distribuidoras, vinculadas à empresa: “Assim, eles vendem nossos produtos em conjunto. e aos poucos vamos chegando até outras cidades do Estado”, afirma Bagolin.
De acordo com o mesmo, a fábrica lida apenas com produtos que na época eram de maior demanda, mas o objetivo da companhia é logo apresentar novos sabores de refrigerantes.  Neste caso, algo que visa chamar a atenção do público. “Até então é fabricado o sabor uva, que daqui uns dias já estará a venda.  Refrigentes para o público infantil também estão sendo desenvolvidos. Outra demanda é a produção de refrigerantes zero açúcar. Para um futuro mais distante temos a ideia de fabricar águas saborizadas, considerada um produto que está em alta no mercado, além de bebidas alcoólicas, como vodkas, gins e licores”, diz ele.

Questionado sobre o porquê do logotipo ter a imagem de uma zebra, Bagolin diz que ela representa a diversa gama de produtos que a marca tinha na época. Eram oito sabores de refrigerantes, vários tipos de bebidas alcoólicas, como vodka, licor, gim, bonekamp entre outras. Não há documentos que confirmem, mas há relatos de pessoas que falam que cada listra da zebra refere-se a um determinado produto da marca.