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As doenças silenciosas que emergem durante a pandemia

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas

Os Sete Magníficos e a representatividade feminina na mídia

Durante a segunda quinzena de abril, diversos veículos da mídia brasileira abordaram um aspecto peculiar do enfrentamento da pandemia da Covid-19 em alguns países do mundo. “Os Sete Magníficos”, como foram classificados pelo jornal italiano Corriere,

Caminhos da cultura de Santa Maria durante pandemia

As programações culturais de Santa Maria envolvem muito mais profissionais, participantes, público, tempo e preparo do que se imagina. Em 2020, frente à pandemia da Covid-19, o grande desafio de organizar um festival de cultura se

O reflexo do Covid-19 nos investimentos: Taxas e Poupança

Em janeiro deste ano, quando o Coronavírus recém começava a ganhar espaço nos noticiários e nas medidas governamentais, nem os mais pessimistas acreditavam que os impactos econômicos (e claro, na saúde da população) tomariam tais proporções.

Um inimigo mais cruel do que a Covid-19 ataca silenciosamente a população durante a quarentena. Imagem: Pixabay

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas por um vírus para o qual ainda não se tem cura, e que não se sabe de onde surgiu. E o pior, não se sabe se algum dia irá acabar.

Aqui no Brasil já são 5 milhões de casos confirmados e 150 mil vidas perdidas para o novo vírus. Tanto o país quanto o restante do mundo adortaram medidas de prevenção contra o novo coronavírus, tais como o uso de máscaras, luvas, álcool em gel, afastamento social, fechamentos do comércio, escolas, ou redução no número de pessoas em um mesmo ambiente.

Certa parcela da população mundial  não obedeceu as regras de afastamento. Preferiram sair e correr os riscos de contrair a covid, seja pela necessidade de ir trabalhar, ir ao médico ou  de comprar alimentos. Há ainda, aqueles que optaram por fazer de conta que o vírus não existe ou, simplesmente acreditar que está tudo normal.

Vale ressaltar que há uma enorme quantidade de pessoas que optou por fazer a quarentena. Optou por se proteger, proteger os seus familiares, amigos e também tentar aniquilar o vírus.   E se ficar em casa ajudou muito na proteção contra o Covid-19,  ao mesmo tempo acabou abrindo espaços para novos inimigos. Isoladas em casa, muitas pessoas, cansadas por não terem o quê fazer e não poderem circular, acabaram apresentando novas doenças.

A saudade dos amigos, familiares, empregos, escolas, faculdades, entre tantas outras coisas, fizeram o psicológico de muitos ficar tão abalado que inúmeros casos de depressão, ansiedade, tonturas e pressão alta estão sendo diagnosticados.

Imagem: Gerd Altmann/Pixabay

A procura por especialistas da área  da saúde mental aumentou significativamente.

Aqui em Santa Maria,  Larissa Goulart, 23 anos, estudante de Terapia Ocupacional do 8° semestre da Universidade Franciscana e estagiária na Clínica Escola de Terapia Ocupacional da UFN e também na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), afirma que: “Nesse momento atípico no qual nos encontramos devido à pandemia, a procura por auxílio psicológico e de demais profissionais da saúde aumentou acentuadamente. Esse aumento da demanda, ocorreu devido ao isolamento social que foi o momento no qual as pessoas passaram a sentir-se só e sem ter com quem contar, vinculado ao grande volume de notícias trazidas pela mídia. Com isso, o sentimento de solidão, acabou gerando nas pessoas um grande número doenças como depressão e ansiedade”.

As demandas para atendimentos Terapêuticos Ocupacionais aumentaram consideravelmente, não apenas a partir de declínios cognitivos, pacientes de saúde mental, como também para reorganizar e adequar rotinas devido ao prolongamento do isolamento social.  Essa reorganização da rotina, se deu em todas as faixas de desenvolvimento visto que, as crianças e adolescentes não estão mais indo a escolas e nem aos tratamentos, os pais estão trabalhando em regime de home office e isso gerou uma grande mudança, interferindo significativamente no desempenho ocupacional dessas pessoas, assegura a estagiária em terapia ocupacional.

A estudante declara que o prolongamento da pandemia fez com que os profissionais da saúde, a partir do segundo mês, iniciassem o protocolo de atendimentos online, ou seja, tele-consultas, teleatendimentos e tele-monitoramentos, desenvolvidos para organizar os atendimentos às pessoas que necessitam. “Após a flexibilização, iniciou-se novamente os atendimentos individualizados, com todos os EPIs de segurança necessários para prevenção do profissional. como também do paciente”, informa Larissa.

Foto: Orna Wachman/Pixabay

A psicóloga Regina Stock, que trabalha na Unimed, diz que aumentou muito o número de pessoas que procuram o atendimento psicológico.No entanto, ela não atribui essa tendência ao Covid, mas sim ao  isolamento decorrente dele. ” O fato das pessoas ficarem mais tempo em casa, conviverem mais com os familiares e o ócio também decorrente de não estarem exercendo suas funções, já que quem estuda tinha uma rotina, quem trabalhava e reduziu o horário tinha outra rotina”, diz  a psicóloga.

Segundo ela, as incertezas do futuro, o medo da contaminação pelo vírus são coisas que geram ansiedade. “As pessoas pararam para pensar nos seus problemas que, às vezes, estão arrastando por tempos e esses podem ser um dos motivos que fez com que aumentasse a demanda (por atendimento) durante a quarentena”, comenta Regina ao afirmar também que neste momento as pessoas estão muito estressadas.

“A própria situação vivida causa ansiedade, vários distúrbios e as doenças mentais tem aumentado muito. Os procedimentos que temos adotados é de acordo com cada situação. Há pessoas que buscam o atendimento com ansiedade, tem pessoas com depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia… então, não é uma atitude padrão para todos”, relata a psicóloga.

Regina conta que trabalha com sistemas,  quando busca ver onde aquela pessoa está inserida, as situações que ela vivencia e o que se pode fazer nesse contexto. “O paciente às vezes está se boicotando. Muitas vezes o problema que ela apresenta é gerado por ele próprio, por pensamentos distorcidos da realidade ou pensamentos disfuncionais que ocasionam algum sentimento, afirma a psicóloga.

Ela fala também que na maioria dos casos são problemas emocionais, alguns patológicos. São patologias crônicas que perduram a uma vida toda e outros adquiridos recentemente. “Acredito que tudo é tratável, o principal para esta questão é o empenho que a pessoa possa fazer para que faça mudanças na própria vida”. “Precisamos ser autor das nossas mudanças, do nosso livro que a gente escreve a vida toda, não podemos ser coadjuvantes temos que fazer o papel principal”, assegura a psicóloga.

Os atendimentos atualmente são de forma online, por áudio ou vídeo, devido ao fato de haver pacientes que não querem ser vistos, apenas ouvidos. As sessões são semanais.

Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

Foto: Reprodução / Metrópoles \ Mulheres governantes de sete países têm enfrentado à Covid-19 com sucesso

Durante a segunda quinzena de abril, diversos veículos da mídia brasileira abordaram um aspecto peculiar do enfrentamento da pandemia da Covid-19 em alguns países do mundo. “Os Sete Magníficos”, como foram classificados pelo jornal italiano Corriere, são países liderados por mulheres, a Alemanha, governada pela chanceler Angela Merkel, Taiwan, com a presidente Tsai Ing-wen, Islândia, com a primeira-ministra Katrín Jakobsdóttir, Finlândia, com Sanna Marin, Noruega, com Erna Solberg, Dinamarca, com Mette Frederiksen, e Nova Zelândia, com Jacinda Ardern. As matérias abordam aspectos geopolíticos que refletem em âmbitos culturais, de saúde e econômicos.

Os veículos escolhidos pela reportagem variam entre jornais independentes, tradicionais, grandes corporações e mídia alternativa. São eles BBC, Forbes, Catraca Livre, Metrópoles, CNN Brasil e Mídia Ninja.

Mas por que este tema?

A reportagem se perguntou por que o tema foi levantado e foi atrás da opinião de especialistas.

Marcia Veiga, mestre em comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e membro da ONG Themis, de assessoria e estudos de gênero, explica que o fenômeno não é mera coincidência e que, embora não seja o motivo por completo, o gênero das líderes tem a ver com o sucesso do enfrentamento à pandemia:

“Ao estudar gênero, é possível compreender o que esses fatos trazidos à tona sinalizam”.

Elas serem do sexo feminino, por fatores culturais, facilita com que tenham um olhar mais aproximado da população, não sempre, mas na maioria dos casos, de acordo com a especialista.

“Todas as sociedades têm convenções sociais, entre elas, a expectativa de que meninas e mulheres serão mais frágeis e que a elas caberão os cuidados. Entre ocidentais, tudo que é considerado masculino são elementos mais valorizados e que sensibilidade é algo “menor” e menos importante”, diz Marcia.

A pesquisadora esclarece que estas líderes focam em ações de cuidado e prevenção, valorizando o ser humano e tratando áreas como saúde e educação como tão importantes quanto a economia:

“Enquanto Brasil e Estados Unidos declaram “guerra ao vírus”, as mulheres são pacifistas”.

Um caso que chamou atenção da especialista foi a abordagem trazida pela BBC acerca de atitudes da primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern. Antes da páscoa, ela realizou um discurso voltado às crianças, em mídia nacional, para acalmar os pequenos com relação à data, garantindo que “o coelho da páscoa faz parte dos serviços essenciais”.

“Traços femininos fundamentais em um governante, como o diálogo e o interesse pela opinião de todos, são comuns para elas. Após ouvirem a população, através de atitudes horizontais como esta, só então elas agem”, afirma a pesquisadora.

Sobretudo, coloca o ser humano como prioridade e centro da preocupação. Assim, os cidadãos se sentem participantes. Isso mostra a necessidade de colaboração de todos num período de crise, ainda conforme a especialista.

“Valorizar a diversidade, mantendo o cuidado e a horizontalidade de discursos é o caminho”, conclui Marcia.

Para ela, o jornalismo tratar destes assuntos é cumprir o papel primário da profissão, de encontrar fatos e trazê-los à tona, nada mais do que retratando a realidade:

“Não havia como não perceber a existência deste fato. Além disso, hoje, há mais mulheres jovens e informadas nas redações e em chefias dos veículos jornalísticos. Então, o entendimento de que isso significa algo relevante é mais comum. Talvez a mídia não aprofunde os temas, ainda tendo muito o que avançar, mas, ao menos, publicam”.

A professora de psicologia Graziela Miolo, explica que as mulheres já crescem se adaptando à cultura machista já imposta e implantada na sociedade:

“Elas enfrentam dificuldades para se legitimar em posições habituais aos homens e precisam conquistar os espaços onde desejam estar. Qualquer lugar fora do lar não é para elas, principalmente na liderança e ainda mais fortemente no campo da política. Por isso, são mais inventivas e preparadas para demandas inusitadas”.

A reinvenção das mulheres faz parte de uma constituição psíquica, histórica, política e social, segundo a Graziela. Por isso, esta criatividade com a qual a mulher cresce a auxilia a se adaptar e encontrar recursos e saídas para grandes e inesperados problemas, como uma pandemia, desenvolvendo habilidades para conquistar seu lugar no espaço público, de ser e estar no mundo.

“As mulheres têm habilidades psíquicas que tornam esta administração mais fácil por terem mais recursos criativos para lidarem com as crises”, diz a professora.

Para ela, este momento é de sair do padrão tido como o certo e criar novas formas de governar e enfrentar conflitos, característica do feminino:

“A mídia aborda a questão do gênero de forma massificada, sem questões mais específicas, trazendo “as mulheres”, ao invés de “a mulher”, não dando conta de observá-la. Ainda observamos o discurso que prevalece a posição do homem, mas não é difícil de se compreender, em função de estar dentro de uma cultura embasada em uma linguagem que prioriza um discurso machista, que é estrutural”.

Por: Gabriele Bordin
Texto produzido na disciplina de Jornalismo Internacional, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana. Orientação: Profª Carla Torres

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / Programações como o Viva o Natal levam cultura a milhares de santa-marienses, evidenciam artistas locais e trazem nacionais ao Coração do Rio Grande

As programações culturais de Santa Maria envolvem muito mais profissionais, participantes, público, tempo e preparo do que se imagina. Em 2020, frente à pandemia da Covid-19, o grande desafio de organizar um festival de cultura se tornou ainda maior.

Neste momento, há dúvidas latentes por parte de quem encabeça estas ações. Se adaptar ao formato à distância, adiamento ou, o tão evitado mas às vezes inevitável, cancelamento da edição anual são algumas delas.

Os festivais culturais são parte importante da manutenção da cidade, envolvendo instituições, governo, população e organizações, visto que movem a economia, são planejados com larga antecedência, envolvem muitos profissionais e marcam tradição.

Entre estes festivais, está a, tão querida pelos tradicionalistas, Tertúlia Musical Nativista, pelos amantes de leitura, a Feira do Livro, pelos cinéfilos, o Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC), e pelos bailarinos, o Santa Maria em Dança (SMD).

Além destes, é impossível pensar em cultura local e não lembrar dos shows e demais atrações do Viva Santa Maria, programação cultural alusiva ao aniversário da cidade, e o Viva o Natal, que atraem tanta gente à Praça Saldanha Marinho, à Locomotiva da Gare, ao Theatro Treze de Maio, entre outros cantos da Cidade Cultura.

Só quem está à frente destas organizações tem a real dimensão do alcance e movimento que estes festivais provocam.

Como tudo muda rapidamente neste novo momento da humanidade, não há como prever acontecimentos, mas, para quem coordena projetos, é preciso arriscar e tomar decisões.

E quais são os destinos destas programações, até agora?

Santa Maria Vídeo e Cinema

Foto: Divulgação \ Facebook / O tema central da 14ª edição será Memória

O SMVC está indo para a 14ª edição. Cada festival tem, em  média, 250 espectadores por noite, assistindo aos filmes expostos. Pela Praça Saldanha Marinho, espiando e tendo a oportunidade de desfrutar de obras cinematográficas, são milhares incontáveis.

No ano passado, a competição teve mais de 50 diretores com obras inscritas, sem contar o restante das equipes.

O presidente Luiz Alberto Cassol coordena o SMVC ao lado de Alexandra Zanela, ambos residindo em Porto Alegre, e Luciano Ribas, em Santa Maria.

A competição de curtas e longas-metragens deste ano não foi cancelada. Por enquanto, os organizadores aguardam a regularidade da vida social.

Ao final do 13º SMVC, o tema Memória foi anunciado para 2020, dando um ano de antecedência aos candidatos.

“O tema não mudará, pois combina com este momento. Antes, falaríamos a respeito da história do Cinema de Santa Maria. Atualmente, a memória é discutida a todo tempo”, diz Cassol.

Em um período típico, o SMVC ocorre no mês de novembro. Nos dois primeiros meses deste ano, Luiz esteve em Santa Maria reservando datas do Centro de Convenções da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para garantir o local de abertura da edição. Atualmente, as reuniões semanais entre os organizadores estão sendo realizadas pela internet.

“Neste momento, muitos detalhes já estariam prontos. Teríamos cartazes na rua, a praça reservada e as inscrições abertas, por exemplo”, conta o coordenador.

Para o cineasta, a edição será uma oportunidade de refletir a nova realidade, junto do audiovisual:

“O festival sempre foi muito ligado a questões atuais, aquilo que retumba… Então, neste ano, vamos refletir diante desta nova realidade, como as maneiras de apropriação”.

Segundo Cassol, transferir a programação para o ambiente virtual, como tantos outros do país e de fora, seria interessante, mas deixaria de lado o essencial ao SMVC. Há cerca de 10 anos, foi o primeiro festival de cinema do Brasil a realizar oficinas online, ele recorda:

“A praça e as o público, hoje, não o nosso diferencial, o contato humano. Não podemos abrir mão. Nossa singularidade é ir para a cidade, debater, promover seminários e oficinas presenciais, encontrar os pares… não encontrar as pessoas é o que mais me frustra. Só quando tivermos a praça, mesmo que só no ano que vem, é que promoveremos a próxima edição”.

O coordenador também supõe que, na próxima edição, serão vistos muitos filmes feitos durante a pandemia, refletindo acerca desta fase e, também, adaptando a produção audiovisual aos obstáculos do período de isolamento:

“Acredito que veremos produções a partir de recursos adaptáveis, como celular, câmera fotográfica, locação interna, de casa e equipes menores. O audiovisual não será mais o mesmo”.

A previsão dos organizadores é que a 14ª edição seja cancelada ou transferida para o início de 2021.

Tertúlia Musical Nativista

Foto: Assessoria de Comunicação PMSM / O público da 26 edição chegou a 3 mil espectadores

A Tertúlia Musical Nativista, que já havia tido a edição de 2019 transferida para junho este ano, foi adiada novamente.

Previsto para os dias 14 a 17 de maio, o festival já não tem prazo para ocorrer. O festival nativista já é consagrado no Estado e atrai artistas de todos os cantos do Rio Grande e de fora.

A 26 Tertúlia Musical, de 2018, teve mais de mil trabalhos inscritos. Destes, 44 foram apresentados no palco da Associação Tradicionalista Estância do Minuano. O público da edição chegou a 3 mil espectadores.

A equipe é constituída por 40 membros e conta com mais de 15 empresas prestadoras de serviços.

O festival deste ano já está pronto, organizado de maneira presencial e aguardando a possibilidade de estabelecer uma data.

Embora a dúvida sobre a data, a próxima edição do festival é garantida devido aos recursos públicos, já que o projeto ocorre através de Leis de Incentivo municipais, por meio de incentivos fiscais ou direto do governo.

Coordenador do festival há quatro anos, Carlinhos Lima afirma que a vontade é da equipe é de realizar a programação ainda neste ano, mas não há como garantir:

“A Tertúlia depende de recursos públicos. Como temos dificuldades para a área de Cultura desde o ano passado, as projeções são incertas”.

Por isso, os ingressos não são cobrados. Os CDs e DVDs produzidos a partir dos vencedores da competição são distribuídos gratuitamente. Lima explica que o objetivo não é gerar lucros.

Conforme o coordenador, a cada ano, no mínimo 20 novos trabalhos são divulgados e artistas se lançam:

“Nosso maior dano se resume ao prejuízo de quem é sustentado pela produção cultural, como artistas e prestadores de serviços. Esta situação nos frustra porque, desta forma, a cultura perde. Os objetivos do festival, de preservação da identidade cultural tradicionalista, são prejudicados”.

Santa Maria em Dança

Foto: Divulgação \ Facebook / As edições anuais do SMD são ininterruptas desde 1994

Um dos maiores festivais de dança do país, o SMD ocorre anualmente desde 1994, com edições ininterruptas. A média de inscritos, há mais de cinco anos, não baixa de 2.500. No ano passado, mais de 3 mil bailarinos subiram ao palco.

O festival é auto-suficiente através de patrocínios, parceiros culturais e cobrança de ingressos e inscrições. A comissão organizadora é composta por bailarinos e ex-bailarinos.

Paulo Xavier, idealizador e coordenador do festival, explica que o trabalho para alguns dias dura todo o ano e é mantido há 25 anos ininterruptamente.

A programação ocorre, tipicamente, no mês de setembro mas, neste ano, foi adiada para outubro.

A 26º edição tem os apoios culturais mantidos, ainda de acordo com Xavier. Mas os tantos inscritos do Brasil e de fora tem receio de participar da competição ainda neste ano, devido à pandemia provocada pela Covid-19.

“Para este ano, tínhamos mais de 350 inscritos da Argentina e Uruguai. O público de longe lota hotéis durante todos os dias do festival e contribui com a economia local”.

As inscrições desta edição foram abertas ainda em fevereiro e a primeira fase encerraria ainda em junho. O SMD ocorreria, tipicamente, em setembro. Hoje, a previsão é de 20 a 22 de novembro.

O coordenador explica que a organização do festival será retomada conforme os grupos e escolas de dança retomarem suas atividades. Por isso, a programação será formatada se adaptando à realidade atual, como a supressão de noites.

“Não terá o mesmo número de participantes, mas estamos cientes e tranquilos em relação a isto. Estamos bem organizados e podendo olhar para a situação com tranquilidade. Com tanta experiência, conseguimos valorizar as vitórias e enfrentar as dificuldades”.

Viva Santa Maria e Feira do Livro

162º aniversário da cidade foi comemorado à distância, do Theatro Treze de Maio

Maio é o mês da tradicional celebração pelo aniversário da Cidade Cultura. Para tal, não faltam shows e atrações diversas promovidas pela prefeitura municipal.

Viva Santa Maria é o nome da festa, que, em 2020, além de driblar os obstáculos, apoiou cerca de 150 artistas que foram contratados para agregar à programação a distância.

Para a secretária de Cultura de Santa Maria, Rose Carneiro, a ação foi uma grata surpresa:

“Passando da metade de março a cidade simplesmente “fechou”. Precisamos organizar o aniversário bem em cima da hora, mas a recepção foi muito boa. Em tudo isto, estamos reaprendendo a pensar fora dos padrões e a fazer produção cultural de forma inédita”.

Somando as visualizações das lives de toda a semana de festival, mais de meio milhão de espectadores puderam, de casa e protegidos, prestigiar, destaca a secretária.

Com os artistas direto do Palco da Cultura, o Theatro Treze de Maio, a produção cultural pôde ser movimentada.

“Conversando com os artistas, eles destacam a diferença entre um show com público presente e com plateia vazia. É meio estranho, principalmente para os do público infantil, porque as apresentações são repletas de interatividade. Assim, precisaram imaginar a reação dos espectadores”.

A secretária enxerga o presente com boa perspectiva e o futuro com otimismo:

“Penso que, daqui em diante, não voltemos aquele normal  de  mensurar os resultados de um festival pelo número de público, isso perde o sentido. Agora, pensamos  na sobrevivência do planeta, na sustentabilidade e na humanidade. Esta maneira não é melhor nem pior, é apenas diferente”, avalia Rose.

Feira do Livro

Foto: Assessoria de Imprensa da Feira do Livro \ Eduardo Camponogara LABFEM UFN / A maior programação cultural de Santa Maria não poderia deixar de acontecer. virtual, presencial ou híbrida, alcançará

A Feira do Livro, que ocorreria de 24 de abril a 9 de maio, ocorre de 1º a 10 de outubro. As reuniões e de planejamento estão sendo feitas há cerca de dois meses.

Embora por tempo limitado, a edição será, como de costume, repleta de atrações, novidades e convidados, é o que garante a secretária:

“Vamos propor, em breve, uma nova Feira do Livro, em novo formato, combinando com os tempos atuais”.

Por enquanto, o que pode ser revelado é que tudo será adaptado. Embora não possa ser igual, a programação de palco, cultural, os lançamentos de livros de escritores de Santa Maria e região e as tradicionais bancas de livros estão sendo pensadas para um novo formato. Ela garante que os propósitos da feira se manterão.

Rose, embora tenha adentrado à secretaria de cultura do município ainda neste ano, atua com  a feira desde 2011, com grande bagagem como produtora cultural. Para ela, o momento é uma oportunidade de inovar e pensar fora da caixa.

Por mais que ainda não tenha detalhes divulgados, já é possível perceber que o festival será bem conectado. A secretária mencionou lives e podcasts como fortes possibilidades de levar a cultura da feira ao público.

Uma forma de venda de livros ainda não foi definida, mas é cogitada e será melhor engendrada junto da Câmara do Livro.

Dentro do possível, parte da programação será presencial, com medidas de cautela bem planejadas, mas ainda é cedo para tantos detalhes. Como a secretária conclui: “tudo pode acontecer”.

Os festivais agora
Como estão programados os festivais, até o momento:

47ª Feira do Livro

  • Formato: on-line
  • Quando: previsão do final de setembro ao início de outubro
  • Situação: confirmada
  • Onde: plataformas ainda indefinidas
  • Informações: pelo site ou pela página

27ª Tertúlia Musical Nativista

  • Formato: indefinido
  • Quando: sem previsão
  • Situação: festival confirmado, data pendente
  • Onde: sem previsão
  • Inscrições: encerradas
  • Informações: pelo site da prefeitura municipal

14º Santa Maria Vídeo e Cinema

  • Formato: presencial
  • Quando: sem data definida
  • Situação: pendente
  • Onde: na Praça Saldanha Marinho
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

26º Santa Maria em Dança

  • Formato: presencial
  • Quando: de 20 a 22 de novembro
  • Situação: pendente
  • Onde: no Centro de Convenções Park Hotel Morotin
  • Inscrições: sem data definida
  • Informações: pela página

Por: Gabriele Bordin

Após a disseminação da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) por todo o mundo, a vida da maioria das pessoas mudou. Aderir a novos hábitos ou manter a rotina o mais próximo do que costumavam vivenciar, tem sido o desafio a todas as pessoas. As alternativas se apresentam num contexto em que o conhecimento sobre a enfermidade que paralisou o mundo todo ainda é pequeno. No entanto, divulgar e debater esse conhecimento se tornou um ponto fundamental à sobrevivência.

Tal cenário mobilizou estudantes de Jornalismo da UFN (Universidade Franciscana) na disciplina de Projeto de Extensão em Comunicação Comunitária II. A página no Instagram chamada Podcast Jornalismo aborda temáticas vinculadas ao Covid-19 e suas consequências. O objetivo é promover a busca por dados e a expansão de novos conhecimentos, através de entrevistas realizadas com profissionais de diferentes áreas, e que pudessem trazer um pouco da realidade experienciada em seu âmbito profissional. Até o momento foram realizadas quatro (4) lives com profissionais da comunicação e da saúde para que a comunidade pudesse entender mais da dinâmica de trabalho adotada frente ao atual momento.

Em tempos de isolamento social, os bastidores da produção do projeto.

Desenvolvido pelos acadêmicos Kauan Felipe Teixeira Costa, Gianmarco de Vargas, Daniel Lima e José Matheus Beck Brasil, e com supervisão da professora e jornalista, Rosana Zucolo,  o projeto começou contando com a participação do professor do curso de Jornalismo, da Universidade Franciscana, Iuri Lammel, na primeira entrevista em livestream,  falando sobre  a “Identificação de Fake News em época de pandemia”.

A partir dos resultados bem sucedidos da primeira entrevista, o grupo optou por buscar novos profissionais que pudessem auxiliar e orientar diferentes temas nas entrevistas. Assim, deu-se sequência com bate-papos que abordaram as seguintes temáticas: “A influência da pandemia em meio ao setor jornalístico”, com participação da repórter e apresentadora do SBT RS Luciane Kohlmann; “Saúde mental em época de pandemia”, com presença da psicóloga Vera Barbosa; Influências do Covid-19 no esporte, em entrevista com o radialista e narrador esportivo Daniel Oliveira.

A repercussão do projeto atingiu um número considerável de espectadores, a partir de uma temática experimental e impulsionada pela multiplataforma para entregar o conteúdo final. “É muito gratificante para o grupo, descobrir novas formas de se comunicar. Para o jornalismo, o mais importante agora é informar a população sobre os assuntos de interesse público, a fim de manter o autoconhecimento”, afirmou o acadêmico, Matheus Beck.

Para o grupo de estudantes, além de assegurar um público cativo, o  desejo de disseminar dados que corroborem para a credibilidade coletiva amplia a capacidade de auxílio às pessoas na análise e identificação de FakeNews. Daí adotar uma postura com responsabilidades e propósitos no modo de trabalhar, tendo consciência da alta vulnerabilidade de todos diante de notícias falsas, conforme afirma o aluno Gianmarco sobre o trabalho desenvolvido.

 

Em janeiro deste ano, quando o Coronavírus recém começava a ganhar espaço nos noticiários e nas medidas governamentais, nem os mais pessimistas acreditavam que os impactos econômicos (e claro, na saúde da população) tomariam tais proporções.

Neste período de pandemia, todos os acontecimentos relacionados ao vírus mexem com os ânimos do mercado. Por isso, esta série de reportagens tem como objetivo realizar um compilado de informações de como a Covid-19 impactou a economia no Brasil até agora, com foco voltado para os investimentos. 

Divida em cinco partes, neste primeiro texto, o foco são as Taxas Selic, DI e Referencial. Também é abordada aqui a caderneta de poupança, investimento preferido dos brasileiros. Falaremos sobre como a queda nas taxas de referência deixou os investimentos em renda fixa com rentabilidade ainda menor. Mesmo assim, ela ficou acima da inflação, proporcionando rendimentos reais. 

Vale destacar que esta matéria tem cunho informativo, não configurando recomendação de compra ou venda. O conteúdo aqui apresentado foi finalizado até o dia 04 de maio de 2020, e atualizado posteriormente em virtude da reunião mais recente do Copom, no dia 06 do mesmo mês. Também é importante destacar que rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.

 

Taxas: Selic – DI – Referencial

Nos investimentos de renda fixa, a remuneração é previamente definida, tornando possível que o investidor saiba exatamente quanto irá receber com a aplicação. Dentre os indicadores de referência para esses investimentos, estão a Taxa Selic, Taxa DI (também conhecida como CDI) e Taxa Referencial.

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, sendo o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. A sigla vem de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é o programa em que os títulos do Tesouro Nacional são negociados pelas instituições financeiras. Com isso, o Banco Central tem controle na emissão, compra e venda desses títulos.

A Taxa Selic é dividida em duas: A Selic Meta é a que estamos acostumados a ver nos noticiários. Ela é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e influencia todas as taxas de juros do Brasil, como as cobradas em empréstimos e financiamentos e os rendimentos em aplicações financeiras.

Já a Selic Over é a que de fato vemos no mercado. É praticada quando um banco empresta dinheiro para outro, usando como garantia os títulos públicos. Ela é calculada diariamente considerando a média ponderada dessas transações. Como os bancos têm liberdade para negociar as taxas entre si, a Selic Meta serve também como parâmetro para a Over. Historicamente, a diferença entre as duas é em torno de 0,10 ponto percentual, sendo a taxa Meta a maior.

A mudança na Taxa Selic influencia diretamente o comportamento da economia em geral. Como ela é referência para outras taxas, a redução na Selic possibilita fazer um empréstimo ou comprar a prazo com juros menores, ou seja, o crédito fica mais acessível para a população. Assim, o dinheiro circula mais e estimula o consumo, o que – por outro lado – faz a inflação subir. Investimentos atrelados à Selic (e ao DI como veremos abaixo) passam a render menos. Quando a Taxa Selic sobe, o efeito é o oposto. Juros de empréstimos e crédito ficam mais altos e os rendimentos de aplicações atrelados também sobem, tornando mais vantajoso fazer um investimento. Logo, o consumo é desestimulado e a inflação é controlada.

Na tentativa de conter o impacto causado pelo Coronavírus, o Copom anunciou, em 18 de março, a redução da Selic para 3,75%. Na reunião mais recente, em 06 de maio, o Copom fez um mais um corte, desta vez acima do esperado pelo mercado. Assim, a Taxa Selic atual é de 3% ao anoConforme o Boletim Focus, que relata as expectativas do mercado, a previsão é que a Selic termine o ano de 2020 no patamar de 2,50% ao ano.

 

A Taxa DI, abreviação de Depósito Interbancário, caminha muito próxima à Selic. Como os bancos não podem terminar o dia no negativo, acabam recorrendo ao mercado interbancário para realizar empréstimos de curtíssimos prazos. Para essa transação, é emitido um Certificado de Depósito Interbancário, ou simplesmente CDI, como a taxa também é conhecida. A média das taxas de juros desses empréstimos é que determina a taxa DI (ou CDI). O que a difere das transações da Selic Over, é que neste caso não há títulos públicos como garantia. Atualmente a Taxa DI é de 2,90% ao ano.

Outra taxa que influencia, ou melhor, influenciava investimentos é a Taxa Referencial. A TR foi criada em 1991, com o principal objetivo de controlar a hiperinflação, porém, ela está zerada desde setembro de 2017.

 

Poupança: O investimento preferido dos brasileiros

Mesmo perdendo para a inflação em certos períodos, causando rendimentos reais negativos, a poupança ainda é a aplicação financeira preferida dos brasileiros. Em 2019, a caderneta liderou com 65% entre as modalidades de investimento, conforme levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

A poupança vinha de uma queda de 65% na captação líquida de 2019 em comparação a 2018, quando foram depositados R$ 13,23 bilhões e R$ 38,26 bilhões, respectivamente, a mais do que os saques. O ano passado também foi inferior a 2017, que teve um saldo de R$ 17,1 bilhões.

Com a pandemia de Coronavírus, a captação bateu recorde no mês de março, superando os saques em R$ 12,17 bilhões. Para fins de comparação, no ano de 2019, o mês de março registrou uma captação líquida – diferença entre depósitos e saques – de R$ 1,85 bilhão. 

Para entendermos quanto rende a caderneta, é importante destacar que ela possui duas regras de cálculo. Na chamada poupança antiga, que vale para depósitos feitos até 03 de maio de 2012, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial, atualmente zerada como vimos acima. Totalizando assim, 6,17% ao ano.

Na nova poupança, a rentabilidade acompanha a Taxa Selic. Quando ela está superior a 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais a TR (6,17% ao ano). Porém, quando a Selic estiver abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento é de 70% da taxa básica. Com a taxa básica de juros no patamar atual, de 3%, a poupança está rendendo cerca de 2,10% ao ano.

 

* Texto de Pablo Milani para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, durante o 1º semestre de 2020. Orientação: Profª Carla Torres.

Divulgação

A Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) promove nessa sexta-feira, 22/5, às 16h, a terceira edição do ciclo de debates online “A pesquisa em Jornalismo em tempos de COVID-19”.

As pesquisadoras convidadas Kátia Lerner (Fiocruz), Cilene Victor (Umesp/Fapcom) e Luciane Agnez (IESB-DF) abordam o tema “Jornalismo científico, cobertura em saúde e popularização da ciência em tempos de pandemia”.

A discussão será ao vivo, com mediação para receber perguntas simultâneas.

Kátia Lerner é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vice-líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Comunicação e Saúde, coordenadora do GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente da Intercom e Editora Associada da Revista Interface.

Cilene Victor é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), uma das líderes do grupo de pesquisa “Jornalismo Humanitário e Media Interventions” e também professora da Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom).

Luciane Agnez é professora do Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) e coordenadora da pós-graduação em Jornalismo Digital e Produção Multimídia na instituição.

O objetivo da SBPJor com o ciclo de debates online “A pesquisa em Jornalismo em tempos de COVID-19” é destacar diversas perspectivas sobre a contribuição da área para a compreensão da complexidade do fenômeno social que envolve a expansão mundial da COVID-19.

O debate pode ser acessado no perfil institucional da SBPJor no Youtube e Facebook.

Fonte: SBPJor

A incessante busca pelo fim da pandemia causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) assemelha-se a uma corrida pelo mundo. O vírus foi descoberto em dezembro de 2019, após ter seus primeiro registros na China, e faz parte de uma família de vírus que causa infecções respiratórias e que possui alta taxa de transmissão. Cientistas de todos os cantos se empenham para chegar ao mesmo propósito: conseguir uma vacina para a doença que assombra populações de todos os países.

O Sistema de Saúde do Brasil e de vários países do mundo possui uma capacidade limitada para gerenciar essa onda de pneumonia grave,  além de possuir baixa disponibilidade de pessoal treinado. Além disso, há fatores como a falta de respiradores e leitos para os pacientes, o que fará com que o sistema de saúde entre em colapso caso grande parte da população fique doente, e isso obriga os médicos (as) e enfermeiros (as) a revezar os aparelhos, ou até mesmo ter que escolher quem vai poder utilizar.  A falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os profissionais de saúde que atuam na linha de frente e que encontram-se afetados pela COVID-19 também é um grande problema enfrentado na pandemia.

Descobrir meios de atacar o vírus é o novo foco dos estudos científicos nos laboratórios, pois cada dia que passa os números de mortos e infectados aumentam, reforçando a idéia de que só a ciência pode fazer com que as rotinas de todos possam voltar ao normal. Até o momento não existe vacina nem medicamento específico para o Coronavírus, apenas o tratamento dos sintomas causados por ele. Em contrapartida, são vários os medicamentos analisados em estudos científicos e mais de 100 vacinas em teste.

REMDESIVIR

 Conforme publicado pela Agência Brasil, os Estados Unidos divulgaram estudos científicos relacionados ao uso do medicamento Remdesivir contra o COVID-19, mostrando que pacientes que fizeram o uso do fármaco se recuperaram mais rápido da infecção. A pesquisa foi conduzida pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e estudou mais de mil pessoas em estado grave da doença em todo o mundo, concluindo que 31% deles se recuperou mais rapidamente do que aqueles que receberam apenas um placebo, que é quando é feito o uso de alguma substância que não produz interação com o organismo, mas apresenta uma melhora fisiológica, aliviando os sintomas.

Um exemplo básico de placebo no nosso dia a dia é ingerir água com açúcar quando estamos nervosos, não há estudos confirmando que a mistura causa efeito, no entanto a sabedoria popular nos leva ao uso na busca por resultado positivo. O Remdesivir também é o primeiro medicamento autorizado pelo Japão para o tratamento de pacientes com a COVID-19.

Segundo o estudo feito com o fármaco, 8% dos pacientes morreram, o que corresponde a 3% a menos do que quem recebeu apenas um placebo. Mesmo assim, nada está comprovado em relação ao medicamento. A revista The Lancet por exemplo, publicou que o tratamento com o Remdesivir não reduz a mortalidade nem mesmo acelera a recuperação, quando comparado ao placebo.

O Professor de Química da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Luiz Carlos Dias, explicou em um vídeo publicado no dia 30 de abril na página da Divisão de Química Orgânica que o medicamento Tamiflu (OSELTAMIVIR) é um dos fármacos deixados para trás nas pesquisas contra o coronavírus, e que ele foi desenhado especialmente para combater H1N1. O uso de alguns corticóides para tentar evitar processos inflamatórios mais nocivos causados por COVID-19 também falharam em pesquisas.

CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA

O Ministério da Saúde explica que o uso da Cloroquina e Hidroxicloroquina no tratamento contra a COVID-19 é uma prática realizada em casos muito graves e chama-se uso off label, ou seja, é algo que não consta na bula do medicamento, fora das causas para as quais é prescrito.

Nesses casos, o governo do Brasil autorizou o uso desses medicamentos, mas a decisão de aplicação fica a cargo do médico que devem avaliar cada paciente específico. O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou em seu Parecer nº 04/2020 que essa decisão quando tomada deve seguir os critérios e condições estabelecidas pelo CFM, que inclui a autonomia do médico e a valorização da relação médico-paciente.

Especialistas e cientistas explicam que a população não deve usar a cloroquina ou hidroxicloroquina na tentativa de tratar ou prevenir a COVID-19 sem que isso seja feito e acompanhado por um profissional da saúde, pois os medicamentos possuem efeitos colaterais como danos ao coração, além de poderem levar a morte.

A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) publicou um parecer no último dia 18, que explica sobre o uso da Cloroquina e Hidroxicloroquina contra COVID-19. Segundo o parecer, ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que utilizaram hidroxicloroquina. Além disto, trata-se de um medicamento com efeitos adversos graves que devem ser levados em consideração. A SBI recomendou que fossem aguardados os resultados dos estudos em andamento, para obter uma melhor conclusão quanto à real eficácia da hidroxicloroquina e suas associações para o tratamento da doença, já que até o momento não há evidências científicas suficientes que garantam a redução da mortalidade por COVID-19.

A revista científica “Jama” publicou recentemente uma das principais pesquisas  sobre a hidroxicloroquina, feita por pesquisadores da Universidade de Albany, no estado de Nova York. O estudo  analisou 1.438 pacientes com a doença e não encontrou relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade por Coronavírus, além disso, os pacientes tratados com hidroxicloroquina tiveram muito mais chance de sofrer parada cardíaca e apresentaram taxa de mortalidade muito parecida com a dos que não usaram o fármaco.

Por isso, na ausência da comprovação de efeitos benéficos para a saúde com segurança e eficácia, e sem ensaios clínicos conclusivos e validados, que comprovem do ponto de vista médico e científico sua segurança e eficácia, não há liberação de vacina, nem medicamento.

VITAMINA D

Circularam nos últimos dias várias notícias e comentários populares de que a vitamina D protege contra o coronavírus. Embora a vitamina fortaleça o sistema imunológico, não existe nenhuma evidência científica confirmada de que a mesma reduza o risco de infecção por coronavírus, mas existem estudos feitos por pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália, que indicam a ação preventiva que a vitamina D pode ter em relação ao COVID- 19.

Em reportagem, a Universidade publicou que pretende levar a reflexão para a comunidade científica, pois o estudo realizado se baseou apenas em literatura já existente, aliado ao fato de que a vitamina D pode ter efeito preventivo, protetor e terapêutico em infecções respiratórias virais em geral. No entanto, para melhorar a imunidade contra o novo Coronavírus é também muito importante a prática de exercícios físicos em conjunto com uma alimentação saudável, além de ser muito importante que a pessoa não fume, não use drogas e não ingira bebidas alcoólicas.

Ainda não há vacina, nem mesmo medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a COVID-19. Conforme a Folha Informativa publicada pela Associação Pan-Americana da Saúde (OPAS) do Brasil,  as pessoas infectadas devem receber cuidados de saúde para aliviar os sintomas, já quem possui doenças graves deve ser hospitalizado. A maioria dos pacientes se recupera graças aos cuidados de suporte que incluem medicamentos contra os sintomas, e em casos graves o uso de ventilação mecânica e oxigênio suplementar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) está coordenando esforços para desenvolver vacinas e medicamentos para prevenir e tratar a COVID-19 o mais breve possível, mas por enquanto as recomendações mais eficazes e importantes devem ser mantidas para se proteger contra a COVID-19, que é  lavar frequentemente as mãos com água e sabão, usar máscaras corretamente e manter uma distância de pelo menos 1 metro das pessoas, além do distanciamento social, já que só deve sair de casa quem realmente precisa.

É também muito importante que a população tenha consciência de que a automedicação traz riscos à saúde, podendo haver interação medicamentosa, que é quando os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro, caso a pessoa tome regularmente outros remédios, podendo agravar sua situação de saúde. Sempre consulte um médico antes de ingerir medicamentos, pois qualquer fármaco deve ser utilizado com prescrição e orientação.

A PANDEMIA NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DO SUL

 São Pedro do Sul é uma das cidades que ainda não registraram casos confirmados de Coronavírus no Estado, apesar de estar próximo de Santa Maria, que até esta quarta-feira, 20, já contabilizava 125 casos confirmados da doença e 1.895 suspeitos. Segundo Priscila Martini, Assessora de Comunicação da Prefeitura de São Pedro do Sul, o município estava atento sobre o vírus antes mesmo dele chegar ao Brasil. No dia 9 de fevereiro a Secretaria de Saúde e o Hospital Municipal promoveram uma palestra com um médico infectologista no Lions Clube, mas apesar de ter sido divulgada, não obteve muita participação do público. Além disso, também em fevereiro a Prefeita Ziania Bolzan esteve reunida com os secretários de saúde, educação e administração a fim de discutir estratégias no combate ao coronavírus no município, visto que o cenário da época anunciava a aproximação da doença. Nesta reunião ficou acertado que a higienização seria intensificada em todos os setores, bem como seriam levadas mais informações à população na busca de conscientização. Até o momento a Prefeitura já emitiu decretos que informam a situação de calamidade pública, a intensificação do distanciamento social, suspensão das aulas, fechamento do comércio e a obrigatoriedade do uso de máscara.

AÇÕES MUNICIPAIS

Uma das ações realizadas pelo município nos últimos dias foi a distribuição de máscaras para a população. Segundo a Secretária da Secretaria de Desenvolvimento Social, Cristiane Parnov, a administração ganhou da Associação Comercial e Industrial (ACI) uma grande quantidade de tecido, linha e elásticos, e a Secretaria de Desenvolvimento Social disponibilizou recursos para que uma costureira realizasse a confecção das máscaras. “O pedido total foi para a confecção de 3.375 unidades,  grande quantidade já foi costurada e repassada à Secretaria de Saúde para que as agentes comunitárias façam a distribuição. A Secretaria de Desenvolvimento e Setor do Bolsa Família estão confeccionando mais máscaras. Essas últimas serão distribuídas para usuários da assistência.”, relata a secretária Cristiane.

A Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que a entrega das máscaras produzidas pelas costureiras foi realizada através das Agentes Comunitárias de Saúde na praça, nas filas de bancos e lotérica do município, onde também prestaram orientações sobre o uso correto da máscara e para que sejam evitadas aglomerações.

Além disso, a Secretaria de Desenvolvimento Social distribuiu mais de 500 cestas básicas desde março, com itens comprados pela própria secretaria e também com a colaboração das entidades como Rotary Club, Lions Clube, Lojas Maçônicas e doações da população que doou alimentos nos supermercados da cidade por meio de uma campanha da Secretaria de Desenvolvimento Social. “Aproximadamente 500 famílias receberam esta ajuda, famílias que estavam passando por alguma vulnerabilidade. As 500 cestas resultaram em aproximadamente 5.000 kg de alimentos”, ressalta Cristiane. A Defesa Civil do Estado doou 30 cestas básicas para São Pedro do Sul, embora o município tivesse solicitado um número maior.

A secretaria continua trabalhando nesta ação, pois algumas famílias ainda estão solicitando ajuda. No entanto, a demanda está menor, já que as famílias estão em sua grande maioria recebendo o auxílio dos 600 reais que ajudou muitas pessoas em situação de vulnerabilidade.

 O Boletim é atualizado todos os dias automaticamente pelo sistema da Secretaria de Saúde com informações alimentadas pela equipe epidemiológica do município, e é divulgado na página do Facebook da Prefeitura de São Pedro do Sul aproximadamente três vezes na semana.

 

Esta  reportagem integra o Projeto Experimental em Jornalismo que busca aproximar a informação científica da comunidade de São Pedro do Sul, a fim de combater a desinformação e as Fake News por meio da produção de conteúdo com base científica, produzido pela acadêmica Lilian Streb sob orientação da professora Carla Torres.

Imagem de Olga Lionart /Pixabay