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jornalismo de dados

Procedimentos estéticos: obsessão ou simples vaidade?

A incessante busca pelo corpo “perfeito” faz com que muitas pessoas recorram a procedimentos estéticos. Os procedimentos de cirurgia plástica vêm aumentando ano a ano. Estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostraram que os brasileiros

Jornalismo de dados no 12º Fórum de Comunicação

A oficina sobre Jornalismo de Dados, ministrada pelo jornalista e professor Iuri Lammel Marques, reuniu alunos de diferentes semestres do curso de Jornalismo e foi uma das mais procuradas da edição 2014 do evento. Esta tendência

A incessante busca pelo corpo “perfeito” faz com que muitas pessoas recorram a procedimentos estéticos. Os procedimentos de cirurgia plástica vêm aumentando ano a ano. Estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostraram que os brasileiros já ultrapassaram os norte-americanos, que têm praticamente o dobro da população. Nos últimos dois anos, a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos aumentou 390%. Entre os cirúrgicos, as operações com fins reconstrutores subiram 23%, enquanto as cirurgias com fins estéticos, apenas 8%.

Apenas no Estado de São Paulo, a média é de 50 mil cirurgias plásticas mensalmente, aponta o último levantamento da SPCP-SP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo)  realizado com 378 cirurgiões plásticos, entre abril e maio do ano passado.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

De acordo com a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em 2009 foram realizadas 629.000 cirurgias, sendo 459.170 estéticas e 169.830 reparadoras. Em 2014 o número total foi de 1.288.800 cirurgias, 774.569 estéticas e 514.231 reparadoras.

 

 

 

 

 

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Entre os procedimentos de reparação, os tumores cutâneos representam um número de 253.891, pós obesidade 68.379, reconstrução mamária 62.681 e revisão de cicatrizes 48.119. Nesse ano, foram realizadas quase um milhão e meio de cirurgias, sendo 839.288 estéticas e 664.809 reparadoras.

Entre os anos de 2009 e 2016, o número de cirurgias reparadoras aumentou 16%, como queimaduras e feridas complexas. Um dos fatores que influenciou nesse aumento é o alto índice de violência doméstica registrado, obrigando muitas mulheres a recorrerem esses procedimentos para tratar de sequelas decorrentes de agressões.  

Os procedimentos não cirúrgicos também aumentaram. Em 2014, o número era de 17,4%. No ano de 2016, passou para 47,5%. Entre os procedimentos não cirúrgicos mais procurados estão o preenchimento, toxina botulínica, peeling e laser. Em 2014 o número de pessoas que realizaram preenchimento era de 79,2%, em 2016 passou para 89,5%. Aplicação de toxina botulínica em 2014 era de 82,2% e em 2016 aumentou para 96,4%. O procedimento de peeling, diferente dos outros, teve uma queda. Em 2014, o número era de 28,2%, e, em 2016, caiu para 23,6%. No procedimento com laser também houve queda. No ano de 2014 o índice era de 17,4%, e, em 2016, foi para 12,3%.

Os procedimentos cirúrgicos mais realizados atualmente são aumento de mama (silicone) representando 19,6%, seguido de dermolipectomia abdominal e lipoaspiração, ambos com 15,6% de procura. Nos meninos, os procedimentos mais procurados são a ginecomastia (redução das mamas que crescem demais) e a cirurgia para corrigir a orelha de abano.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Segundo dados da SBCP, no período do inverno, associado às férias escolares, a procura pelas cirurgias aumenta em média 60%. Isso acontece porque o frio torna o pós-operatório mais confortável, favorecendo a recuperação mais rápida. Além disso, é recomendado não tomar sol após a cirurgia para evitar manchas.

A respeito da faixa etária dos pacientes, nas pesquisas realizadas em 2014 e 2016 ambas registraram que a faixa etária dos 19 a 35 anos são as maiores. Em 2014 o número era de 37,6%, e em 2016 houve um pequeno aumento, passando para 38,0%. Pessoas entre os 36 a 50 anos estão em segundo lugar na pesquisa. No ano de 2014 o número era de 33,2% e em 2016 aumentou para 34,2%.

Uma novidade do Censo 2016 é a inclusão dos dados do procedimento de bichectomia, que não constavam nos censos anteriores, e correspondeu a 0,5% dos procedimentos realizados e a polêmica plástica vaginal, responsável por 1,7% das cirurgias estéticas. A região sudeste aparece em primeiro lugar entre as regiões que mais realizam procedimentos estéticos. Isso deve-se também ao fato da região ser a mais populosa do país.

A partir dos dados investigados, é possível notar que apesar da propagação de movimentos e pessoas que pregam a aceitação do corpo e a valorização do interior em contra partido ao exterior, o número de pessoas que buscam por procedimentos estéticos ainda é grande. A procura pela “perfeição”, e por corrigir possíveis defeitos no corpo é desejo constante entre milhões de brasileiros. Seja o interesse por intervenções cirúrgicas ou até mesmo procedimentos estéticos não cirúrgicos, que estão em constante aumento, aparentemente por que são menos dolorosos, mais fáceis e baratos de serem feitos.

 

Reportagem produzida por Luísa Peixoto para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da UFN, ministrada pela professora Carla Torres durante o 2º semestre de 2018.

 

Professor Iuri Marques no primeiro momento da Oficina na tarde terça-feira, no Fórum de Comunicação. Foto: Laboratório Fotografia e Memória.
Professor Iuri Marques no primeiro momento da Oficina na tarde terça-feira, no Fórum de Comunicação. Foto: Laboratório Fotografia e Memória.

A oficina sobre Jornalismo de Dados, ministrada pelo jornalista e professor Iuri Lammel Marques, reuniu alunos de diferentes semestres do curso de Jornalismo e foi uma das mais procuradas da edição 2014 do evento. Esta tendência tem chamado a atenção de especialistas e estudantes. “Os jornais estão em busca de pessoas que dominam as técnicas de jornalismo de dados, mas são poucas pessoas habilitadas”, enfatiza o professor.

A oficina foi dividida em dois momentos. No primeiro, foi explanada a parte teórica do Jornalismo de Dados, com a apresentação de um breve histórico sobre o tema, desde o surgimento até os dias atuais. O jornalista ainda explicou que para fazer Jornalismo de Dados é necessário reunir profissionais das áreas da computação, da matemática e do design. No segundo momento, os alunos puderam trabalhar aspectos da parte prática.

Como usar as planilhas do Excel é um dos modos de documentar, combinar e visualizar dados. Foto de celular, fonte: fanpage do evento.
Como usar as planilhas do Excel é um dos modos de documentar, combinar e visualizar dados. Foto de celular, fonte: fanpage do evento.

Em meio a planilhas, números e cálculos, Lammel, de forma descontraída, ensinou os acadêmicos a utilizarem alguns recursos do software Excel  na composição de tabelas e gráficos, que posteriormente podem ser transformados em infográficos interativos.

De acordo com a acadêmica do 5º semestre do Curso de Jornalismo da Unifra, Micheli Taborda, a oficina foi “bem interessante”. Ela se interessou em participar da oficina após ter uma aula sobre Jornalismo de Dados como o professor Iuri Lammel na disciplina de Jornalismo Online, onde sentiu necessidade de saber mais sobre o assunto.