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mídia e democracia

Lançamento de livro e exposição de arte na Athena

O lançamento do livro “Mídias e discursos de poder: estratégias de legitimação do encarceramento da juventude no Brasil”, de Marília De Nardin Budó, ocorreu neste sábado, dia 20. Durante o período da tarde, das 14h30 às

Acadêmicos de Jornalismo avaliam o 12º Fórum

Três dias para ouvir, falar e interagir sobre Mídia, Democracia e Novas Possibilidades. A 12ª edição do Fórum de Comunicação do Centro Universitário Franciscano encerrou nesta quinta-feira, 28 de agosto, com a avaliação positiva dos acadêmicos

Quadro da série “Das Prisões” de Adéli Casagrande do Canto, e livro “Mídias e discursos de poder: estratégias de legitimação do encarceramento da juventude no Brasil”. (Foto: Laura Antunes Gomes)

O lançamento do livro “Mídias e discursos de poder: estratégias de legitimação do encarceramento da juventude no Brasil”, de Marília De Nardin Budó, ocorreu neste sábado, dia 20. Durante o período da tarde, das 14h30 às 17h, na Athena Livraria foi realizada uma sessão de autógrafos com a autora do livro, e uma exposição de arte com as séries “SITUA ações” e “Nossa Terra!” de Adéli Casagrande do Canto, artista responsável pela ilustração da capa da obra.

O livro é fruto da tese de doutorado da autora, e corresponde a um longo trabalho de análise da relação entre mídia e crime, que teve início durante os primeiros anos da trajetória acadêmica da autora. Marília De Nardin Budó tem graduação em Jornalismo e em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e, atualmente, é professora do curso de Direito da UFSM.

A autora explana que o tema é recorrente na sociedade, pois a partir da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990, os adolescentes são considerados sujeitos de direito e seres humanos em desenvolvimento, ou seja, os atos infracionais cometidos por adolescentes exigem respostas diferenciadas dos atos cometidos por adultos. Porém, desde então, os discursos políticos e midiáticos tentam deslegitimar as políticas socioeducativas que buscam reintegrar os adolescentes à sociedade. Assim, segundo a autora, criam uma arquitetura argumentativa que reflete uma política discriminatória aos jovens pobres e negros, principalmente, e que resulta em propostas de redução da maioridade penal e do aumento do prazo de internação dos adolescentes, consideradas pela autora, políticas de retrocesso.

Nesse sentido, o livro expõe e analisa as estratégias que buscam legitimar o encarceramento da juventude, e propõe, no último capítulo, ideias alternativas ao discurso político e midiático hegemônico. Assim, a partir do incentivo da democratização dos meios de comunicação, da participação política da sociedade e da utilização de novas mídias é possível, segundo a professora, questionar o que é um ato infracional e quais as respostas efetivas a esses atos. No entanto, salienta que esse questionamento ainda é dificultoso, pois os jovens negros e pobres, que, segundo o Mapa da Violência, são os que mais morrem no país, não são considerados as vítimas, mas sim os inimigos da sociedade, o que é reafirmado nos meios de comunicação.

A exposição de Adéli Casagrande do Canto

Série “Nossa Terra!” e rascunhos da capa do livro. (Foto: Laura Antunes Gomes)

Adéli Casagrande do Canto foi a artista responsável pela ilustração da capa. A advogada e artista plástica relata que, no processo de criação, buscou explorar aspectos que retratam o discurso da mídia acerca da redução da maioridade penal. Dessa maneira, o ECA recebeu um tratamento para ser utilizado como o fundo da capa, no qual, foi queimado, amassado e rasgado, demonstrando, assim, como, na prática, a legislação passa por todos esses processos quando não é cumprida. A artista ainda revela que a pessoa com o megafone, sem identificação de sexo, gênero ou cor, está gritando o discurso da mídia, a mão é a manipulação e as correntes representam a luta contra o discurso hegemônico.

No mesmo espaço do lançamento do livro também foram expostas duas séries de Adéli. A primeira, denominada “SITUA ações”, conjunto de serigrafias com fotografias de viagens e paisagens poéticas, que representam lugares frequentados e ações efetivadas. Já a série “Nossa Terra!” contém os primeiros desenhos em verniz na tela de poliéster feitos pela artista, e representam as relações e diferenças entre os índios norte-americanos e brasileiros.

Série “SITUA ações”. (Foto: Laura Antunes Gomes)

Durante o lançamento, várias pessoas prestigiaram a atividade, e posteriormente, acompanharam o espaço musical.

Vilmar Debona, professor de Filosofia da UFSM, conta que o interesse pelo livro surgiu a partir da discussão de poder, penas e justiças, bem como de outras questões interdisciplinares. Também relata que é notável como a manipulação e o controle do poder midiático estão presentes na ilustração da capa do livro.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

Atílio Alencar foi o convidado da última noite do 12º Fórum de Comunicação (Foto: Pedro Pellegrini/Lab. Fotografia e Memória)

Três dias para ouvir, falar e interagir sobre Mídia, Democracia e Novas Possibilidades. A 12ª edição do Fórum de Comunicação do Centro Universitário Franciscano encerrou nesta quinta-feira, 28 de agosto, com a avaliação positiva dos acadêmicos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. O evento contou com oficinas relacionadas ao tema, cineclube e palestras. Estes dois últimos estiveram relacionados ao Golpe de 64.

Segundo a aluna do 2º semestre de Jornalismo Carolina Busatto Teixeira, 17 anos, o Fórum oportunizou aos participantes uma visão mais aprofundada sobre o que foram o Golpe e a ditadura militar. Os palestrantes dos dois primeiros dias, o jornalista Álvaro Larangeira e o historiador Diorge Konrad, trouxeram detalhes e peculiaridades do período. Carolina ainda se referiu positivamente à dinâmica de organização do evento, com oficinas, filmes e palestras, podendo o aluno optar, conforme seus interesses e possibilidades, em que participar. No terceiro dia, as explanações do produtor cultural Atílio Alencar sobre as manifestações de junho de 2013, jornalismo independente e mídia livre prenderam a atenção do público. “Pra mim, foi a melhor palestra. A linguagem que ele usou possibilitou um melhor entendimento do assunto”, disse a acadêmica de Jornalismo Gabrielle Righi, 18 anos.

Eric Petry, 22 anos, também do 2º Semestre de Jornalismo, atuou no Fórum como voluntário. Ele destacou o elevado número de participantes durante os três dias. “O auditório esteve praticamente lotado e tudo correu como o esperado”, acrescentou Petry. A exposição de trabalhos jornalísticos e publicitários também contou com visitação dos alunos, até mesmo de outros cursos do Centro Universitário Franciscano. “Muitos me perguntavam e queriam saber mais sobre as fotos”, declarou o voluntário.

Por Dara Hamann