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Solar abre suas portas para expor a história de Santa Maria

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É visando apresentar esta história que a Solar, espaço cultural da cidade, abriu suas portas nesta segunda-feira (15), sediando duas exposições abertas ao público até o dia 15 de junho. Os visitantes podem conhecer registros da história local e contemplar a visão artística sobre ela.

As exposições contam com entrada franca e as obras estão expostas por todo o interior da galeria. Imagem: Luiza Silveira / LabFEM

Imembuy, é tu? apresenta artes visuais que abordam o conto do século XX. A história escrita por João Cezimbra Jacques retrata a origem do povo santa-mariense de forma romantizada com o amor entre a índia Imembuy e o bandeirante Rodrigo. Segundo Luciano Santos, um dos expositores e organizadores do evento, “A gente pensou ‘quem é Imembuy?’. Nós queríamos retratar esta ideia. Cada artista que está participando tem uma linguagem própria de trabalho. Nós temos desenhos, pinturas, fotografias, colagens, artes visuais, entre outros. Esta exibição conversa com a outra que está ocorrendo, afinal, um dos livros apresentados é o da história dela”.

Os livros apresentados são protegidos devido ao seu valor histórico, entretanto, eles podem ser encontrados nas bibliotecas da cidade. Imagem: Luiza Silveira / LabFEM

Simultaneamente, a Solar recebe Memórias de um santa-mariense. O projeto apresenta as memórias, documentos e registros do farmacêutico Geolar Badke. Grande admirador e conhecedor da história local, Geolar possuía diversos livros, itens e arquivos. Desde carteiras de cineclubes e diplomas de formatura até livros raros sobre a cidade, o acervo disponível é de grande valor histórico. A exibição é promovida pelos cursos de Jornalismo e História da Universidade Franciscana (UFN), com organização dos professores Bebeto Badke e Roselâine Casanova Corrêa. Segundo a professora Roselâine, responsável pela curadoria da exposição, “aquele pertencimento que nós vemos, por exemplo em Pelotas, é mais fragilizado aqui. Pelotas tem o centro todo tombado e uma gestão pública que continua preservando, tombando e com vários projetos de preservação. O Geolar era um santa-mariense que tinha o gosto pela preservação. Ele preservou o que era material, mas também tinha uma memória exemplar”. A professora também ressalta que o próximo passo com a documentação exposta é a sua digitalização. “Este é o caminho de qualquer acervo e o Bebeto tem um acervo imenso”, afirma.

À exceção de dois livros, o conteúdo apresentado não pode ser manuseado pelos visitantes. As visitas podem ser realizadas todos os dias das 14h às 18h, na rua Venâncio Aires, 344. Estas mostras provam que mesmo que alguns grandes artistas possam desaparecer, literalmente, da noite para o dia, o título de Cidade Cultura continua forte e atual.

Hoje, 06 de setembro de 2022, marca o quinto centenário da conclusão da expedição de circum-navegação de Fernão de Magalhães. Após quase três anos marcados por fome, medo e doenças em águas desconhecidas, além da morte de cerca de 220 tripulantes, incluindo o capitão-geral da armada, a chegada da nau Victoria ao porto de Sanlúcar de Barrameda comprovou as teorias idealizadas por Aristóteles sobre a circunferência da Terra.

Com o início das Grandes Navegações em 1415, o comércio europeu tornou-se monopólio português. Visando vantagens neste novo “mercado exploratório”, os espanhóis se lançaram aos mares, da forma mais extraordinária possível, no ano de 1492, financiando a controversa proposta de circum-navegação de Cristóvão Colombo. Apesar de ter sido um projeto fracassado, quando se considera que seu intuito era alcançar o comércio de especiarias no oriente, esta expedição abriu novas possibilidades ao introduzir às cortes europeias a existência de novas terras, uma das razões que impulsionaram os europeus a iniciarem as Grandes Navegações.

O Padrão dos Descobrimento é um monumento erguido em Lisboa para homenagear as figuras históricas portuguesas envolvidas nas descobertas. Imagem: Pixabay

A partida da Espanha

Desprezado pela coroa portuguesa, mas munido de sonhos megalomaníacos, Magalhães cometeu uma traição incomensurável ao deixar Portugal e pedir ao rei Carlos I, da Espanha, financiamento para sua expedição. Após longos estudos sobre a teoria da circunferência da Terra e o tamanho dos continentes e oceanos, Magalhães estava certo de que a Ilha Molucas, local onde os portugueses negociavam com o oriente, era território espanhol segundo o Tratado de Tordesilhas. Dia 20 de setembro de 1519, a armada, com 5 embarcações e cerca de 250 tripulantes, parte de Sanlúcar de Barrameda, em uma das mais importantes expedições realizadas pelo homem, comandada por um português, sob financiamento espanhol, em um dos momentos de maior tensão entre reinos da história.

Segundo o professor, escritor e historiador, Pedro Duarte, “o período das Grandes Navegações se assemelha ao período da Guerra Fria, se tratava de duas superpotências mundiais, que não faziam uma corrida espacial, e sim uma corrida marítima. Naturalmente, havia espionagem, havia membros da corte portuguesa na Espanha, assim como havia membros da corte espanhola em Portugal.”

Em dezembro de 1519, a tripulação desembarca na região da Baía de Guanabara, local onde celebrou o natal com os nativos americanos no interior das embarcações. Após a partida da região sudeste do Brasil, a armada partiu rumo ao sul do continente. Em meio a insubordinações e rebeliões iniciadas pela falta de confiança dos tripulantes espanhóis no seu líder português, a expedição fora capaz de desbravar importantes regiões marítimas no sul do continente. Foram os membros da nau Santiago, por exemplo, os primeiros a fazerem registros sobre navegações nas águas do Rio Uruguai.

Com o naufrágio de uma embarcação, seguido da deserção de outra, o sonho de Magalhães, de ser reconhecido como o homem que refutou o modelo da Terra plana, se mostrava cada vez mais distante da realidade. Os três navios restantes se aventuraram no labiríntico Estreito de Magalhães, na região da Patagônia, onde permaneceram por 1 mês procurando uma saída para o Oceano Pacífico. Ainda na região da Patagônia, os tripulantes encontraram resquícios de um “povo gigante com pés enormes”. Explica Duarte que “os navegantes não chegaram a ver os gigantes, eles registraram as pegadas daquilo que eles consideraram gigantes, mas na verdade, nada mais era do que pegadas provindas do uso de raquetes de neve por parte dos patagões”.

Os piores momentos

No dia 28 de novembro de 1520, os navegantes chegam ao Oceano Pacífico, nomeado por Magalhães, local onde viriam a encontrar a maior dificuldade de sua viagem. Os cálculos realizados antes de partirem da Espanha, se provaram errados em relação ao tamanho do oceano. Nos mais de três meses que se seguiram, a tripulação se encontrou à deriva e teve que conviver com a morte constante provinda da fome, sede e fadiga. Segundo registros, os tripulantes precisaram recorrer ao consumo de couro dos mastros e farelos de biscoitos misturados com serradura das madeiras, poeira, minhocas e urina de rato. Os navegantes enfrentaram também diversas mortes causadas pela doença escorbuto, proveniente da falta de vitamina C e que, segundo Duarte, “só viria a ser combatida pelos ingleses na transição entre o século XVII e XVIII, ao obrigarem o constante consumo de laranjas por parte de seus marinheiros”.

No dia 6 de março de 1521, após mais de 100 dias sem ser capaz de atracar em lugar algum, a tripulação consegue fazer uma breve parada nas Ilhas Marianas antes de seguir sua viagem às Filipinas, novo destino estabelecido por Magalhães após este perceber que havia subestimado o tamanho do Oceano Pacífico e que não havia a menor possibilidade de a Ilha das Especiarias ser território sob influência castelhana.

A chegada dos tripulantes nas ilhas das Filipinas se mostra muito bem recebida pelo povo. Quando levados a ilha de Cebu, principal centro comercial da região, o rajá Humabon, assim como sua família e centenas de nativos, pediram para serem batizados após os europeus apresentarem a fé cristã a eles. Magalhães acreditava que a propagação da Igreja Católica poderia compensar o seu fracasso com o comércio das Molucas. Entretanto, o líder da ilha de Mactán, Lapu-Lapu, se recusava a prestar vassalagem ao rei da ilha de Cebu, que já havia sido batizado e se tornado um súdito de Carlos I. Magalhães então reúne cerca de 50 homens sob o seu comando e invade a ilha de Mactán, onde é derrotado pelos 1.500 guerreiros de Lapu-Lapu e morre em combate no dia 27 de abril de 1521.

Coube então ao espanhol Juan Sebastian Elcano comandar os homens restantes em uma parada ilegal nas Ilhas das Especiarias, no território português, antes de retornar à Espanha. Depois de terminada a batalha em Mactán, os tripulantes optaram por queimar uma das três embarcações restantes devido à falta de homens. Na saída das Ilhas Molucas, a nau Trinidad optou por retornar pelo Oceano Pacífico, mas acabou sendo capturada e queimada por uma armada portuguesa. A nau Victoria, por sua vez, retornou a Espanha contornando a África, sofrendo novamente de fome, sede e fadiga e chegando à Europa com apenas 18 tripulantes, mas com especiarias o suficiente para cobrir todo o custo da expedição e provando que a Terra não era plana.

Conclui Duarte: “A expedição ao redor do mundo, realizada pelo português Fernão de Magalhães, foi um evento histórico que representou profundas e irreversíveis mudanças no cenário do comércio mundial. Atualmente, segundo a Organização Mundial do Comércio(OMC), cerca de 9 bilhões de toneladas de mercadorias são transportadas por ano de um continente à outro pelo oceanos. Além de provar que o mundo inteiro estava ligado, que os mares não eram obstáculos intransponíveis e sim a maior rede de comércios que o mundo tinha até então, Magalhães, sem saber, entregou a própria vida para realizar uma nova Pangeia (conglomerado de terra, que abrangia todos os continentes, existente na era Paleozoica), ao buscar aproximar os continentes, suas sociedades e suas culturas. Por isso, se a conquista de Ceuta em 1415, foi a faísca que acendeu o pavio da globalização, a circum-navegação de Magalhães foi a explosão”

Antonio Pigafetta, um escritor que fazia parte dos 18 sobreviventes, assim como Francisco Albo, contramestre da nau Victoria durante a chegada à Espanha, mantiveram relatos sobre a expedição, que se tornaram a maior fonte de informação sobre os eventos. As escrituras de Pigafetta, no ano de 1925, foram transformadas no livro “A primeira viagem ao redor do mundo”. No ano de 2022, a expedição foi retratada na série “Sem Limites”, disponível no serviço de streaming Amazon Prime Vídeo. Com 6 episódios, a produção aborda diversos detalhes da viagem e, com algumas exceções, se mantém fiel a veracidade dos fatos.

MC Poze do Rodo desenhado por Wander Schlottfeldt.

“Era só mais um Silva que a estrela não brilha; ele era funkeiro, mas era pai de família”. Não há quem não conheça o famoso refrão do Rap do Silva, maior hit do MC Bob Rum. Essa música reflete sobre a vida na periferia e o preconceito das classes mais altas com o funk e a cultura que o envolve. Apesar da música ter sido lançada em 1990, ainda se vê a mesma realidade quando o estilo musical é trazido à tona, quase sempre associado à criminalidade e à violência urbana.

Desenvolvido no fim da década de 70, o funk foi conceituado como a prática musical vinculada a manifestações culturais dos chamados bailes funk, que não passavam de festas organizadas por equipes de som em clubes da região suburbana. Naquela época, festas como o baile da pesada estavam apostando em um repertório com soul music para promover o movimento Black Rio, inspirado nos bailes realizados nos Estados Unidos na mesma época. Os produtores abraçaram a ideia de valorização da cultura negra e queriam produzir artistas nacionais, porém a indústria se deslocou para o estilo disco com rapidez, levando somente Tim Maia à ascensão.

O psicólogo Thiago Alves diz que a cultura brasileira engloba vários elementos internacionais e oriundos de outros países e o culturas, “e o funk, a nível internacional, têm elementos negros da sua essência, principalmente na vocalização e instrumentos”.

Ao acompanhar as tendências estadunidenses, o novo estilo musical tentava se aliar ao hip-hop da cultura negra. A concorrência entre os DJs era grande e muitos buscavam por referências viajando à Miami, nos Estados Unidos, cidade onde surgia a vertente de ­hip-hop chamada de Miami Bass. O estilo se destacava pelo ritmo rápido, bumbo frenético e letras sexualmente explícitas. Em 1987, os bailes funks cariocas eram cerca de 700 por fim de semana, agregando no mínimo um milhão de jovens no Rio de Janeiro. Nesta época, os bailes eram realizados em ginásios de esportes ou quadras de escolas de samba.

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Enquanto a classe média alta via o rock nacional como preferência, o funk incorporava músicas eletrônicas com graves pulsantes e muito dançante, se tornando o lazer da juventude pobre da cidade junto ao pagode. Entre as inovações da época, surgem os MCs, sigla para “mestre de cerimônias”, responsáveis por interpretar a letra e interagir com o público através do microfone. É então que os novos artistas deixam de tentar reproduzir as músicas estadunidenses e começam a criar suas próprias letras, falando sobre a vida cotidiana da favela e da sua comunidade, também apelando pelo pedido de um baile pacífico.

É no fim da década de 1980 que a violência nos bailes funk passa a chamar atenção da imprensa, gerando um aumento no preconceito com o estilo musical e de festa. Ao mesmo tempo que o MC Marlboro impulsionava a carreira de inúmeros artistas com coletâneas, o MC Grandmaster Raphael do Furacão 2000 propõe os festivais de galeras, no qual os próprios frequentadores dos bailes elaboravam e interpretavam as letras. Depois de 1990, as festas aconteciam em áreas de céu aberto ou ruas, e a figura dos MCs ganhava grande destaque, incitando a imagem de sucesso artístico acessível à qualquer jovem da favela. Apesar de muitos irem para os concursos dos festivais com propósitos pacíficos, a competitividade fomentava a agressividade em alguns jovens, resultando em violência. Ao serem documentados pela imprensa, a imagem do funk foi diretamente ligada aos arrastões de 1992.

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O acontecimento foi um embate entre facções rivais oriundas de bairros periféricos na Praia do Arpoador, e onde a elite carioca se chocou com ritual de luta comum da periferia. Devido ao impacto negativo causado na população dos bairros nobres e a grande divulgação da mídia, o marco ficou conhecido como arrastão e os envolvidos foram taxados de assaltantes e relacionados aos bailes funk. Assim, a imprensa começa a marginalizar o gênero perante a opinião pública, principalmente a partir de 1995, quando surgem acusações que ligavam os bailes com o comércio varejista de drogas. Segundo Alves, “o funk é mal visto pela perspectiva de onde ele vem, pois, quando ele chega na mídia, é ligado a questão da violência”. As pessoas, muitas vezes, nunca foram num baile funk, mas veem a representação social da favela na televisão, que torna mais fácil negar a desigualdade social e o lugar do funk como uma expressão da realidade.

Devido as inúmeras proibições aos bailes funk por parte do governo municipal, exigindo a vistoria policial durante os eventos, as festas foram acolhidas pelos líderes do morro e passaram a acontecer nas ruas da comunidade. É quando surge o proibidão, vertente do funk que usa palavras de baixo calão, fala de sexo explícito e sobre drogas, algumas vezes exaltando facções criminosas. Cria-se, então, o hábito de criar duas versões da música, uma aceitável para o mercado e uma para cantar nos bailes. Enquanto leis tentavam silenciar o movimento, os grandes veículos de comunicação popularizavam o ritmo fora da favela. O funk conquistou espaços na classe média e alta, e entra no século XXI com um público mais diverso.

Categorias e vertentes

Mister Catra desenhado por Wander Schlottfeldt.

No novo milênio, as letras do funk ganham uma tendência erótica e sexual, se aproximando da batida do samba e deixando o Miami Bass de lado para inserir o tamborzão. Nesse período, um dos sucessos foi o Bonde do Tigrão que, com músicas como “Cerol Na Mão”, alcançou disco platina em 2001.

Na mesma época, a MC Tati Quebra-Barraco entrava na cena como precursora feminina, lançando músicas como “Boladona” e “Sou feia, mas tô na moda”,  alcançando sucesso até no exterior.

Outro artista que subia nas paradas era o ícone do proibidão, Mister Catra. Famoso por seus 32 filhos, o artista obteve reconhecimento nacional por seus hits como “Adultério” e foi indiciado por apologia ao crime em 2002.

Começam a surgir novas tendências em São Paulo, uma vertente do funk chamada de ostentação por falar de um estilo de vida com muitos bens de consumo de alto custo e estar sempre rodeado por mulheres. Alguns dos MCs mais conhecidos nessa categoria são MC Guime com “Plaque de 100” e MC Rodolfinho com “Os mlk é Liso”.

Outra vertente foi o funk pop, canções mais populares que buscam conquistar espaço internacional, com letras suaves e batidas semelhantes ao pop. Muitos MCs escolhem deixam a nomenclatura para trás e migram para este subgênero, como Anitta, Ludmilla (antiga MC Beyoncé) e Pocah (antiga MC Pocahontas).

Importante ressaltar o brega funk, uma vertente do Recife que se enlaça aos cancioneiros românticos do Nordeste e, por fim, o 150bpm, categoria que mais fez sucesso recentemente, no qual a sigla significa “batidas por minuto”. É chamado assim por ser mais rápido que o comum, que é geralmente de 130bpm. Enquanto o brega funk tem sido exaltado por artistas como MC Loma e As Gêmeas Lacração cantando “Envolvimento” e “Xonadão”, o 150bpm vem ganhando espaço com músicas como “Eu vou pro Baile da Gaiola” do MC Kevin, O Chris e “Tô Voando Alto” do MC Poze do Rodo, além de DJs como FP Do Trem Bala e DJ Gabriel do Borel.

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Polêmicas

Ao longo dos anos, o funk sofreu com a perseguição política e com elementos controversos de sua cultura. Em linhas gerais, podemos citar uma das principais polêmicas como sendo a dança, por possuir uma certa sensualidade. O gênero musical leva os dançarinos a movimentarem o quadril e bumbum de forma sensual e, muitas vezes, são considerados vulgares. Alguns dos mais lembrados são o “passinho do romano”, “passinho” e “sarrada no ar”, sendo que o segundo foi declarado patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro em 2018.

Outra preocupação comum é com a vestimenta dos frequentadores do baile funk, principalmente na “falta” de roupa das mulheres. O uso de shorts e saias curta com decotes e roupas coladas chama a atenção, e algumas pessoas ficam desconfortáveis com a exposição gerada. Apesar de algumas letras incitarem a sexualização e objetificação das mulheres, há funkeiras que gostam das vestimentas de costume e concordam com o hit da Pocah que diz “Deixa eu te lembrar que eu não sou obrigada a nada, ninguém manda nessa raba”.

Não é de se surpreender também com a polêmica sobre as letras do funk, uma vez que elas falam abertamente sobre sexo, ostentação e, algumas vezes, apologia ao crime. As músicas abordam os assuntos de formas surpreendentes, como o hitQue Tiro Foi Esse?” de Jojo Maronttinni, ou a música “Tropa do R7” na qual o DJ R7 apresenta 7 minutos de uma montagem de sons de tiro em que 11 MCs interpretam estrofes de funk proibidão. Porém, foi o sucesso “Baile de Favela” de 2015, do DJ R7 e MC João, que foi criticado por internautas  e recebeu até resposta musicais pela forma como se referiu as mulheres, como a da cantora Mariana Nolasco.

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Na mesma época que surgiu a música de Jojo Maronttinni, entrava nas paradas a “Só Surubinha de Leve”, música que levaria a internet a loucura no início de 2018, em que MC Diguinho falava claramente sobre embebedar uma mulher fácil de dominar, estupra-la e abandoná-la na rua. A violência nos versos provocou milhares de internautas que não se deram por satisfeitos quando as plataformas de streaming baniram a música e o artista publicou uma “versão light” com reformas nas letras. Antes da segunda opção da música ser lançado, o artista negou arrependimento sobre seus versos em suas redes sociais.

Ainda sobre as letras, MC Pedrinho ficou muito conhecido em 2014 por suas músicas de conotação sexual. Com apenas 12 anos o cantor já havia lançado grande sucessos como “Dom Dom Dom”, “Matemática” e “Hit Do Verão”, o que acabou chamando atenção da Vara da Infância e da Juventude, que cancelou um de seus shows no Ceará sob alegação do teor erótico das canções. O artista não deixou de lado suas criações de funk proibidão, mas produziu algumas versões lights para suas músicas. Outra criança que, aos olhos da lei, entrou muito cedo no mercado da música funk foi a Medoly. A erotização das crianças é um assunto delicado, principalmente quando elas tem oito anos e cantam funk. O Ministério Público chegou a abrir um inquérito contra o pai da antiga MC Medoly em 2015 por considerarem que suas roupas eram muito adultas, o que o levou a reformular a carreira da filha. Tanto MC Pedrinho (hoje com 17 anos) como Melody (12) seguiram suas carreiras musicais e, neste ano, lançaram um clipe juntos.

Vale destacar o assassinato do cantor paulista MC Daleste conhecido por seus funk ostentação. O cantor dos sucessos “São Paulo” e “Gosto mais do que lasanha” foi baleado na barriga na noite de 6 de julho de 2013, em Campinas, ao fim de um show gratuito com cerca de 3 mil pessoas. O cantor estava conversando com o público quando foi atingido, e chegou a ser levado ao centro cirúrgico, mas não resistiu. A policia não pegou o assassino, mas afirmou que foram três disparos e que, com certeza, o atirador queria atingir especificamente o artista.

Já para finalizar com questões mais atuais, é importante falar da prisão do DJ Rennan da Penha, um dos maiores personagens do funk atual. O idealizador do Baile da Gaiola foi levado sob a acusação de atuar como olheiro, avisando o pessoal quando a polícia ia subir o morro, e de que as músicas dele faziam apologia ao uso de drogas, incitando que o Baile da Gaiola seria uma forma de atrair as pessoas ao tráfico. O site do Kondzilla publicou uma matéria explicando o caso do funkeiro e falando de operações da polícia que aconteceram no início de 2019 para acabar com o baile funk.

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Aos olhos da lei

Entre as formas de preconceitos e problemas que a Justiça encontrou com a cultura do funk, podemos destacar alguns projetos de leis que entraram em vigor. Em 2000 foi publicado o projeto da lei Álvaro Lins que proibia a realização dos bailes sem a autorização e supervisão de autoridades policiais no Rio de Janeiro, o que acabou por se estender à festas “raves” em 2007. Também vale ressaltar sobre a lei 5.544/09 sancionada em setembro de 2009 no Rio de Janeiro, que define o funk como movimento cultural e musical de caráter popular. Essa conquista em prol dos direitos dos funkeiros foi da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFunk) e foi registrada no livro “Funk-se quem quiser: no batidão negro da cidade carioca”. Em 2017, a sugestão de um projeto de lei que criminalizava o funk atingiu 20 mil assinaturas, chegando ao número mínimo para ser encaminhada para debate dos senadores. O projeto do empresário Marcelo Alonso classificou o gênero musical como crime de saúde pública à criança, ao adolescente e à família. A Comissão dos Direitos Humanos não transformou a sugestão em projeto de lei, pois iria diretamente contra a liberdade de expressão esculpido no artigo 5º da Constituição, inciso IX.

(segue)

Reportagem produzida por Bibiana Rigão Iop e Wander Schlottfeldt na disciplina de Jornalismo Investigativo, com orientação da professora Carla Torres.

Conversa sobre Jack Kerouac. Foto: Lavignea Witt

A Festa da Literatura de Santa Maria (FLISM) trouxe a história de Jack Kerouac nos seus “50 anos da morte do autor de On The Road” nas vozes dos especialistas e fãs, Gérson Werlang e Márcio Grings. O momento de conversa teve início às 17 horas na Cesma, onde reuniu diversos jovens e adultos que acompanharam e conheceram o trabalho de  Jack. 

Os convidados relatam a vida de Jean-Louis Lebris de Kerouac, mais conhecido por Jack Kerouac, escritor estadunidense e um do líderes do movimento literário conhecido como geração beat. O movimento beat foi usado tanto para descrever um grupo de escritores e poetas, que tornaram-se conhecidos no final de 1950 e no começo de 1960, pelo fenômeno cultural que eles inspiraram, levando vida nômade e fundando comunidades. Posteriormente, associado à cultura hippie. 

O livro On the Road que no Brasil ficou conhecido como “Pé na estrada” exemplificou para o mundo aquilo que ficou conhecido como a “geração beatnik” e fez com que Kerouac se transformasse em um dos mais controversos e famosos escritores de seu tempo. 

O guitarrista, violonista, poeta e compositor, Gérson Werlang e o pesquisador e desbravador pela música mundial Márcio Grings, citaram diversas obras de Jack e fizeram referência com sua história profissional. Durante a conversa foram tratados o quanto o movimento teve importância na época, assim colocando Jack como um “deus”, embora ele não levasse em conta esse tempo, além do uso de drogas no período e o crescimento do rock, assim tendo seus aprimoramentos. 

 

Daiane Rossi. Foto: Andriele Hoffmann

Daiane Rossi, pós-doutoranda pela Casa Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro e egressa da Universidade Franciscana,  retornou à instituição na noite da última sexta-feira, 05, para contar os resultados e experiências vividas durante a pesquisa que realizou sobre Santa Maria, fruto da sua tese de doutorado que teve por tema a  “Assistência à saúde e à pobreza no interior do sul do Brasil (1903-1913)”. Com o objetivo de entender como foi organizada a assistência à saúde aos pobres em Santa Maria no início do século XX,  a pesquisadora iniciou a investigação defendida em março deste ano.

 A pesquisa consistiu em compreender a pobreza através de seus discursos e ações, bem como através das escolhas de quem prestava o atendimento. As questões abordadas perpassam o entendimento da divisão das responsabilidades entre o público e o privado na prestação de serviços aos pacientes pobres, além de destacar a importância das redes sociais entre médicos, políticos e sociedade civil, na tentativa de solucionar problemas sociais. Como fontes principais de acesso às informações foram utilizados o Hospital de Caridade, – principalmente através de um livro que registrava a entrada de pacientes durante o período, o Governo Estadual, a Intendência Municipal e os jornais locais, instituições que ocupavam um papel importante para construção de um panorama geral da saúde na cidade. 

Para a pesquisadora, um dos maiores desafios foi defender o seu projeto na Fiocruz – umas das principais instituições de pesquisa em saúde pública, e provar a importância de estudar a história da pobreza em Santa Maria, pois a partir de um estudo local é possível explorar questões mais amplas, que se aplicam também em outros contextos.

“Ouvi de professores porque estudar Santa Maria no Rio de Janeiro? Tuas fontes não estão aqui. Tu quer pesquisar a ponta do rabo da lagartixa, isso aqui na FioCruz não dá.  Hoje essa pessoa é minha colega  e trabalha junto comigo no mesmo projeto.” 

A palestra foi ministrada para os alunos e professores do curso de história, no Salão Acústico do prédio 14 da UFN, e encerrou o evento Sob Forte Emoção, pensado inicialmente no ano de 2017 para contatar alunos egressos, muitos deles já na pós-graduação. O convite para relatarem suas vivências  tem demonstrado que incentiva a produção da pesquisa, a troca de experiência, a aproximação entre as pessoas estimulando as relações afetivas e, com isto, valorizar também a pesquisa histórica que envolve muita paixão.

Por Andriele Hoffmann para a disciplina de Jornalismo Científico

 

Cássio Tomaim fala para o curso de história da UFN. Foto: Paula Bolzan

O encontro promovido pelo curso de História da Universidade Franciscana  – Sob Forte Emoção- está na sua terceira edição e veio com novidades. Além da pesquisa e do encontro com egressos, incluiu relatos de experiência de estágios em escolas públicas, projetos de extensão desenvolvidos, pesquisas monográficas e palestrante convidado.

Ontem, segunda-feira, 01, o palestrante convidado foi o professor e pesquisador do campo da Comunicação, Cássio Tomaim, da UFSM, que veio falar sobre documentário, história e memória.  O pesquisador utilizou o referencial teórico do campo da História para analisar documentários, em especial, aqueles que tem viés autobiográfico e marcados pela subjetividade. Entre eles,  Calle Santa Fé de Carmem Castilho, chilena exilada na França pelo golpe militar naquele país, e  A imagem que falta do sobrevivente cambojano Rithy Panh durante a instalação do governo Khmer Vermelho no Camboja.

A outra palestrante convidada é Dayani Rossi, egressa do curso e doutora pela Fiocruz em história Social.  A pesquisadora falará na noite de sexta-feira, dia 05 de julho, no Salão Acústico do prédio 14, Conjunto III da UFN. Pós-doutoranda em História Social, Rossi vai abordar métodos e técnicas de pesquisa a partir da sua experiência de investigação sobre assistência e pobreza em Santa Maria no início do século XX, quando utilizou como fonte a documentação de instituições locais como a Casa Edmundo Cardoso,  Arquivo histórico municipal, arquivo da Câmara de Vereadores, além de registros de entrada de pacientes do Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo.

A programação prevê para a noite de hoje,02, apresentação relatos de estágio em escolas públicas e, amanhã e quinta,  seguem as noites de extensão e pesquisas desenvolvidas pelo curso.

O evento Sob Forte Emoção foi pensado inicialmente no ano de 2017 para contatar alunos egressos, muitos deles já na pós-graduação, para relatarem suas vivências e, assim,  incentivar a produção da pesquisa, a troca de experiência, a aproximação entre as pessoas estimulando as relações afetivas e, com isto, valorizar também a pesquisa histórica que envolve muita paixão.

 

John Leguizamo

Leguizamo me fez parar para rir, para discordar e para me angustiar ainda mais. Até ontem, ele era, para mim, um ator secundário da indústria de Hollywood, um bom ator coadjuvante. Até ontem. Seu trabalho em criar o teatro/filme/documentário ‘História da América Latina para idiotas’ chamou minha atenção. E começo com algumas ressalvas: ele comete muitos equívocos, cai em estereótipos para criticar outros, todavia há um argumento de fundo que vale a pena pensar. Nessa obra, ele roteiriza e apresenta o momento em que desnuda os sentidos de ser latino-americano nos EUA e esse é um momento crítico. Na peça, Leguizamo assume os papéis de professor, pai, terapeuta para falar sobre os elementos cotidianos e simbólicos que são acionados para compor o ‘ser latino’ como um estigma a partir do bulling que seu filho sofre na escola. Assim, o bulling aparece como um meio de atualizar a linguagem de pretensa superioridade da qual o do racismo é composto.

Gostaria de parar um pouco nessa expressão da ‘pretensa superioridade’ para examiná-la melhor. Essa parada demanda um pedido de ajuda para a psicologia, e de desculpas ao mesmo tempo, pois farei um uso um tanto frouxo dessa área do saber. A psicologia, que ao longo do século XX nos instruir na linguagem e no tratamento que damos a nós mesmos como espaço de saber. Menciono o termo frouxo para dizer que sou apenas uma entusiasta, uma apaixonada pela área e, portanto, não a uso com os critérios dos profissionais. Isso tudo para dizer que é necessário apontar que essa ‘pretensa superioridade’ é construída por esforços contínuos e repetitivos de inferiorizar outras pessoas, ações baseadas em sentimentos do espectro do ciúme ou da inveja. Ou seja, há necessidade de rebaixar o outro para se sentir melhor e esse pode ser um esforço individual contra alguém ou ações coletivas que se somam. É difícil escrever sobre isso. É terrível ser alvo disso.

Imagem de Gustavo Torres por Pixabay

Longe de ser unicamente uma expressão individual, historicamente a ‘pretensa superioridade’ se constituiu numa empresa: a empresa colonial, cujo alimento foi o racismo. Como alvos preferenciais, a empresa colonial atuou nos continentes Americano e Africano, apesar de ter atingido todo o mundo, sempre que um coletivo tentou inferiorizar o outro para constituir um domínio. E o racismo ou a ‘pretensa superioridade’ é uma herança cruel e sorrateira.

E isso parece não ter fim, porque se atualiza em formas mais sofisticadas de truculência. Leguizamo produz um roteiro de teatro/filme/documentário para contar como que ele descobriu esse processo atualizado na política de deportação e rejeição de imigrantes nos EUA atual, bem como, num conflito que seu filho enfrentava na escola. O menino, em brincadeiras bandido e mocinho, foi apontado pelos colegas como alguém que só poderia assumir o papel de bandido devido a sua descendência étnica. E isso completado pela percepção de que não pertencia àquele território e que não tinha direito a ser reconhecido, como os latinos em geral, como um cidadão legitimo daquele local. O objetivo da expressão do preconceito é quebrar o outro, para então poder submetê-lo.

A forma da apresentação do teatro/filme/documentário é a comédia e, apesar de provocar risos na plateia, constrange, vai se tornando mais e mais difícil de ouvi-lo. O ator traz ao palco livros didáticos usados atualmente nas escolas, e o retrato que emerge é de um sistema educacional que não valoriza as suas gentes, à medida que silencia sobre uns e mantém protagonistas outros. Leguizamo se coloca numa cruzada em busca de um herói latino e sente suas tentativas frustradas. É angustiante ver dramatizado o quão árdua é a tarefa de falar a história negligenciada pelos livros didáticos. É aterrorizante ver a associação dessa negligência com as políticas de um Estado democrático contemporâneo.

O gosto amargo ao final é pelo processo violento que se atualiza e se camufla no não reconhecimento do protagonismo do outro na construção da nação que se consubstancia no uso do termo ‘latino-americano’ como um deboche, um xingamento, uma pecha, um traço cultural ao qual os sujeitos são reduzidos e pelo qual são discriminados. O gosto amargo é o de perceber que a sociedade brasileira não está distante desse quadro, pois reafirma traços dessa colonialidade, da presença e o uso de pretensas superioridades para justificar privilégios.

Há muitas histórias a serem contadas, muitos silêncios a serem quebrados.

 

Paula Jardim Bolzan, historiadora e antropóloga, professora na UFN

Foto: marketing Shopping Praça Nova

O shopping Praça Nova está promovendo a Mostra dos Museus de Santa Maria: Um Panorama do Patrimônio Histórico e Cultural, que estará aberta ao público do dia 15 a 30 de maio, com a apresentação de 16 banners que contextualizam a história dos museus. Esta iniciativa é apoiada pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santa Maria e faz parte da 17ª edição da Semana Nacional de Museus com a temática: Museus como Núcleos Culturais: O Futuro das Tradições.

Os museus de Santa Maria que irão participar da exposição são SMMSM: Acervo Histórico Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, Centro Histórico Coronel Pillar, Casa de Memória Edmundo Cardoso, Casa Museu João Luiz Pozzobon, Memorial Colégio Manoel Ribas, Museu Educativo Gama d’ Eça – UFSM, Museu Histórico e Cultural das Irmãs Franciscanas, Museu de Imigração e Cultura Japonesa do RS, Memorial da Nossa Senhora Medianeira, Memorial Marechal Mallet, Museu Comunitário Treze de Maio, Museu de Arte de Santa Maria, Museu Ferroviário de Santa Maria, Museu Arte, Ciência e Tecnologia, Museu Sacro de Santa Maria e Museu Vicente Pallotti.

Ainda, neste feriado, 17 de maio, o shopping terá horário especial devido ao aniversário de Santa Maria.

Lojas: das 14h às 20h (facultativo)
Alimentação e lazer: das 11h às 22h
Boliche: das 14h às 24h
Cinema: conforme programação
Academia:das 9h às 15h
Mercado: das 11h às 20h30
Farmácia: das 12h30 às 22h

Vários eventos iniciaram a noite da última quinta-feira, 28, na Universidade Franciscana. O primeiro deles ocorreu na Sala de Exposições Angelita Stefani, no prédio 14, onde aconteceu a inauguração da exposição ”Mostra Moda” promovida pelos acadêmicos do Design da Moda. A exposição reúne e apresenta as peças que foram confeccionadas pelos alunos do curso para serem apresentadas na 3º edição do Pensa Moda que aconteceu no ano de 2018, no Royal Plaza Shopping. Os looks foram elaborados na disciplina de Laboratório de Modelagem Avançada e contaram com temática livre, tendo como referencial as Tecnologias e Sustentabilidade aplicáveis.

O professor de Design de Moda, Junior Ruviaro, 52, relata que o evento teve como temática a sustentabilidade e inovação tecnológica, trazendo “o futuro da moda e o futuro na moda”. Ele falou ainda sobre a questão do uso das reservas naturais, e de que maneiras sustentáveis pode-se produzir vestimentas incluindo a tecnologia no vestuário.

Aula inaugural

Logo após a mostra, aconteceu a aula inaugural  conjunta dos cursos de Jornalismo, História, Design de Moda e do mestrado em Ensino de Humanidades e Linguagens (Mehl) — ”Moda, história e relações de poder” — realizada no Salão de Atos do prédio 13.  A palestra foi ministrada pelo professor Paulo Debom, do Centro Universitário Celso Lisboa, do Rio de Janeiro-RJ.

Durante toda a aula, Debom falou sobre o papel da Moda na fabricação da imagem pública de três soberanos franceses: Luís XIV, Napoleão Bonaparte e Napoleão III. Segundo ele, o estudo da moda com as relações de poder, é algo extremamente importante de se saber, não só para quem se interessa por moda mas para qualquer outra área de estudo. ”Estudar isso é uma maneira que nós temos de certa forma de mostrar o que somos, o que pensamos, e ao mesmo tempo de nos colocarmos e contestarmos o que está certo e o que está errado. Vejo a moda como um ponto de excelente veículo de mudança social”, completou Paulo. 

O último compromisso de Debom ocorreu logo após a palestra, quando houve o lançamento do livro “A História da Moda, a Moda na História”, organizado por ele, junto de Joana Monteleone e Camila Borges. O professor autografou dezenas de livros e tirou foto com professores e alunos.

Professor Paulo Debom. Foto: Mariana Olhaberriet/LABFEM.

Acontece na próxima quinta-feira, 28, a aula inaugural dos cursos de graduação de História, Design de Moda e Jornalismo, e do mestrado em Ensino de Humanidades e Linguagens – Mehl.  O evento ocorrerá no Salão de Atos do prédio 14, Conjunto III da Universidade Franciscana às 19h. O tema central será “Moda, História e Relações de Poder” e quem ministrará a atividade será o professor Paulo Debom, do Centro Universitário Celso Lisboa, do Rio de Janeiro-RJ.

Paulo Junior Debom Garcia é doutor em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Ciências Sociais e graduado em História pela mesma instituição. Tem larga experiência como docente na educação básica e no ensino superior. Atua como professor no Centro Universitário Celso Lisboa e também no ensino básico no Colégio Padre Antônio Vieira. É coordenador dos Simpósios “Moda, Imagem & Poder” e “História, Educação e Ensino de História” neste evento acadêmico. Editor da revista “Veredas da História”. Desde 2013 integra como pesquisador no Laboratório” Redes de Poder e Relações Culturais” (UERJ).

No mesmo dia ocorre a abertura da exposição “Mostra Moda”, na Sala de Exposições Angelita Stefani, Prédio 14, Conjunto III da UFN. A mostra, terá início às 18h, com uma exposição de peças de roupas criados pelos acadêmicos do 4º semestre do curso de Design de Moda da IES. Os modelos foram apresentados durante a 3º edição do Pensa Moda, ocorrido em outubro de 2018.

Logo após a aula inaugural, ocorrerá o lançamento do livro “A História da Moda, a Moda na História”, organizado pelo professor Paulo Debom, junto de Joana Monteleone e Camila Borges.