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Cidadania

Cidade de Lona terá exibição na Feira do Livro

Será exibido hoje, na Feira do Livro de Santa Maria, o episódio Cidade de Lona, o primeiro da série documental Nova Santa Marta. A exibição ocorrerá as 19 horas, no Theatro Treze de Maio. O evento é

Nova lei municipal visa combater a violência às mulheres

Estão sendo fixadas placas informativas do serviço Disque Denúncia 180 nos sanitários femininos de bares, restaurantes, casas noturnas, casas de espetáculos e afins nos estabelecimentos de Santa Maria. Essa iniciativa foi aprovada em dezembro como lei

Jovens estão na expectativa de votar pela primeira vez

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Será exibido hoje, na Feira do Livro de Santa Maria, o episódio Cidade de Lona, o primeiro da série documental Nova Santa Marta. A exibição ocorrerá as 19 horas, no Theatro Treze de Maio. O evento é gratuito e, para assistir, basta retirar uma ficha na bilheteria do Theatro.

Com direção de Paulo Tavares, realização da TV OVO e financiamento pela Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria, Cidade de Lona conta o início de uma das maiores ocupações urbanas da América Latina. Ocupada em 7 de dezembro de 1991, a antiga fazenda Santa Marta, desapropriada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 1978, se transformou em um local de habitação para muitas famílias. O bairro começou a se formar a partir de uma ocupação liderada pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia de Santa Maria.

A ideia do projeto, é trazer mais visibilidade a essa comunidade, a partir das questões históricas que envolvem o bairro que já possui 31 anos de existência. O diretor da produção, Paulo Tavares, relata: “O episódio foi montado através da visão dos protagonistas, pessoas que estavam lá quando a comunidade surgiu e se dispuseram a contar suas memórias sobre a região. Um deles foi Bruno Martins, condutor da narrativa que praticamente nasceu no local.”

O primeiro episódio da ´serie conta sobre o momento da ocupação e conquista dos terrenos. Imagem: divulgação TV Ovo.

Cidade de Lona tem recursos de acessibilidade, com tradução em libras, legendas descritivas, e legendas em português, inglês e espanhol. Este é o primeiro de uma série de três episódios, que marcam os 3 momentos da comunidade. Cidade de Lona conta sobre o momento da ocupação e da conquista dos terrenos. O segundo episódio, a ser produzido nos próximos anos, “Cidade de Madeira”, irá contar toda luta e desenvolvimento da comunidade. O terceiro e último episódio, “Cidade de Concreto”, vai mostrar a comunidade nos dias atuais.

A assessora de comunicação do projeto Por Onde Passa a Memória da Cidade 2022, Tayná Lopes, contou como foi participar da equipe do audiovisual: “Foi uma honra fazer parte desta equipe auxiliando nos bastidores e trabalhando na divulgação desta produção tão necessária, importante e democrática. Logo que o Paulo, diretor da série, lançou a ideia eu já achei incrível, porque ao trabalhamos com a Nova Santa Marta estaríamos direcionado o nosso olhar para o diferente, para uma região pouco pautada, excluída e por vezes lembrada apenas pelas fragilidades. Mas sabemos que a região é muito mais do que isso e assim seguimos o projeto. A cada ação que participo da TV Ovo cresço como pessoa e profissional, ainda mais quando penso nas produções audiovisuais de estilo documental, porque são elas que me lembram a essência da profissão que escolhi. Para mim a essência do jornalismo, da comunicação, é contar histórias, ouvir pessoas, vê-las ganhando espaço, tendo autoestima, se sentindo pertencentes e sendo vistas, tendo suas causas, lutas e trajetórias, tendo visibilidade e é partir de produções como o Cidade de Lona que vejo caminhos assim possíveis.”

A série Santa Marta conta ainda com dois episódios que serão produzidos. Imagem: divulgação TV Ovo

O episódio foi lançado com uma exibição no Bairro Santa Marta, no ginásio da escola marista e agora terá uma segunda exibição na Feira do Livro. Logo mais, também será disponibilizado no youtube. Mais informações sobre Cidades de Lona você encontra em clicando aqui.

Voluntárias da Sobre Nós foram às ruas em defesa da dignidade menstrual
Foto: Arquivo Sobre Nós

Estamos em 2023, e falar sobre menstruação ainda é um assunto considerado tabu e que deixa muitas pessoas desconfortáveis ao ser comentado. Imagine o seguinte cenário: você é uma mulher, está fora de casa e de repente a menstruação desce, você não tem um tostão no bolso para comprar um absorvente, o que você faz? Talvez essa simulação eventualmente possa ter acontecido com muitas mulheres, mas e quando essa realidade é corriqueira?

Em Santa Maria, uma ONG chamada Sobre Nós tem como objetivo evitar que esse tipo de situação aconteça. O projeto tem como objetivo promover a saúde menstrual e a igualdade de gênero por meio de ações e projetos que visam garantir o acesso a produtos de higiene íntima, informação e apoio psicológico para mulheres e pessoas que menstruam e que estejam em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O trabalho é desenvolvido em Santa Maria e em alguns outros estados do país. 

O Sobre Nós realiza suas ações mensais com base em doações e contando com a colaboração de pessoas que se interessam pela causa. Foto: Arquivo Sobre Nós

Taís Fleck, que exerce o cargo de coordenadora na filial de Santa Maria e atua na coordenação nacional, explica que “a partir do momento que a pessoa do gênero feminino não tem produtos básicos para conter o sangue menstrual, ela tem uma desigualdade em uma necessidade fisiológica básica. Então, fornecer itens básicos de higiene feminina pode contribuir para a promoção da igualdade entre os gêneros, classes e raças.” 


Atualmente, a ONG atende em três bairros de Santa Maria: Cerrito, Vila Renascença e Vila Brenner. O grupo atua na cidade de maneira consistente desde setembro de 2020. Os produtos oferecidos compõem um kit de higiene menstrual, que inclui um pacote com 16 unidades de absorventes, um rolo de papel higiênico e um sabonete.

No dia 25/03 houve distribuição de kits e uma roda de conversa sobre saúde sexual, acompanhada por uma lembrança para cada mulher. Foto: Arquivo Sobre Nós

Jocelaine Rodrigues, de 44 anos, moradora da Vila Brenner, recebeu o auxílio do grupo e hoje faz parte do projeto, ajudando na distribuição e disponibilização da sua casa para serem realizadas as entregas. Ela relata que, desde que a ONG começou a atuar no bairro, houve um aumento da dignidade das pessoas, pois há muitos residentes em situação de necessidade. “Com a ajuda do grupo, dá para perceber que as pessoas estão mais felizes e buscando se informar mais sobre o tema. Eu gosto de ajudar as meninas, porque acredito que esse projeto não pode parar, espero que ele se expanda para outras regiões da cidade, pois a necessidade de diálogo é muito importante em locais de vulnerabilidade social”, afirma ela.

No dia oito de março deste ano, foi assinado o Projeto de Lei de Dignidade Menstrual, liderado pela vereadora Marina Callegaro (PT), na Câmara de Vereadores. A lei prevê medidas para garantir o acesso gratuito a produtos de higiene menstrual em escolas, postos de saúde, abrigos e presídios municipais. Taís explica que a aprovação da lei significa que este é um problema que o estado, em tese, deveria resolver e que é uma pauta importante de ser debatida, o que torna a dignidade menstrual um fator relevante. No entanto, ainda há alguns desafios sobre a questão da lei estar sendo aplicada efetivamente: “enquanto não existir uma execução correta da lei e fornecimento de itens menstruais corretos, o Sobre Nós acaba suprindo essa demanda. Então, até possuir uma forte rede de distribuição, nós vamos nos manter nessa frente. Essa é uma perspectiva que talvez leve um tempo ainda para ser executada de maneira efetiva, mas idealizamos que, futuramente,  todas as pessoas que menstruam tenham acesso a esses itens ”

As voluntárias do Sobre Nós participaram da assinatura do Projeto de Lei de Dignidade Menstrual.
Foto: Arquivo Sobre Nós

A ONG sobre nós atua de maneira nacional em sete estados do Brasil, e a expectativa para o futuro é que essa atuação seja de maneira efetiva em todos os 26 estados. Em Santa Maria, a expectativa é aumentar ainda mais o número de regiões onde atua o projeto. Segundo Taís, até o final do ano a expectativa é de aumentar essa atuação em dois locais, a Aldeias SOS e a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). Para que essa ação seja consolidada, a ONG depende de doações, voluntários e pessoas que se interessem em participar desta causa. Para doar para o Sobre Nós de Santa Maria basta acessar ao instagram @sobrenos_brasil, clicar no link da bio (linktr.ee/sobrenosbrasil), e doar um valor que pode ser o estabelecido para a compra de kits de higiene menstrual ou um valor personalizado. 

Alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio Sant’Anna tiveram uma tarde diferente nesta quinta-feira (13). Eles fizeram uma visita aos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana (UFN).

Os alunos visitaram a Agência Central Sul Notícias e receberam orientações sobre as atividades e práticas desenvolvidas no curso de Jornalismo.
Foto: Júlia Buttignol

O objetivo da visita foi conhecer um pouco mais sobre as áreas para estarem aptos a escolherem os cursos que desejam fazer no futuro. Os alunos fazem parte dos itinerários formativos do Ensino Médio do Colégio Sant’Anna, e solicitaram apoio da UFN para desenvolver atividades que compõem essa agenda.

Ao longo do semestre, os estudantes estão visitando diferentes cursos da UFN e participando de práticas laboratoriais e palestras com os professores e alunos dos cursos. Ao todo, cerca de 60 alunos estão participando das atividades, divididos em grupos.

Os alunos visitaram o laboratório de televisão para conhecer os equipamentos e tecnologias utilizados na produção diária.

Foto: Júlia Buttignol

Além dos cursos de PP e Jornalismo, os alunos também estão fazendo visitas aos cursos de Direito, Psicologia, Fisioterapia, História, Engenharia Biomédica, Engenharia Química, Arquitetura, Design, Farmácia e Biomedicina.

Essa iniciativa do Colégio Sant’Anna em parceria com a UFN visa oferecer aos alunos a oportunidade de conhecerem diferentes áreas de atuação antes de decidirem qual curso desejam seguir no futuro. Com isso, eles poderão fazer escolhas mais informadas e conscientes sobre o seu futuro acadêmico e profissional.

Estão sendo fixadas placas informativas do serviço Disque Denúncia 180 nos sanitários femininos de bares, restaurantes, casas noturnas, casas de espetáculos e afins nos estabelecimentos de Santa Maria. Essa iniciativa foi aprovada em dezembro como lei municipal de número 6707. O canal de denúncia funciona 24 horas por dia, de forma gratuita e confidencial.

Segundo o vereador Rudinei Rodrigues, autor da lei, “nós temos reuniões para conversar com proprietários de estabelecimentos para fazer um acordo para colocar as placas. Temos que procurar os empresários também, não é só sobre “ser obrigado a colocar”. Eu acho importante também trazer o empresarial, os bares, as casas noturnas e as distribuidoras que os jovens frequentam muito hoje em dia. É importante que eles também colaborem, que também participem desta campanha e estejam de braços abertos para ajudar. É uma forma de fazer com que a sociedade se inclua no projeto, para que não fique uma lei sem impacto”.

As placas devem ser instaladas em lugares de fácil visualização para as clientes. Imagem: Luiza Silveira.

A iniciativa tem tido boa recepção por parte da sociedade também. Segundo Julia Dutra, estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana, “eu acho muito importante porque, querendo ou não, vai reforçar e incentivar as mulheres que estiverem em uma situação mais difícil. Isso reforça não só para elas, mas qualquer outra que possa estar entrando nessas situações e que talvez não dê conta de sair sozinha. Esse reforço de pedir ajuda e ter consciência de o que pode estar sendo feito a elas, pode ajudar as pessoas a superarem também”. As despesas em relação à produção das placas, assim como seu design, caberão aos donos dos estabelecimentos. A única obrigatoriedade é constar o número da lei e o Disque Denúncia 180.

O projeto não se limita ao combate dentro destes espaços. Com o objetivo de alcançar o máximo de pessoas, o gabinete do vereador produziu panfletos, camisetas e, segundo o vereador, “a gente vai fazer um banner para ser usado aos sábados na esquina do Calçadão ou na Rótula da Medianeira. Nós vamos chamar nosso grupo do gabinete para ficar segurando. Assim as pessoas que transitam poderão ver que existe essa lei e que ela é importante”.

Panfletos estão sendo distribuídos com o intuito de alcançar mais pessoas. Imagem: divulgação.

Ainda em 2022, uma lei semelhante foi sancionada no município de São Paulo. A lei em vigor na capital paulista aborda a criação de campanhas de cunho educacional com o intuito de combater a violência contra as mulheres. Embora este artigo não conste na lei santa-mariense, segundo o Gabinete Parlamentar “era para ser colocada uma emenda nesse projeto pela comissão. Entretanto, como ele tramitou e passou já no final do ano, acabou não sendo colocada. Nosso objetivo agora é, junto com a Procuradoria da Mulher, fazer essas campanhas educativas”.

Em caso de suspeitas de violência doméstica é possível fazer denúncias por meio dos canais:

  • Disque – 180
  • Brigada Militar – 190
  • Centro de Referência da Mulher – (55) 99139-4971
  • Delegacia da Mulher – (55) 3222-9646
  • Delegacia de Pronto Atendimento – (55) 3222-2858
Lei de número 6707

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Vivência e resistência de pessoas trans em Santa Maria

Relatos de mulheres e homens trans a partir de suas narrativas.

Marquita segurando a bandeira trans, símbolo que representa a comunidade transgênero. Foto: Heloisa Helena.

“Eu digo que a gente foi uma geração muito resistente porque viemos de um estigma de preconceito muito grande em cima da nossa população, por causa de uma doença. Nós sobrevivemos a tudo aquilo e estamos aqui”

Era outono do ano de 1967 quando veio ao mundo um menino, julgado por seu sexo biológico. Aos 17 anos começou o processo de se reconhecer como uma pessoa trans, termo que era pouco utilizado naquela época, pois usavam a palavra travesti como definição. Assim surge Marquita Quevedo, no ano de 1985, em plena pandemia de HIV/AIDS no Brasil, em um ambiente cheio de preconceito contra a população LGBTQIA+ e desinformação sobre a doença.

Ela relata a discriminação que sofreu nos anos 1980 por conta da epidemia, era agredida, xingada e expulsa de bares. “Era muito real na nossa cidade, em pleno Calçadão tinha uns espaços que quando a gente passava ouvia gritos ‘olha a AIDS’, ‘vocês estão matando a população’.” Porém, esse não foi o primeiro preconceito em sua trajetória.

Somente há quatro anos o Ministério dos Direitos Humanos retirou a transexualidade da lista de doenças ou distúrbios mentais. Em agosto de 2018, a Organização Mundial da Saúde publicou a 11ª edição do CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), que deixou de incluir o chamado “transtorno de identidade sexual” ou “transtorno de identidade de gênero”. Desde 1952 a população trans era considerada portadora de distúrbios mentais, reforçando o estereótipo de que eram doentes.

Aos 15 anos, Cilene deu o grito de liberdade. Se reconheceu como mulher, feminina e delicada. Na infância foi apelidada de “sorriso”, o sorriso largo estava quase sempre presente em sua trajetória. Mas, aos 11 anos, seu sorriso desmanchou ao ser abusada na escola. Após ser descoberta, através de uma carta contendo uma declaração de amor para um colega de sala de aula em um colégio apenas de meninos, Cilene foi encaminhada ao psicólogo.

“Na sala dele eu tirava toda a minha roupa e ele tocava nas minhas partes íntimas. Na segunda sessão foi piorando, embora eu sentia dor, na época eu imaginava que fazia parte do tratamento. Na terceira sessão, eu parei de ir e acredito que ele iria concluir o ato.”

E nessa travessia perigosa que é a vida, Cilene começou sua caminhada em busca de ser quem realmente desejava. “Eu tenho muitos motivos para ser uma pessoa revoltada e agressiva, porque só a gente sabe o que carregamos nessa vivência toda”.

Cilene menciona uma das suas principais marcas de resistência:

Cilene Rossi trabalha como assessora parlamentar no Legislativo de Santa Maria gerando representatividade para o público trans em espaços políticos. Foto: Vitória Gonçalves.
Cilene Rossi trabalha como assessora parlamentar no Legislativo de Santa Maria gerando representatividade para o público trans em espaços políticos. Foto: Vitória Gonçalves.

É sobre o caminho difícil que Cilene fala. É sobre um caminho de perdas e abandonos. De pedras e espinhos. De preconceito e discriminação. De luta e resistência. Mesmo diante de todos os desafios, Cilene não se recolheu em si mesma. E procurando compreender o que havia nela que tanto incomodava os outros, foi construindo para si a história de sua vida.

Viver no país que mais mata travestis e transexuais é um ato de resistência. O Brasil lidera o ranking mundial de mortes por transfobia, de acordo com a ONG Transgender Europe (TGEU). Os dados são alarmantes. Segundo o dossiê anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2021, 140 pessoas trans foram assassinadas no país, sem contabilizar os demais atos de violência física e moral. 140 vidas, 140 histórias interrompidas. A idade média das vítimas foi de 29 anos. “Nossa maior vingança será envelhecer. Qualquer travesti que passe dos 35 anos estará se vingando desse CIS-tema” – Keila Simpson Presidenta da Antra.

Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu.

Gráfico produzido a partir dos dados do dossiê anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgado em 2021. Produzido por Vitória Gonçalves.
Gráfico produzido a partir dos dados do dossiê anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgado em 2021. Produzido por Vitória Gonçalves.

No começo do século 21 surgiram entidades nacionais como a Articulação Nacional de Travestis, Transexuais e Transgêneros (Antra), a Rede Trans e o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades, com o propósito de falar sobre questões relacionadas a população tras e gerar visibilidade. Entretanto, descobrir-se neste cenário ainda possui dificuldades.

“Eu sou uma mulher trans, mas é nítido que a maioria nem me considera mulher”. Descobrir-se diferente. Reconhecer-se. Autoproclamar-se. Assumir-se enquanto mulher trans exigiu de Davina Kurkowski todo um processo de negociação, consigo mesma e com o mundo externo. “Pelo fato de eu ser transsexual, a maioria dos homens acham que eu sou alvo de sexo fácil. Já fui assediada várias vezes em Santa Maria, na rua, indo para o cursinho, quando estava trabalhando. Era algo que acontecia quase todos os dias.”

Davina relata como as pessoas reagem de forma preconceituosa ao vê-la na rua:

Sem contar com qualquer respaldo social, mulheres como Davina estão desprotegidas e se tornam extremamente vulneráveis a múltiplas formas de assédio e ataque, sendo radicalmente privadas de direitos. Neste momento, a jovem se depara com a bruta realidade de uma mulher trans na sociedade. O desconforto em utilizar o banheiro feminino do shopping, olhares que transmitem medo, nojo e ódio acompanham Davina no seu cotidiano.

“Escutei vários comentários, uma vez me chamaram de traveco. No começo da transição eu não me sentia confortável para usar vestido e saia em público mas, pela primeira vez, devido ao verão e ao calor, coloquei um vestido. Estava voltando do shopping com duas amigas, eu me sentia ótima e  quando estávamos passando pelo calçadão, aquele homem que está sempre cantando música gospel e gritando com as pessoas começou a gritar olhando pra mim ‘porque vocês adoram o diabo’.”

Quando se fala em homens trans há pouco levantamento aprofundado no país sobre a população masculina, o reconhecimento das identidades de gênero desses sujeitos, a invisibilidade social e política enfrentada por eles, bem como as várias formas de violência que os atingem diariamente.

“Eu posso não ter passado nenhum confronto físico, nem moral, mas é bem humilhante e degradante não ter acesso a um direito básico. É de certa forma violento na vivência”. Cauã de Bairros tem apenas 21 anos, mas já possui uma grande bagagem de experiências e vivências. Aos 17 anos deu adeus ao gênero feminino, rótulo que foi imposto a ele ao nascer, mas que nunca o pertenceu. O direito básico a que o jovem se refere é ser reconhecido pelo nome social na documentação.

 

Cauã atualmente cursa música na UFSM e faz parte da equipe da Casa Verônica Foto Cauã - Arquivo pessoal.
Cauã atualmente cursa música na UFSM e faz parte da equipe da Casa Verônica Foto Cauã - Arquivo pessoal.

No ano de 2019 ele era calouro, no curso de licenciatura em Teatro na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e ainda não tinha modificado o nome na certidão de nascimento e RG. “Na época ainda não tinha uma política facilitada para o nome social. A maior burocracia era o nome, porque as pessoas olhavam o nome social e achavam que era enfeite. Pra mim isso foi o pior, questão do nome na carteira do Restaurante Universitário (RU), portal do aluno, matrícula e carteira de ônibus”.

O jovem conseguiu fazer a retificação do nome por conta de uma lei  (Provimento n° 73 de 2018) instaurada no ano de 2018, que facilitou o processo ao retirar a obrigatoriedade do requerimento de laudos médicos para alteração. Atualmente, para mudar basta a autodeterminação da pessoa interessada em modificar o nome. “Pensa que desagradável ter que pedir para um médico olhar teu corpo e atestar aquilo, para você poder ter acesso ao nome básico. É só teu nome”. Felizmente Cauã não precisou passar pela consulta médica graças a alteração da lei.

Alguns direitos e o acesso a eles tem evoluído ao longo dos anos, mas o preconceito persiste intrínseco na sociedade como mencionado nos relatos de quem convive diariamente com essa realidade.

O desafio no mercado de trabalho

A realidade das pessoas trans em busca da sua independência financeira

“A falta de oportunidade e de inclusão me fez trabalhar na noite. Eu não vou dizer que todas estão na noite por necessidade, mas 95% sim […] Hoje o público trans tem muitas oportunidades, por conta de quem esteve na linha de frente batalhando pelo público LGBT.” 

A noite muitas vezes não tem regra, não tem leis, não tem descanso. Mas não para Cilene, que optou por ter disciplina nos 15 anos que viveu a rotina do trabalho na prostituição. Conheceu todas as drogas na noite – ou quase todas. Mas se considera abençoada de não ter se viciado em nenhuma delas.

“Esses 15 anos para mim era um trabalho. Do qual, eu tinha horário para chegar na rua e horário para ir embora, e final de semana eu não trabalhava. O corpo precisa descansar e a alma também. Porque você sobrecarrega”

Ao falar sobre as marcas que a compõem, sobre as experiências que vivenciou, sobre a sua vida, a sua história, a sua luta, Cilene relatou as agressões, os assédios e a conquista pelo território. No mundo da prostituição, toda esquina é conquistada, assim como os clientes.

“Muitas vezes a gente apanha mas a gente revida para apanhar com dignidade. Tu não aceitou quieta, tu lutou também. Perdeu, infelizmente perdeu. Mas no mundo da noite, tu só conquista seu espaço assim, apanhando e voltando, apanhando e voltando, uma hora desistem e te permitem ficar”

De acordo com Cilene, o mundo da noite envolve muitos gritos e xingamentos. E o desejo de estar em cima de um salto alto, muitas vezes se torna um pesadelo. Há noites em que não é escolhida e noites em que o corpo implora por descanso. Quando jovem, sempre contribuiu em casa, apesar das tentações de um mundo perverso, seu objetivo sempre foi o mesmo.

“Eu nunca joguei meu dinheiro fora, sempre ajudei meus sobrinhos. Geralmente a mulher trans que trabalha na noite, elas estão vulneráveis ao álcool e a droga, uma coisa leva a outra.”

Depois de vivenciar muitos mundos, conhecer seus próprios abismos e reencontrar-se consigo mesma diversas vezes nesse caminho, uma oportunidade de emprego surgiu na Estação Rodoviária de Santa Maria contribuindo com a sua construção.

“Eu se pudesse aparecer de forma mais feminina, ótimo. Mas não é privilégio de muitas. Cilene Rossi foi toda uma construção. Antigamente as condições eram precárias, algumas já tinham sorte de nascer bonitas, conseguir clientes à noite. Chamávamos na rua de “bater portinhas”. Atualmente, Cilene tem 51 anos e exerce a profissão de assessora parlamentar da vereadora Marina Callegaro (PT). Com seu trabalho, auxiliou 23 mulheres trans a fazerem a troca do nome social. Considera esse passo como um empoderamento para que pessoas como ela se reconheçam como cidadãs e como desejam ser reconhecidas.

Definitivamente, a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho ainda é um desafio. Mas, como conta Marquita, a área da beleza era uma alternativa para pessoas trans trabalharem, pois o local se mostrava parcialmente receptivo a essa população.“Eu digo que a minha profissão era ser cabeleireira.  Até alguns anos atrás era a profissão onde a gente se encontrava e não tinha preconceito, a gente era aceita no meio do salão”, relembra. Atualmente, Marquita trabalha com a produção cultural de eventos em Santa Maria.

Tentar se colocar no mercado de trabalho sendo uma pessoa trans pode resultar em cicatrizes profundas e desgastes emocionais. No final de 2019, logo antes da pandemia do coronavírus, Cauã estava procurando emprego, mas não havia resultados. Nas experiências para conquistar algumas vagas, houve muitos questionamentos desnecessários e nem um pouco profissionais dos colegas da empresa.

“Fiz o teste de uma semana em uma sorveteria. A moça que estava me treinando começou a me perguntar por que eu tinha cabelo comprido, se eu era gay, se eu ‘dava’, coisas bem íntimas que não tem nada a ver com o espaço de trabalho e, por causa do meu cabelo comprido, ela achou que eu era gay e ela tinha essa permissão.”

Davina também se deparou com dificuldades ao buscar por empregos. Antes da transição, ela conseguiu uma oportunidade de estágio, mas quando terminou o ensino médio, o estágio foi cancelado. De acordo com a jovem, após trocar seu nome social e começar a fazer currículo como Davina, as entrevistas de emprego nunca mais surgiram. Até o momento, seu único trabalho depois da transição foi como babá e como modelo.

Essa realidade reflete a dificuldade desse público ao tentar ingressar no mercado de trabalho. Muitas vezes não avançam sequer nos processos seletivos e não são contratados apenas por serem quem são.

As adversidades no dia a dia de pessoas trans

O impacto do preconceito na vida da comunidade T

“O momento que sofri o primeiro preconceito foi dentro da família e aí tive que me tornar forte”

Como acontece com a grande maioria das mulheres e homens trans, Marquita não teve apoio da família. A exclusão familiar ocorreu quando tinha apenas 14 anos, foi expulsa de casa e mudou de cidade para morar com um tio, após dois anos retornou para Santa Maria apenas com a roupa do corpo. Sem lugar para morar e família para acolhê-la, dormiu nas ruas da cidade e foi amparada pelos iguais a ela.

Marquita comenta como era o preconceito na década de 80:

Na trajetória de Davina, seu pai se tornou um dos primeiros desafios preconceituosos que ela enfrentaria. Na busca por tentar encontrar uma explicação para os seus sentimentos, resolveu assumir-se, a princípio, como um homem homossexual para a família, iniciando um processo de negociação entre a sua identidade e a aceitação dos outros. Após Davina e sua mãe saírem de casa na pandemia da covid-19, a jovem começou a refletir e descobriu que haveria uma (des)construção em sua vida. No final de 2020, Davina nasceu e a relação com o pai ficou em pedaços.

Cauã, por sua vez, teve o apoio da mãe desde o começo da transição, tanto emocional quanto financeiro. Por mais que fosse difícil, ela estava sempre presente para apoiá-lo. Porém, por parte do pai houve, no início, uma certa rejeição e dificuldade durante o primeiro ano de transição. Seus avós paternos optaram por cortar relações e nunca mais falaram com o neto. Alguns familiares mais próximos de Cauã se mantiveram em sua vida, pessoas que ele chama de parceria.

“Infelizmente grande parte das mulheres trans encontram o preconceito dentro da família. Muitas são expulsas de casa, pela própria mãe ou pelo pai, geralmente pelo pai. Tem mães que também não aceitam, porque esperavam um homem que casasse e tivesse filhos. Mas também tem muitas mães que abraçaram a causa junto aos filhos, eu acho isso lindo” – Cilene

Cilene costuma dizer que foi abençoada por ter sido acolhida pela família, apesar de ter sido uma construção. Foi criada em um meio onde predominava o amor e o respeito. O pai era militar, no começo foi difícil a aceitação e compreensão, mas com a convivência ele a aceitou, embora não a chamasse de Cilene. “Ele nunca me chamou pelo nome social, e eu não esperaria isso de um homem de 80 anos”. Cilene sempre colocou a família em primeiro lugar e amou-os de forma incondicional. Infelizmente, seus pais já faleceram, mas ela recorda carinhosamente dos dois e segue a vida pregando os ensinamentos de amor e respeito que ambos a ensinaram.

Passabilidade: a influência da aparência na vida de pessoas trans

Cilene fala sobre sua história com muita leveza e humor, assim como compartilha a sua vida de uma forma muito sincera, aberta e acolhedora. Apesar de ser designada ao gênero masculino ao nascer, sempre lutou pela existência da mulher que vivia dentro de si, sem perder o humor, a graça e a alegria.

De acordo com a revista Veja, aproximadamente 70% das mulheres trans se submetem a cirurgia de redesignação sexual e apenas 35% dos homens trans procuram pela cirurgia genital. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), as filas de acesso para a redesignação sexual superam os dez anos de espera, atualmente.

Mas apesar do índice ultrapassar a metade da população trans feminina, algumas mulheres optam por não realizá-la e se consideram satisfeitas com seu corpo. Este é o caso da Cilene, embora a aparência feminina, o cabelo longo, os seios fartos, a maquiagem, façam parte da sua personalidade. Cilene nunca cogitou realizar a cirurgia de redesignação sexual.

“Estou satisfeita com meu corpo, não pretendo me mutilar, nunca tive a idéia de cirurgia. Respeito aquelas que não aceitam o órgão, mas eu me aceito perfeitamente”.

Apesar da cirurgia ser considerada uma afirmação de gênero pela revista Veja, a mudança na forma de se vestir, de se comportar ou até mesmo de se montar, passou a ser a principal necessidade de mulheres que se descobriram trans, logo, quanto mais feminina, mais mulher aos olhos da sociedade.

Cilene participou, em 2019, da Parada do Orgulho LGBT Alternativa organizada pelo Coletivo Voe apresentando uma de suas performances - Foto: Vitória Gonçalves.
Cilene participou, em 2019, da Parada do Orgulho LGBT Alternativa organizada pelo Coletivo Voe apresentando uma de suas performances - Foto: Vitória Gonçalves.

No “processo da Marquita”, como ela mesma chama, começou a se montar, passar maquiagem e usar roupas femininas. Em suas próprias palavras, essa construção vem muito da heteronormatividade. “Tem que ter peito, tem que ter cabelo comprido, tem que ter uma passabilidade para poder estar inserida na sociedade e no mercado de trabalho. Independente da aparência estética que se tem, a identidade de gênero é uma coisa e a aparência é outra coisa. Em uma sociedade que julga as pessoas pelo órgão genital, isso tem de ser repensado.”

Atualmente, Marquita é uma ativista da causa LGBTQIA+ e coordenadora do ONG Igualdade - Foto: Vitória Gonçalves.
Atualmente, Marquita é uma ativista da causa LGBTQIA+ e coordenadora do ONG Igualdade - Foto: Vitória Gonçalves.

“É um processo de auto-aceitação, olhar o seu corpo e se aceitar, isso tem uma pressão muito grande. Afeta a autoestima e saúde mental da nossa população. A saúde mental é muito debilitada, por todo esse processo da pressão, da transfobia e lgbtfobia.” – Marquita

Assim como Marquita e Cilene, apesar de terem vivido as experiências em épocas diferentes, Davina também sentiu uma pressão estética ao se assumir como mulher trans. “[…] no começo eu sentia muita pressão estética, de me parecer com uma mulher cis. Sentia essa necessidade de vestir coisas femininas e me esforçar ao máximo para ter essa aparência delicada […]”.

Davina considerava seu corpo fora do padrão e vivenciou um período difícil e delicado, onde foi necessário uma constante luta por reconhecimento e aceitação. A jovem sentia muita disforia pelo próprio corpo, se sentia desconfortável com sua altura, seus ombros largos e suas mãos grossas. O verão era um incômodo, suas veias das mãos ficavam nítidas, mais um motivo para despertar a sua frustração.

Foi complicado, no começo foi bem difícil. Eu sentia mesmo essa pressão, mas não sei se a pressão vinha das pessoas ou eu me pressionava, acredito que eu mesma. Agora eu sei que não precisa, eu aceito meu corpo, sinto falta de alguma coisa as vezes, me incomoda bastante ter pelo no rosto, odeio ter pelo no rosto, é o que mais me incomoda na verdade.”

Davina em um dos seus trabalhos como modelo no desfile do curso de moda da UFN - Foto: Arquivo Pessoal.
Davina em um dos seus trabalhos como modelo no desfile do curso de moda da UFN - Foto: Arquivo Pessoal.

Quando Davina iniciou a transição, ela tinha como prioridade fazer terapia hormonal, mas agora não vê mais necessidade de tomar hormônio, pois gosta bastante do seu corpo. Porém, pretende avaliar na terapia com uma psicóloga e decidir se realmente quer ou não começar o processo de hormonização.

A pressão estética não atinge só as mulheres trans, mas os homens trans também se deparam com essa realidade, e foi uma das questões para Cauã. Em 2019, quando retificou o nome, sua aparência era diferente, tinha os cabelos compridos, ele gostava, mas muitas pessoas não gostavam. Frustrado com os questionamentos sobre seu cabelo, cortou. “Certamente, teve uma pressão pra deixar essa aparência. Os endócrinos diziam para eu fazer academia pra ficar mais musculoso. Mas eu sempre caminhei ou fiz algum tipo de esporte, então aquilo não era questão de saúde, eles estavam falando sobre aparência física. Isso é cobrado, para todas as pessoas trans é cobrado, para mulheres trans com certeza é pior”.

Em 2018, ele começou a fazer o tratamento da hormonização em Porto Alegre, sua cidade natal, no sistema privado, já que em Santa Maria ainda não existiam os ambulatórios pelo SUS que hoje auxiliam a população trans no processo de transição.

“Agora que tenho cabelo curto, barba e voz, eu tenho acesso a um respeito que nunca tive na vida. Nem antes e nem durante a transição. As pessoas parecem que me ouvem mais, é surreal”

Cauã compartilha as vantagens de se parecer com uma pessoa cis:

Entre o amor e a dor

Amar sempre foi algo complexo. Às vezes o amor não correspondido pode definir como uma pessoa vai ser daquele momento em diante. Assim como o amor muda um ser humano, a rejeição muda mais ainda. Cilene relata a sua realidade como mulher trans no mundo de relações afetivas e a dificuldade em encontrar o reconhecimento e aceitação que tanto anseia.

“Às vezes a pessoa tá com vergonha de estar do teu lado por ser quem tu é. O coração é um ponto muito fraco nosso. A gente está sempre procurando um amor, mesmo sabendo que aquele amor não vai ser correspondido e isso te frustra muito.Eu vivi quatro anos com um homem e sofri muito quando ele me deixou. Ele me trocou por uma mulher cis. Ele não estava errado, eu que estava errada de me entregar inteira”

Iniciativas de apoio à comunidade trans em Santa Maria

A importância da assistência à saúde física e mental

Utilizo o Sistema Único de Saúde (SUS), é um direito e acredito que devemos fortalecer o SUS”

Durante a transição, Marquita não teve apoio psicológico. Hoje em dia ela faz tratamento porque foi diagnosticada com Transtorno de Personalidade Borderline. Em Santa Maria, recentemente, dois ambulatórios para o público trans foram instaurados na cidade para dar auxílio a essa população: o Ambulatório Transcender e o Ambulatório Trans do Hospital Casa de Saúde.

“É muito importante esses espaços de saúde que a gente tem hoje, os ambulatórios trans, porque a saúde é fundamental e para nossa população mais ainda. Porque a nossa população não acessa a saúde facilmente, é importante ter acesso a esses locais”

O Ambulatório Trans do Hospital Casa de Saúde, inaugurado em 2022, oferece atendimento médico a pessoas que buscam iniciar ou prosseguir com a transição de gênero. O local especializado conta com atendimento clínico, psicológico, psiquiátrico e endócrino via SUS. O foco do ambulatório é dar atendimento clínico e psicossocial a pessoas que queiram fazer a transição com tratamento hormonal. Além de Santa Maria, o espaço atende também as 33 cidades da Região Central.

O Laboratório Transcender atendeu cerca de 65 pessoas trans em um ano de atendimento - Divulgação Prefeitura de Santa Maria Crédito: Marcelo Oliveira/PMSM.
O Laboratório Transcender atendeu cerca de 65 pessoas trans em um ano de atendimento - Divulgação Prefeitura de Santa Maria Crédito: Marcelo Oliveira/PMSM.

Destinado apenas aos residentes de Santa Maria, o Ambulatório Transcender nasceu em 2020 como um laboratório destinado à população T, mas ampliou os atendimentos a toda a população LGBTQIA+. O laboratório funciona junto à Policlínica de Saúde Mental, localizado na Rua dos Andradas, número 1.397. Os serviços oferecidos são: apoio psicológico, médico clínico e odontológico. Já os pacientes que desejam fazer a hormonização são encaminhados à Casa de Saúde. Em um ano de atendimento do ambulatório, 65 homens e mulheres trans e travestis foram acolhidos. É necessário reforçar que o atendimento é gratuito, via SUS e não é necessário agendar consulta ou ter encaminhamento de um posto de saúde, tudo para facilitar o acesso da população ao atendimento.

O ambulatório realiza uma busca ativa principalmente a pessoas Trans, Travestis e Transgêneros, para oferecer assistência. “A população T já tem historicamente uma dificuldade de acesso às Unidades Básicas de Saúde e, hoje, estamos fazendo um movimento de captação dessa população. No início, nós achamos que seria mais fácil eles aparecerem, mas não foi isso que aconteceu. A solução que encontramos é fazer visita domiciliar, vamos até as Unidades Básicas e conversamos com as agentes de saúde, elas já tem mais ou menos um mapa daquele território e das pessoas que têm interesse. A partir disso, a enfermeira vai até a casa, explica como funciona e oferece os serviços que disponibilizamos”, relata o psicólogo e coordenador do ambulatório Transcender, César Bridi, sobre a necessidade da busca ativa.

Bridi reforça que o atendimento é gratuito, público e acessível para todos e todas - Foto: Vitória Gonçalves.
Bridi reforça que o atendimento é gratuito, público e acessível para todos e todas - Foto: Vitória Gonçalves.

O Transcender também abre espaço para as pessoas que querem falar sobre questões de identidade. Ele tem grupos de afirmação de gênero para adultos – maiores de 18 anos – e grupos para adolescentes, dando oportunidade de se descobrir e se entender. Além do atendimento em grupo, dispõe de atendimento individual e para família, como conta Bridi: “Quando uma pessoa transiciona ou descobre sua orientação sexual, todos que estão no entorno precisam lidar com isso. A gente acolhe, explica, orienta os familiares e, caso necessário, encaminhamos para a psiquiatria da policlínica. Nós pensamos que, quando a pessoa vem pra cá, ela precisa se sentir protegida e acolhida.”

Outro espaço que acolhe vítimas de violência de gênero e tem como foco o público LGBTQIA+ e feminino é a Casa Verônica. O projeto é ligado ao Observatório de Direitos Humanos (ODH) e Pró-Reitoria de Extensão (PRE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O local recebeu o nome Casa Verônica para homenagear e manter viva a luta e ativismo de Verônica Oliveira, conhecida como Mãe Loira. Ativista trans e referência na militância LGBTQIA+ na cidade, Verônica foi violentamente assassinada no ano de 2019 a facadas.

A Casa Verônica pretende promover rodas de conversa, eventos e oficinas, focalizadas na saúde mental e física do público alvo, assim como promover a inclusão de nome social, para fomentar políticas públicas voltadas para essas questões. Cauã, atualmente, faz parte da equipe e expõe a importância de existir um espaço como esse, devido a alta demanda: “É um projeto que poucas universidades têm até agora. Mas não é porque esses projetos são raros e escassos que há pouca demanda, a demanda é grande. As pessoas têm sede e fome de reconhecimento, de diálogo e de troca”.

Logo da Casa Verônica. Ilustração: Noam Wurzel/ Casa Verônica.

Logo da Casa Verônica

Ilustração: Noam Wurzel / Casa Verônica.

Os atendimentos ainda não começaram, pois a Casa Verônica está trabalhando na contratação dos profissionais, processo que envolve trâmites administrativos. Mas a Casa oferece orientações sobre os serviços disponíveis na universidade e na cidade e, conforme o caso, realiza encaminhamentos para a rede.


Reportagem produzida na disciplina de Jornalismo Investigativo, no 2º semestre de 2022, sob orientação da professora Glaíse Palma.

Os jovens estão cada dia mais engajados na política brasileira. A eleição deste ano é marcada pelo crescimento no número de pessoas entre 16 e 18 anos aptos a votar. Os números de alistamentos eleitorais realizados nos três primeiros meses do ano mostram que o Brasil ganhou 1.144.481 novos eleitores na faixa etária de 15 a 18 anos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Imagem: Divulgação/TSE

No Rio Grande do Sul o crescimento no número de jovens foi de 48,8% na comparação a eleições de 2018, a porcentagem corresponde a 80.044 mil eleitores no estado. Santa Maria é o 5º maior colégio eleitoral gaúcho com 208.727 votantes aptos, destes 2.675 são jovens entre 16 e 17 anos, 1,28% do eleitorado da cidade.

A estudante do 2º ano do ensino médio, Giselle Xavier, de 16 anos, vota pela primeira vez nas eleições do dia 2 de outubro. Ela espera que com o voto possa ter mais controle e estar mais presente nas decisões que influenciam o seu futuro. Giselle acredita que “as pessoas têm que votar, para que assim não deixemos nas mãos dos outros esse poder e sim nós mesmos termos o controle”. Ela conta que fez o título no intuito de ter influência na decisão do futuro do país: “ isso influencia diretamente no meu futuro como jovem”. Ela acredita que muitos jovens irão votar este ano por conta da influência da mídia pois “ferve de informações a respeito dos candidatos, talvez por estarem insatisfeitos com o atual governo ou até mesmo por influência dos pais em casa”.

Nelson Dutra, estudante do 2º ano do ensino médio, tem 17 anos e conta que suas expectativas são boas, pois “ espero que meu voto faça diferença no futuro”. Para ele, votar é muito importante para decidir como o país irá estar posteriormente “ principalmente para quem é jovem”. Dutra conta que fez seu título após a pandemia pois viu que o país não podia seguir da forma que está: “fiz meu título com o intuito de votar pra colocar alguém que realmente cuide do povo brasileiro”. Ele acredita que muitos dos jovens que irão votar este ano não gostam muito de política, mas irão às urnas no dia 2 para mudar a forma que o país é hoje.

Já para Jordana Dutra, de 18 anos, as expectativas são “que os candidatos que eu vou votar ganhem”.  Para ela o voto é “super importante para o nosso país, nosso estado, nosso município. Pois de alguma forma o povo tem voz”. Jordana acredita que muitos jovens decidiram votar após a pandemia, pois “todos passamos por várias situações complicadas e não houve interesse do poder público perante estes acontecimentos”.

O primeiro turno da votação será realizado no próximo domingo, dia 2 de outubroJá o segundo turno, nos estados e nacionalmente, caso preciso, ocorrerão em 30 de outubro, o último domingo.

As eleições vão ocorrer em menos de um mês, no dia 02 de outubro. Cerca de 27 milhões de eleitoras e eleitores já emitiram o e-Título, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Porém, muitos ainda não sabem como utilizar este sistema.

Aplicativo e-Título (Imagem: Divulgação / TSE)

No dia da votação, para os eleitores que ainda não recadastraram sua biometria, será necessário o uso  de um documento oficial com foto. Já para os eleitores que já fizeram o recadastramento biométrico, é só apresentar o e-Título.

Entre os benefícios que o aplicativo tem está o de informar o seu local de votação, com o endereço incluso. O aplicativo também disponibiliza a certidão de quitação eleitoral, a certidão de crimes eleitorais, e possibilita a solicitação de documentos para procedimentos da vida civil, como para a matrícula em instituição de ensino médio, obtenção de CPF, posse em cargos públicos, entre outros. Além do mais, é uma facilidade para o eleitor ter seus dados eleitorais sempre disponíveis e seguros, diminuindo o risco de perda do documento ou danos ao título de eleitor.

O aplicativo está disponível para todos os votantes e o cadastro pode ser feito até o dia 1º de outubro. Após essa data, o cadastro será suspenso e só voltará no dia 3 de outubro. Caso ocorra um segundo turno, o princípio é o mesmo, o título de eleitor virtual poderá ser feito até a véspera, isto é, dia 29 de outubro.

Depois de dois anos, a quantidade de brasileiros empregados, em janeiro deste ano, se aproxima do número de trabalhadores no país antes da chegada do coronavírus, em 2020. De acordo com o levantamento realizado pelo instituto federal, atrelado à estrutura do Ministério da Economia, o primeiro mês de 2022 registrou um total de 94,1 milhões de empregados no Brasil. Em janeiro de 2020, antes do início da pandemia, esse contingente era de 94,5 milhões. Com relação a janeiro do ano passado, a situação atual é de que o número de trabalhadores ocupados cresceu 8,1%. Segundo o Ipea, o aumento foi o grande responsável pela queda de 3,3 pontos percentuais na taxa de desemprego. O índice passou de 14,7% em janeiro de 2021 para 11,4% no mesmo período deste ano. Em quatro estados da região, a taxa de desemprego caiu para 11,2% em janeiro de 2022, de 15,1% no primeiro mês do ano passado. Embora o estudo apresente um cenário mais favorável e sugira a volta aos níveis pré-pandemia, o Ipea destacou que as perdas de empregos continuam consideráveis.

Em 15 estados, menos da metade da população em idade de trabalhar estava ocupada. Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Atualmente, 12,1 milhões de cidadãos estão desempregados. A agência também afirma que a maioria das novas vagas de emprego são criadas no setor informal. Ou seja, apesar de terem empregos, muitas dessas pessoas recebem muito pouco e não são protegidas por direitos trabalhistas. Entre as avaliações por idade, a mais jovem declinou mais. Embora a taxa de desemprego tenha caido para todos os grupos, a taxa de desemprego para o grupo mais jovem caiu 6,2 pontos percentuais. Do quarto trimestre de 2020 para o quarto trimestre de 2021, a queda nesse grupo foi de 29% para 22,8%. O contingente de ocupados com ensino fundamental incompleto também apontou crescimento de 16,2%, possibilitando uma queda de 5,1 pontos percentuais da taxa de desocupação, que passou de 23,5% para 18,4%, no período em questão.

Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por amostrar de domicílios continua mensal

A Catarina Silva Bandeira nos contou seu relato sobre a busca de emprego no meio da pandemia e como foi em comparação aos outros anos. Confira:

Entre os corredores cinzas do Presídio Regional de Santa Maria, a sala da ala feminina floresce cores através do trabalho realizado pelas apenadas do regime fechado. Tecidos que seriam descartados ganham forma de bolsas e sacolas, através de uma oficina em parceria com o Grupo de Voluntários Corrente do Bem, desenvolvida há um ano. O projeto, além de estimular o reaproveitamento de materiais, faz parte da ressocialização das detentas.  

Diariamente, Fátima (nome fictício) acorda cedo, lava o rosto, se arruma e vai trabalhar. A rotina, comum a milhões de brasileiros, guarda uma peculiaridade: ela é uma das cerca de 38 mil mulheres que cumprem pena no Brasil. O cerceamento da liberdade não impede que Fátima constitua seus sonhos e se aprimore profissionalmente. Ao deixar a cela, passa parte do dia na sala de corte e costura do Presídio Regional. Junto de outras nove detentas, realiza o trabalho manufaturado de confecção de bolsas e sacolas a partir de tecidos reutilizados.  

Tecidos que seriam descartados ganham forma pelas mãos das apenadas. Imagem: Petrius Dias.

O projeto arrecada os mais variados tipos de tecidos que seriam descartados, e os encaminha ao presídio, para que as apenadas produzam bolsas e sacolas que serão devolvidas ao grupo que decidirá sobre o destino das peças. O Hospital Universitário de Santa Maria e o Hospital Casa de Saúde são alguns exemplos de locais que recebem o material por meio dos setores de Assistência Social das instituições. “As bolsas são utilizadas tanto nas maternidades, onde servem para armazenar os enxovais de crianças em situação de vulnerabilidade, como para que os pertences de pacientes que venham a óbito sejam entregues com dignidade”, comenta Rosaura Freitas, assistente social responsável pela coordenação do projeto no presídio. 

Segundo o relatório A New Textiles Economy, a cada segundo no mundo, o equivalente a um caminhão de roupas é enviado para o aterro ou à incineração. Apesar do tempo de decomposição destes materiais ser de seis meses a um ano, as confecções descartam nos aterros sanitários uma enorme quantidade de sobras de tecidos e insumos, como agulhas quebradas e tubos de papelão. O descarte, além de sobrecarregar ainda mais esses locais, que já estão com sua capacidade comprometida, impede o reaproveitamento. 

No presídio, as dez apenadas deixam entre seis e oito horas de seus dias na oficina. O trabalho se destaca no ambiente monocromático. Retalhos viram arte, ofício minucioso que exige cuidado e criatividade. “É ótimo estar aqui. Se não fosse por esse lugar, as coisas seriam muito mais complicadas aqui dentro”, diz Fátima. A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, também conhecida como Lei de Execuções Penais, regulamenta a remição de pena para apenados. Segundo o Art. 126, a cada três dias trabalhados, um dia será remido. 

 Impactos no Mundo 

 Segundo o relatório da Pulse of the Fashion Industry, a indústria têxtil é responsável pela emissão de 10% dos gases de estufa do planeta. Ainda, o relatório The Water Footprint of Cotton Consumption revela que o consumo de água também assusta. São necessários cerca de 2.700 litros de água para se produzir uma camiseta, é água o suficiente para uma pessoa consumir durante dois anos e meio. O poliéster, por exemplo, fibra sintética mais usada na indústria têxtil em todo o mundo, requer, segundo especialistas, milhões de barris de petróleo todos os anos, como tem o tempo estimado para decomposição no meio ambiente ampliado para cerca de 200 anos. 

O reaproveitamento de material têxtil é um projeto que beneficia detentas e meio ambiente. Imagem: Petrius Dias.

O trabalho realizado na PRSM contrapõe o chamado fast fashion, ou seja, a tendência alimentada pela indústria de usar e jogar fora. O conceito, que surgiu na década de 1990, com o barateamento tanto da mão de obra quanto da matéria-prima, faz com que, só no Brasil, sejam produzidas quase 9 bilhões de novas peças por ano. Isso dá uma média de 42 novas peças de roupa por pessoa em 12 meses. No país, são descartados cerca de 170 mil toneladas de resíduos de tecidos. 73% dos resíduos têxteis são queimados ou enterrados em aterros sanitários. Além disso, 12% dos resíduos têxteis vão para reciclagem – em sua maioria, são triturados para encher colchões, utilizados em isolamentos ou panos de limpeza. Menos de 1% dos resíduos é usado para fabricar peças de roupas novas. 

 Novas tendências 

 Segundo o levantamento da Fundação Ellen McArthur, a produção de roupas aproximadamente dobrou nos últimos 15 anos. Parte relevante da sociedade, no entanto, já demanda a revisão das políticas que impactam o meio ambiente. A declaração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU assume papel de destaque neste cenário. O ODS 12, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas em 2015, trata de assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis com redução de produtos químicos e de resíduos por meio da prevenção, da reciclagem e do reuso.  

Fátima tem acesso ao noticiário para acompanhar o andamento das pautas ambientais, e vê a importância do seu trabalho na oficina. A reutilização de materiais têxteis é um “trabalho de formiguinha”. Máquinas que não costuram só peças, mas remontam sonhos antes retalhados. Autoestima, reaproveitamento, aprendizado de um novo ofício.  

  • Texto e fotos produzidos durante o primeiro semestre de 2022 pelo acadêmico Petrius Dias, na disciplina de Jornalismo Especializado do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.

 

 

 

Na segunda-feira (6), os cursos de Licenciatura (Matemática, Filosofia, Pedagogia, Pedagogia EaD, Letras e História) da Universidade Franciscana (UFN) promoveram a XII Jornada Integrada do Meio Ambiente. Esta edição teve como temática ‘Sustentabilidade e Educação – Protagonismo juvenil e adulto: da Educação Básica à Educação Superior’. A iniciativa teve como objetivo promover espaço institucional de compartilhamento de projetos sobre o tema sustentabilidade.  

A coordenadora do evento, professora do curso de Pedagogia Ail Ortiz, ressalta a possibilidade de compartilhar saberes construídos na Educação Básica e Educação Superior durante a Jornada. Além disso, a docente destaca a mescla dos trabalhos apresentados entre Ensino Fundamental, Ensino Médio, jovens e adultos de diferentes áreas. “Isso significa integrar. Esse é o grande tema que nós propusemos desde a primeira jornada integrada do meio ambiente. Porque falar em sustentabilidade, em meio ambiente, deve ser sublinhada a essência que nos faz entender que devemos viver com qualidade sustentável sobre essa concepção entre humanos e entre humanos e não humanos”, complementa.  

Acompanhe, a seguir, alguns dos trabalhos apresentados.

 Direito Ambiental e Água: uma análise a partir do Ensino Jurídico 

O trabalho realizado por Dion Roger Chavier Ribeiro, com orientação do professor Diego Carlos Zanella, representando o Mestrado de Ensino de Humanidades e Linguagens (MEHL), tem como objetivo investigar o ensino do tema das águas do Brasil na disciplina de Direito Ambiental nos cursos de Direito em Instituições de Ensino Superior na cidade de Santa Maria.  

Dion Roger Chavier Ribeiro e seu orientador, professor Diego Carlos Zanella. Foto: Lucas Acosta

 O mestrando Dion Roger Chavier Ribeiro explica que o trabalho é apenas uma pincelada pelo tema e após vai ser aprofundado com uma bibliografia, palestras de conscientização aqui para Santa Maria, principalmente dentro das escolas e nas universidades vai ser analisado como o tema é trabalhado.  

 Já o professor Diego Carlos Zanella comenta que ter a consciência de cuidar e preservar a água é fundamental para a sobrevivência humana e do planeta como um todo. “Além da consciência de utilizá-la da maneira correta, para que a gente tenha por mais tempo disponível e também preservadas para as gerações futuras”, destaca o docente. 

Explorando o meio ambiente por meio da música  

 O trabalho realizado por Marcelo Schaedler Massário, com orientação da professora Noemi Boer, também representando o MEHL, tem como objetivo a análise das canções do Projeto Pandorga da Lua (musical infantil com músicas regionais), a partir de marcas culturais que remetem aos aspectos ambientais. 

Marcelo Schaedler Massário ao lado de seu trabalho. Foto: Lucas Acosta

 O mestrando explica que esse é um projeto interdisciplinar por envolver música, teatro e dança. São 24 canções contidas no projeto Pandorga da Lua e em 12 delas são abordados elementos naturais, que são os animais encontrados nas músicas.  

 Como análise final do trabalho é concluído que a música se constitui num recurso pedagógico para explorar o meio ambiente já que, pelas origens, se organiza pela cultura regional, contemplando ritmos e linguagens específicas. 

Acompanhe na publicação de amanhã aqui na Central Sul Agência de Notícias sobre mais trabalhos apresentados.

  • Texto e fotos produzidos durante o primeiro semestre de 2022, na disciplina de Jornalismo Especializado do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana.