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Projeto universitário propõe ação empreendedora na ARPS

O curso de Enfermagem em parceria com o curso de Design de o Moda do Centro Universitário Franciscano está desenvolvendo um projeto de empreendedorismo social. As acadêmicas de enfermagem Lenara Marchesan, Heloísa Dal Forno, Bethânia Haag

Equipe de reciclagem da ARPS recebe homenagem na Unifra

A data de 4 de maio de 2016 vai ficar na memória das componentes da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS. Neste dia, nove mulheres trabalhadoras  e um homem trabalhador em reciclagem foram acolhidos na  Unifra e receberam

Recicladoras da ARPS serão homenageadas na Unifra

“Caminhar com as próprias pernas”. A frase que identifica o ditado popular, ainda é um sonho almejado pelo grupo de reciclagem da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS, criada em 2005 no bairro Nova Santa Marta. Até meados

O curso de Enfermagem em parceria com o curso de Design de o Moda do Centro Universitário Franciscano está desenvolvendo um projeto de empreendedorismo social. As acadêmicas de enfermagem Lenara Marchesan, Heloísa Dal Forno, Bethânia Haag são bolsistas e vão ajudar as mulheres da Associação de Recicladoras do Pôr do Sol (ARPS), no bairro Alto da Boa Vista, a construírem e manterem um brechó. A coordenadora do projeto é a professora de enfermagem, Dirce Backes.

As roupas serão arrecadas em uma ação do curso de Design de Moda, que irá receber doações da comunidade e de frequentadores do Centro Universitário. A arrecadação vai do dia 4 a 14 de outubro. A comunidade pode doar no campus lll, rua Silva Jardim, no prédio 13 e 14, e no campus l, Rua dos Andradas, onde irão encontrar caixas para deixar as doações. No dia 21, as roupas serão confeccionadas pelas alunas do curso de Moda.

As bolsistas do projeto de enfermagem irão organizar e montar o brechó. No dia 28 de outubro é o lançamento do brechó na ARPS, que será aberto a todos. Todo o lucro arrecadado com o brechó irá para as mulheres da associação. A ação tem como finalidade promover ajuda financeira para a associação das recicladoras.

A data de 4 de maio de 2016 vai ficar na memória das componentes da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS. Neste dia, nove mulheres trabalhadoras  e um homem trabalhador em reciclagem foram acolhidos na  Unifra e receberam homenagens pelo seu trabalho num ato simbólico marcando as comemorações do dia das mães, que será no próximo domingo, 8. Foram realizadas três atividades comemorativas no conjunto 3 do Centro Universitário Franciscano.

Roda Interativa

O primeiro momento ocorreu às 16h, no Salão Acústico do prédio 14. Com o tema: “compartilhando vivências”, uma roda interativa foi composta por depoimento dos estudantes que participam do projeto Educação Popular em Saúde por Meio de Práticas Socialmente Empreendedoras. A Irmã Dirce Stein Backes iniciou as atividades com uma fala que enfatizou  a importância e o significado que todas as pessoas têm, e agradeceu às recicladoras pelo ato de cuidado com o meio ambiente.

Estudante Leonardo Guerra. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória
Estudante Leonardo Guerra. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória

Ao todo, seis acadêmicos – Amanda Weisseimer, Leonardo Guerra, Clóvis Felden, Renata Rodrigues, Luíze Basso e Fernanda Copetti – homenagearam e parabenizaram o grupo ARPS. O estudante Leonardo Guerra evidenciou a importância do trabalho exercido pelas recicladoras. ” A atuação de vocês é nobre, pois prepara o planeta para as próximas gerações. Desejo que o trabalho siga com excelência”, declarou.

Ao final, Ana Nara Medianeira, coordenadora da associação, e  Roselaine Nunes dos Santos encerraram a roda interativa com emoção. “O nosso trabalho é muito importante, é feito de coração.

Ana Nara Medianeira e Roselaine Nunes. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória
Ana Nara Medianeira e Roselaine Nunes. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória

Muito obrigada a todos. Desejo força e coragem, porque garra nós temos”, concluiu Roselaine.

Conforme a Irmã Dirce Stein Backes este tipo de trabalho é importante para os dois grupos. “Se podemos resumir a uma palavra, esta é: transformação, para os alunos e para a associação. As meninas conseguem perceber o sentido que têm no coração da sua comunidade; e para os alunos conseguimos traduzir, por meio da emoção, o que não passamos pela teoria”, finalizou .

Recicle-se

Às 18h30, um momento cultural e um desfile encerraram o dia de surpresas para a ARPS. No hall do prédio 15 – conjunto 3 – uma apresentação sobre meio ambiente convidou os expectadores a reflexão sobre o impacto do lixo no meio ambiente, e a importância e o papel da reciclagem na sociedade.

geral desfile
Apresentação das peças criadas pelo projeto Luxo do Lixo. Foto: Pedro Gabriel. Laboratório de Fotografia e Memória

Um desfile organizado pelos alunos e professores de Tecnologia em Design de Moda, apresentou peças com o tema paz e amor. Segundo a coordenadora do curso, Maria da Graça Lisboa, o papel da moda neste projeto foi dar apoio e promover o resgate da cidadania do grupo. “Praticamos uma educação humanizada, um olhar para o outro, exercendo a tolerância e o acolhimento”, relatou Maria da Graça sobre a importância deste ato para os alunos. Outro destaque feito pela coordenadora foi o trabalho realizado neste projeto em específico. “Transformamos materiais recicláveis, por meio do reaproveitamento. E ainda iremos capacitar duas recicladoras que já demonstraram interesse pela costura”, explicou.

Imagens do projeto Luxo do Lixo também foram apresentadas. Desenvolvido há quatro anos, a campanha aconteceu em várias etapas: os alunos passaram pela experiência de coletar, separar, higienizar e transformar os materiais em roupas. O intuito era chamar a atenção da população sobre o tema sustentabilidade.

Sione Gomes, coordenadora do curso de Jornalismo, explica que os alunos da disciplina de Extensão Comunitária estão produzindo um documentário sobre mulheres recicladoras. Além disso, desde o ano de 2015, o curso oferece a disciplina de Jornalismo Ambiental. “Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo no meio ambiente. Sabemos que o que fizemos é apenas uma parte, mas que já contribuí. Hoje, as meninas saem daqui com uma autoestima mais elevada”, expõe Sione.

O evento – roda interativa, celebração eucarística e desfile – foi uma realização do curso de Enfermagem – responsável pelo projeto – e teve a colaboração dos cursos de Jornalismo e de Tecnologia em Design de moda. O dia de surpresa que iniciou às 10h, surpreendeu, alegrou e emocionou, principalmente, as integrantes da associação. “Hoje foi uma data especial, de princesa. Aprendia a cada dia, com todos. É emocionante”, declarou Ana Nara Medianeira.

Clique para ver quem são as pessoas que integram a Associação de Recicladores do Pôr do Sol, fotografadas por Roger Haeffner, do Laboratório de Fotografia e Memória do curso de Jornalismo.

Convite maes recicladoras

“Caminhar com as próprias pernas”. A frase que identifica o ditado popular, ainda é um sonho almejado pelo grupo de reciclagem da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS, criada em 2005 no bairro Nova Santa Marta. Até meados de 2010, a sede da Associação era em um galpão disponibilizado pelo Centro Social Marista, quando passou a fazer parte dos projetos sociais da Pallotti. O vínculo com esta entidade religiosa durou até fevereiro de 2013 e, a partir da perda deste apoio, a ARPS tenta se manter apenas com o trabalho de seus recicladores. A ausência de uma estrutura que garanta sua autonomia faz com que a Associação enfrente instabilidades para assegurar a continuidade do próprio trabalho e mesmo a manutenção das famílias do seus membros.

Hoje, elas recebem um aporte assistencial através do projeto Educação Popular em Saúde por Meio de Práticas Socialmente Empreendedoras, coordenado pela  Irmã Dirce Stein Backes, doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina e coordenadora do Mestrado Profissional em Saúde Materno Infantil do

Gravação dos depoimentos para o documentário audiovisual. Foto: Otávio Brasiliense
Gravação dos depoimentos para o documentário audiovisual. Foto: Otávio Brasiliense

Centro Universitário Franciscano, e cuja equipe tem trabalhado junto a ARPS desde 2011.  Nesta quarta-feira, dia 04,  as trabalhadoras da ARPS serão homenageadas na instituição, numa ação intracursos – reunindo os Cursos de Design de Moda, Jornalismo e Enfermagem – que celebrará as mães recicladoras.

O grupo -nove mulheres e dois homens – também protagoniza um documentário audiovisual que está sendo gravado por alunos do curso de Jornalismo da Unifra, cujo roteiro objetiva dar visibilidade às mulheres recicladoras, salientando a sua identidade e enfrentamentos num contexto marcado pela invisibilidade feminina e periférica na sociedade.

Trabalho cooperativado

Arps
Sede da ARPS. Foto: Otávio Brasiliense

O trabalho de reciclagem realizado pela Associação é cooperado. Todas as despesas, principalmente de luz, são divididas pelos trabalhadores. “Antes de fazer a divisão do dinheiro que nós conseguimos com a venda dos materiais reciclados, eu já tiro o valor da conta de luz”, explica a responsável financeira Gislaine. De acordo com as recicladoras, este custo em alguns meses chega à R$500,00, o que afeta a renda de todas.

Além disso, outra preocupação do grupo está relacionada à limpeza do local onde trabalham. A coordenadora Ana Nara afirma que “a quantidade de lixo retirado na triagem dos materiais que nós recebemos é grande e, se colocarmos em recipientes próprios o caminhão de lixo leva, mas depois precisamos pagar para que eles nos devolvam os recipientes”.

Outra dificuldade encontrada pela equipe da ARPS é a falta de um meio apropriado para que  façam a coleta dos materiais reciclados. Quando a Associação passou a receber o apoio da Pallotti, os recicladores venderam as “carroças” que tinham. Ainda segundo, a coordenadora  eles não possuem uniforme adequado para o trabalho, necessários por conta da segurança, principalmente, luvas e botas.

Apesar de todas as dificuldades apontadas, a Associação além de contribuir na preservação do meio ambiente, auxilia na educação ambiental dos alunos da Escola Marista Santa Marta desde 2007, ano em que estabeleceram um vínculo com a comunidade escolar e os alunos começaram a destinar materiais reciclados para a ARPS. Ela recebe ainda o apoio da Prefeitura de Itaara e da entidade ASMAR, que encaminham materiais reciclados a eles.

Para quem quiser ajudar ou conhecer de perto este trabalho, a ARPS fica  na Rua dos Branquilhos, nº 79, ao lado da Escola Marista Santa Marta.