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Santa Maria, RS, Brazil

patrimônio cultural

Conjunto de prédios da avenida Rio Branco ameaçados pelo novo plano diretor aprovado pela Câmara de Vereadores.

Foi criado, hoje, 02,  o Coletivo de Defesa do Patrimônio Cultural de Santa Maria,  formado por entidades como  Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), Conselho de Políticas Culturais, União das Associações Comunitárias (UAC) e Associação da Vila Belga, além de integrar artistas, produtores culturais e pessoas de diversas áreas que defendem a preservação do Centro Histórico da cidade.

O movimento deve-se em função das alterações do Plano Diretor aprovado recentemente na Câmara de Vereadores que expõe as construções históricas e culturais da cidade à especulação imobiliária. Embora o prefeito Jorge Pozzobon tenha assinado um decreto de tombamento provisório que protege 135 prédios da cidade, o documento não dá garantias de que isso irá ocorrer.

No próximo sábado,  04/08, foi marcado um ato público artístico, na Praça Saldanha Marinho, às 10 horas da manhã, em defesa do patrimônio histórico e cultural da cidade. Abaixo, o manifesto público do coletivo.

Edifício Mauá faz parte do patrimônio art déco. Fotos: Marcelo Canellas (cedidas/ TV OVO/Rede Sina)

COLETIVO EM DEFESA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE SANTA MARIA

SANTA MARIA, PATRIMÔNIO ART DÈCO DO BRASIL

Manifesto em defesa de um tesouro arquitetônico ameaçado

Preocupados com os riscos que corre o significativo acervo arquitetônico de nosso centro histórico, vimos a público anunciar nosso repúdio aos encaminhamentos que decorrem das mudanças no Plano Diretor da cidade. Ao mesmo tempo, tornamos manifesta nossa intenção de defender a proteção dos valores culturais de Santa Maria. ​

Uma cidade não se desenvolve apenas pela expansão em termos econômicos, pela abertura de novas ruas, implantação de novos empreendimentos, construção de novos prédios. Também vai-se tornando grande e promissora, pelo permanente progresso cultural de sua gente. Se os índices materiais dão a feição da cidade, a cultura é a sua alma. Não é eliminando os vestígios do passado que vamos dar uma cara nova a Santa Maria, simplesmente estaremos eliminando de sua essência o que a torna viva: a memória da construção de sua identidade.

Para que se possa ter efetividade na condução de políticas públicas, é preciso estimular nos santa-marienses a sua autoestima cidadã. Para cuidar da cidade, ajudar a manter sua beleza e fazê-la crescer, é preciso fomentar a ideia de pertencimento, de amor por este lugar de convívio. Amar implica conhecer: as pessoas não esquecem o que amam, e só amam de verdade o que conhecem.

Embora o efeito deletério das mudanças do Plano Diretor sobre o patrimônio arquitetônico do Centro Histórico de nossa cidade tenha sido amenizado pelo decreto do Prefeito Municipal, não há segurança de sua efetiva proteção. Diante da real possibilidade de que sejam postos abaixo não apenas o maior acervo arquitetônico em Art Déco, em via contínua, na América Latina, mas também inúmeros outros monumentos da história desta cidade, erguemos nossa voz, impregnada do afeto que temos por Santa Maria. Para tornar efetiva e consequente esta luta que começa aqui, hoje, propomos como eixos de ação:

1) Todo apoio ao Comphic.

2) Pela defesa da lista provisória dos 135 imóveis tombados.

3) Por um inventário técnico sobre o valor histórico-arquitetônico dos imóveis antigos da cidade com a possibilidade de ampliação da lista.

4) Pela imediata discussão ampla e democrática de uma nova lei municipal de proteção ao patrimônio histórico, arquitetônico e cultural

5) Pela criação de mecanismos de venda de potencial construtivo para que os proprietários sejam amparados pela prefeitura e tenham recursos para restaurar seus imóveis.

Apelamos para a consciência das autoridades para que não se deixem levar pelas urgências do presente. Convidamos a todos os santa-marienses para que se juntem a nós nessa luta em favor da nossa memória e a garantia de nossa identidade no futuro. Hoje construímos história, e a história que construímos coletivamente deve ter solidez, para não ser posta abaixo amanhã pela insensatez ou pela ganância de interesses particulares. Somos todos Santa Maria, hoje e sempre.

 O tema do XVII Simpósio de Estudo, Pesquisa e Extensão (SEPE) é Educação e Cultura para a transformação de pessoas. Dentro dessa temática foram apresentados na noite de quinta, dia 3, os trabalhos de filosofia na sala 209 do conjunto I do Centro Universitário Franciscano.

A filosofia para muitos é algo difícil de entender. E quem ouvia a tentativa de falar o nosso português enquanto apresentava o seu trabalho, percebia que o haitiano de Porto Príncipe duplicava seus esforços para explicar o seu trabalho. Franckel Fils-Aimé falava sobre a dificuldade que se têm na escola devido à  falta de qualidade na formação de professores no ensino da filosofia. Durante o debate, houve o questionando sobre o problema de inserir a disciplina nos outros campos de estudo, tendo o professor de filosofia que se aprofundar em uma área a qual não  pertence para poder ensinar  outras áreas de conhecimento.

Outro trabalho apresentado foi do acadêmico do sexto semestre de filosofia da Unifra, Leandro da Silva Roubuste: “Estética e educação patrimonial sob uma perspectiva filosófico-geográficos – uma proposta pedagógica com vista à transformação de pessoa.” O autor do trabalho comentou que o mesmo tem o intuito de mostrar que a nossa realidade não tem o vigor que seria necessário. O objetivo do trabalho é levar alunos do ensino médio ao Teatro Treze de Maio e fazê-los perceber o que é belo dentro da estética geográfica e filosófica, para depois de compreendido esses conceitos trabalhar e aplicá-los na questão patrimonial da cidade. Para ele prestamos muita atenção em coisas de fora e deixamos outras presentes no nosso dia-a-dia passarem despercebidas aos nossos olhos. Leandro acredita que a função do educador é mostrar essa diversidade que a falta de tempo e a rotina nos impedem de enxergar.

A sala 209 só ficou silenciosa durante a apresentação dos trabalhos. Bastava um terminar o que falava para iniciar uma discussão entre a plateia ouvinte, professores e o acadêmico expositor. Entre momentos eufóricos e mais calmos a discussão acabava chegando a um ponto em comum.

O SEPE termina nessa sexta-feira, dia 4. Mas deixa a todos os participantes, sejam os professores avaliadores, alunos que apresentaram seus trabalhos ou as pessoas que acompanharam as apresentações, a construção e troca de conhecimentos das mais diversas áreas e ainda a reflexão sobre a educação e cultura como transformação de pessoas.

Para Leandro que apresentou o trabalho citado acima, o SEPE é a hora de expor o conhecimento que os alunos e professores desenvolvem dentro da academia. “O evento nos proporciona aprendizado dos demais temas e também é o momento de mostrar o conhecimento de uma maneira mais rigorosa devido aos questionamentos que são feitos” , conclui Leandro.

Por Adriély Escouto