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Cia. Retalhos de Teatro apresenta releitura de Shakespeare

Na última quinta-feira (15), a Cia. Retalhos de Teatro apresentou o espetáculo “Romeu & Julieta”. A releitura da obra de Shakespeare ocorreu na Praça do Mallet, de Santa Maria, a partir das 17h. A adaptação existe

Entre cenas e cenários do Rosário

Em um antigo prédio no bairro do Rosário, são vividas histórias, fantasias e novos mundos. No local, que já foi uma fábrica de brinquedos, uma igreja e uma fábrica de caixões funerários, funciona atualmente o Espaço

Atores do espetáculo Romeu e Julieta posam caracterizados na Praça Mallet
Atores do espetáculo Romeu e Julieta. (Foto: Laura Antunes Gomes)

Na última quinta-feira (15), a Cia. Retalhos de Teatro apresentou o espetáculo “Romeu & Julieta”. A releitura da obra de Shakespeare ocorreu na Praça do Mallet, de Santa Maria, a partir das 17h. A adaptação existe há nove anos e busca retratar a linguagem do amor nas ruas da cidade.  

Dois atores encenando em uma escada, trocando olhares. Ao fundo uma terceira atriz está sentada.
Releitura Romeu & Julieta. (Foto: Laura Antunes Gomes)

Segundo o diretor de teatro Helquer Paez, 49 anos, o processo de produção da peça durou cinco meses, quando a Cia se dedicou aos ensaios, para posteriormente começar as apresentações. Nesta ocasião, a temática do palhaço, a commedia dell’arte e a comédia popular, oriundas do renascentismo, foram desenvolvidas pelo elenco a fim de representar a obra do famoso poeta e dramaturgo inglês. Integram o elenco Alexia KarlaJulio Cesar ArandaDébora Matiuzzii, Rafael JacintoJeferson Ilha e Helquer Paez, que dirige e atua ao mesmo tempo.

Helquer relata, ainda, que o espetáculo faz parte do projeto “Passageiros da Alegria”, existente desde 2002, que realiza apresentações em escolas, asilos, instituições de caridade e nas ruas. As temáticas abordadas são tanto a releitura da obra de Shakespeare, quanto os espetáculos voltados para o público infantil e as peças natalinas. Todos são financiados pela Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria.

A companhia, que existe há 23 anos, está desde março apresentando peças no Espaço Cultural Victorio Faccin. Atualmente, o Teatro Por Que Não?  é administrador do espaço, junto com o  Teatro Universitário Independente (TUI), grupo teatral com mais de 50 anos de atividade. Neste local, a Cia. Retalhos de Teatro apresenta uma vez por mês espetáculos de todos os gêneros. Em 2018, a Cia já recebeu vários prêmios, principalmente com o espetáculo infanto-juvenil, e recentemente foi selecionada para premiação em Erechim e Porto Alegre.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

(Foto: Maria Luísa Viana/ Lab. Fotografia e Memória)
(Foto: Maria Luísa Viana/ Lab. Fotografia e Memória)

Em um antigo prédio no bairro do Rosário, são vividas histórias, fantasias e novos mundos. No local, que já foi uma fábrica de brinquedos, uma igreja e uma fábrica de caixões funerários, funciona atualmente o Espaço Cultural Victorio Faccin.

O Espaço é sede dos grupos Teatro Universitário Independente (TUI) e Teatro Por Que Não? desde 2007. Em 2014, os grupos fizeram uma campanha de financiamento coletivo para reformar a estrutura. “Nós fizemos uma campanha de fevereiro até abril porque o teto e o assoalho estavam comprometidos por causa de uma infestação de cupins. Nós começamos com a meta de 25 mil reais e acabamos com 36 mil reais”, conta a atriz Juliet Castaldello, de 25 anos. O local foi reinaugurado em outubro de 2014 após a restauração.

O teatro de bairro, como define o ator Felipe Martinez, 27 anos, é um privilegio para a região. “Nós não temos uma estrutura como o teatro 13 de Maio, por exemplo, mas temos o diferencial: aqui tem um lugar que se pode ficar bebendo e conversando antes ou depois do espetáculo, além da sala ser mais intimista, porque proporciona um contato mais direto entre o público e o espetáculo”, observa.

De acordo com os atores, o teatro é bem conhecido no Rosário. “As pessoas conhecem bastante e é uma opção não tão centralizada. A expansão da Unifra e dos imóveis faz com que venham novos moradores já com interesse no teatro daqui”, afirma Felipe. Para ele, a cultura presente no Espaço é tão positiva para a região que deveriam existir mais lugares independentes e acessíveis ao longo de Santa Maria. “É o tipo de coisa que seria legal se tivesse mais e fossem localizados em extremos”, completa.

Teatro Universitário Independente e Teatro Por Que Não?

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Atores dos grupos Teatro Por Que Não? e Teatro Universitário Independente (Foto: Amanda Souza/ Lab. Fotografia e Memória)

O TUI foi fundado em 1961, sob o nome de Teatro Universitário de Santa Maria (TUSM), por Clenio Faccin e Jomar Cunha, do curso de Ciências da Economia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Em 1968 o grupo foi para Bogotá, na Colômbia, no I Festival Municipal de Manizales com a peça ‘Arena Conta Zumbi’, que eles estavam proibidos de apresentar em território nacional, e ganharam um prêmio muito bom. Na volta para a Universidade, o prêmio foi confiscado e construíram a boate do DCE. A partir daí eles se desvincularam da UFSM e se tornaram o TUI em 1969″, explica o ator Cristiano Bittencourt dos Santos, de 36 anos. Em tempos de ditadura, um grupo politizado e partidário de uma frente de esquerda não era o que a Universidade buscava, de acordo com Cristiano. Mais de 50 anos após a criação, contando com seis integrantes, o TUI mantém a essência de contestar a realidade social.

O Teatro Por Que Não? foi criado em 2010 no curso de Artes Cênicas da UFSM e possui  cinco atores e diretores. “Para dar continuidade ao nosso trabalho, nos juntamos em uma estrutura coletiva para tentar nos profissionalizarmos. Em 2012 recebemos o convite do TUI para vir para o Espaço”, afirma Anderson. O grupo protagoniza espetáculos, cursos e oficinas, além de eventos como o Mosaico e (pausa dramática).

O Espaço Cultural Victorio Faccin funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h, na Rua Duque de Caxias, 380. A programação pode ser conferida na página do facebook do teatro.