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As oficinas inovadoras da Mostra das Profissões

A Mostra das Profissões UFN disponibiliza oficinas de 12 cursos da instituição em 4 diferentes períodos do dia em que os alunos visitantes são capazes de experimentar na prática a área que pretendem cursar no ensino

O que conhecer da UFN durante a 7ª Mostra das Profissões

A Universidade Franciscana oferece nove cursos na área da saúde. Confira o que pode ser encontrado sobre eles na 7ª Mostra das Profissões. Medicina A coordenadora do curso de medicina Leris Haeffner, explica o que estão

O que há por trás da receita médica?

“A receita era sempre a mesma. Predsin, Ibuprofeno, Clavulin 500, Awamys e Busonid. Com o tempo já não precisava levar minha filha à consulta, pois já sabia exatamente o que a pediatra receitaria e a dose

Automedicação contamina farmácias de Santa Maria

A automedicação é uma prática muito comum entre os brasileiros. Ao sinal de qualquer sintoma, é comum ir a uma farmácia para resolver dores de cabeça, de garganta, febre ou dor de estômago, muitas vezes com

A Mostra das Profissões UFN disponibiliza oficinas de 12 cursos da instituição em 4 diferentes períodos do dia em que os alunos visitantes são capazes de experimentar na prática a área que pretendem cursar no ensino superior. Durante a oficina de Odontologia, por exemplo, os participantes participam de uma simulação de procedimentos restauradores e em Pedagogia é feita uma apresentação dos recursos tecnológicos na formação de professores.

Segundo Luiza Vitória Bortolotto, 22 anos, estudante do 6º semestre do curso de Psicologia “a quantidade de participantes na oficina foi maior do que o esperado e todos se engajaram na dinâmica proposta”. Em relação às expectativas dos alunos, segundo a acadêmica, “alguns alunos vêm para a Mostra com uma área de atuação em mente, entretanto, outros possuem um leque de opções, nesse caso em que se nota a importância das oficinas que apresenta essas opções para os estudantes serem capazes de encontrar a área com a qual mais se identifica”.

Os participantes do curso de Farmácia coordenaram a oficina de Aromaterapia que, segundo a professora Jane Beatriz Linberger “é uma prática integrativa e complementar em saúde que é aprovada para ser utilizada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela pode ser usada para complementar outros modos de tratamentos naturais contra doenças comuns como, por exemplo, o combate a infecções e a melhoria da imunidade. Entretanto, o fato de se tratar de um método natural, não significa que não há efeitos adversos, esses óleos também podem causar problemas se mal utilizados, por isso a importância da nossa orientação”. Em relação a participação dos estudantes, a professora ressalta o entusiasmo dos participantes e o grande fluxo de alunos que tem comparecido à oficina.

Estudantes participando da oficina de Aromaterapia. Imagem: Luiza Silveira.

A estudante do 3º ano do ensino médio, Kauany Unfer, 18 anos, que participou das atividades referentes à Aromaterapia, ressaltou as diversas áreas que o curso de Farmácia proporciona: “Durante o ensino médio, nós não temos muita noção em relação às áreas seguida no período da faculdade. Essas oficinas são muito reveladoras para nós”. Apesar de visar o ingresso em Relações Internacionais, a estudante abordou a importância do aprendizado que se adquire durante os 10 semestres. Kauany acredita “se tratar de algo muito importante por ter relação com a saúde das pessoas. Principalmente no período da pandemia, o papel daqueles que atuam na saúde se provou essencial. É importante a universidade trazer isso para os estudantes conhecerem suas opções para atuar futuramente”.

A Universidade Franciscana oferece nove cursos na área da saúde. Confira o que pode ser encontrado sobre eles na 7ª Mostra das Profissões.

Medicina

Ana Luiza Endo, estudante de medicina, recebe os visitantes. Fotos: Mariana Olhaberriet/LABFEM

A coordenadora do curso de medicina Leris Haeffner, explica o que estão trazendo para a mostra das profissões deste sábado, 01. Desde o funcionamento e estrutura do curso e como os alunos estudam medicina, e particularmente as atividades que são feitas para o estudo da anatomia humana. Já a aluna do 4º semestre do curso Ana Luiza Endo, de 21 anos nos conta quais são as dúvidas que o público que almeja o curso traz para eles, ”a maioria está querendo saber o que a gente faz, como funciona o curso, porque dentro de uma faculdade eles não tem noção do que acontece, a maioria só quer saber como é realmente o curso” diz Ana. Ela ainda fala que eles têm a vontade de saber quando que vão entrar em contato com os pacientes, o hospital e também as matérias que o curso oferece.

Farmácia

Camila Franco, coordenadora do curso de Farmácia da UFN

A Farmácia oferece aos participantes para as visitas de laboratório da Mostra das Profissões da UFN, placas de microbiologia de alimentos e de medicamentos com as bactérias, conta a coordenadora do curso Camila Franco. Também há três microscópios a disposição dos visitantes para que eles possam observar como são feitas as análises das amostras de sangue, de tecidos e de doenças. No saguão, há a exposição de  produtos da parte cosmética, dermatológica, e dando aos visitantes a oportunidade de preparar seus próprios sais de banho.

Terapia Ocupacional

Milla Mattos, do curso de Terapia Ocupacional da UFN

A Terapia Ocupacional, explica a estagiária Milla Mattos, “ é um campo que trabalha com a funcionalidade do indivíduo”. Ela atua na reabilitação do paciente, devolvendo suas funções. Para os visitantes há duas órteses para a explicação de como os alunos do curso a confeccionam. Ela é usada na decorrência de alguns traumas, como pós-AVC, paralisia cerebral quando o paciente perde o movimento de um dos membros e, também, a disponibilidade dos participantes visitarem os laboratórios de prática.

Psicologia

Alunos atentos às explicações da professora Fernanda Dotto.

Fernanda Real Dotto, professora do curso de Psicologia, conduz os alunos para o laboratório onde são realizados testes e consultas feitos pelos estagiários dos curso. Tais atividades são supervisionadas pelos professores com a autorização dos pacientes. Para demonstrar melhor como acontece, alunos do curso simulam uma consulta, enquanto a professora explica como funciona os atendimentos, do o infantil até o adulto. “O curso em si oferece várias oportunidades para entender o que um psicológico faz”, diz Fernanda. Ela explica que há outras áreas em que um psicólogo pode atuar além da parte clínica. A atividade vai além da relação psicólogo-paciente, pode ser feita em grupos, com a família, em empresas.

A aluna do colégio Tiradentes da Brigada Militar, Luíza Loy, de 17 anos, conta que achou “legal” a oportunidade para quem ainda está indeciso. “Eu vim mais para conhecer, e abranger bastante coisa, pois eu ainda estou bem indecisa” diz Luíza. E acha que é esclarecedor saber saber o que cada curso faz, e “tirar os estigmas” que os estudantes têm.

Enfermagem

Carla Lizandra, coordenadora do curso de Enfermagem da UFN

“Nós queremos sensibilizar a população, principalmente para a questão da enfermagem”, diz a coordenadora do curso, Carla Lizandra de Lima Ferreira. Segundo ela, o  curso de enfermagem está se transformando e os enfermeiros são mais do que as pessoas enxergam. “Eles cuidam em todos os ciclos vitais, do desenvolvimento da criança até o idoso, em vários cenários como na unidade básica de saúde, na estratégia de saúde da família, na área hospitalar”, afirma a coordenadora. Também estão atuando como empreendedores. Carla dá o exemplo de alunas de residência que depois fizeram o mestrado e hoje estão abrindo empresas de atendimento. Para ela, o aluno que já possui a vontade de fazer enfermagem tem a curiosidade de conhecer os laboratórios “para se aproximar da realidade que é cuidar de um ser humano”, conclui.

 

Odontologia

Tatiana Militz Perrone, professora do curso de Odontologia, recebeu os estudantes e falou sobre o funcionamento do curso, o número de semestres e  quando são iniciadas as aulas práticas.  A professora apresentou os laboratórios de práticas clínicas, local onde os estudantes realizam os atendimentos com os pacientes. O interesse dos alunos é sobre o início dos atendimentos. Segundo Tatiana, essa atividades já começam no 1º semestre, com algumas atividades como orientações, por exemplo, a influência do fumo na cavidade oral. “O crescimento é gradual e tudo é um embasamento. É necessário para que eles consigam entender a parte prática que irão desenvolver futuramente e conseguir envolver a teoria com a prática”, finaliza.

Fisioterapia

Acadêmicas do curso de Fisioterapia na 7ª Mostra das Profissões. Foto: Juliana Gonçalves/ LABFEM

Tiago Nardi, professor do curso de Fisioterapia,  explica para os alunos visitantes  os campos que eles poderão atuar na profissão. Nardi explicou também as situações que os futuros profissionais irão enfrentar dentro de cada área, como por exemplo, em UTIs, emergência hospitalar, com neonatos e atletas. O professor falou sobre o salário de um fisioterapeuta que é concursado, ou que atende em consultório ou domiciliar. Segundo Nardi os alunos que procuram por estabilidade e satisfação profissional têm essa dúvida. Ele esclareceu que “em termos de satisfação profissional a fisioterapia está entre as 10 profissões onde o profissional é o mais satisfeito”. Outra dúvida dos estudantes é os conhecimentos do curso de Fisioterapia, que segundo Tiago exige conhecimentos de diversas áreas como, fisiologia, anatomia, semiologia e biomecânica, concluiu.

Nutrição

Verifique as novidades que o curso de Nutrição trouxe para Mostra das Profissões.

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Alunos do curso de Farmácia contam aos estudantes sobre as práticas da graduação. Fotos: Bruna Santos de Oliveira/Lab. Fotografia e Memória

O estande da Farmácia está cheiroso. Tudo para trazer a proposta do novo currículo do curso, que será implementado no próximo ano. As novidades desse novo currículo são a produção de medicamentos, cosméticos, alimentos, toda a parte de controle de qualidade, a questão da toxicologia e da perícia criminal. “Estamos trazendo novidades para o curso a fim de formar um farmacêutico realmente apto a atuar nas 72 áreas de atuação da farmácia” salienta a professora Jane Limberger.

À respeito das vantagens do curso, a professora ressalta as duas mais importantes: o mercado de trabalho que é muito amplo. “Não existe farmacêutico desempregado. Se ele quiser trabalhar, vai ter emprego”, observa a professora. E há, também, a satisfação pessoal de cursar farmácia e poder trabalhar na área da saúde, ajudando alguém que precisa tomar um medicamento, auxiliando na utilização adequada do mesmo.

Já o estande da Biomedicina convida à todos os interessados para visitarem e vivenciarem na prática os atrativos do curso em seus laboratórios, localizados no conjunto I.  As visitas ocorrem à tarde, a partir das 14h.

Estande do curso de Biomedicina.
Estande do curso de Biomedicina.

A professora Ana Paula Becker conta que o curso é baseado no diagnóstico de doenças: “o que a gente tem mais de ponta é a biologia molecular. Estamos um passo à frente das outras instituições nesse quesito, porque vai ser uma novidade daqui há alguns anos e o nosso curso já está oferecendo como forma de estágio. Isso se torna um diferencial nosso: preparar o profissional para o que o mercado será daqui 4 ou 5 anos ”, afirma a professora.

Dentre as vantagens, a Biomedicina é outro curso que oferece grandes possibilidades de trabalho – ao todo são 36 habilitações.  Além disso,  “na UNIFRA, o aluno não sai com uma habilitação, e sim com duas. Normalmente um curso prático habilita em apenas uma área, mas a gente consegue oferecer duas por meio de dois estágios finais, além de tu poder seguir por qualquer uma das outras no futuro” observa a professora Ana.

“A receita era sempre a mesma. Predsin, Ibuprofeno, Clavulin 500, Awamys e Busonid. Com o tempo já não precisava levar minha filha à consulta, pois já sabia exatamente o que a pediatra receitaria e a dose do remédio a administrar nela”, conta a professora Joana*, mãe de Alice* de 14 anos. A professora relata que já estava desanimada porque o tempo entre as doses de antibióticos que administrava na filha eram muito curtos até que, ao conversar com outras mães, constatou que passavam pela mesma situação. “Eram sacolas de remédios caros a cada consulta. O pior é que as crianças nunca melhoravam. Tinham de tomar antialérgicos por 6 meses seguidos, além dos antibióticos e corticoides”, desabafa.

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Com receita em mãos, vale a pena pesquisar e comparar preços. (Foto: Francine Antunes/Laboratório de Fotografia e Memória)

Numa tarde, na sala de espera para consulta, ouviu uma conversa entre duas mães entusiasmadíssimas por estarem no consultório de uma das melhores pneumopediatras da América do Sul, premiada por um determinado laboratório. Naquele instante, Joana ficou desconfiada do vínculo entre a médica e o laboratório e resolveu adotar outro método para o tratamento da filha. “Na época, minha filha tinha 6 anos e já estava diagnosticada como asmática e dependente da “bombinha” por muito tempo. Resolvi colocá-la na natação, mudar hábitos alimentares e tirar tapetes, cortinas, bichos de pelúcia, perfumes e qualquer outra coisa que desencadeasse alergia respiratória nela. Assim, os remédios foram abolidos da nossa lista de compras”, relata.

Não há como afirmar que todos os médicos receitam muito remédio só pelo interesse da premiação do laboratório, mas é evidente que alguns estão empenhados em tratar o sintoma a longo (ou a todo o prazo) do que curar os pacientes. Será que há um controle de situações como essas? Até onde, esta relação entre médicos, representantes e farmácia, em busca de lucros e benefícios, pode ser prejudicial aos pacientes?

Dos representantes de medicamentos

O representante de medicamentos César* diz que a distribuidora de laboratório nada mais é do que uma revendedora dos produtos de uma indústria. Ele explica que a distribuidora compra do laboratório e revende nas farmácias. “Eu chego na farmácia e mostro todo o portfólio da empresa para a qual trabalho, exponho os diversos preços e dou opção entre ético, genérico e similar”, conta. Fialho explica que os representantes de laboratórios são chamados propagandistas que vão até o cliente (médico) apresentam sua linha e oferecem uma espécie de propina para aquele médico receitar a medicação. “No mercado funciona assim: Quando o médico dá uma receita, ele tem que prescrever o nome ético do remédio. Embora exista a possibilidade do genérico, o médico “obriga” o paciente comprar o ético, alegando que só assim o efeito é garantido. Já na farmácia, o vendedor diz que tem que ser “daquele” laboratório. Assim, o paciente gasta R$ 50 em um medicamento que poderia custar bem menos”, declara.

O representante compara a um estelionato o fato do médico dizer ao paciente que ele não pode trocar o remédio ético pelo genérico e afirma que o certo é não trocar o ético por um similar. Ele conta que as pessoas, por serem desinformadas, acabam gastando bem mais. “Neste contexto os médicos recebem cursos, viagem para o exterior, cruzeiros, notebooks, televisões e similares”, afirma.

E o paciente?

“Já fui repreendida por um médico por ter comprado o remédio em outra farmácia e não a que ele indicou”, conta a telefonista Vanessa Nunes. Ela, que faz uso de medicação contínua para esclerose múltipla e acompanha um tumor, diz que se acha vítima desse sistema. “Às vezes me ligam do laboratório para saber quem me receitou o remédio. Além disso, não me oferecem a opção de genérico”, indigna-se. Como mãe, Vanessa também passa por indignações nesse sistema, o qual ela chama de rede: “Minha filha trata dermatite e a médica diz que não tem cura. Hoje em dia nada tem cura. É remédio e mais remédio. Tudo tem que tratar para sempre, seja um câncer ou uma alergia.” Ela ainda desabafa que acaba comprando os remédios porque nenhuma mãe quer arriscar com a saúde dos filhos.

E as farmácias?

“O controle das farmácias é outra peculiaridade deste mercado. Não podemos esquecer que estamos falando de negócios. Os donos das farmácias são empreendedores”, elucida o representante de medicamento César. Ele explica que, como em todo negócio, a farmácia quer comprar mais barato e vender mais caro. “Neste mercado existe o PMC (Preço Maior ao Consumidor). Se o PMC de um remédio for R$ 20, a farmácia pode doar este medicamento ou vender entre R$ 1 e R$ 20. Então, o que eles fazem? Aproveitam as melhores ofertas, que nós representantes lhes oferecemos, e vendem pelo preço que quiserem”, declara. Fialho afirma, ainda, que nestes casos, muitas vezes impostos são sonegados e taxas são ludibriadas.

“Existem os produtos negociados onde os atendentes ganham uma porcentagem por venderem, mas isso está relacionado com o setor de compras e o laboratório”, conta. Mas a farmacêutica lembra que em algumas farmácias, principalmente as de bairros, a prática de “premiação” por vendas é constante, inclusive, com campanhas internas de vendas em troca de brindes, prêmios e dinheiro. “Tem atendentes que são capazes de enganar o cliente para conseguir fazer a venda do produto”, afirma.A farmacêutica Aline Moraes trabalha há três anos em uma rede de farmácias em Florianópolis (SC), que tem sua matriz em Caxias do Sul (RS).

Ela conta que no seu local de trabalho, a visita do representante é para ver como está o estoque dos produtos, o local em que ele está localizado e explicar a como funcionam novos produtos. Os funcionários são proibidos de receber amostras grátis diretamente dos representantes, mas ela conta que através de um “acerto” com o setor de compras, em alguns momentos é autorizada a realização de coffe breaks, onde é feita a divulgação dos produtos e são distribuídos brindes, como canetas e blocos de notas.

Na rede em que trabalha, Aline conta que não há nenhuma ligação direta com os médicos, mas ela relata que recebem várias receitas com um produto de referência prescritos e carimbado, deixando claro que a troca por outro medicamento não é permitida. “Tem muitos médicos que prescrevem os produtos que os laboratórios fazem propaganda e pagam para eles indicarem. É ruim para o cliente que fica impossibilitado de comprar um medicamente com a mesma substância, porém mais barato”.

Ainda sobre as indicações dos médicos, ela conta que na farmácia em que ela trabalha não é feita cópia da receita nem anotado o nome do profissional que receitou, mas tem conhecimento que em outros estabelecimentos, colegas adotam estas estratégias para facilitar o trabalho do representante. “Daí ele (o representante) pode ver se o médico que ele visita está prescrevendo o medicamento para, assim, retribuir com brindes, viagens e prêmios”, relata Aline.

Para a atendente de farmácia Ana*, a obrigatoriedade da receita do antibiótico nada mais é para controlar a quantidade de vendas de determinado produto. Ela conta que na ocasião dos balanços da farmácia, eles recolhem todas as receitas do mês para ver o que vendeu mais. “Na farmácia quem manda é a marca do laboratório. O que vendeu mais, beneficia a empresa com méritos e até mesmo dinheiro”, conta.

Ana relata que os representantes de laboratórios vão até a farmácia e oferecem benefícios ao gerente que passa para os atendentes a missão de persuadir o cliente a comprar determinada marca. “Tínhamos um mural com as marcas para visualizar os mais vendidos. Além disso, nome por nome dos clientes e dos médicos eram controlados no sistema, com a finalidade de cumprir as metas”, enfatiza. Ela alerta que os grandes beneficiados nisto tudo são os donos dos laboratórios e que os pacientes devem se informar mais.

O pneumologista Airton Schneider Filho nunca ficou condicionado a nenhum laboratório. “Há rumores de que este tipo de abordagem aconteça, mas o máximo que recebi foi convite para jantares de lançamento de medicações”, conta. Segundo o médico, na área dele há um consenso quanto ao receituário. “Recomendamos o remédio conforme nossa experiência de efeitos nos pacientes. O máximo que acontece é, o paciente chegar na farmácia e esta sugerir outra medicação. Isso é ruim. Portanto, tenho o costume de proibir na receita qualquer substituição daquele remédio”, enfatiza.

Schneider afirma ainda que, embora existam interesses comerciais das empresas farmacêuticas, ainda há farmácias sérias que não se submetem ao sistema do lucro acima de tudo. “Sabemos que as farmácias ganham mais com os genéricos, mas nem todas induzem à troca de medicação. Farmácia séria não faz isso”, conclui.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”600px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Como acontece o “negócio”, conforme as palavras do representante:

1º: O propagandista divulga a mercadoria. Sua obrigação é fazer com que o médico receite o seu produto. Neste caso, quanto mais vezes, melhor para o médico.

2º: O médico deve colocar no receituário a marca, o laboratório e enfatizar o uso do ético. Conforme seu ‘desempenho’, pode ganhar viagens e outros prêmios.

3º: A farmácia deve comprar os remédios pelo preço mais barato possível, se quiser ter lucro. Além disso, guarda os receituários para controlar no sistema da empresa o ranking de vendas.

4º: O paciente, que deveria se informar melhor antes de correr para a farmácia, chega com a receita e descobre que não deve comprar o genérico, muito menos o similar.[/dropshadowbox]

Fica a dica:

A maioria das pessoas vai às farmácias em situação de medo, dor ou desespero. Neste caso, não dá tempo para contestar ou pesquisar preços e opções de medicamentos. Vale aproveitar os dias de saúde para se informar a respeito de medicações contínuas, contraindicações e também cuidar melhor da saúde com medidas preventivas, como exercícios físicos e boa alimentação. Além disso, sempre procure um médico ou farmacêutico de sua confiança.

*Nomes fictícios para manter o sigilo das fontes

Por Luisa Neves e Priscila Martini, reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Especializado II.

O Brasil é campeão da automedicação. Genéricos ou de marca, com ou sem prescrição, continuam a ser comprados em farmácias reais ou virtuais. Foto: Válery Monteiro

A automedicação é uma prática muito comum entre os brasileiros. Ao sinal de qualquer sintoma, é comum ir a uma farmácia para resolver dores de cabeça, de garganta, febre ou dor de estômago, muitas vezes com um paliativo, já que sem a indicação correta, estamos suscetíveis a errar.

Analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos são os campeões de procura nas farmácias, “alguns clientes ainda perguntam ao farmacêutico, pedem indicação e informação sobre os medicamentos, mas a maioria já vem com o nome certo do que quer, porque já estão acostumados a tomar sempre”, relata Lauzimar, gerente da farmácia central do Calçadão da cidade.

Os funcionários estão acostumados com clientes que chegam à procura de indicações de medicamentos, “quando são essas coisinhas cotidianas que todo mundo tem, como dor de cabeça ou garganta, a gente indica algum medicamento. Na falta de sabermos o que a pessoa tem, a gente recomenda a visita ao médico, aí perguntamos se é reincidente, se a pessoa tem sempre, a gente tem esse cuidado de perguntar e atender bem o cliente. Se realmente não sabemos como ajudar, como proceder, aconselhamos que a pessoa vá ao médico, porque só ele poderá dizer ao certo o que é e como agir, o que tomar, como e quando tomar”, diz Lauzimar.

Muitas vezes, os farmacêuticos e funcionários são pressionados pelos clientes que desejam comprar medicamentos sem a receita médica, “muitos deles batem o pé e engrossam a voz, mas a gente não vende, não tem jeito”.

Com o objetivo de ampliar o controle sobre a comercialização de antibióticos orais e injetáveis, para contribuir com a redução da resistência bacteriana na comunidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), incluiu os antibióticos na Portaria SVS/MS nº. 344/98, que lista as substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial no Brasil.  “Esse fato aumentou a venda de anti-inflamatórios”, diz Luciano, funcionário de outra farmácia.

Ao caminharmos pela farmácia encontramos lembretes aos clientes dos riscos da automedicação. Foto: Válery Monteiro

Mais avisos aos clientes. Foto por Válery Monteiro

Luciano, alerta também, para os clientes que querem que a farmácia seja um hospital, “se é uma dor de estômago, ou má digestão após um final de semana, é tranquilo, mas têm clientes que querem que nós sejamos os médicos. Nós não temos a formação do médico, a gente só sabe um pouco, da vida, de trabalhar aqui na farmácia, e da nossa formação, mas é diferente da do médico, claro, e os clientes não entendem isso”.

O  cliente frequente, que faz uso de medicamentos controlados tem consciência da necessidade do documento, Lauzimar explica que sempre há uma conversa com o cliente que acredita que por fazer um tratamento, não há a obrigação de apresentar receita. “Como a gente tem o SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados”, todos os dias a farmacêutica dá baixa nas receitas, nós não fazemos esse tipo de venda, existem ainda farmácias que fazem isso, mas não é o nosso caso”.

 

Foto por: Válery Monteiro
Foto: Válery Monteiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Válery Monteiro para a disciplina de Jornalismo Online