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Santa Maria, RS, Brazil

Alimentos orgânicos: para não morder a maçã envenenada

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Frutas e verduras são essenciais para uma vida saudável
Frutas e verduras são essenciais para uma vida saudável

Comer frutas e verduras faz bem para a saúde, evita doenças e previne o envelhecimento precoce. As fibras encontradas nestes alimentos colaboram com o funcionamento do intestino. E, para os mais vaidosos, consumir alimentos naturais melhora a aparência da pele, unhas e cabelos.

Pronto! É só adotar a alimentação natural que as pessoas serão mais saudáveis, bonitas e felizes. Mas, será que dá para falar em alimentação 100% natural na atualidade? Será que não há nenhum risco à saúde na feira do brasileiro? E, se ao contrário, as pessoas estão gradativamente se envenenando a cada mordida da maçã?

Por trás da aparência perfeita dos vegetais expostos na maioria dos supermercados há um ingrediente perigoso, o agrotóxico. Este componente é usado pela maioria dos agricultores para deter larvas e insetos que se alimentam da plantação e comprometem a colheita. O agrotóxico, com o decorrer do tempo, intoxica o organismo e causa doenças que só serão detectadas em longo prazo.

Quem tem horta em casa está no lucro. Já quem deseja proteger a saúde da família e não tem tempo, tampouco leva jeito com as hortaliças, deve procurar opções para praticar a alimentação saudável, longe dos transgênicos, que são alimentos modificados com aditivos químicos.

É possível morder a maçã sem ser envenenado?

Verduras frescas e sem agrotóxico é orgulho do produtor rural. Foto: Luisa Neves
Verduras frescas e sem agrotóxico são orgulho do produtor rural

Há 12 anos, o casal de produtores rurais Carlos e Fátima Corrêa entrega cesta de verduras em Santa Maria. Os clientes ligam, fazem a encomenda, marcam o endereço e uma vez por semana recebem, na porta de casa, nove qualidades de verduras fresquinhas e, o que é melhor, 100 % naturais. No começo das atividades, os Corrêa queriam apenas comercializar ovos de codorna. Com o tempo, perceberam que o esterco das aves deixou o solo fértil e apto para o cultivo. Desta forma, a venda das hortaliças passou a ser fonte de renda para a família. Os agricultores destacam que alguns clientes consomem suas verduras desde o começo do negócio, há mais de uma década.

O que mantém a fidelidade da clientela dos Corrêa é a garantia de que nenhum dos seus produtos é cultivado com agrotóxico, que Corrêa chama de veneno. “O processo de envenenamento é muito simples e é uma cadeia perigosa. Quando uma minhoca entra na planta fertilizada com veneno, ela é contaminada. Logo, o passarinho ingere a minhoca e se envenena. Depois, o gato que come o passarinho se intoxica e morre”, ilustra. Segundo o agricultor, um veneno fica na terra por 120 dias. Neste período, milhares de alimentos contaminados são levados à mesa das famílias.

Seu José Corrêa considera sua produção pequena. Ele, que tem a esposa como a única coprodutora das cestas de verduras, lembra que chegou a entregar 60 cestas por semana. Atualmente, entrega os alimentos para 30 famílias do centro de Santa Maria e no bairro Camobi. “Meus clientes são pessoas esclarecidas a respeito dos danos que os transgênicos causam à saúde. Estas pessoas fazem questão de garantir a qualidade da alimentação para evitar doenças causadas por toxinas, usadas nas grandes plantações”, destaca.

 

Consumir alimentos sem agrotóxicos é mais caro?

Horta cultivada apenas com adubo orgânico.
Horta cultivada apenas com adubo orgânico

Algumas pessoas acreditam que os alimentos orgânicos são mais caros. Assim, enchem o carrinho no supermercado de hortifrutigranjeiros com agrotóxicos por acreditarem na economia oferecida pelas placas de promoção expostas nas gôndolas. Corrêa, uma vez por semana, visita os supermercados para ver a qualidade das verduras e se atualizar dos preços. Ele garante que vale a pena o consumidor comprar produtos orgânicos, já que a economia imediata pode se transformar em outro tipo de despesa em longo prazo, como o uso de medicamentos para desintoxicar o organismo. O agricultor garante que comprar direto dos produtores e feirantes não é mais caro. Vale lembrar que a informação está ao alcance de todos. Pesquisar preços e verificar a procedência dos alimentos é pensar no presente e evitar males no futuro.

O caminho da verdura nossa de cada dia

A produtora rural Fátima Corrêa conta que tinha a intenção de vender somente mudas de hortaliças, mas os clientes, que viraram amigos da família, insistiram na aquisição de produtos naturais. “Nós mesmos plantamos. Preparamos os canteiros, colocamos as mudas e as protegemos das aves sem usar venenos. Para isso, deixamos que outras plantas cresçam junto às mudas. Assim, os predadores virão nas ervas que nascem ao redor e não comerão as verduras”, explica.

Os animais também merecem uma alimentação saudável, livre de aditivos químicos.
Os animais também merecem uma alimentação saudável, livre de aditivos químicos

“Plantamos 40 pés por vez para sempre termos produtos novinhos”, conta Corrêa. O dia de colher e embalar as verduras é segunda-feira. Nas terças, o casal vai cedo para a cidade entregar as encomendas. O que não serve para vender é destinado à alimentação do segundo meio de sustento da família, as vacas, as quais são cuidadas somente com homeopatia. A criação de gado da família não é submetida ao tratamento com antibióticos. “Tudo o que sobra da horta vai para as vacas ou serve como adubo”, acrescenta. Desta forma, os alimentos podem ser consumidos sem preocupação.

 

Mas, por quanto tempo a mesa brasileira terá alimentos orgânicos?

Alimentação natural não pode virar coisa do passado

Corrêa mostra a plantação com orgulho, mas demonstra preocupação com o futuro dos alimentos orgânicos. “Será que ainda teremos tudo isso no futuro?”, questiona. Ele comenta que para manter as cestas de verduras é necessário empenho, sacrifício e amar o que faz, além de depender da horta para o sustento da família. “Não sei se teria continuado se esta não fosse a nossa fonte de renda”, reflete.

Segundo o engenheiro agrônomo da Emater Francisco Traesel,  o cultivo dos orgânicos não vai acabar. Ele enfatiza que se o produtor tiver paciência vai encontrar nesta atividade um nicho de mercado rentável. “Hoje as pessoas estão preocupadas com a saúde. O consumidor quer saber a origem dos alimentos e quer pagar pela qualidade”, explica.

Como o cultivo de orgânicos é mais lento e o retorno financeiro demora, a Emater de Santa Maria dá assistência técnica para que os produtores de alimentos orgânicos tenham persistência no cultivo sem agrotóxico. “Uma planta cultivada com agrotóxico vai ser colhida em pouco tempo, mas não vai ter o mesmo sabor e qualidade da planta orgânica. Além disso, o componente químico ataca pontualmente a saúde do produtor”, destaca.

O engenheiro lembra que antigamente o agrotóxico era letal. Hoje, por ser mais fraco, o defensivo agrícola se acumula no sangue, no coração, no rim e no pulmão e, a maioria dos produtores não toma o cuidado necessário antes de manusear. “Além da preocupação com a saúde do produtor e do consumidor, a Emater alerta para a saúde do solo. Um solo protegido, balanceado com bom teor de matéria orgânica, é um solo protegido e rentável”, declara Traesel.

“Sustentamos nossa casa e conseguimos formar nossos filhos comercializando produtos da nossa horta e sem colocar venenos”, alegra-se Fátima com o sentimento de dever cumprido. Ela enfatiza que não bastava plantar para vender. Tinha que passar adiante produtos que não fizessem mal para as pessoas.

Para que os alimentos orgânicos não virem coisa do passado, é necessário respeitar o meio ambiente e a saúde das pessoas e dos animais. Procurar, pesquisar, escolher e exigir o alimento saudável é direito de todos. Rejeitar os transgênicos e denunciar a venda de alimentos de origem duvidosa já é obrigação. Oferecer alimentos orgânicos é privilégio de quem aproveita os recursos do solo sem prejudicá-lo. É suprir os nutrientes não renováveis sem explorar a natureza. Desta forma, todo mundo ganha.

 

 

selo sustentabilidadeFotos: Luisa Neves – Ambjor

Se você quiser provar a cesta do seu Correa, ligue para (55) 81 09 25 39.

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Uma resposta

  1. Como é bom ler uma matéria assim de alguém da área jornalística, escrever com coragem, ousadia sobre uma temática que a grande imprensa evita discorrer. Hoje mais do que nunca precisamos de jornalistas jovens que sejam isentos e que conheçam mais sobre o perigo que os agrotóxicos representam para a saúde do ser humano e do planeta como todo. Ainda temos esperanças num mundo melhor. Nem tudo está perdido, pois a agricultura convencional se ninguém se contrapor, produzirá pessoas doentes, depressivas, além do meio ambiente caótico, poluído, doente, impossível de viver. Não é sustentável a caminhada da dita agricultura moderna.

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Frutas e verduras são essenciais para uma vida saudável
Frutas e verduras são essenciais para uma vida saudável

Comer frutas e verduras faz bem para a saúde, evita doenças e previne o envelhecimento precoce. As fibras encontradas nestes alimentos colaboram com o funcionamento do intestino. E, para os mais vaidosos, consumir alimentos naturais melhora a aparência da pele, unhas e cabelos.

Pronto! É só adotar a alimentação natural que as pessoas serão mais saudáveis, bonitas e felizes. Mas, será que dá para falar em alimentação 100% natural na atualidade? Será que não há nenhum risco à saúde na feira do brasileiro? E, se ao contrário, as pessoas estão gradativamente se envenenando a cada mordida da maçã?

Por trás da aparência perfeita dos vegetais expostos na maioria dos supermercados há um ingrediente perigoso, o agrotóxico. Este componente é usado pela maioria dos agricultores para deter larvas e insetos que se alimentam da plantação e comprometem a colheita. O agrotóxico, com o decorrer do tempo, intoxica o organismo e causa doenças que só serão detectadas em longo prazo.

Quem tem horta em casa está no lucro. Já quem deseja proteger a saúde da família e não tem tempo, tampouco leva jeito com as hortaliças, deve procurar opções para praticar a alimentação saudável, longe dos transgênicos, que são alimentos modificados com aditivos químicos.

É possível morder a maçã sem ser envenenado?

Verduras frescas e sem agrotóxico é orgulho do produtor rural. Foto: Luisa Neves
Verduras frescas e sem agrotóxico são orgulho do produtor rural

Há 12 anos, o casal de produtores rurais Carlos e Fátima Corrêa entrega cesta de verduras em Santa Maria. Os clientes ligam, fazem a encomenda, marcam o endereço e uma vez por semana recebem, na porta de casa, nove qualidades de verduras fresquinhas e, o que é melhor, 100 % naturais. No começo das atividades, os Corrêa queriam apenas comercializar ovos de codorna. Com o tempo, perceberam que o esterco das aves deixou o solo fértil e apto para o cultivo. Desta forma, a venda das hortaliças passou a ser fonte de renda para a família. Os agricultores destacam que alguns clientes consomem suas verduras desde o começo do negócio, há mais de uma década.

O que mantém a fidelidade da clientela dos Corrêa é a garantia de que nenhum dos seus produtos é cultivado com agrotóxico, que Corrêa chama de veneno. “O processo de envenenamento é muito simples e é uma cadeia perigosa. Quando uma minhoca entra na planta fertilizada com veneno, ela é contaminada. Logo, o passarinho ingere a minhoca e se envenena. Depois, o gato que come o passarinho se intoxica e morre”, ilustra. Segundo o agricultor, um veneno fica na terra por 120 dias. Neste período, milhares de alimentos contaminados são levados à mesa das famílias.

Seu José Corrêa considera sua produção pequena. Ele, que tem a esposa como a única coprodutora das cestas de verduras, lembra que chegou a entregar 60 cestas por semana. Atualmente, entrega os alimentos para 30 famílias do centro de Santa Maria e no bairro Camobi. “Meus clientes são pessoas esclarecidas a respeito dos danos que os transgênicos causam à saúde. Estas pessoas fazem questão de garantir a qualidade da alimentação para evitar doenças causadas por toxinas, usadas nas grandes plantações”, destaca.

 

Consumir alimentos sem agrotóxicos é mais caro?

Horta cultivada apenas com adubo orgânico.
Horta cultivada apenas com adubo orgânico

Algumas pessoas acreditam que os alimentos orgânicos são mais caros. Assim, enchem o carrinho no supermercado de hortifrutigranjeiros com agrotóxicos por acreditarem na economia oferecida pelas placas de promoção expostas nas gôndolas. Corrêa, uma vez por semana, visita os supermercados para ver a qualidade das verduras e se atualizar dos preços. Ele garante que vale a pena o consumidor comprar produtos orgânicos, já que a economia imediata pode se transformar em outro tipo de despesa em longo prazo, como o uso de medicamentos para desintoxicar o organismo. O agricultor garante que comprar direto dos produtores e feirantes não é mais caro. Vale lembrar que a informação está ao alcance de todos. Pesquisar preços e verificar a procedência dos alimentos é pensar no presente e evitar males no futuro.

O caminho da verdura nossa de cada dia

A produtora rural Fátima Corrêa conta que tinha a intenção de vender somente mudas de hortaliças, mas os clientes, que viraram amigos da família, insistiram na aquisição de produtos naturais. “Nós mesmos plantamos. Preparamos os canteiros, colocamos as mudas e as protegemos das aves sem usar venenos. Para isso, deixamos que outras plantas cresçam junto às mudas. Assim, os predadores virão nas ervas que nascem ao redor e não comerão as verduras”, explica.

Os animais também merecem uma alimentação saudável, livre de aditivos químicos.
Os animais também merecem uma alimentação saudável, livre de aditivos químicos

“Plantamos 40 pés por vez para sempre termos produtos novinhos”, conta Corrêa. O dia de colher e embalar as verduras é segunda-feira. Nas terças, o casal vai cedo para a cidade entregar as encomendas. O que não serve para vender é destinado à alimentação do segundo meio de sustento da família, as vacas, as quais são cuidadas somente com homeopatia. A criação de gado da família não é submetida ao tratamento com antibióticos. “Tudo o que sobra da horta vai para as vacas ou serve como adubo”, acrescenta. Desta forma, os alimentos podem ser consumidos sem preocupação.

 

Mas, por quanto tempo a mesa brasileira terá alimentos orgânicos?

Alimentação natural não pode virar coisa do passado

Corrêa mostra a plantação com orgulho, mas demonstra preocupação com o futuro dos alimentos orgânicos. “Será que ainda teremos tudo isso no futuro?”, questiona. Ele comenta que para manter as cestas de verduras é necessário empenho, sacrifício e amar o que faz, além de depender da horta para o sustento da família. “Não sei se teria continuado se esta não fosse a nossa fonte de renda”, reflete.

Segundo o engenheiro agrônomo da Emater Francisco Traesel,  o cultivo dos orgânicos não vai acabar. Ele enfatiza que se o produtor tiver paciência vai encontrar nesta atividade um nicho de mercado rentável. “Hoje as pessoas estão preocupadas com a saúde. O consumidor quer saber a origem dos alimentos e quer pagar pela qualidade”, explica.

Como o cultivo de orgânicos é mais lento e o retorno financeiro demora, a Emater de Santa Maria dá assistência técnica para que os produtores de alimentos orgânicos tenham persistência no cultivo sem agrotóxico. “Uma planta cultivada com agrotóxico vai ser colhida em pouco tempo, mas não vai ter o mesmo sabor e qualidade da planta orgânica. Além disso, o componente químico ataca pontualmente a saúde do produtor”, destaca.

O engenheiro lembra que antigamente o agrotóxico era letal. Hoje, por ser mais fraco, o defensivo agrícola se acumula no sangue, no coração, no rim e no pulmão e, a maioria dos produtores não toma o cuidado necessário antes de manusear. “Além da preocupação com a saúde do produtor e do consumidor, a Emater alerta para a saúde do solo. Um solo protegido, balanceado com bom teor de matéria orgânica, é um solo protegido e rentável”, declara Traesel.

“Sustentamos nossa casa e conseguimos formar nossos filhos comercializando produtos da nossa horta e sem colocar venenos”, alegra-se Fátima com o sentimento de dever cumprido. Ela enfatiza que não bastava plantar para vender. Tinha que passar adiante produtos que não fizessem mal para as pessoas.

Para que os alimentos orgânicos não virem coisa do passado, é necessário respeitar o meio ambiente e a saúde das pessoas e dos animais. Procurar, pesquisar, escolher e exigir o alimento saudável é direito de todos. Rejeitar os transgênicos e denunciar a venda de alimentos de origem duvidosa já é obrigação. Oferecer alimentos orgânicos é privilégio de quem aproveita os recursos do solo sem prejudicá-lo. É suprir os nutrientes não renováveis sem explorar a natureza. Desta forma, todo mundo ganha.

 

 

selo sustentabilidadeFotos: Luisa Neves – Ambjor

Se você quiser provar a cesta do seu Correa, ligue para (55) 81 09 25 39.