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Tecnologia: o acesso e o uso de dados é uma decisão de risco

Um diálogo produtivo caracterizou a segunda palestra da manhã de hoje, quarta-feira, 28,  no 15º Fórum da Comunicação que acontece na Universidade Franciscana (UFN). O convidado José Bortolla Neto, fundador da Branded Brain, uma consultoria e laboratório

O dia 7 de junho é marcado pela comemoração do dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Nesta data, em 1977, foi assinado um manifesto exigindo o fim da censura e a liberdade de imprensa, contendo cerca de três mil assinaturas de jornalistas de todo o país. O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, por sua vez, é comemorado no dia 3 de maio. 

Manifesto de 7 de junho de 1977, publicado no boletim da ABI — Foto: Memorial da Democracia/Reprodução

Segundo a Jornalista e Social mídia, Manuela Macagnan o papel da liberdade de imprensa é “Garantir que a população tenha acesso a notícias verdadeiras, com dados reais e apurados com responsabilidade por profissionais. Liberdade de imprensa é o básico para que a sociedade saiba, de fato, o que está acontecendo em todas as esferas”.  Para ela, uma imprensa censurada perde a confiabilidade. Pois, como a população irá saber se o  que está lendo é verdade, se o texto passou por um crivo de censores, assim não havendo uma notícia real onde tudo é tendencioso.  “Hoje em dia não temos mais censores nas redações, como antes, mas a imprensa não é totalmente livre. Basta ver as notícias sobre jornalistas perseguidos, processados e ameaçados”, acrescenta ela. “A liberdade de imprensa é uma das bases da democracia e, se fosse apenas isso, já seria de uma importância gigantesca. É, também, a chance de o país evoluir, de a sociedade ter real noção do que acontece para além da bolha onde vivemos.A imprensa precisa, mais do que ser livre, ser diversa, estar a serviço da sociedade. Ser jornalista é uma responsabilidade imensa. Apurar notícias, fatos e dados com precisão nunca foi fácil, mas é indispensável”, conclui a jornalista. 

Para a coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana , Sione Gomes, a liberdade de imprensa é fundamental para  uma sociedade livre, pois “A imprensa precisa ter total possibilidade de desempenhar as suas funções com seriedade  e amplitude, que é justamente para mostrar para a sociedade as situações que estão impactando nela própria, estando totalmente vinculada a  liberdade da sociedade”. Para ela ainda há âmbitos em que a imprensa brasileira pode evoluir em sua liberdade, trabalhando com os mais variados assuntos, sem que isso seja limitado. “O Brasil não é um dos piores países  om relação à liberdade de imprensa, mas há espaços em que se pode ampliar essa liberdade”, completa a professora.

Bárbara Henriques, também jornalista, acredita que o papel da liberdade de imprensa é “exercer a principal função da imprensa: informar,  dando ao cidadão a possibilidade de buscar diferentes fontes e olhares acerca de um tema.” Ela afirma que vivemos atualmente um dos piores tempos em relação à liberdade de imprensa. Principalmente por conta das  “Fake news”, a polarização fomentada pela mídia e também por políticos, gerando uma arena de incertezas em relação às notícias produzidas. “Temos aqui no Brasil o que é chamado de “mídia de opinião”, uma imprensa que toma partido e isso só traz danos à democracia”, nos fala ela.“É importante que voltemos a um dos preceitos mais básicos da imprensa: a imparcialidade. Confunde-se liberdade de imprensa com “dizer o que quer”. A verdadeira liberdade de imprensa é, nós, enquanto produtores de notícias, darmos ferramentas para que o cidadão busque a melhor forma de se informar. Informação de qualidade representa uma sociedade aberta ao debate, que dá condições para a formação de sujeitos críticos em relação às suas escolhas”, conclui ela.

 O jornalismo precisa ser livre para informar, investigar e mostrar à população tudo que acontece no mundo, para que você forme a sua opinião. Pois sem a liberdade de imprensa não existe a democracia. Sendo assim ela não pode ser limitada sem ser perdida.

José Bortolla refletiu sobre a tecnologia e a liberdade. A mediação foi da professora Pauline Fraga.

Um diálogo produtivo caracterizou a segunda palestra da manhã de hoje, quarta-feira, 28,  no 15º Fórum da Comunicação que acontece na Universidade Franciscana (UFN).

O convidado José Bortolla Neto, fundador da Branded Brain, uma consultoria e laboratório analítico que apoia empresas a transformarem dados em processos decisórios mais eficientes por meio de metodologia proprietária que combina design, tecnologia e educação, trouxe reflexões pertinentes acerca do lugar da tecnologia e da produção de dados na atualidade.

Bortolla  problematizou  o pensamento ocidental e o desenvolvimento científico que elevou a racionalidade a um patamar paradoxal durante os últimos três séculos. Ao mesmo tempo em que ela culmina numa mesma esperança – a de que a tecnologia salvará o homem dele mesmo, tornando o mundo melhor -, chega-se à terceira década do século XXI com um mundo em crise.

Segundo ele, se os últimos 25 anos ampliaram o acesso aos dados das pessoas, nos últimos três isto se acelerou. “Se produz muitos dados sobre tudo e sobre todos. Vivemos numa época de paradoxos. Se, por um lado, há cada vez mais dados disponíveis para consumo, por outro as pessoas que deveriam consumir, interpretar, analisar e tomar decisões a partir deles não possuem as habilidades e conhecimentos necessários para fazê-lo. A essência da técnica e da tecnologia é humana. O que importa é o uso que se faz dela e daí a decisão sobre o risco que esse uso representa” , afirma Bortolla.

O debate que se seguiu abordou a questão do acesso aos dados,  da sua precificação, da segurança e da privacidade das pessoas, da liberdade e sua ressignificação conceitual, do uso de dados pelo Estado, do processo de exclusão que pode ser implementado a partir deles, da necessidade de uma legislação que regulamente o uso  dessas informações.

José Borbolla atua na área de Dados desde 2014 no Cappra Institute for Data Science com pesquisa, inovação, soluções analíticas aplicadas a problemas de negócio e transformação cultura, e acumula mais de dez anos de experiência em Educação, desenvolvendo e coordenando programas na Perestroika, Springpoint, Sputnik, Digital House Brasil, Casa do Saber e Tera. Há 5 anos realiza pesquisas sobre os efeitos dos avanços tecnológicos na sociedade e sobre como as novas tecnologias de dados impactam nosso processo decisório.