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Um Olhar Que Fala

Uma amizade das raras hoje em dia e que já dura vinte e três anos. Duas meninas que moraram na mesma rua, uma do lado da outra. É esse o início da minha história com ela

Na hora do vestibular, os amigos dão uma força

No tão esperado dia do vestibular, a amizade pode fazer toda a diferença. Juliana Rezendi e Maria Eduarda Varga, de 16 anos, Astriddi Manzoni, de 18,  são amigas de escola e vieram juntas encarar  mais um desafio

Acabou o sal

Fui fazer almoço com entusiasmo, pois gosto de cozinhar. Estava ali com tudo planejado quando algo inesperado aconteceu para atrapalhar os planos. Vou animada (nem tanto, é só para dar ênfase) ao pote do sal e

Uma amizade das raras hoje em dia e que já dura vinte e três anos. Duas meninas que moraram na mesma rua, uma do lado da outra. É esse o início da minha história com ela que é companheira de uma vida. Subimos na mesma árvore, jogamos pedra na mesma casa, vimos os mesmos filmes e matamos muita aula juntas para comer batata frita escondidas durante a tarde.

Foto: Pixabay License

Quando você é criança, dançar na sala ao som de Latino – Festa no Apê com a sua melhor amiga pode ser uma das coisas mais divertidas a se fazer, e pra nós de fato era. Juntas, aprendemos a falar, a andar, a se defender e defender uma a outra. Medo? Só de a minha mãe chegar mais cedo do trabalho e nos pegar com o som no volume trinta em horário de aula. Foram muitos lanches, ‘’pousos’’, aventuras e histórias. ‘’Se você pedir, a minha mãe deixa’’, era a frase mais inteligente usada como uma estratégia para tentar dormir fora de casa.

É por isso e muito mais que eu sabia que o olhar dela era diferente dessa vez. Porque já brincamos muito de boneca, de casinha, pega-pega. Cantamos Zezé Di Camargo e Luciano em fita cassete, colecionamos CD’s da Wanessa Camargo e, anos mais tarde, comemos bolo chorando desilusões amorosas.

Para quem ainda tem uma amizade de infância pode ser fácil lembrar. sem precisar fazer qualquer esforço, de quando foram pequenos. E como – com sorte e vontade – é possível manter a amizade. Muitos obstáculos apareceram, entretanto lembranças são poderosas: brincadeiras, festa junina na escola, amigo secreto no fim do ano, famílias, o pote de margarina que virava panelinha, as duas aprendendo a gostar de coisas novas, a lembrança de nós duas no verão montando a piscina no fundo do pátio, na casa nova azul, ao lado da minha bisavó.

O tempo passou e a minha amiga de infância está me dando uma notícia com o olhar. O mesmo olhar que ela fazia quando brincava de boneca. Não tem mais fita cassete, não ouvimos mais Wanessa Camargo e faz tempo que não vamos a uma festa junina, mas nada disso importa. Porque o tempo é só e unicamente nosso. Ano a ano. Mudou o que fazemos, o que ouvimos e sobre o que falamos, mas ainda fazemos, ouvimos e brindamos juntas.

Amigas de infância são assim: o mundo muda, as relações mudam, mas tem um vínculo que só quem se conhece desde pequeno mantém. Para nós, uma intimidade de irmãs, pois acompanhei todas as histórias dela e ela, as minhas. Acompanhei o desabrochar de uma menina inocente com um chapeuzinho de festa na cabeça em todos os meus aniversários, mas que quando cresceu segurou a minha mão nos momentos em que conheci a maior dor do mundo. E agora ela está ali, diante de mim, um ar sagrado toma conta do lugar e ela nem precisou me explicar o olhar diferente. Somos amigas há vinte e tantos anos. Ela sentada no sofá da minha casa, às onze horas da noite de domingo e aí eu já soube: ela está grávida.

Crônica escrita pela acadêmica de Jornalismo Lilian Dias Streb, na disciplina de Jornalismo II, orientada pelo professor Carlos Alberto Badke.

No tão esperado dia do vestibular, a amizade pode fazer toda a diferença. Juliana Rezendi e Maria Eduarda Varga, de 16 anos, Astriddi Manzoni, de 18,  são amigas de escola e vieram juntas encarar  mais um desafio da vida estudantil. É a  primeira vez que as três meninas santa-marienses prestam vestibular aqui na Unifra, mas elas estão confiantes pois acreditam que estar com os amigos  torna o momento mais calmo e ajuda na concentração.

Maria Eduarda, Juliana e Astriddi, inseparáveis, contam sobre a maratona do Vestibular
Maria Eduarda, Juliana e Astriddi, inseparáveis, contam sobre a maratona do Vestibular. Foto: Bibiana Iop.

Juliana que cursar Medicina, enquanto Astriddi busca uma vaga no curso de Arquitetura e Urbanismo e Maria Eduarda espera ser bixo Odontologia 2017, as aspirações das estudantes são diferentes, mas todas valorizam com a mesma intensidade a amizade que construíram. Além dos cursos  e da personalidade singular de cada uma, as  bolsas das vestibulandas contêm objetos distintos, que podem dizer muito sobre elas.  Juliana conta com a sorte na hora da prova, e traz consigo um elemento curioso, um “carrinho”. “Eu ganhei esse carrinho de presente de um amigo, é  como se fosse um amuleto, estou com ele e acredito que pode ajudar, pode trazer energias positivas”,  confessa a estudante.

Carolina e Michelle, já aprovadas em cursos de medicina, acompanham os amigos vestibulandos. Foto: Bibiana Iop.
Caroline e Michelle, já aprovadas em cursos de medicina, acompanham os amigos vestibulandos. Foto: Bibiana Iop.

O sentimento de amizade não se manifesta apenas entre os estudantes de Santa Maria. Caroline Vargas e Michelle Henchen vêm de Porto Alegre e estão na torcida pela aprovação dos amigos. As duas já alcançaram a aprovação,  mas  mesmo assim viajaram junto com os colegas pra estar perto, demostrando apoio aos amigos. Elas contam que  final de ano é uma maratona de provas para aqueles que desejam uma vaga nos cursos mais concorridos. Segundo as estudantes, mais de 500 alunos do curso em que estudam se locomoveram de Porto Alegre para a Unifra. Mesmo cansadas – pois no dia anterior estavam em Caixas do Sul, devido o vestibular de outra Universidade –  as amigas se fazem presente no patio e aguardam ansiosas e positivas a saída dos colegas da prova.

Por Tayná Lopes

 

 

Fui fazer almoço com entusiasmo, pois gosto de cozinhar. Estava ali com tudo planejado quando algo inesperado aconteceu para atrapalhar os planos. Vou animada (nem tanto, é só para dar ênfase) ao pote do sal e quando vejo, estava vazio. E adivinhem que dia é hoje? Domingo. E mais: domingo frio e chuvoso, ou seja, não vou sair para comprar sal. Não vou mesmo!

Bom, devo confessar que eu já tinha visto que estava por terminar, mas não me importei. Ontem fui ao supermercado e comprei frutas, bolachas e outras coisitas, mas não lembrei o sal. Sou culpada! Fui eu! E por causa disso o almoço ficou insípido, mesmo com as tentativas de substituir o sal por temperos prontos. Não há mais nada a fazer.

Parece dramático como algo tão fininho e branquinho pode influenciar o nosso dia. Logo ele, o sal, tão quietinho no seu pote, sempre menor do que dos outros condimentos. Como pude não dar importância a quem me serviu sem pedir nada em troca? Esteve sempre ali para dar sabor aos meus dias e colaborar com os pratos que realmente aparecem, sem exigir fama e reconhecimento.

Quando deixamos de valorizar pessoas sem expressão na sociedade (sem sal), mas que sempre estiveram ao nosso lado? O que faz com que não tenhamos tempo para os amigos e parentes? Por que não podemos mais bater um papo com a senhora do lanche ou com o tio da padaria? Certamente, eles terão sabor a acrescentar aos nossos dias!

Nas prateleiras de consumo, paramos para as embalagens coloridas e fortes, geralmente a nossa altura ou mais pra cima. Para que olhar aqueles saquinhos transparentes, pequenos e que ficam lá embaixo? Afinal, não precisamos esforço para adquiri-lo, o preço é acessível, o que tira a expectativa da conquista. Questiono-me se não estou desprezando pessoas simples que querem um pouquinho de atenção, somente alguém para ouvir seus dilemas tão insignificantes para os outros, mas de valor imensurável para elas.

Será que amanhã essas pessoas não farão falta? Mudanças e outras circunstâncias nos farão perceber que a ausência de alguém, dói. Conselhos, risadas, lágrimas e outros momentos são mais significantes do que imaginamos. Estar com pessoas, simplesmente pelo prazer da companhia, sem desejar nada em troca, é nobre. Agradeça o privilégio de ser sabor na vida de alguém. Seja acessível!

Acrescento algo interessante sobre o sal. Ele não tem sentido se estiver só. Não vejo ninguém sentado, degustando com prazer um pacote inteirinho do condimento. O papel dele é melhorar outros alimentos e ao fazê-lo dá o verdadeiro sentido do prato. Suas doses são mínimas, se passar do ponto estraga a receita e consumi-lo sem moderação causa doenças. O sal é chique! Só faz e fala o necessário, não é “passado”.

A verdade é que preciso comprar sal. Vou comprar dois! Então, vai demorar a acabar.