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Equipe de reciclagem da ARPS recebe homenagem na Unifra

A data de 4 de maio de 2016 vai ficar na memória das componentes da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS. Neste dia, nove mulheres trabalhadoras  e um homem trabalhador em reciclagem foram acolhidos na  Unifra e receberam

A 3 ª edição do Underground do curso de Design de Moda da Universidade Franciscana, ocorreu na noite de ontem, 27, às 19h no estacionamento do prédio 15, no conjunto III da UFN. Teve como tema este ano a “Desconstrução do estereótipo feminino” no intuito de incentivar os acadêmicos a escolherem uma quebra de padrões impostos pela sociedade às mulheres. 

Acadêmicos do curso de Design de Moda e suas criações. Imagem: Juliano Mendes

 A professora do curso de Design de Moda, Caroline Brum, conta que é muito importante que os alunos aprendam a organizar um evento deste porte, “isso vai fazer parte da vida deles, pois muitos já tem sua marca própria. Toda a estrutura que damos para eles, a organização que fazemos é uma estrutura de vida real, de como podem fazer quando tiverem uma oportunidade de replicar”.

 A maior parte dos designers estão no 3º semestre e a disciplina que organizou é  do 5º semestre. A produção tem o intuito de estimular uma integração entre os mais novos com os mais experientes. Natalia Krum participou como produtora, designer e modelo e teve como inspiração: “Colocar a mulher no espaço dominado por homens,  a minha roupa foi inspirada em mulheres no automobilismo”. A parte em que mais sentiu dificuldade foi na modelagem experimental, pois é cheia de recortes, além da produção. Para ela, exercer tantas funções em um evento como esse envolve muita adrenalina, “mas causa uma sensação muito boa de ver os meus colegas, as pessoas que eu gosto sendo criativas e colocando as ideias delas em prática”. “Pra mim talvez a parte mais fácil tenha sido modelar porque é a parte mais livre para criar do meu jeito”, conta Natalia.

Natalia Krum vestindo sua criação. Imagem: Caroline Freitas

O designer Ewdwardz teve como inspiração buscar a feminilidade onde a sociedade não vê, a transformação, ” tive muita inspiração de pessoas não binárias e de pessoas transexuais e das vivências delas. A asa representa transformação, é como um casulo, é a pessoa trans passando pelo portão da transição. Isso representa toda essa desconstrução, de que a feminilidade não se encontra só em corpos femininos mas também em uma gama de corpos plurais”. Para ele, a experiência de fazer parte do desfile é boa e agrega muito em sua vida profissional.

Hercules Hendges desfilando a criação de Ewdwardz. Imagem: Patrício Fontoura

A acadêmica Vanessa Maltes conta que: “o que tentei levar em consideração a partir do tema foram  questões minhas. Onde a mulher tem que estar sempre muito preocupada com que roupa ela vai sair de casa e se isso vai afetar a rotina dela. Como por exemplo vestir uma roupa mais curta ela pode  sofrer algum tipo de assédio. Sempre tem aquela pergunta na cabeça cobrir ou mostrar?”. O vestuário também pode ser uma questão política e social. “Não apareceu, mas eu escrevi em caneta alguns adjetivos pejorativos que só são válidos para mulheres. Por exemplo vagabunda, o cara vagabundo é uma pessoa que é encostada que não faz nada, já a mulher vagabunda é uma mulher desqualificada que não presta. Para a mulher os adjetivos sempre  tem uma conotação mais pesada do que para os homens”.

Roupa desenhada pela designer Vanessa Maltes. Imagem: Caroline Freitas

Ela acredita que é necessário dar visibilidade a esse tipo de evento, “tanto é que o desfile foi bastante político, conseguimos expressar tudo que realmente queríamos e tivemos liberdade para isso.  Teve representatividade trans e negra, então acredito que conseguimos quebrar um pouco dos paradigmas”. Destaca também que esse tipo de interação traz muitos ganhos para sua vida acadêmica pois ganha experiência, “na questão pessoal eu entendo que as pessoas aceitam essas diferenças, estamos sempre em uma bolha onde achamos que vamos ser julgados e questionados.  Muitas vezes falta  dar a cara a tapa para tornar comum para todo mundo as diferenças”. O mais importante é que ela consegue mostrar o seu trabalho, “o que eu vim fazer aqui é roupa, não tenho plano B. É isso que eu quero para a minha vida”.

Colaboração: Luiza Silveira

A data de 4 de maio de 2016 vai ficar na memória das componentes da Associação de Recicladores do Pôr do Sol – ARPS. Neste dia, nove mulheres trabalhadoras  e um homem trabalhador em reciclagem foram acolhidos na  Unifra e receberam homenagens pelo seu trabalho num ato simbólico marcando as comemorações do dia das mães, que será no próximo domingo, 8. Foram realizadas três atividades comemorativas no conjunto 3 do Centro Universitário Franciscano.

Roda Interativa

O primeiro momento ocorreu às 16h, no Salão Acústico do prédio 14. Com o tema: “compartilhando vivências”, uma roda interativa foi composta por depoimento dos estudantes que participam do projeto Educação Popular em Saúde por Meio de Práticas Socialmente Empreendedoras. A Irmã Dirce Stein Backes iniciou as atividades com uma fala que enfatizou  a importância e o significado que todas as pessoas têm, e agradeceu às recicladoras pelo ato de cuidado com o meio ambiente.

Estudante Leonardo Guerra. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória
Estudante Leonardo Guerra. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória

Ao todo, seis acadêmicos – Amanda Weisseimer, Leonardo Guerra, Clóvis Felden, Renata Rodrigues, Luíze Basso e Fernanda Copetti – homenagearam e parabenizaram o grupo ARPS. O estudante Leonardo Guerra evidenciou a importância do trabalho exercido pelas recicladoras. ” A atuação de vocês é nobre, pois prepara o planeta para as próximas gerações. Desejo que o trabalho siga com excelência”, declarou.

Ao final, Ana Nara Medianeira, coordenadora da associação, e  Roselaine Nunes dos Santos encerraram a roda interativa com emoção. “O nosso trabalho é muito importante, é feito de coração.

Ana Nara Medianeira e Roselaine Nunes. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória
Ana Nara Medianeira e Roselaine Nunes. Foto: Vanessa Alves. Laboratório de Fotografia e Memória

Muito obrigada a todos. Desejo força e coragem, porque garra nós temos”, concluiu Roselaine.

Conforme a Irmã Dirce Stein Backes este tipo de trabalho é importante para os dois grupos. “Se podemos resumir a uma palavra, esta é: transformação, para os alunos e para a associação. As meninas conseguem perceber o sentido que têm no coração da sua comunidade; e para os alunos conseguimos traduzir, por meio da emoção, o que não passamos pela teoria”, finalizou .

Recicle-se

Às 18h30, um momento cultural e um desfile encerraram o dia de surpresas para a ARPS. No hall do prédio 15 – conjunto 3 – uma apresentação sobre meio ambiente convidou os expectadores a reflexão sobre o impacto do lixo no meio ambiente, e a importância e o papel da reciclagem na sociedade.

geral desfile
Apresentação das peças criadas pelo projeto Luxo do Lixo. Foto: Pedro Gabriel. Laboratório de Fotografia e Memória

Um desfile organizado pelos alunos e professores de Tecnologia em Design de Moda, apresentou peças com o tema paz e amor. Segundo a coordenadora do curso, Maria da Graça Lisboa, o papel da moda neste projeto foi dar apoio e promover o resgate da cidadania do grupo. “Praticamos uma educação humanizada, um olhar para o outro, exercendo a tolerância e o acolhimento”, relatou Maria da Graça sobre a importância deste ato para os alunos. Outro destaque feito pela coordenadora foi o trabalho realizado neste projeto em específico. “Transformamos materiais recicláveis, por meio do reaproveitamento. E ainda iremos capacitar duas recicladoras que já demonstraram interesse pela costura”, explicou.

Imagens do projeto Luxo do Lixo também foram apresentadas. Desenvolvido há quatro anos, a campanha aconteceu em várias etapas: os alunos passaram pela experiência de coletar, separar, higienizar e transformar os materiais em roupas. O intuito era chamar a atenção da população sobre o tema sustentabilidade.

Sione Gomes, coordenadora do curso de Jornalismo, explica que os alunos da disciplina de Extensão Comunitária estão produzindo um documentário sobre mulheres recicladoras. Além disso, desde o ano de 2015, o curso oferece a disciplina de Jornalismo Ambiental. “Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo no meio ambiente. Sabemos que o que fizemos é apenas uma parte, mas que já contribuí. Hoje, as meninas saem daqui com uma autoestima mais elevada”, expõe Sione.

O evento – roda interativa, celebração eucarística e desfile – foi uma realização do curso de Enfermagem – responsável pelo projeto – e teve a colaboração dos cursos de Jornalismo e de Tecnologia em Design de moda. O dia de surpresa que iniciou às 10h, surpreendeu, alegrou e emocionou, principalmente, as integrantes da associação. “Hoje foi uma data especial, de princesa. Aprendia a cada dia, com todos. É emocionante”, declarou Ana Nara Medianeira.

Clique para ver quem são as pessoas que integram a Associação de Recicladores do Pôr do Sol, fotografadas por Roger Haeffner, do Laboratório de Fotografia e Memória do curso de Jornalismo.