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Faixa de pedestres é segura?

Acidentes de trânsito envolvendo pedestres têm sido um dos maiores fatores de mortes no mundo. Segundo dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 59 mil pessoas foram atropeladas e, de acordo

Não há vagas

As dificuldades para encontrar vagas para estacionar no centro de Santa Maria tornam-se um problema sem expectativas de solução. É comum que o motorista tenha que dar várias voltas nos quarteirões e muitas vezes, desista de

Santa Maria: Operação Balada Segura chega à cidade

Nesta segunda-feira (19), o prefeito Cezar Schirmer lançou a Operação Balada Segura em Santa Maria. O programa é desenvolvido pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) com a  prefeitura, a Brigada Militar, a Polícia Civil e a

Trânsito caótico em Santa Maria

O trânsito é um problema que afeta cada vez mais as cidades. Santa Maria possui a sexta maior população do estado e a quantidade de veículos vem crescendo a cada mês. Segundo o IBGE, ao todo

Educar para o trânsito

A falta de educação, imprudência e desrespeito as normas de trânsito são problemas cada vez mais recorrentes. Para lidar com estas questões uma das alternativas apresentadas são as campanhas de conscientização. O Programa de Segurança e

Entrevista: até onde o humor nos leva no trânsito?

Para a especialista Salete Romero,  atrás do volante o motorista se sente mais poderoso. Foto: arquivo. Em entrevista a Agência Central Sul, a especialista em Psicologia do Trânsito, Salete Romero, fala sobre agressividade no trânsito, os

Acidentes de trânsito envolvendo pedestres têm sido um dos maiores fatores de mortes no mundo. Segundo dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 59 mil pessoas foram atropeladas e, de acordo com o Ministério da Saúde, quase 10 mil chegaram a óbito.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

As chamadas faixas de segurança foram criadas em 1949, para tentar diminuir o número de acidentes.  Mas nem motoristas nem os próprios usuários costumam valorizar esse espaço. É comum ver motoristas que não param na faixa de segurança, e quando param, permanecem sobre a mesma, impossibilitando o direito da travessia dos pedestres. Segundo o relato do vendedor, Luciano Delles, 35, é mais fácil atravessar fora da faixa de segurança, embora o perigo seja constante.

O bloqueio de uma calçada ou via, seja por problemas de calçamento ou obras que inviabilizam a passagem é um dos motivos que dificultam o deslocamento dos pedestres.

É impossível generalizar a falta de educação no trânsito, pois também é recorrente ver cidadãos que se dispõem a parar para facilitar a travessia das pessoas. No entanto, o veículo que vem atrás nem sempre respeita o limite de velocidade e acaba ultrapassando o que está parado, e acerta em cheio quem está passando. É indispensável que cada cidadão assuma com responsabilidade os seus direitos e deveres, e aprenda a adequar sua própria conduta no trânsito para evitar  imprudências que ocasionam situações de risco.

Por Viviane Campos e Márcio Fontoura, para a disciplina de Jornalismo Online

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É cada vez mais frequente carros estacionados em lugares proibidos. Foto: Guilherme Benaduce

As dificuldades para encontrar vagas para estacionar no centro de Santa Maria tornam-se um problema sem expectativas de solução. É comum que o motorista tenha que dar várias voltas nos quarteirões e muitas vezes, desista de encontrar o espaço perto do seu destino.

São inúmeros os veículos que estacionam em lugares proibidos, exclusivos para escolas, bancos ou consultórios e, nas faixas de segurança. As placas que sinalizam tempo máximo permitido são ignoradas, o que prejudica o fluxo, principalmente em frente às farmácias.

Para o militar Lusardo Neves a melhor opção é estacionar longe das ruas onde ficam os principais comércios da cidade. Segundo Lusardo, muitas vezes é melhor ir de ônibus até o centro e deixar o carro na garagem.

A telefonista Vanessa Nunes, 37 anos, relata que se obriga a pagar estacionamento privado, pois não é seguro deixar o carro na rua. “Acho injusto pagar a Zona Azul, pois a mesma não assegura contra dano e roubos. Temos que pagar apenas para ocupar um espaço na rua, que é pública” – desabafa.

O Fiscal Municipal II Régis Moreira, 49 anos, destaca que para melhorar o trânsito na cidade é necessário mais recurso humano, ou seja, mais fiscais. “Existe o código de trânsito, mas sem fiscalização adequada, não surge o efeito desejado. Os condutores não respeitam as sinalizações. Cada um pensa somente em si. Não pensam no deficiente, no idoso, nas entradas de garagem, no fluxo, na mobilidade. Só querem estacionar” – argumenta o agente de trânsito.

Segundo Régis, para melhorar o trânsito em Santa Maria é necessário que os recursos das multas não entrem em um cofre único da prefeitura, mas que fossem destinados à busca por soluções.

“Do valor arrecadado no estacionamento rotativo pago na Zona Azul, em torno de R$20 mil mensais, não retorna um centavo para a secretaria de trânsito. Hoje, o setor de fiscalização de trânsito não tem nenhuma viatura para fiscalização, nem uniformes, nem rádios. Seriam necessários esses recursos para fazermos uma conscientização nas escolas, a partir das sereis iniciais” – afirma.

Vice-prefeito firma convênio com Detran e órgãos de segurança pública. Foto: João Alves/Prefeitura

Nesta segunda-feira (19), o prefeito Cezar Schirmer lançou a Operação Balada Segura em Santa Maria. O programa é desenvolvido pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) com a  prefeitura, a Brigada Militar, a Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal. A cerimônia aconteceu no Salão de Atos do Edifício João Fontoura Borges, conhecido como prédio da antiga SUCV.

Teve início também, o treinamento dos agentes públicos que irão atuar diretamente nas fiscalizações e blitzes. O treinamento seguiu na terça-feira (20) após o pronunciamento do vice-prefeito, José Haidar Farret, com todas as forças participantes. Ele fez um chamado à comunidade e à imprensa para que tenham participação no projeto educativo.

A Operação Balada Segura tem o objetivo de reduzir o índice de acidentes de trânsito relacionado à ingestão de bebida alcoólica.  A proposta consiste em ações como conscientização e maior fiscalização nos locais e horários de maior incidência de acidentes.

Miguel Passini, secretário de Controle e Mobilidade Urbana, participou do lançamento da Operação Balada Segura. Foto: João Alves/Prefeitura

Segundo o secretário de Controle e Mobilidade Urbana, Miguel Passini, o projeto, iniciado em 2011 em Porto Alegre, tem atingido os seus objetivos. Desde o ano passado, houve tentativas de trazer a operação para Santa Maria, tendo êxito somente este ano. “Neste momento, aguardamos a assinatura do prefeito Cezar Schirmer para dar início às atividades”, explica.

 

Por Victória Papalia

Cruzamento das ruas Conde de Porto Alegre com a Silva Jardim é caótico para pedestres e motoristas. Fotos: Karine Kinzel (ACS)

O trânsito é um problema que afeta cada vez mais as cidades. Santa Maria possui a sexta maior população do estado e a quantidade de veículos vem crescendo a cada mês.

Segundo o IBGE, ao todo são 135.771 veículos automotores registrados na cidade, sem contar os automóveis de outras cidades que circulam por aqui. Santa Maria nao possui  uma infraestrutura que comporte esta demanda e, com isto, os problemas no trânsito são visíveis. Em determinados cruzamentos os motoristas precisam de cuidado redobrado para não causarem acidentes.
É o caso das esquinas entre as ruas Silva Jardim e Conde de Porto Alegre, onde  não há faixa de segurança próxima às esquinas, e a delimitação da faixa amarela para estacionamento deixa de ser respeitada ou está apagada.

Diante disto, outro elemento pode contribuir para um acidente: os motoristas estacionam muito próximos às esquinas das duas ruas. Além de causar pequenos congestionamentos nos horários de pico, dificulta a visão dos motoristas que trafegam por ali. Também os pedestres são prejudicados, pois em determinados pontos a passagem fica isolada pelos carros.

Estacionamento junto às esquinas prejudica visão de motoristas

O comerciante Angel Reza diz que a falta de sinalização e a imprudência dos motoristas são os

Fila de carros estacionados em local onde é expressamente proibido parar.

principais problemas que afetam o cruzamento. ” Há um ano e meio tenho comércio aqui, e já presenciei vários acidentes. A maioria deles por falta de atenção dos motoristas unida aos problemas de infraestrutura destas vias”, diz.Angel sugere que a rua Conde de Porto Alegre seja mão única a partir deste cruzamento, para que o trânsito possa fluir melhor.

Atividade de conscientização feita pelos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental João da Maia Braga, no último dia 24. Foto: João Alves/Prefeitura de Santa Maria

A falta de educação, imprudência e desrespeito as normas de trânsito são problemas cada vez mais recorrentes. Para lidar com estas questões uma das alternativas apresentadas são as campanhas de conscientização. O Programa de Segurança e Educação para o Trânsito, Educa Trânsito, visa tentar solucionar tais problemas.

O objetivo do programa é a conscientização no trânsito, comenta o Secretário de Mobilidade Urbana, Miguel Passini, “o programa em si visa fazer a transversalidade da educação no trânsito, trabalhando diversas temáticas. Uma delas é atuar na capacitação dos professores para que eles possam transferir para os alunos  a educação no trânsito, para quando  se tornarem motoristas, estarem aptos a seguir as diretrizes do trânsito. O objetivo do programa em si é a conscientização de que devemos respeitar as leis”.

O Educa Trânsito foi desenvolvido pela Secretaria de Controle e Mobilidade Urbana e pela Prefeitura Municipal de Santa Maria, com apoio da Gerência Municipal de Trânsito. O programa começou com um projeto de levar propostas pedagógicas para que os professores pudessem trabalhar a temática do trânsito nas diferentes áreas de conhecimento. No momento, o programa trabalha com crianças das escolas municipais de ensino fundamental, realizando atividades de conscientização no centro da cidade.

A coordenadora do programa Lelia Toffoli, explica sobre o porquê de fazer o trabalho de conscientização com crianças “elas tem o poder de coibir as atitudes errôneas dos adultos”.

Alunos premiados no projeto Charge no Trânsito em frente à sede do jornal A Razão, no dia 28/08. Foto: João Alves/Prefeitura de Santa Maria

Uma atividade que teve boa interação dos alunos foi o projeto Charge no Trânsito. Segundo Lelia Toffoli “a charge no trânsito surgiu como uma crítica ao comportamento dos usuários nas vias. Como criticar? Vamos colocar no papel. Isso foi muito importante. Eles interagiram, fizeram as charges e foram buscar apoio no código de trânsito”.

As escolas participantes foram  as Escolas Municipais de Ensino Fundamental Caic Luizinho De Grandi, EMEF Tenente João Menna Barreto e EMEF Lívia Menna Barreto. As charges escolhidas serão publicadas no jornal A Razão.

 

 

Para a especialista Salete Romero,  atrás do volante o motorista se sente mais poderoso. Foto: arquivo.

Em entrevista a Agência Central Sul, a especialista em Psicologia do Trânsito, Salete Romero, fala sobre agressividade no trânsito, os problemas gerados e a falta de respeito com o espaço coletivo.

 

Central Sul: O motorista se sente superior quando está ao volante, por quê?

Sim, uma condição de superioridade é assumida quando de posse de um volante ou de um guidão de um veículo automotor, qualquer que ele seja, porque ele dá uma possibilidade de ascensão, mesmo que momentânea.

Quanto maior ou mais potente é esse veículo, mais poderoso se sente o condutor. E, com essa sensação de superioridade ele se sente como alguém que é “mais que o outro”, e isso implica diretamente na maneira como ele vê o outro no trânsito: como alguém que merece um respeito maior (se o veículo for maior), ou se não merece atenção nenhuma (como alguém que tem veículos mais velhos, ou menores ou ainda que não tem, como o pedestre).

 

CS: Por que as pessoas ficam mais agressivas no trânsito?

Porque o veículo automotor é o bem que mais dá a sensação de poder ao ser humano. No imaginário de muitos, isso fará dele uma pessoa superior a outra. Mas o carro – esse objeto de desejo de muitos, inclusive dos que ocupam o transporte público — são responsáveis por vários problemas no nosso cotidiano, congestionamentos que geram perdas de tempo, de dinheiro, de qualidade de vida e geram inclusive o stress.

 

CS – É cada vez mais comum termos engarrafamentos nas grandes cidades brasileiras. Em que aspectos eles contribuem para a agressividade no trânsito? 

A perda de tempo nos engarrafamentos, cada vez mais comum no dia a dia do brasileiro, vai coibindo aquela sensação de poder, quando da compra de um veículo cada vez mais potente para os condutores. Ao ficar por horas parado em um congestionamento com um veículo projetado para alcançar cada vez mais velocidade, a frustração, a impotência vão se tornando elementos psicologicamente controversos, contribuindo para uma irritabilidade que pode gerar vários outros problemas.


CS: Que tipos de problemas eles geram?

Discussões e brigas com outros participantes do trânsito são um pequeno reflexo de doenças causadas por essa impotência de não conseguir alcançar o seu destino com um veículo em que gastou muito dinheiro ao comprá-lo mas, no dia a dia, não consegue cumprir sua função: o deslocamento.

A irritabilidade individual vai, assim, se acentuando e grande parte das cidades do nosso país já está em estado de alerta com relação ao número de acidentes que ocorrem nesse conflito: a disputa de espaço, não só entre os veículos de passeio, mas todos os tipos de veículos como caminhões, ônibus, motocicletas e bicicletas, somada à convivência com as pessoas fora desses veículos – conhecidos como pedestres, constituem o cenário insano do cotidiano nosso de mobilidade  exaurido.

Sem orientação nenhuma sobre o uso do espaço público e das regras existentes para uma locomoção segura nesse quadro, os índices de acidentes vem aumentado assim como a insegurança nessas relações em função da violência resultado de tanta insatisfação com um direito que deveria ser assegurado a todos: o direito de ir e vir com o mínimo de fluidez e o máximo de segurança.

 

CS – Podemos dizer que as relações no trânsito reproduzem as relações humanas de um modo geral?

O trânsito é uma relação social e a gente se influencia, a gente se contamina com a pressão do outro nessa relação. Muitas vezes, uma reclamação, um gesto, uma buzina, faz com que eu tenha uma reação inesperada e que eu mesmo me surpreenda.

Uma pessoa tranquila, no decorrer de algum tempo em trânsito, não necessariamente em congestionamento, pode ter uma atitude mais grosseira. Hoje podemos perceber que a nossa locomoção está se tornando algo cada vez mais sofrida.

Tudo isso, somado a uma sociedade cada vez mais competitiva, reflete em um comportamento mais desrespeitoso porque, através do veículo as pessoas se mascaram através da massa metálica. As pessoas não furam fila no atendimento de um banco ou do supermercado, mas, com o veículo elas se sentem protegidas de se mostrarem e na agilidade que este veículo apresenta, contribui cada vez mais uma sociedade individualista que é o retrato de nossa sociedade contemporânea.

 

Por Maurício Lavarda