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DIU

Mulheres apostam em métodos contraceptivos não-hormonais

Em meio a muitas informações sobre pílulas anticoncepcionais, mulheres buscam novas opções e alternativas de métodos contraceptivos a fim de diminuir a dosagem dos remédios hormonais. Esses métodos podem ser classificados como naturais, de barreira, mecânicos

Contraceptivos: a pílula nem sempre é a melhor solução. Foto: arquivo

Em meio a muitas informações sobre pílulas anticoncepcionais, mulheres buscam novas opções e alternativas de métodos contraceptivos a fim de diminuir a dosagem dos remédios hormonais. Esses métodos podem ser classificados como naturais, de barreira, mecânicos ou, ainda, definitivos.

A busca pela informação

Apesar de ser o ideal a busca por um médico que recomendará o melhor método contraceptivo a ser utilizado, a concorrência na busca pela informação se dá através das redes sociais. É o caso de 129 mil mulheres, membros de um grupo no Facebook, que compartilham relatos e experiências sobre a contracepção não-hormonal. Muitas delas pedem dicas e aconselham aquelas que desejam abolir a pílula anticoncepcional da rotina. Entre elas está a empresária Marina Resende, 26, que parou de tomar a pílula em 2014, após o término do relacionamento com o ex-namorado, depois de utilizá-la por dois anos.  “Já estava louca prá parar. Nunca achei certo tomar remédio todos os dias durante tanto tempo”, comenta Marina.
De acordo com ela, resgatar um ciclo completo e natural foi uma das causas que a influenciaram na decisão de parar com a medicação. Para prevenir a gravidez, ela utiliza camisinha, coito interrompido e faz a tabelinha.  Marina conta que busca auxílio em um aplicativo de celular, que permite controlar o tempo do ciclo menstrual. Para ela, é importante que a mulher entenda os sinais do próprio corpo. “Meu ciclo atual é perfeito. Sei exatamente o dia em que vai descer a menstruação”, afirma.
A ginecologista e obstetra, Larissa Nunes, explica que a tabelinha é um método comportamental. Esse método visa a abstinência sexual durante o período fértil, ou seja, a fase onde a mulher está mais propensa a engravidar por conta da ovulação. Conforme a ginecologista, é necessário que a mulher conheça o seu ciclo menstrual antes de testar o método.

Consultar um ginecologista é o ideal

Segundo a ginecologista, o maior benefício na decisão de parar com o medicamento é a manutenção da fisiologia natural do corpo. “Isso permite que as funções hormonais sigam o curso natural”, comenta a médica Larissa Nunes. De acordo com a especialista, a pausa no anticoncepcional reduz efeitos colaterais como a alteração do libido, náuseas, varizes, e até os mais graves, como a trombose.
A engenheira ambiental, Regina Celia Grigolon, 30, decidiu parar com a pílula há cerca de seis meses, após 15 anos de uso contínuo. “Minha irmã teve problemas de varizes, então fui pesquisar sobre a influência dos anticoncepcionais e vi o risco que havia”, diz. Regina conta que recebeu o auxílio do ginecologista durante todo o processo e, por fim, decidiu colocar o DIU.
Com pouco efeitos colaterais, a principal vantagem do DIU é ser um método de longa duração”, esclarece a médica. Conforme a ginecologista, o DIU dura de 5 a 10 anos e está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em quase todos os municípios do Brasil. “A decisão de parar o uso deve ser ponderada com seu ginecologista, buscando outro tratamento”, esclarece Larissa.

Falta ou aumento no desejo sexual?

PUC-Campinas. Gráfico baseado na pesquisa publicada no British Medical Journal. (Crédito: Ana Paula Perez)

Entre os efeitos colaterais citados pelas mulheres que utilizam o anticoncepcional está o aumento ou diminuição do libido sexual. Diversos estudos analisam uma mudança no desejo sexual das mulheres durante o uso da medicação. Porém, os resultados são conflitantes. Algumas pesquisas constatam que o anticoncepcional pode dificultar na lubrificação da mulher durante o ato sexual.
Regina menciona que percebe um aumento no libido durante o mês, exceto nos três dias, que antecedem a menstruação. Já Marina comenta que não notou nenhum aumento ou diminuição no desejo sexual.
De acordo com uma pesquisa publicada na Revista Brasileira de Medicina, em 2012, a relação entre os medicamentos e o comportamento sexual não está completamente esclarecida. Entretanto, o estudo analisa que os contraceptivos hormonais aumentam a satisfação sexual em 47% das mulheres.

A camisinha ainda é o método mais seguro
Os chamados métodos de barreiras são considerados os mais seguros, pois além de prevenir uma gravidez indesejada, também protegem contra doenças sexualmente transmissíveis (DST). É o exemplo da preservativo masculino e feminino. Conforme a ginecologista, o número de gestações durante a utilização do método, a cada 100 mulheres é de 2 a 3.
Outro método de barreira popular é o diafragma. Ele consiste em uma estrutura de látex colocada duas horas antes da relação sexual. Durante a consulta médica é realizada uma medida do tamanho adequado para cada mulher. Conforme especialistas, o diafragma é recomendado tanto para mulher com filhos, quanto sem filhos.
“O ideal é que as mulheres se sintam confortáveis, pois ele demanda de boa motivação por parte do paciente”, comenta a ginecologista.
Entre os métodos definitivos está a Ligadura de Trompas ou Laqueadura, que consiste em uma cirurgia de esterilização. Segundo a Lei do Planejamento Familiar, somente mulheres com mais de 25 anos e pelo menos dois filhos vivos, ou com risco de vida para mulher ou para o futuro bebê podem utilizar esse método.

Renata Teixeira para a disciplina de Jornalismo Científico