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eleições 2018

Elas sim, ele não: a revolução das mulheres nas ruas

No último sábado, 29 de setembro, o movimento de “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” tomou as ruas para mostrar a potência da organização feminina. Depois sofrer ataques cibernéticos, agressão e tentativa de silenciamento por parte da oposição, os protestos

As eleições de 2018 na opinião dos santa-marienses

O cenário político que se apresenta é controverso e, pode-se dizer, um tanto violento. Faltam poucos dias para as eleições de 2018, e  o Brasil se tornou um campo de hostilidade, disseminação de ódio e preconceitos de todos

Pesquisas eleitorais 2018: como acontecem?

Todos conhecem as pesquisas que são informadas pelos veículos de comunicação. Mas você já se perguntou de que maneira as pesquisas chegam a estes números, quantas pessoas foram entrevistadas para isso, e quais critérios levados em

Concentração tomou conta da Avenida Rio Branco em Santa Maria.

No último sábado, 29 de setembro, o movimento de “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” tomou as ruas para mostrar a potência da organização feminina. Depois sofrer ataques cibernéticos, agressão e tentativa de silenciamento por parte da oposição, os protestos mostraram que não há como calar a voz das quase 3 milhões de mulheres, organizadas em um grupo no Facebook. Elas (nós) foram para a rua e não estavam sozinhas. Mulheres e homens, cis gêneros e transgêneros. Idosos, adultos, jovens, crianças e bebês, alguns ainda dentro da barriga. Pessoas das mais diferentes etnias, orientação sexual, crenças, partidos políticos e classe social. Uma pluralidade de vidas, histórias e seres que ultrapassa qualquer estereótipo criado na tentativa de deslegitimar a luta.

Foram centenas de milhares de pessoas reunidas em atos por todo o Brasil e no exterior.  Das grandes as pequenas cidades. De Erechim a Paraty, Frankfurt à Balneário Camboriú, Ilhéus a São Paulo. Segundo a Mídia Ninja, que organizou uma rede de cobertura colaborativa, as manifestações foram realizadas em mais de 250 cidades, 27 estados e dezenas de países.

O calor forte do sábado não dispersou a multidão. Fotos: Daniel Z. Guterres ( cedidas)

Em Santa Maria não poderia ter sido diferente. A organização estima que 7 mil pessoas participaram do ato que teve concentração de três horas na Praça Saldanha Marinho, região central da cidade, e seguiu em marcha por algumas das principais ruas do entorno. Ao som do Bloco TPM, sigla de Te Permite Mulher, os manifestantes seguiram por mais de uma hora pedindo #EleNão, hashtag que ganhou e deu força ao movimento.

Em meio à multidão, muitos comparavam a força do ato às Jornadas de Junho de 2013. O dia 29 de setembro tornou-se um dia histórico que representa a força das mulheres, considerando que o movimento se organizou a partir da mobilização feminina nas redes sociais. Mas os protestos estão longe de representar um desfecho. Não há desenlace para movimentos sociais, há somente a renovação das lutas e resistência pela permanência de direitos. Enquanto todas as pessoas não tiverem suas vidas respeitas e garantidas, a luta continua. E para nós, mulheres, a vigilância é cotidiana e persistirá, como tem sido ao longo da história.

Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilantes durante toda a sua vida”, Simone de Beauvoir.

O cenário político que se apresenta é controverso e, pode-se dizer, um tanto violento. Faltam poucos dias para as eleições de 2018, e  o Brasil se tornou um campo de hostilidade, disseminação de ódio e preconceitos de todos os lados. Para entender melhor esse cenário, a equipe da ACS foi às ruas buscar  a opinião popular acerca deste momento que gera discussões, desentendimentos e até aversão à política.

Thieser Farias, estudante de direito. Fotos: Thayane Rodrigues/LABFEM.

“Tenho mais medo da política atual brasileira do que quando eu assisto a um filme de terror”, afirma Thieser Farias de 24 anos, estudante de direito. Farias diz ver um cenário polarizado e desolador, de extremo radicalismo, onde há uma esquerda corrupta, segundo ele, com um “”discurso fraco e incoerente” e, do outro lado, a direita que quer resolver os problemas do Brasil na “bala”.  Thieser pensa que o centro e a moderação são o caminho para resolver os problemas do país, como a saúde, educação  segurança.

Diego Miranda, artesão.

O artesão Diego Miranda de 30 anos, diz estar preocupado com o que virá, pois há uma guerra entre as posições políticas de direita e esquerda. Miranda afirma estar pesquisando há tempos seus candidatos para saber quais são suas propostas. Acredita que as pessoas precisam  ter consciência e buscar se informar sobreelas, porque essas eleições vão mudar muitas coisas e fazer a diferença.

Stephanie Rocha, estudante.

A estudante Sthephanie Rocha de 18 anos, pensa diferente. Ela acha que poucas pessoas são representativas e que, quando o fazem, fazem mal. ” Mostram uma sociedade muito preconceituosa em todos os sentidos, racista, homofóbica, o que a maior parte é”, diz. A estudante afirma que isso lhe dá medo e raiva, pois não vê pautas importantes sendo representadas, como a saúde e segurança.

Já Indiara Nogueira, vendedora autônoma de 40 anos, tem o seu candidato definido e afirma não confiar no IBOPE. Indiara pensa que a situação no país está complicada, que precisa de algo novo e  de mudanças radicais, pois é mãe e diz não saber o que esperar para o futuro quando pensa na questão da violência e da situação financeira. “Eu voto pela mudança mesmo, por um cara novo. Se ele fizer alguma coisa boa, parabéns, vamos viver bem. Se continuar a mesma coisa, a gente vai ter que batalhar por algo melhor”, finaliza.

Helen Maciel, aposentada.

Aposentada, Helen Maciel, 70 anos,  tem muita expectativa sobre as eleições e acredita que as coisas possam mudar. Para ela  isso depende de cada um, principalmente da juventude que é a esperança para os idosos, diz. Sobre a violência que Helen percebe no Brasil hoje, afirma ser a falta da educação e opções para os jovens, afetados também pelo desemprego. “As pessoas querem demonstrar a indignação, então fazem esses ataques, vão para o rumo errado”.

Gabriel Pizarro, estudante de direito.

O cenário do Brasil é indescritível, ressalta Gabriel Pizarro, estudante de direito. Ele conta que na política hoje há muitas propostas, mas que a maioria não são cumpridas, e que os candidatos se aproveitam da ignorância da população para se elegerem. Também afirma que falta imparcialidade, e percebe que realmente não há em quem votar.

Todos conhecem as pesquisas que são informadas pelos veículos de comunicação. Mas você já se perguntou de que maneira as pesquisas chegam a estes números, quantas pessoas foram entrevistadas para isso, e quais critérios levados em consideração para a entrevista dessas pessoas?  Para entendermos essa medição, utilizamos dados do IBOPE, órgão responsável pela realização das pesquisas eleitorais.

Como são feitas essas pesquisas?

É importante saber que as pesquisas eleitorais não são feitas somente no período das eleições. De tempos em tempos, são feitas pesquisas sobre a popularidade de candidatos e partidos. No período eleitoral essas avaliações são mais frequentes.

As pesquisas ajudam aos partidos políticos a avaliarem o desempenho das suas campanhas e auxiliam o eleitor a analisar as chances de seu candidato vencer nas eleições. Diferente de um censo, onde toda uma população é ouvida, as pesquisas eleitorais são realizadas levando em conta uma amostragem, isto é, um grupo de pessoas que representará toda a população.

As pessoas escolhidas para compor esse grupo são selecionadas levando em conta características que representam o conjunto de todos os eleitores. Estas características podem ser idade, gênero, escolaridade, distribuição de renda, entre muitos outros. A localidade costuma ser um fator muito importante. Não existe um número exato de pessoas entrevistadas.

O perfil dos eleitores que responderam à pesquisa é selecionado a partir de um banco de dados. As principais fontes utilizadas para essa coleta são o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Justiça Eleitoral.

Margem de Erro

Ainda que as pesquisas sejam feitas com vários critérios, dados confiáveis e a supervisão de um estatístico, elas não se baseiam em valores absolutos, mas, sim, em estimativas. Além disso, a validade dessas pesquisas depende da opinião pública, que varia constantemente.

A margem de erro é o índice que determina a estimativa máxima de erro que o resultado de uma pesquisa pode ter. Ela também determina quantas pessoas deverão ser entrevistadas. Quanto mais pessoas forem ouvidas, menos a margem de erro. A única maneira de uma pesquisa não apresentar margem de erro é com a realização de um censo, em que toda a população seja entrevistada.

Eleições 2018

Para as eleições de 2018, as pesquisas de intenção de voto para presidente  tem evidenciado as oscilações contextuais da conjuntura brasileira. Nos dias 17 e 19 de agosto de 2018 foi realizada a última pesquisa eleitoral antes do fim do prazo para a candidatura oficial.  A margem de erro estimada pelo IBOPE é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. Para isso, foram entrevistados 2.002 votantes. O nível de confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95% de os resultados retratarem o atual momento eleitoral.  A pesquisa foi realizada apresentando dois cenários diferentes. Um, se o ex Presidente Luís Inácio Lula da Silva, do PT, pudesse concorrer oficialmente à presidência e, outro, em que Fernando Haddad aparecia como opção do partido.

No cenário com Lula, ele estava à frente das pesquisas com 37%, seguido por Jair Bolsonaro com 18%. Já, no cenário com Haddad, quem lidera as pesquisas é Jair Bolsonaro com 20%, seguido por Marina Silva com 12% das intenções de voto.

Fonte: Dados Ibope
Fonte: Dados Ibope

E, em outro cenário, os entrevistados foram questionados apenas em quem pretendiam votar, sem serem apresentados a nomes de candidatos; essa é a chamada Pesquisa Espontânea. Nessa pesquisa, Lula lidera com 28%, seguido por Bolsonaro com 15% das intenções de voto.

 

Pesquisas recentes

Fonte: Dados Ibope

Uma pesquisa recente feita durante os dias 08 e 10 de setembro revelou que Jair Bolsonaro cresce 4 pontos percentuais e vai a 26% das intenções voto. Ciro Gomes oscila e tem 11%. A candidata Marina Silva oscila negativamente para 9%. Geraldo Alckmin tem 9%, Fernando Haddad oscila dentro da margem de erro da pesquisa e atinge 13% das intenções de voto.

Estes quatro candidatos aparecem tecnicamente empatados considerando a margem de erro. Os demais candidatos, variam de 0% até 3% das intenções de voto. Intenções de voto em branco ou nulo caíram e agora oscilam para 19%. Aqueles que não sabem ou não respondem se mantêm em 7%.

 

Reportagem  da acadêmica Gabriele Braga produzida para a Disciplina de Jornalismo Investigativo, durante o segundo semestre de 2018, sob orientação da professora Carla Torres.