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Santa Maria, RS, Brazil

uso de máscaras

A trajetória Covid no Brasil

Desde a detecção do primeiro caso de infecção pelo coronavírus no fim de 2019, foram registrados 518 milhões de pessoas que tiveram Covid-19 e mais de 6,25 milhões de mortes no mundo. No Brasil, são 30,5

Desde a detecção do primeiro caso de infecção pelo coronavírus no fim de 2019, foram registrados 518 milhões de pessoas que tiveram Covid-19 e mais de 6,25 milhões de mortes no mundo. No Brasil, são 30,5 milhões de infectados e quase 664 mil óbitos até o dia 10 de maio. Mas em outra perspectiva, 60,2% da população global está vacinada e no Brasil esse percentual é de 77,9%, sendo sua maior concentração de vacinados nos estados de São Paulo e Piauí.

Homenagem às vítimas da Covid-19 em frente a Esplanada dos Ministérios em 18 de outubro de 2021.  Imagem : EVARISTO SA / AFP

No dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou como pandemia o adoecimento pelo vírus Sars-Cov-2. Na prática, o termo pandemia se refere ao momento em que uma doença já está espalhada por diversos continentes com transmissão sustentada entre as pessoas. Na época, segundo a OMS, o mundo registrava 118 mil casos e 4.291 mortes.

Mas, de fato, o mundo registrou seu primeiro caso de Covid no dia 17 de novembro de 2019, quando um homem de 55 anos foi detectado com a doença na província de Hubei, próximo de Wuhan, foco do primeiro surto. Desde então a pandemia se agravou muito no mundo, chegando ao Brasil no dia 26 de fevereiro de 2020 no estado de São Paulo, onde um homem de 61 anos com histórico de viagem para a Itália foi identificado com esta enfermidade. No dia 10 de março chegou ao Rio Grande do Sul onde um homem, de 60 anos, residente em Campo Bom, que teve histórico de viagem para Milão foi localizado com sintomas. Já em Santa Maria o primeiro caso surgiu em 22 de março, com um homem de 32 anos que viajou para Joinville(SC)  e quando voltou fez um teste sendo comprovada a infecção.

Foi a partir daí que vimos o caos se formando, milhares de infecções, causando superlotação em hospitais. Com as superlotações, os profissionais da saúde tiveram que manter seu foco no combate à pandemia. Diagnósticos de doenças como o câncer diminuíram por conta do receio de ir em consultas médicas, além de pessoas que apresentaram sinais de acidente vascular cerebral (AVC) e infarto  mas que adiaram a busca por ajuda ou simplesmente não procuraram socorro.

Um dos momentos mais preocupantes da pandemia foi o estoque de oxigênio em Manaus se esgotando e o sistema de saúde colapsado, com dezenas de mortes por asfixia de pacientes com Covid-19. Funerárias passaram a aderir a sepultamentos à noite por conta do número de enterros muito acima do habitual. A prefeitura de Manaus chegou a adotar um sistema de enterros em camadas, ou seja, enterrar caixões um por cima do outro, em valas mais profundas. À época, a justificativa era a necessidade de atender à demanda, que cresceu durante a pandemia.

O isolamento

O mundo parou com o isolamento instaurado, as formas de trabalhos e relacionamentos tiveram que se adequar aos novos tempos, o home office foi estabelecido em muitos casos. Com a recomendação da quarentena as pessoas começaram a consumir muitas notícias, por conta da necessidade de  se manterem informadas. A infodemia, como foi chamada, trouxe uma exposição excessiva de informações tanto verdadeiras quanto falsas. A sobrecarga de informações fez com que a qualidade de vida das pessoas fosse abalada, pois há mais processamento de dados do que daríamos conta de modo saudável. Com esse aumento de informações as fake news, ou notícias falsas, vieram com tudo, como afirmações de que as máscaras não tinham eficácia e de que as vacinas não funcionavam.

A chegada das vacinas

Após uma triagem com voluntários, a vacina de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca começou a ser testada em profissionais da saúde de São Paulo no dia 20 de junho de 2020. Na ocasião, a vacina era uma das 141 registradas na Organização Mundial da Saúde (OMS) e uma das 13 que tinham conseguido alcançar a terceira fase de testes. Mais tarde, em dezembro, ela seria a primeira a ter os resultados da fase 3 publicados em uma revista científica. Além disso, a vacina de Oxford também foi uma das primeiras a ter um contrato de compra fechado pelo governo brasileiro.

As vacinas eram um sonho que todos aguardavam que se concretizasse, porém somente no dia 8 de dezembro de 2020 Margaret Keenan, de 90 anos, , foi vacinada contra esta doença na cidade de Londres no Reino Unido, e tornou-se a primeira pessoa no mundo a receber a vacina da Pfizer contra a Covid-19 fora de um ensaio clínico.

Margaret Keenan, prestes a completar 91 anos, é a primeira vacinada contra Covid-19 no início da imunização no Reino Unido. Imagem: Reuters

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no dia 17 de janeiro de 2021, para uso emergencial, as duas primeiras vacinas contra o coronavírus no Brasil. Foram compradas 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, produzida em parceria pela Universidade de Oxford com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e 6 milhões da Corona Vac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan. Minutos depois da aprovação, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, tornou-se a primeira brasileira a ser vacinada, em São Paulo. O Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentaram no 22 de Fevereiro as primeiras vacinas contra a covid-19 totalmente produzidas em solo nacional. De forma simbólica, os imunizantes da AstraZeneca foram fabricados na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro.

A enfermeira Mônica Calazans, 54, recebe a vacina contra o coronavírus. Imagem: Reuters/Amanda Perobelli

A primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Rio Grande do Sul foi uma técnica de enfermagem que atua no Centro de Atendimento Intensivo (CTI) no Hospital de Clínicas (HCPA), em Porto Alegre. A vacinação ocorreu às 23h do dia 18 de janeiro. A primeira pessoa a ser vacinada em Santa Maria foi a enfermeira Mônica Oliveira Galimberti, de 56 anos, que atua na saúde há mais de 30 anos. Desde então são cerca de 60,2% da população global já vacinada, no Brasil esse percentual é de 77,9%, já o Rio Grande do Sul tem cerca de 87,3% dos habitantes vacinados e 88% da comunidade santa-mariense vacinada.

Variantes

Após mutações, uma nova variante do coronavírus se tornou comum no Reino Unido. Governos mundo todo fecharam as fronteiras para o país tentando evitar a propagação do vírus mutado. Essa nova versão recebeu o nome de linhagem B.1.1.7. e já teria sofrido pelo menos 23 mutações. A principal delas mudou a forma do espinho do novo coronavírus, que é a proteína que o vírus usa para abrir a célula. A agência inglesa de saúde tinha identificado a variante em setembro e notificou a OMS. O diretor de emergências da organização, Michael Ryan, afirmou no dia 21 de dezembro 2021 que a nova variante do coronavírus não estava “fora de controle”, mas que os bloqueios adotados por diferentes países eram “prudentes”.

Desobrigação do uso de máscara

A queda de casos de covid possibilitou órgãos de saúde do país optarem pela desobrigação do uso da proteção. O Projeto de Lei 5412/20, aprovado no dia 1 de abril, findou a obrigatoriedade do uso de máscaras,  ficando dispensado o uso e fornecimento de máscaras cirúrgicas ou de tecido em estados ou municípios que deixaram de exigir a utilização da proteção em ambientes fechados. No dia 6 de abril Santa Maria aderiu a lei tornando facultativo o uso da máscara em ambientes fechados.

Segundo dados da última segunda-feira, dia 9 de maio, o quadro da cidade de Santa Maria é bastante favorável e esperançoso. Há apenas dois adultos confirmados com Covid e um suspeito em leitos de UTI , um paciente em UTI pediátrica, e mais 20 adultos  hospitalizados em leitos normais. Totalizando 24 pessoas hospitalizadas na cidade.

Inter SM jogou pela primeira vez no estádio Presidente Vargas com o uso da máscara totalmente liberado ao público. O time jogou contra o Pelotas, o estádio que tem uma lotação maxima de 6.600 pessoas reuniu aproximadamente 1700, não possuindo limitações quanto ao número de torcedores dentro do estádio.

Imagem: Renata Medina

De acordo com a assessora do clube, Renata Medina, durante o período da partida notava-se poucas pessoas ainda utilizando a proteção.

O torcedor Patrício Dias não fez uso da máscara em nenhum momento. “Os demais torcedores também não estavam usando. Em todo o setor das sociais eu vi apenas um homem, já idoso, com o equipamento de proteção”, completa ele.

Patrício Dias no estádio assistindo o jogo do Inter SM. Imagem: Patrício Dias

Esse foi o primeiro jogo que Patrício participou depois de dois anos de pandemia, para ele “Foi como um retorno à normalidade de antes da covid”, concluiu.

Nas arquibancadas o clima era tanto de festa, quanto frustrante o time santamariense ficou apenas no empate com o pelotas mesmo tendo um à mais em campo desde os 19 min do primeiro tempo. O jogo só abriu o placar os 35 min do segundo tempo quando Balbino fez um gol para o Inter SM mas o empate não demorou a chegar logo no reinício da partida Jarro fez um para o Pelotas, ele que também foi um dos nomes do jogo, avançou em uma jogada individual, driblou o goleiro alvirrubro tirando os zagueiros de cena.

O resultado do jogo foi um empate de 1 a 1, mas nas arquibancadas foi uma vitória para a despedida das máscaras.

FICHA TÉCNICA

Inter-SM: Lúcio; Luvas Evangelista (Balbino), Negretti (Théo), Boré e Rafinha (Salib); Thiago Costa, Tony Júnior, Everton Sena, Yuri Souza (Vinicius) e Saldanha (Gabriel); Henrique Bahia
Técnico: Leocir Dall’Astra

Pelotas: Cetin; Raphinha (Murilo), Cambuci, Léo Kanu, Vavá (Maicon); Igor Silva, João Vitor (Itaqui), Jardel e Eliomar (Sapeka); Otávio e Caíque (Jarro)
Técnico: Antônio Pícoli

Arbitragem: Vinícius Oliano, auxiliado por Douglas Vidarte e Dakimalo Gomes

Gols: Balbino (I) e Jarro (P)

Local: Estádio Presidente Vargas

Colaboração: Luiza Silveira

Sem vacina ou medicamento eficaz para combater o coronavírus, a máscara tem sido uma grande aliada na defesa da contaminação pelo coronavírus. Наркологическая Клиника por Pixabay

Depois que a pandemia de coronavírus começou a se alastrar pelo Brasil, um dos assuntos mais debatidos entre cidadãos e médicos foi a utilização das máscaras faciais para proteção. Inicialmente, especialistas e Organização Mundial da Saúde (OMS) disseram ao público que as pessoas não deveriam usar máscaras, a menos que estivessem doentes ou cuidando de alguém que estivesse com o vírus. Porém, no decorrer dos meses, com o aumento dos casos de infectados e de óbitos , estudos indicaram que pessoas que não estavam com sintomas, os mais comuns por exemplo como febre, tosse seca e cansaço, poderiam estar com o vírus no corpo e transmitindo para outras pessoas, esta recomendação mudou.

No início do caos, a preocupação das autoridades era de que o uso generalizado de máscaras poderia provocar uma maior escassez dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s), o que realmente ocorreu. Daí a recomendação da produção de máscaras caseiras (tecido de algodão) e o uso de máscaras descartáveis ao sair de casa. Além disso, com o retorno gradual das atividades econômicas, o uso das máscaras se tornou uma das principais recomendações dos protocolos de proteção à disseminação do COVID-19.

A professora Amanda Liz  conta que no início do surto fez várias tentativas de compra de algum tipo de proteção facial nas farmácias e, por diversas vezes, não encontrou nenhum material disponível. Foi quando ela se viu na responsabilidade de fazer algo a respeito.  Antes da pandemia ela já trabalhava com confecção de máscaras usando tecido, ativou a produção. Ao ser questionada sobre o material que usa para a produção das máscaras,  afirma que “as máscaras que eu faço, são confeccionadas de forma dupla, com tecidos 100% algodão”.

Ela também destaca alguns pontos relativos à idade: “ o uso de máscara facial é indicado para crianças acima de 2 anos. Para crianças menores de 2 anos confecciono viseiras face shield que protegem de gotículas e o chapéu anti-gotículas”. “Além de oferecer o produto é importante oferecer suporte também.  Orientar quanto ao uso, lavagem, uso correto e demais informações pertinentes, complementa a professora”.

Neste sentido, o Ministério da Saúde publicou recomendações de como a população pode produzir as suas próprias máscaras caseiras, sendo elas: em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade se tiverem um correto manuseio e se forem higienizadas de forma correta. É importante que as máscaras sejam feitas nas medidas corretas cobrindo totalmente o nariz, a boca, e o queixo e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.

A partir deste cenário, os estados e munícipios brasileiros começaram a repensar suas técnicas no combate ao vírus. O Ministério da Saúde (MS) também passou a recomendar o uso de máscaras caseiras mesmo por pessoas que não tenham sintomas, caso elas saiam para espaços públicos. Os comércios, no geral, também passaram a exigir que os consumidores usassem máscaras faciais.

Anderson Almeida e Clovis Umpierre: as precauções de quem precisa trabalhar. Foto: Ana Luiza Deike

Anderson Almeida, 40 anos, e Clovis Umpierre, 56 anos, trabalham na portaria de um condomínio na cidade de Santa Maria. Ambos usam a máscara de forma correta e mantém o distanciamento social. A esposa de Clovis, é do grupo de risco,  e ele explica as precauções que tomam desde o início na pandemia. Fazem o uso de álcool gel com frequência, utilizam mais de uma máscara nos turnos, uma vez que cumprem turnos de 8 horas, além de manterem o distanciamento recomendado no ambiente de trabalho.

A prefeitura de Santa Maria, decidiu pela obrigatoriedade do uso de máscaras no dia 13 de abril. Quem for flagrado sem a peça pode pagar multas que variam entre R$ 106, R$ 284 e R$ 568.

A enfermeira Carize Oviedo, que atua na linha de frente no  combate ao vírus, enfatiza que fora do ambiente hospitalar é essencial o uso de máscaras, pois hoje é a única “vacina” disponível. Ela acredita que “a redução de casos no resto do país, não em Santa Maria pois aqui o índice de contaminados ainda continua alto, se deve a conscientização da população que se prevenir é sim, eficaz”.  “ Usar a máscara ajuda sim a não disseminar mais o vírus! Aqui a população ainda brinca com toda situação”, ressalta a enfermeira.

Cumprindo todas estas recomendações as máscaras podem ser consideradas uma das barreiras contra a disseminação do coronavírus reduzindo a possibilidade de contágio. No entanto, cabe ressaltar que o uso inadequado das máscaras pode torná-la mais um vetor de contaminação. “Na hora de colocar a máscara e retirar é preciso ter cuidado para não encostar no tecido que fica na frente da boca e do nariz, pegar o mínimo possível nas laterais é o mais indicado”, explica a enfermeira Carize.

Em relação à eficácia no uso das máscaras um estudo realizado pela Royal Society, instituição em Londres destinada à promoção do conhecimento científico, concluiu que o uso correto das máscaras  pode reduzir a transmissão contínua por usuários assintomáticos e os que não apresentam sintomas, se amplamente utilizadas em situações em que o distanciamento físico não é possível.

Por Ana Luiza Deike. Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico