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opinião pública

As eleições de 2018 na opinião dos santa-marienses

O cenário político que se apresenta é controverso e, pode-se dizer, um tanto violento. Faltam poucos dias para as eleições de 2018, e  o Brasil se tornou um campo de hostilidade, disseminação de ódio e preconceitos de todos

O despertador precisa tocar

Desde o dia em que fiquei atento durante meia hora ouvindo meu amigo contar uma história, que só envolvia gente corrupta e abuso de autoridade, e que, na verdade, era que um sonho. Ele só percebeu quando

Pesquisa: como vai a saúde pública?

A pesquisa  que sondou a opinião dos santa-marienses acerca de questões relevantes para a cidade e que são de responsabilidade da Administração Pública traz, hoje, a temática da Saúde e a sua relação com a mídia local. A

Pesquisa: santa-marienses seguem insatisfeitos com o transporte público

Uma pesquisa sondou o que os santa-marienses pensam acerca de questões relevantes para a cidade e que são de responsabilidade da Administração Pública. A sondagem foi realizada por acadêmicos de Jornalismo  do Centro Universitário Franciscano –

Infraestrutura municipal: agendamento social e midiático

     Caroline Comassetto, Larissa da Rosa, Natalia Zuliani, Tayná Lopes e Thayane Rodrigues As discussões cotidianas são diretamente influenciadas pela prática jornalística, por meio de construções de realidades pautadas pela mídia. Desde a hierarquização das

O cenário político que se apresenta é controverso e, pode-se dizer, um tanto violento. Faltam poucos dias para as eleições de 2018, e  o Brasil se tornou um campo de hostilidade, disseminação de ódio e preconceitos de todos os lados. Para entender melhor esse cenário, a equipe da ACS foi às ruas buscar  a opinião popular acerca deste momento que gera discussões, desentendimentos e até aversão à política.

Thieser Farias, estudante de direito. Fotos: Thayane Rodrigues/LABFEM.

“Tenho mais medo da política atual brasileira do que quando eu assisto a um filme de terror”, afirma Thieser Farias de 24 anos, estudante de direito. Farias diz ver um cenário polarizado e desolador, de extremo radicalismo, onde há uma esquerda corrupta, segundo ele, com um “”discurso fraco e incoerente” e, do outro lado, a direita que quer resolver os problemas do Brasil na “bala”.  Thieser pensa que o centro e a moderação são o caminho para resolver os problemas do país, como a saúde, educação  segurança.

Diego Miranda, artesão.

O artesão Diego Miranda de 30 anos, diz estar preocupado com o que virá, pois há uma guerra entre as posições políticas de direita e esquerda. Miranda afirma estar pesquisando há tempos seus candidatos para saber quais são suas propostas. Acredita que as pessoas precisam  ter consciência e buscar se informar sobreelas, porque essas eleições vão mudar muitas coisas e fazer a diferença.

Stephanie Rocha, estudante.

A estudante Sthephanie Rocha de 18 anos, pensa diferente. Ela acha que poucas pessoas são representativas e que, quando o fazem, fazem mal. ” Mostram uma sociedade muito preconceituosa em todos os sentidos, racista, homofóbica, o que a maior parte é”, diz. A estudante afirma que isso lhe dá medo e raiva, pois não vê pautas importantes sendo representadas, como a saúde e segurança.

Já Indiara Nogueira, vendedora autônoma de 40 anos, tem o seu candidato definido e afirma não confiar no IBOPE. Indiara pensa que a situação no país está complicada, que precisa de algo novo e  de mudanças radicais, pois é mãe e diz não saber o que esperar para o futuro quando pensa na questão da violência e da situação financeira. “Eu voto pela mudança mesmo, por um cara novo. Se ele fizer alguma coisa boa, parabéns, vamos viver bem. Se continuar a mesma coisa, a gente vai ter que batalhar por algo melhor”, finaliza.

Helen Maciel, aposentada.

Aposentada, Helen Maciel, 70 anos,  tem muita expectativa sobre as eleições e acredita que as coisas possam mudar. Para ela  isso depende de cada um, principalmente da juventude que é a esperança para os idosos, diz. Sobre a violência que Helen percebe no Brasil hoje, afirma ser a falta da educação e opções para os jovens, afetados também pelo desemprego. “As pessoas querem demonstrar a indignação, então fazem esses ataques, vão para o rumo errado”.

Gabriel Pizarro, estudante de direito.

O cenário do Brasil é indescritível, ressalta Gabriel Pizarro, estudante de direito. Ele conta que na política hoje há muitas propostas, mas que a maioria não são cumpridas, e que os candidatos se aproveitam da ignorância da população para se elegerem. Também afirma que falta imparcialidade, e percebe que realmente não há em quem votar.

Desde o dia em que fiquei atento durante meia hora ouvindo meu amigo contar uma história, que só envolvia gente corrupta e abuso de autoridade, e que, na verdade, era que um sonho. Ele só percebeu quando o relógio despertou pela manhã e tinha de levantar para trabalhar. Veio um turbilhão de sentimentos com a brincadeira. Era raiva e ao mesmo tempo alegria em saber que tudo não passava de uma brincadeira.

Encaixo está história do nosso cotidiano, do entrar em uma rede social a abrir um jornal. Na mídia, a gente só vê o confronto, a condenação, a crítica. O lado negativo assombra a mídia brasileira. Nas manchetes não faltam assassinatos e corrupção.

As redes sociais viraram um centro de críticas. Não faltam pessoas mal esclarecidas para repercutir negativismo no seu post, corruptos criticando corrupção. Cadê a consciência que temos que ter tempo pra nossa grama e mantê-la verdinha e cortadinha, para não cobiçar a do vizinho.

A opinião pública se formando por trás do que a mídia mostra. Mídia tendenciosa em seus interesses. Esta na hora do despertador brasileiro tocar. A gente precisa levantar da cama e arrumar a bagunça. A política pública precisa funcionar. O jornalismo também precisa atuar melhor nas apurações, ser feito de forma ética, mas também preocupado com o atendimento ao interesse público.

Não acho que a solução seja apenas confrontar, mas precisamos defender o jornalismo, despertar no mercado o que se aprende na academia.

11738081_849775708432946_7064593028884706523_nLucas Cirolini

Texto produzido para a disciplina de Legislação e Ética em Jornalismo

 

A pesquisa  que sondou a opinião dos santa-marienses acerca de questões relevantes para a cidade e que são de responsabilidade da Administração Pública traz, hoje, a temática da Saúde e a sua relação com a mídia local.
A sondagem foi realizada por acadêmicos de Jornalismo  do Centro Universitário Franciscano – Unifra, durante o primeiro semestre do corrente  ano,  como atividade das disciplinas de Políticas de Comunicação e com o objetivo de captar o que a população espera de uma nova administração da cidade. Desenvolvida ao longo de quatro sondagens em semanas diferentes,  a pesquisa voltou-se para públicos de várias idades e regiões da cidade, desde o centro até as áreas menos favorecidas.  Transporte público, saúde, segurança pública, educação pública, infraestrutura ( espaços públicos, iluminação, calçamento,) foram os temas sobre os quais a opinião pública se manifestou.  A ACS vem publicando, separadamente, o resultado de cada temática. 

Fachada do ginásio poliesportivo da APAE. Foto: Roger Haeffner/ Laboratório de Fotografia e Memória
Foto: Roger Haeffner/ Laboratório de Fotografia e Memória

Falta de médicos, demora no atendimento, falta de infraestrutura e longas filas. Essa é a ordem dos problemas do sistema público de saúde, elencados por 76 entrevistados de diferentes idades, em 25 bairros diferentes de Santa Maria. A ACS selecionou algumas das respostas ouvidas, omitindo, a pedido, o nome das fontes.
L. B., 56, cozinheira: “Deveria começar tudo de novo. É uma vergonha, é precário. O agendamento é demorado, chegamos às 4h e precisamos esperar até às 8h. Deveria haver uma maior atenção às pessoas.”
J.A., 24, dona de casa: “No posto próximo a minha casa (Nova Sta. Marta) o atendimento é péssimo, não há médicos, chegam tarde e nos atendem mal. Aqui (Sta. Marta), não gosto do calor, mas é o lugar que recebo atendimento.”
C.C., 53, aposentado: “Falta reformas das unidades, aumentar o número de médicos.”
D.S., 38, açougueira: “Precisa melhorar tudo. A estrutura e a otimização do tempo, por exemplo.”
M.D., 80, dona de casa: “O atendimento é horrível. Deveria mudar a estrutura dos postos e os aparelhos utilizados.”
E.C., 70, dona de casa: “ Há muita fila, muito tempo de espera, procuro outras clínicas.”
R. H., 68, aposentado: “Fui no Pronto Atendimento do Patronato, esperei quatro horas e desisti. Faltam médicos e verbas, e a estrutura deveria melhorar.”
A.P., 43, dona de casa: “É muito demorado, por não ser uma cidade muito grande, o investimento deveria ser maior.”
M.A., 53, aposentado: “Poderia ser melhor, mas dependemos de verbas, pagamos muito para a união. Aqui na cidade temos uma gestão competente, mas a situação do país é crítica.”
C.N., 50, cuidadora: “Precisa ser mudado os concursos públicos, colocar gente especializada. Falta administração. Os programas de saúde iniciam muito bem, mas depois já faltam aparelhos, remédios. Os hospitais não têm o básico para atender. Os postos de saúde sem remédios para distribuir para quem tem direito. Eu que fico com pessoas nos hospitais, vejo que as vezes os remédios que os médicos receitam nem no hospital tem.”
C.F., 18 , estudante: “Boa administração da saúde do município. Contratar pessoas capacitadas, que sabem o que estão fazendo.”
B.C.,30 , estudante: “Melhor atenção às mulheres grávidas, no pré e pós natal.”
J.M. 21, estudante: “Ampliar e melhorar a saúde. Investimento na infraestrutura e profissionais.”
L.F., 40 anos, professora: “Investimento na estrutura, mais material humano capacitado. Reorganização de todo o sistema de atendimento, para melhor auxílio da população.”

Ambulância a prontidão no Conjunto III para possíveis ocorrências. Foto: Diego Garlet, Laboratório de Fotografia e Memória
Foto: Diego Garlet, Laboratório de Fotografia e Memória

O que se viu na pesquisa de opinião pública sobre a saúde foi um misto de vivências no SUS e de opiniões elaboradas a partir do conhecimento de terceiros. A mídia contribui para essa formação, embora não de maneira tão incisiva.
Dos entrevistados, 55% utilizavam o sistema privado, enquanto  outros 45% usufruíam da precária infraestrutura do sistema público de saúde da cidade.
De modo geral, envolvendo todos as pessoas ouvidas, 42% avaliaram o SUS como “ruim”, situação que muda a partir do momento em que as respostas são divididas de acordo com o sistema de saúde utilizado. No entanto, nem todos que utilizam o Sistema Único de Saúde acham ele tão ruim assim.
Ao dividir as respostas dos entrevistados que utilizavam o sistema privado de saúde, 52% deles avaliaram o SUS como “ruim”. A opinião dos que nunca passaram pelo SUS vem de uma concepção estabelecida a partir da mídia ou, simplesmente, trazido de terceiros – salvo algumas exceções, que mudaram para o sistema privado porque não tinham suas necessidades supridas pelo sistema público.
Na contramão dos que têm um sistema privado de saúde, 38% dos entrevistados que utilizam o SUS para consultas e tratamentos médicos, avaliaram o mesmo como “bom”, enquanto 29% disseram que é ruim. Apesar das falhas, percebe-se que sistema público de saúde ainda consegue suprir as necessidades de quem não tem condições de ter um plano privado. O Brasil tem um sistema universal de saúde elogiado por especialistas, mas essa proposta ainda não se cumpriu efetivamente. Entre os principais problemas desse sistema, a falha mais citada pelos entrevistados foi a falta de médicos, mas se consideradas as respostas apenas de quem utiliza o SUS, o principal problema passa a ser a demora no atendimento e a infraestrutura defasada em muitos postos de saúde.

Uma semana após a pesquisa de opinião realizada, o principal telejornal de cidade exibiu uma matéria em que uma Pediatra e um Ginecologista não cumpriam com suas cargas horárias de trabalho, o que se comprova a partir dos problemas citados por quem utiliza o SUS diariamente.  A mídia local permanece como um espaço de voz, direta ou indiretamente, no qual a população enxerga como alternativa para falar da sua situação frente ao “perrengues” diários que enfrentam no SUS

Durante a pesquisa, em meio ao “surto” de vacinação da gripe, os jornais locais da cidade não pautavam outro assunto relacionado à saúde, a não ser matérias relacionadas a esse tema. A mídia, em certo ponto, não interferiu nas respostas dos entrevistados, já que pouquíssimos lembraram da vacinação no momento de elencar os problemas. Questionados sobre como veem a abordagem da mídia, os entrevistados que utilizam o Sistema Único de Saúde são incisivos ao dizerem que “a mídia mostra a realidade do descaso”.

Muito se reclama das condições oferecidas pelo sistema público, e a mídia aparece para mostrar isso, porém não acaba atendendo as expectativas de quem está num leito de hospital. A população não quer apenas que mostrem a precariedade do sistema, mas quer a mídia seja sua porta-voz para que as autoridades façam melhorias no SUS.  Também não se pode deixar de lado o fato de quem utiliza o plano privado menosprezar o sistema público, sem sequer ter usado algum dia. A mídia forma sim opinião e, devido a sua abordagem sobre as precariedades do SUS, transparece à população um sistema totalmente inviável, o que não se comprova por quem utiliza o sistema público. Esse sistema universal de saúde elogiado por especialistas tem muito para melhorar, e a mídia não pode pautar apenas o que há de ruim. O SUS tem muito a oferecer, mesmo com sua demora de agendamento, entretanto não se pode desmerecer um plano que salva a vida de milhares de brasileiros diariamente e que não têm condições de adquirir um plano privado.

Por  Deivid Pazatto, Diego Garlet, Guilherme Trucollo, João Pedro Foletto, Luana Oliveira, Paola Saldanha e Victória Debortolli

Uma pesquisa sondou o que os santa-marienses pensam acerca de questões relevantes para a cidade e que são de responsabilidade da Administração Pública. A sondagem foi realizada por acadêmicos de Jornalismo  do Centro Universitário Franciscano – Unifra, durante o primeiro semestre do corrente  ano,  como atividade das disciplinas de Políticas de Comunicação e com o objetivo de captar o que a população espera de uma nova administração da cidade.

Desenvolvida ao longo de quatro sondagens em semanas diferentes,  a pesquisa voltou-se para públicos de várias idades e regiões da cidade, desde o centro até as áreas menos favorecidas.  Transporte público, saúde, segurança pública, educação pública, infraestrutura ( espaços públicos, iluminação, calçamento,) foram os temas sobre os quais a opinião pública se manifestou.  A ACS vai publicar, separadamente, o resultado de cada temática. Hoje é a vez do transporte público.

Arquivo ACS
Arquivo ACS

          A pesquisa sobre o transporte público ouviu, de modo aleatório, oitenta pessoas: 40% são trabalhadores que dependem do transporte para ir ao trabalho e 60% de estudantes para ir à faculdade ou escola. Os resultados indicam que o transporte público de Santa Maria sofre com a falta de infraestrutura e investimento, pois mais da metade dos ônibus que circulam na cidade são de péssima qualidade, faltam oferta de mais horários nas diferentes linhas, o que causa superlotações. Outro fator apontado pela população, principalmente pelos estudantes, é o alto valor da passagem.

          A sondagem revela que as pessoas que consideram bom o transporte público de Santa Maria são aquelas que usam com pouca frequência ou são idosos que não precisam pagar a passagem. A maior porcentagem de exigências fica por conta dos estudantes que pedem por melhorias e por ser  Santa Maria uma cidade universitária, onde há uso diário do transporte coletivo. Também trabalhadores de diferentes classes sociais  classificam o transporte como ruim ou péssimo, pois são usuários que necessitam do transporte no dia a dia.

       Além disso, a pesquisa também cruzou os dados da opinião pública sobre as mídias da cidade. Nota-se que o público não se vê representado pelos veículos no quesito transporte público e gostaria de mais visibilidade aos problemas apresentados e enfrentados diariamente, porque acreditam que a mídia pode provocar mudança dessa realidade.

 Não foi encontrado nenhum passageiro que fosse vítima de assédio, no entanto, mulheres relataram um grande desconforto ao usar o transporte público.

       A crítica que fica é: se a população não se vê representada pela mídia, a opinião pública não influência em “nada”?  Ainda assim, acredita que se não for através da mídia, a situação atual dos transportes não irá mudar e as dúvidas frequentes dos usuários nunca serão respondidas e, as críticas, nunca serão atendidas.

      O problema é real, as críticas aumentam cada vez mais, assim como o perigo. A problemática não tem voz diante da mídia e, isso, é realidade preocupante que precisa, urgentemente, de mudanças.

Por Andressa Marin, Anna Carolina Franchi, Emily Costa e Victorya Azambuja.

Observatório da mídia CS-02

     Caroline Comassetto, Larissa da Rosa, Natalia Zuliani, Tayná Lopes e Thayane Rodrigues

As discussões cotidianas são diretamente influenciadas pela prática jornalística, por meio de construções de realidades pautadas pela mídia. Desde a hierarquização das informações apuradas até os critérios de noticiabilidade, define-se o que será discutido e comentado socialmente.

Segundo este raciocínio, da teoria do agendamento, as notícias pautam nosso cotidiano. Assim se forma a realidade social, baseada na dimensão valorativa que cada meio de comunicação carrega, influenciando na construção da subjetividade humana. Da mesma forma, a esfera social pauta o meio midiático. A opinião pública possui forte presença no jornalismo, mesmo com a hegemonia midiática estabelecida pelo monopólio das grandes empresas de comunicação.

Durante um mês – da primeira quinzena de maio à primeira quinzena de junho de 2016 -, realizamos uma sondagem com a população santa-mariense, semanalmente, para a disciplina de Políticas de Comunicação do curso de Jornalismo, contabilizando os dados e analisando de forma comparativa com a mídia local. O foco desta pesquisa foi a infraestrutura da cidade de Santa Maria, contemplando questões cotidianas da população, gestão municipal e abordagem midiática. No recorte analisado, o relacionamento público-mídia é movido pelas duas partes: a dinâmica social é influenciada pela prática midiática, assim como a mídia é guiada pelo viés da opinião pública.

Em diversos bairros da cidade coletou-se informações de 80 participantes, de 17 a 76 anos e profissões variadas. A maioria caracterizou como péssima e ruim a infraestrutura da cidade. Trata-se aqui da iluminação, acessibilidade, calçadas, asfalto e ciclovias. Foi apontado como maiores problemas o asfalto, o calçamento e a iluminação. O asfalto por causar danos aos carros, aumentar o tempo de percurso e gerar engarrafamentos e acidentes. As calçadas por interferir na acessibilidade e no percurso de pedestres. E a iluminação por provocar aumento da violência e sentimento de insegurança.

Os principais veículos de comunicação locais que os entrevistados consomem são o Diário de Santa Maria (online e impresso), A Razão (impresso) e o programa televisivo Jornal do Almoço local, que noticiaram sobre asfaltamento, calçadas, obras, acidentes e bloqueios/desvios. O grande número de jovens entrevistados, provavelmente por sua relação com a internet e as redes sociais, fez com que a sondagem trouxesse o Diário de Santa Maria online como principal fonte de informação local. Apenas 11 pessoas disseram não consumir nenhum tipo de notícia sobre esse assunto durante o tempo apurado.

Considerando que o agendamento se dá de vários modos, segundo o pesquisador Antonio Hohlfeldt, a influência do agendamento por parte da mídia depende do grau de exposição a que o receptor está exposto. Além disso, depende também do tipo de mídia, da relevância e interesse que este receptor venha a emprestar ao tema, sua necessidade de orientação ou sua falta de informação, ou, ainda, seu grau de incerteza.

Assim, analisando as respostas dos entrevistados de acordo com o que foi noticiado, nas semanas das entrevistas, nos meios de comunicação consumidos pelos mesmos, concluiu-se que, no caso da infraestrutura municipal, a teoria do agendamento acontece. Com exceção daqueles questionamentos que foram respondidos com base na experiência cotidiana dos entrevistados, que estavam menos expostos ao agendamento da mídia em função do não consumo ou consumo raso de notícias e/ou usavam do senso comum para afirmar tópicos negativos sem argumentação factual. Este senso comum é gerado pela falta de exploração e profundidade da mídia sobre a infraestrutura municipal – prova é que foram veiculadas mais notícias sobre estradas, de responsabilidade estadual/federal, do que sobre ruas da cidade, gerando uma abordagem que provoca a banalização das notícias sobre a infraestrutura municipal.

O processo inverso também ocorre: a opinião pública pauta a atividade jornalística. Podemos constatar isso em função da dinâmica organizacional das notícias veiculadas, nos meios analisados, que ocorreu posteriormente à análise das informações e apontamentos da população sobre a infraestrutura na sondagem realizada.

Assim, nossa sondagem e análise corroboram com a teoria do agendamento social, bem como indicam que o processo de agendamento midiático ocorre no âmbito local, pois as informações ouvidas na rua foram basicamente as expostas nos veículos, e vice-versa.

Como afirma João Pissara, a mola principal para a democracia é a opinião pública. A comunicação deve montar a agenda de discussão da sociedade de maneira menos valorativa e mais asséptica possível, afinal a coletividade se alimenta das impressões dos meios de comunicação de massa e é papel da mídia dar espaço à esfera pública, afinal a força da mídia está não só no que ela veicula, mas também – e principalmente – no que ela não veicula.

Jornalistas são agentes políticos com poder de construção de realidade. As mídias sabem criar o senso comum da sociedade e podem levar a opinião pública a reproduzir seus interesses particulares, e não necessariamente o interesse público. É preciso saber até onde vai a construção da realidade e onde começa o agendamento intencional do senso comum de acordo com a dimensão valorativa do veículo, até onde a mídia se pauta pela opinião pública e até que ponto ela pauta a opinião pública.

 

Thayane (1)
Thayane Rodrigues, 19 anos, adora leitura, música e se aposta na narrativa.
Tayná (1)
Tayna Lopes,18 anos estudante de jornalismo, amante dos livros e apaixonada por teatro.
Natália (1)
Natalia Zuliani, santa-mariense, 20 anos, ama ler e é apaixonada por Jornalismo Investigativo.

 

Larissa (1)
Larissa da Rosa,19 anos, santa-mariense, divide seu tempo entre jornalismo e ballet clássico. Apaixonada por arte e qualquer tipo de manifestação cultural, tem o insaciável desejo de conhecer o mundo.
caroline
Caroline Comassetto, 19 anos, estudante de Jornalismo, ama ler e é apaixonada pelo curso.