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Aquela saudade

Nos dias de GreNal era aquele agito. Vizinho gremista tirando sarro do colorado, amigo colorado alfinetando gremista e as estampas dos times passeando pela cidade. Conquistaram um título tão almejado? Partiu comemorar na Avenida Presidente Vargas?

A capitalização do futebol no século XXI

O futebol é um negócio que mobiliza, além da paixão, bilhões de dólares no mundo todos os anos. Gestores não podem mais ser apenas torcedores que trabalham de maneira voluntária, no tempo que encontram para isso. 

Futuro promissor para dupla Grenal

Estudo liderado pelo economista e consultor em finanças e gestão do esporte Cesar Grafietti projetou as receitas do Brasileirão 2019: cerca de R$ 2 bilhões. No ano que vem, os 20 clubes da Série A conhecerão

Foto de JESHOOTS.com no Pexels

Nos dias de GreNal era aquele agito. Vizinho gremista tirando sarro do colorado, amigo colorado alfinetando gremista e as estampas dos times passeando pela cidade. Conquistaram um título tão almejado? Partiu comemorar na Avenida Presidente Vargas? Buzinaço e cantoria. Carros cruzando bandeiras nas janelas. Ruas lotadas de torcedores fiéis e apaixonados. A alegria era imensa. Nem a vovó do prédio, em frente a praça da locomotiva, ficava parada. Vamos assistir ao jogo e jogar uma sinuca? Claro! Junta o pessoal e bora para o bar. Ah, a saudade de uma aglomeração…

Lembro-me da organização e programação que era para ir assistir ao GreNal. Parecia um evento. Quem chegasse antes, comprava carne e cerveja. Churrasco em casa ou cervejinha no bar, um desses dois era essencial. Movidos à paixão e amizades, restaurantes e ruas ficavam cheios de gremistas e colorados. Os bares se preparavam com telões e mesas extras quando as finais de campeonato acabavam em GreNal. Saía gol, eram abraços para todos os lados. Pessoas que não se conheciam comemorando juntas… ou com raiva da vitória do adversário. Mas muitas amizades surgiram nesses momentos mágicos. Agora parece que paramos no tempo. Não tem encontro de torcedores nas ruas. Não tem abraços coletivos em bares. Somente gritos de vitória de janelas e sacadas. Uma comemoração um pouco mais silenciosa, mas não menos apaixonada. Uma festa com menos participantes. Uma decoração de casa.

Mas estamos aqui, resistindo. Ansiosos pelo aval de liberação de torcidas, de aglomerações, de festa. O grito de gol está entalado na garganta dos apaixonados por futebol. Os braços aguardando ansiosos por abraços calorosos de felicidade. Esse clássico vai muito além da tradição. É uma junção de sentimentos que conecta pessoas diferentes pelo amor e orgulho da terra que habitamos.

Texto de Caroline Freitas.

Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Imagem: Pixabay

O futebol é um negócio que mobiliza, além da paixão, bilhões de dólares no mundo todos os anos. Gestores não podem mais ser apenas torcedores que trabalham de maneira voluntária, no tempo que encontram para isso.  O futebol exige profissionais qualificados, nas mais diferentes áreas. Um negócio que precisa de planejamento, de receita, organização e responsabilidade financeira. E isso pode existir no modelo associativo, da imensa maioria dos clubes brasileiros, ou numa transformação para clube empresa.

“O que falta hoje no nosso futebol é profissionalismo. Não é dinheiro. Dinheiro tem de sobra”, comentou Raphael Gomes. Repórter e produtor da rádio Gaúcha desde 2012. Gomes comentou ainda, que para a dupla grenal não seria a saída vender ações do clube pelo fato de serem clubes gigantes e possuírem muitos torcedores. Ainda, segundo ele, o Grêmio está com uma gestão excelente e conseguindo se estabilizar financeiramente. Já o Internacional está aos poucos tentando melhorar sua situação financeira. 

O repórter Tiago Nunes, da Bitcom TV, comentou sobre a nova proposta de transformar a instituição de futebol em clube S.A., que seria uma espécie de sociedade anônima, transformando os clubes de futebol em empresas e abrindo suas ações para investidores. “Eu não vejo como solução no futebol brasileiro em transformar um clube em uma empresa. Porque não adianta se a mentalidade de quem está dentro dos clubes não é de profissionalismo”, afirmou Nunes.

O futebol cada vez mais é um negócio em que uma gestão profissional faz toda a diferença na hora em que a bola rola. No início da década de 1990, os europeus descobriram que profissionalizar e transformar os clubes em empresas era uma saída para conseguir crescimento sustentável, na tentativa de gerar títulos e aumentar sua base de torcedores.

No ano de 2019, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que libera os clubes para se tornarem empresas, algo parecido com o que ocorre na Europa. Hoje, qualquer clube pode ser uma companhia. Há a possibilidade de nascer empresa, a exemplo do Red Bull Brasil, como deixar de ser uma associação e virar uma empresa, como Red Bull Bragantino e Botafogo-SP. Atualmente, em sua maioria, os clubes são entidades sem fins lucrativos e se tornariam sociedades limitadas ou até mesmo anônimas. Em 2020 com a pandemia do novo coronavírus e a paralisação das competições no Brasil, a delicada situação financeira que grande parte dos clubes atravessou ficou escancarada e ganhou holofotes.   

Tendo em vista que apenas clubes quais não vem obtendo sucesso com títulos e financeiro, acabam sendo comprados por investidores. Temos alguns exemplos como citado acima Botafogo-SP, houve a tentativa mal sucedida do Figueirense. E clubes internacionais, quais não figuravam no cenário do futebol, e depois da venda se tornaram sucesso. Instituições tais como: LyonManchester CityJuventus e RB Leipzig são casos de sucesso desse novo modelo de gestão. 

Imagem: Pixabay.

Para Gomes, a estratégia de transformar o clube em uma empresa não é uma boa opção, principalmente para os clubes de maior torcida. Para o jornalista esse modelo deu certo no Bragantino, por exemplo,  pelo motivo de o clube ser uma instituição menor, sem torcida de bairro. Ele ainda citou que o Figueirense não teve sucesso na venda do clube, pelo motivo de já ter uma quantia considerável de torcida. 

Em 2017 um grupo de investidores assinou com o Figueirense um contrato para transformar o clube em uma empresa de sociedade limitada. A terceirização da gestão foi aprovada no conselho deliberativo por 80 votos a 2. Em abril de 2018, o Figueirense foi campeão do Campeonato Catarinense. Poderia ser o prenúncio de bons tempos, mas, no mesmo ano, os problemas de gestão se agravaram e o número de processos trabalhistas ultrapassou a faixa dos 150. Hoje, por ora, o Figueirense segue com gestão interina, mas parte da cúpula ainda não desistiu do modelo empresarial. 

O exemplo também foi citado por Tiago Nunes que concorda que se os clubes não forem profissionais, vão acabar falindo. Ele ainda comentou que a CBF deveria instruir as instituições para profissionalizá-las, assim tendo regras que favorecem os clubes. Nunes deu como exemplo o Grêmio, que é um exemplo de organização como instituição que visa apenas alegrar o torcedor. 

Sobre os clubes do interior do Rio Grande do Sul, que não possuem estruturas e torcedores suficientes para manter suas receitas, Nunes afirmou ”eu não vejo a possibilidade de transformar em empresa. Porque são diferentes, apaixonados. Eles acabam administrando na paixão, e não na razão”. 

Texto: Matheus Andrade

Produção feita na disciplina de Jornalismo Esportivo, durante o primeiro semestre de 2021, sob coordenação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Estudo liderado pelo economista e consultor em finanças e gestão do esporte Cesar Grafietti projetou as receitas do Brasileirão 2019: cerca de R$ 2 bilhões. No ano que vem, os 20 clubes da Série A conhecerão um novo formato de divisão de cotas pela transmissão de 380 jogos. A Rede Globo recompensará os clubes em diferentes etapas: cota fixa, audiência, questão técnica e desempenho no Pay Per View. Por direitos de uso de imagem, Grêmio e Inter receberão cerca de R$ 108 milhões nesta temporada.

Atualmente a dupla conta com R$ 60 milhões. Já por outro lado Corinthians e Flamengo contam com R$ 170 milhões. Vasco, anualmente na série A do brasileirão fatura R$ 100 milhões. O modelo atual considera dois contratos diferenciados: TV aberta e fechada, placas de publicidade dos estádios e direitos internacionais, o que é negociado clube a clube; e um contrato global de Pay Per View, cuja distribuição dos recursos se dá a partir de uma pesquisa de torcedores feita em nove capitais brasileiras.

O novo modelo prevê ainda mais contratos. Um será para TV aberta e fechada, cuja divisão de valores se dará da seguinte forma: 40% dividido igualitariamente entre os 20 clubes, 30% de acordo com a quantidade de jogos transmitidos no ano e 30% pelo desempenho ao final do campeonato, do campeão ao 16º colocado. Onde por exemplo a dupla, a dupla neste ano 2º e 4º colocados receberia mais que R$ 60 milhões.

Audiências ajudarão à medida que 30% do valor serão distribuídos por exposição ou quantidade de jogos transmitidos.<>Não está claro como será a divisão, mas certamente audiência e desempenho na competição nortearão a decisão por transmitir algum clube em detrimento de outro, favorecendo a cota anual dos únicos clubes gaúchos que disputam a série A do Campeonato Brasileiro.

Produzido para a disciplinas de Jornalismo Digital I sob a orientação do professor Maurício Dias