Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

leishmaniose

Aumento de casos de leishmaniose em Santa Maria preocupa

Nos últimos meses nota-se crescimento nos casos de leishmaniose em animais em Santa Maria. A doença é uma infecção parasitária que pode ser transmitida para seres humanos. Apesar de relativamente silenciosa no início, a doença tende a

Leishmaniose é monitorada em Santa Maria

A Central de Controle e Bem-Estar Animal da Prefeitura Municipal de Santa Maria diz estar monitorando cerca de 20 casos de Leishmaniose em cachorros na cidade.  Essa doença é uma zoonose grave, ou seja, pode ser passado

Nos últimos meses nota-se crescimento nos casos de leishmaniose em animais em Santa Maria. A doença é uma infecção parasitária que pode ser transmitida para seres humanos. Apesar de relativamente silenciosa no início, a doença tende a evoluir para quadros mais graves, podendo, inclusive, levar ao óbito.

Cadela resgatada pelo Projeto Akiles. Imagem: Thais Cesar

O município de Santa Maria faz a busca ativa de casos de leishmaniose visceral desde 2011. A equipe da prefeitura entra em contato com o proprietário do animal, após receber notificações de casos feitas por médicos veterinários do setor privado, para que uma inspeção zoosanitária seja feita. Nela é coletado o sangue do suspeito e dos outros cães que convivem no mesmo local. Orientações e informações relacionadas à enfermidade e à forma como deve ocorrer o tratamento são oferecidas, como a necessidade de encoleiramento (com coleiras impregnadas de inseticidas) dos cachorros.  Foram realizados 107 coletas de testes para leishmaniose em 44 residências pela Prefeitura de janeiro a junho de 2021, em que 10 resultados positivaram e os outros 92 foram descartados. Em seres humanos apenas dois casos foram registrados na cidade.

Mesmo com as buscas da Prefeitura, no ano de 2022 não foram divulgados dados sobre o aumento de casos na cidade. De acordo com Thais Cesar,  do Projeto Akiles, que resgata e procura lares para animais em situação de rua, desde janeiro nota-se o crescimento de animais com a doença. Hoje a protetora de animais está com três positivados em tratamento continuo. O processo de diagnóstico é feito através de um exame de sangue e um teste de leishmaniose. Após positivado o animal passa por tratamentos com medicação manipulada e exames periódicos.

Cachorro resgatado pelo Projeto Akiles. Imagem: Thais Cesar

Maria, (codinome, pois a fonte não quis ser identificada) do Projeto Quatro Patas, também notou que os casos de leishmaniose tiveram um aumento significativo nos últimos meses. Médicos veterinários da cidade também relatam o aumento no número de casos. Segundo Liselene Seixas, médica veterinária, o crescimento é enorme e constante, porém os casos são subnotificados.

A infecção é dada através da picada do mosquito palha. O aumento registrado pode estar relacionado com o mal cuidado dos locais em que transitam os animais, já que o mosquito se prolifera em localidades com grande acúmulo  de lixo, umidade e fezes.

Colaboração: Vitória Oliveira

Cerca de 20 casos estão sendo monitorados em SM. Foto: Mariana Olhaberriet/LABFEM

A Central de Controle e Bem-Estar Animal da Prefeitura Municipal de Santa Maria diz estar monitorando cerca de 20 casos de Leishmaniose em cachorros na cidade.  Essa doença é uma zoonose grave, ou seja, pode ser passado para o ser humano através de um agente transmissor, neste caso, o mosquito-palha.

De acordo com diretor do Hospital Veterinário Universitário de Santa Maria, Daniel Curvello de Mendonça Muller, o tratamento da doença no cão é caro e para o resto da vida. Existem diversos protocolos de conduta conforme a fase que o animal se encontra e, em casos extremos, a eutanásia é a única opção para excluir a doença do ciclo onde o animal vive, pois para o ser humano ela é letal.

“A discussão da leishmaniose é bem difundida na veterinária, mas na comunidade ela é pouco discutida. Então, quando o proprietário do animal chega aqui e recebe o diagnóstico, é um choque”, diz Muller, “Mas ele tem que saber que aquele animal representa um risco para ele e para família dele”, conclui.

Entre os sintomas estão febre, ausência de apetite, vômito, diarreia, sangramento nasal, além de afetar os principais órgãos do animal como fígado e rim. Também há um crescimento exagerado das unhas, alterações rugosas na almofada das patas e lesões cutâneas.

Segundo o Ministério da Saúde, a Leishmaniose está entre as seis endemias prioritárias do mundo. Entre os anos de 2009 e 2013  foram confirmados 18 mil casos em humanos no Brasil. “A gente sempre tenta deixar muito claro para o proprietário do animal que ele tem um dever com a sociedade de tratar aquele cão, pois ele pode ser uma fonte de disseminação da doença”, explica Muller.

As fêmeas do mosquito-palha são as transmissores da doença, elas medem cerca de 2 a 3 centímetros e vivem em áreas arborizadas. A doença é tida como dos pobres e desnutridos, pois falecem aqueles com sistema imunológico fraco. Além disso, é mais comum em regiões afastadas dos grandes centros, mas mesmo nas cidades é preciso prevenir.

Repelentes em coleiras são os mais indicados para proteger o seu animal, além da única vacina contra Leishmaniose: Leish-tec.

A população humana deve adotar medidas de proteção individual, como usar repelentes e evitar a exposição nos horários de atividades do vetor (crepúsculo e noite), recomenda o Ministério da Saúde. Limpar os quintais e terrenos para evitar o estabelecimento de criadouros para larvas do vetor, é uma das formas de manejo ambiental aconselhadas.