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Último dia de Interfaces aborda violência e as suas narrativas

O último dia de Interfaces no Fazer Psicológico iniciou com o minicurso de Luciano Mattuella, professor na Faculdade Cenecista de Osório (FACOS), doutor em Filosofia e clínico psiquiatra. ”Violência, literalmente” foi o tema desta manhã, trazendo o

8º Interfaces: violência, diversidade e gênero

Na noite da quinta-feira, 25, o 8º Interfaces no Fazer Psicológico  uma roda de conversa – coordenada pela psicóloga Bruna Osório Pizzaro, abordou o tema “Violência, diversidade e gênero”. A psicóloga trouxe para os presentes uma conversa

“Atravessando desertos”: palestra abre o 8º Interfaces

O 8º Interfaces no Fazer Psicológico  teve início na tarde desta quarta-feira, 24, com a conferência ‘’Atravessar Desertos’’ do professor e psicanalista Edson Luiz André de Souza. O conferencista atua junto ao programa de pós-graduação em Psicanálise –

Violência no Paraná: Intercom lança nota de repúdio

A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) repudia as violentas agressões da Polícia Militar do Paraná a Educadores, Profissionais da Comunicação e também à própria Democracia. A ação contra aqueles que manifestavam-se em defesa

Príncipe vira sapo, princesa mata um sunaga

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O professor citou Freud e sua obra "O mal estar da cultura (foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)
O professor Luciano Mattuella analisou a obra de Freud “O mal estar da cultura” (foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)

O último dia de Interfaces no Fazer Psicológico iniciou com o minicurso de Luciano Mattuella, professor na Faculdade Cenecista de Osório (FACOS), doutor em Filosofia e clínico psiquiatra. ”Violência, literalmente” foi o tema desta manhã, trazendo o psicanalista Sigmund Freud, Mattuella aprofundou-se na reflexão sobre os conceitos e linguagens que circulam e constituem nossa sociedade e nosso ser. Os vários discursos que regem a sociedade, como cultura, capitalismo, educação, formam um compilado do mundo em que vivemos.
As pessoas se alienam ao discurso da produtividade e rapidez, o homem que não dorme e trabalha o tempo todo é reconhecido e elogiado, mesmo que isso seja prejudicial, afirma o psicólogo. A vida se torna uma empresa e as pessoas se tornam empresas para serem geridas. Tudo é calculado. Bem como a educação, que, segundo Mattuella, parece um adestramento em que os alunos devem ficar focados no professor, em seus discursos, sem desviar a atenção. As avaliações são baseadas em provas em números. “Não há uma narrativa, as notas, os números não dizem nada sobre a trajetória do estudante”, afirma.

“Se estamos na cena, na civilização, de que forma fazemos enlaces com o discursos da cultura?”, questionou durante o curso, abrindo espaço para comentários dos alunos. “Qual meu lugar na cultura? Qual meu ponto de alienamento com ela?”.

Para o psicanalista, quando se tenta fugir desse espaço da cultura, os indivíduos acabam indo para as drogas, medicamentos, e podem desenvolver a neurose. Essa crise é recorrente também, segundo Mattuella, na adolescência (que é uma passagem), em que há um choque do discurso dos pais, família, com o discurso da cultura contemporânea.

Oficina de Pinhole

(foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)
(foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)

Dinamizada e criativa, a oficina do psicólogo Márcio Fransen Pereira, mestre em Psicologia Social e Institucional, pela UFSM. Ele projetou um minicurso de montagem de câmeras pinhole, sem lente, formada por uma caixa escura e pequeno orifício, como o furo de alfinete (daí o nome). Com o propósito dos alunos experimentarem as atividades que menores infratores fazem no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), em Novo Hamburgo, onde o psicólogo atua há dois anos. Esse trabalho parte de uma pesquisa que Pereira estuda, “Arsenal Poética”.
“Nosso trabalho é voltado para a comunidade, com o ‘fazer’ criativo, entre os adolescentes que, muitas vezes, têm o acesso à cultura e educação negados. Então damos para eles possibilidades de fotografar de forma artesanal”, explica. Assim, os adolescentes criam um olhar mais poético, mais ligado com elementos de composição, luz. Sendo autores das suas próprias fotografias, eles não se resumem somente ao ato infracional como algo isolado, que é apenas um sintoma, para a psicologia, segundo Pereira.

Os olhares sobre a feminilidade

Parto humanizado e teoria Queer foram assuntos da conversa (foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)
Parto humanizado e teoria Queer foram assuntos da conversa (foto: Julia Trombini/Laboratório de Fotografia e Memória)

Encerrando a manhã do Interfaces, as psicólogas do grupo de estudos ”Políticas da subjetividade e psicanálise no contemporânea” ministraram a roda de conversas sobre os múltiplos olhares sobre as feminilidades na contemporaneidade. Andréia Garcia, Diana Soldera, Fernanda Alves e Martina Poll conversaram com as estudantes de psicologia sobre as diversas imposições que a mulher sofre pela sociedade. Abandono, culpabilização, maternidade, procriação, família, foram pautados no minicurso. A fertilidade feminina e a forma como essa é vista como objeto, pela sociedade, pelos homens e pela medicina, sustentaram a fala de Fernanda Alves. Algumas meninas se manifestaram apontando as injustiças e violências médicas que mães sofrem durante a gravidez. “Há homens dizendo como devemos parir e não somos ouvidas, não escolhemos como nosso corpo vai receber aquela vida”, apontou uma das alunas.

Feminismo e seus desdobramentos também fez parte do debate, pois, segundo Fernanda, essas questões ligadas à mulher estão diretamente ligadas ao movimento. “Estamos em uma época de alguns retrocessos e perda de direitos, das mulheres e da população LGBTT, e trouxemos isso para o curso, pois é algo ainda não tão abordado dentro da psicologia”, afirma. Para Andréia, esses pontos fazem parte do nosso dia a dia, mas também são conceitos de pesquisa, de estudos, e é preciso trazer essas questões para a psicologia. “Eu estudo a precariedade dos locais de trabalho, principalmente onde mulheres atuam, e a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho contemporânea”, explica Andréia. Na segunda parte do minicurso, elas abordaram a questão transsexual e o rompimento da ideia do que a sociedade pontua como “o que é mulher”.

Na noite da quinta-feira, 25, o 8º Interfaces no Fazer Psicológico  uma roda de conversa – coordenada pela psicóloga Bruna Osório Pizzaro, abordou o tema “Violência, diversidade e gênero”. A psicóloga trouxe para os presentes uma conversa clara e aberta sobre as diferenciações da sociedade em relação à questão de gênero desde o nascimento. Segundo ela, a ideia de gênero é iniciada ainda no útero das mulheres. “Por exemplo, eu estou grávida. Teve um dia em que fui até a sessão infantil para meninos em uma loja – porque todas as lojas tem essa divisão de gênero em suas sessões – para comprar uma roupinha azul. Quando cheguei no caixa, a atendente perguntou para quando era o menininho que estou esperando. Acontece que estou grávida de uma menina”, conta.

A diferença de gênero, segundo ela, está em tudo aquilo que a sociedade impõe – desde os primórdios até os dias de hoje. “Desde pequenos escutamos coisas ditas para meninas como “senta direito, você está de vestido, tem que sentar como uma mocinha” ou “mulher tem que se dar ao respeito sempre”, enquanto vemos pais e mães utilizando o sistema inverso para com os meninos. Ou seja, meninas são criadas para serem donas de casa recatadas e meninos para serem os predadores. Acerca disso é que vemos, por exemplo, mulheres repetindo discursos de ódio que, normalmente, seriam ditos apenas por homens e tornando isso uma violência para com elas próprias” argumenta Bruna.

A psicóloga trouxe também temas como o feminismo, mulheres que sofreram abortos (espontâneos ou não) e a vida de pessoas transexuais – refletindo sobre o papel dos psicólogos em tais situações. Ela conta que, inicialmente, não pensava em trabalhar com questões sobre gênero em uma clínica. Aos poucos pareceu cada vez mais pertinente a abordagem dessas temáticas.

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Edson Luiz André de Sousa durante a conferência de abertura do 8º Interfaces no Fazer Psicológico. Foto: Maria Luísa Viana. Lab. Fotografia e Memória

O 8º Interfaces no Fazer Psicológico  teve início na tarde desta quarta-feira, 24, com a conferência ‘’Atravessar Desertos’’ do professor e psicanalista Edson Luiz André de Souza. O conferencista atua junto ao programa de pós-graduação em Psicanálise – Clínica e Cultura e de pós-graduação em Psicologia Social  da UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul , onde coordena, com Maria Cristina Poli, o LAPPAP – Laboratório de Pesquisa em Psicanálise, Arte e Política, e desenvolve trabalhos em torno da articulação psicanálise e arte e pesquisa o tema das utopias.  Com um vasto trabalho em rede no Brasil e no Exterior é, também, analista-membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

A sala de conferências do prédio 17, no 10º andar do conjunto III do Centro Universitário Franciscano, contou com a presença de cerca de 100 estudantes. O público assistiu à apresentação do professor Edson Luiz  que utilizou de vídeos e imagens artísticas sobre as formas de expressão que alguns artistas escolheram para recortar situações diversas, evidenciando a representação das subjetividades. “Podemos pegar como metáfora essa questão da duplicação da imagem. Isso diz muito da nossa subjetividade. Será que a violência não é justamente quando nos cortam isso?”, provoca o palestrante.
O 8º Interfaces no Fazer Psicológico tem como foco a temática da violência na contemporaneidade e acontece até sexta, 26.

Ainda hoje:
17h às 19h30min – Psicocine 3: Relatos Selvagens
Debatedores: Prof. Félix Guazina e Acadêmica Tainara Moraes
19h30min às 20h – Intervalo
20h às 22h – Conferência: Trânsito e comportamento: suas implicações na contemporaneidade
Conferencista: Psic. Aurinez Rospide Schimitz
Coordenação: Prof. Felipe Schroeder de Oliveira
Local: Sala de Conferências, 10º andar, Prédio 17, Conjunto III.

Confira a programação completa do evento, aqui.

Observatório da mídia CS-02

O papel do jornalista é buscar e tornar públicas informações que são de importância e de interesse para a sociedade. O jornalismo tem o compromisso com a verdade, e sabemos que a verdade é relativa, principalmente quando se trata de assuntos políticos. Segundo o Relatório da Violência Contra os Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil , só no ano de 2015, foram registrados 137 casos de violência. Em 2014 foram três assassinatos de jornalistas no Brasil. Já em 2015 houve duas mortes, sendo uma de jornalista estrangeiro. No mesmo ano, radialistas, comunicadores populares e blogueiros foram vítimas de nove casos de homicídio.

Ainda segundo o Relatório, na maioria dos casos, desde 2013, a violência partiu de policiais militares devido às manifestações de rua. Como foi possível acompanhar em 2013 e 2014, durante as principais manifestações políticas pelo país, tanto manifestantes quanto jornalistas foram agredidos pela PM. Por serem facilmente identificáveis, os repórteres cinematográficos e fotográficos são as maiores vítimas. E são justamente eles que tem o poder, tem as armas, capazes de identificar os responsáveis pelas injustiças do momento e divulgá-las.

Em 2013 o país estava em 10ª posição no ranking de países mais perigosos para o trabalho de jornalista segundo pesquisa do Committee to Protect Journalists (Comitê de Proteção aos Jornalistas). Nos dados de 2015 o país aparece empatado com o Iraque em terceiro lugar.

Não é fácil sentir-se seguro para trabalhar em um país tão corrupto como o Brasil, que quase todo dia é descoberto algum “podre” de políticos. O medo de ter uma morte encomendada também é real. Além de outras questões, a insegurança também prejudica a liberdade de imprensa. É uma questão óbvia, o jornalista sente medo, acredita que não vale a pena, então não vai atrás de apurar ou publicar uma matéria que possa causar algum perigo para ele ou sua família. Por ser a região que mais concentrou manifestações, o Sudeste também representa a região do país com maior registro de agressões, sendo 55,81% em 2014 e 41,6% em 2015.

É necessário tomar medidas que amparem o jornalista, para que ele possa realizar seu trabalho e desempenhar seu papel social com segurança, sem ser prejudicado e sem correr riscos. E para que a sociedade também não seja prejudicada, deixando de ser informada sobre a realidade do país, pois de prejudicial já basta a manipulação de informações.

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Arcéli Ramos, acadêmica do quarto semestre de Jornalismo da Unifra, santa-mariense, apaixonada por Jornalismo Literário. Texto originalmente produzido para a cadeira de Legislação e Ética em Jornalismo

A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) repudia as violentas agressões da Polícia Militar do Paraná a Educadores, Profissionais da Comunicação e também à própria Democracia.

A ação contra aqueles que manifestavam-se em defesa da educação pública demonstrou autoritarismo e força desproporcional. Dessa forma, a diretoria da Intercom demonstra o apoio e solidariedade aos profissionais atingidos diretamente, e de forma particular aos professores e pesquisadores, entre eles muitos sócios da entidade.

Diretoria da Intercom

O caso Matsunaga chocou o Brasil pela brutalidade com que Elize assassinou e esquartejou seu marido, Marcos Matsunaga. Imagine você, após uma briga com seu cônjuge, ser esquartejado. Seja por ciúmes, por traição ou por qualquer outro motivo, nada justifica matar uma pessoa. Ainda mais aquele alguém que você sonhou viver um conto de fadas e se propôs a passar o resto de seus dias: “Até que a morte os separe”.

Elize teve suas razões para assassinar o marido. Razões absurdas, claro. Contudo, antes de cometer tamanha barbárie, não pensou que, um dia, tinha sido prostituta e tomado o lugar que pertencia a outra mulher. Ela nem sequer lembrou que um dia havia amado aquele homem que estava prestes a matar. Sim, o homem com o qual desejou viver o seu felizes para sempre.

Normalmente, as mulheres reclamam do homem que têm. Dizem que o príncipe virou um sapo: “Ele não vai mais ao cinema comigo, nem me leva para jantar em restaurantes”, “Ele esqueceu o nosso aniversário de namoro”; “Ele não me dá atenção”, “Ele nunca me deu um buquê de flores”, “Ele não gosta de sair”, “Ele só pensa no trabalho”, “Ele não me liga”, “Ele só quer saber do futebol”… E por aí vai.

E quanto à princesa? Será que ela também não tem os seus defeitos? Se príncipes viram sapos, princesas viram o quê? Matam um sunaga? Imagine aquela mulher linda, que você se apaixonou na primeira vez que a viu. A mulher que você desejou ter sempre ao seu lado. Aquela que você escolheu para ser a mãe dos seus filhos. A sua princesa, ela mesma… virar um monstro. Por essa, nenhum homem espera.

Enquanto algumas mulheres fazem de tudo: regime, academia, tratamentos de beleza e até simpatias para conseguirem um namorado (Santo Antônio que o diga), outras não sabem dar valor ao que tem. A vida não é justa mesmo. Enquanto a princesa do império Yoki explode por vingança, mulheres no mundo inteiro pipocam à espera de um amor.

Por Alessandra Cichoski, acadêmica de Jornalismo/Unifra.  Crônica produzida na disciplina de Jornalismo Literário, orientada pela professora Sílvia Niederauer.