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Denzel Valiente

Denzel Valiente

O coronavírus intensificou os conflitos sociais e escancarou as desigualdades e a crise do capitalismo no território latinoamericano.

Foto: Santiago Torrado @santitorrado1

No início da década de 1970, durante o efervescer da Operação Condor, que representava o controle da América Latina pelos Estados Unidos através das ditaduras militares, o escritor uruguaio Eduardo Galeano eternizou-se nas linhas de “As veias abertas da América Latina”. O sucesso de vendas, publicado há 50 anos, narrou através de uma pesquisa jornalística, histórica e antropológica, a exploração, as riquezas, a cultura e as realidades da terra e do povo latinoamericano.

Poucos anos antes de sua morte, Galeano, que era jornalista e escritor, chegou a revelar que lamentava que depois de décadas de sua publicação original, “As veias abertas” não tenha perdido sua atualidade.

O livro passou a ser considerado uma bíblia por parte da esquerda intelectual e ferozmente criticado pela direita conservadora. As controvérsias acerca do texto se intensificaram após Galeano considerar que não o leria novamente e que não era qualificado quando escreveu o clássico anticolonialista, antiimperialista e anticapitalista nos anos 70. 

Válido ou datado, o fato é que o livro marcou o pensamento dos estudos sociais latinoamericados e cumpriu sua proposta de analisar e fazer pensar sobre as relações de exploração e dominação que há séculos regem a política e a sociedade das Américas para além dos Estados Unidos.

O fim da primavera progressista

La lluvia que irriga a los centros del poder imperialista ahoga los vastos suburbios del sistema. Del mismo modo, y simétricamente, el bienestar de nuestras clases dominantes – dominantes hacia dentro, dominadas desde fuera – es la maldición de nuestras multitudes condenadas a una vida de bestias de carga.” Tal trecho, retirado da décima sétima página, representa com fidelidade a América Latina de ontem mas também a de hoje.

Após anos de hiato democrático, milhares de mortos, torturados e desaparecidos, os governos populares e o neoliberalismo passaram a dividir espaço nos países da região. Durante a primeira década do século XXI, progressistas foram eleitos por toda a região. A guinada à esquerda trouxe políticos como Néstor Kirchner e Cristina Kirchner na Argentina, Evo Morales na Bolívia, Lula e Dilma no Brasil e José Mujica no Uruguai. Mesmo que esses governos tenham garantido direitos das classes populares e respondido às lutas históricas dos subalternizados, não foram capazes de quebrar, de fato, com os interesses neoliberais dos grupos dominantes. 

Segundo o doutor em História Social do Trabalho e professor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), Diorge Konrad, “esses governos aplicam políticas sociais e econômicas, inclusive de reparação das perdas do poder aquisitivo das classes trabalhadoras”. Conforme Konrad, mesmo que tenha havido um aumento real de salários “é muito pouco perto das perdas anteriores para repor níveis, por exemplo, do salário mínimo quando ele foi criado” e completa que governos como o do Lula e o de Néstor Kirchner, que chegou a crescer 8% a economia na Argentina, “são governos que não mudaram a macroestrutura neoliberal”.

A não ruptura dos governos progressistas com a ordem neoliberal culminou no declínio de seus próprios políticos. Sob os holofotes da mídia, os escândalos de corrupção e de autoritarismo mancharam a história desses governos e acarretaram num bem elaborado movimento de retomada e manutenção do poder pelas classes políticas e sociais historicamente dominantes.

Os holofotes apontam para a direita extrema e para o neoliberalismo

Guiada pelo discurso anticorrupção, a América Latina abraçou a nova onda conservadora que teve início na Europa na década de 2010. A Operação Lava Jato no Brasil que contou com a midiatização do juiz Sérgio Moro, talvez seja um dos melhores exemplos das características da política latinoamericana atual. 

O discurso neoliberal da extrema direita vende o Estado como real e único vilão responsável por toda corrupção e miséria e, como única forma de combater-se esse mal, é preciso desinflá-lo e diminuir o seu controle ao mínimo possível. Em “A Elite do Atraso”, o sociólogo brasileiro Jessé Souza evidencia a existência de uma distorção da realidade na qual a real elite encontra-se fora do Estado.

Jessé propõe uma analogia, para ele essa construção funciona como um narcotráfico. Nesse sentido, “os políticos são os aviõezinhos do esquema e ficam com as sobras do saque realizado na riqueza social de todos em proveito de uma meia dúzia.” Ainda para o sociólogo, a verdadeira corrupção estaria em permitir que meia dúzia de superpoderosos ponham no bolso a riqueza que é de todos, deixando o resto na miséria.

A partir dessa construção, onde é imprescindível corrigir os erros cometidos pela esquerda através da eleição de políticos extremistas, conservadores e com características fascistas, elegeram-se nos últimos anos, uma gama de novos líderes de direita. 

Entre esses políticos estão Sebastián Piñera no Chile e Iván Duque na Colômbia. Não por causalidade, nesses países eclodiram as maiores manifestações sociais dos últimos tempos na América Latina. Mas além disso, não podemos deixar de citar o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, da “nova direita” que, entretanto, continua representando ideais e pensamentos já conhecidos do cenário político brasileiro. 

A política entreguista e sem espaço para as reivindicações dos movimentos sociais não esperava encontrar pelo caminho uma pandemia que mudaria, mesmo que temporariamente, os rumos político-sociais da América Latina, escancarando fraquezas e reais intenções por trás dos novos líderes do cenário político-ideológico.

A pandemia de conflitos sociais

Foto: Santiago Torrado @santitorrado1

Em 2019, antes mesmo do início da pandemia de coronavírus, a situação social e política da América Latina já apresentava os sinais da crise. No mesmo ano, uma campanha pela passagem do metrô realizada por estudantes do ensino médio de Santiago, tornou-se um dos maiores protestos que o Chile já viu e provocou a queda da constituição datada do governo do ditador Augusto Pinochet. 

O povo foi às ruas contra a política ultra-neoliberal herdada da ditadura Pinochet e contra a enorme desigualdade social do país. O governo e a polícia reprimiram com violência as manifestações, o que acarretou na resistência dos participantes e popularização do protesto que terminou com mais de 30 mortos e 11 mil feridos. Atualmente o país está em processo de redação da nova constituinte.

Já em 2020, no meio de diferentes políticas de contenção ao coronavírus, altos índices de morte, desemprego e inflação, a população latinoamericana seguiu organizando protestos contra o abandono e má condução dos governos.

O primeiro exemplo que podemos citar são as manifestações no Peru em novembro do ano passado. Inconformados com o impedimento do presidente Martín Vizcarra, os peruanos lotaram a capital Lima, em protesto ao que chamaram de golpe à democracia. As manifestações foram consideradas as maiores dos últimos 20 anos segundo a imprensa local. 

Os manifestantes seguiram se reunindo contra o governo inteiro de Manuel Merino e após denúncias de mortes de participantes, 11 ministros do governo pediram demissão. Em 15 de novembro, cinco dias após assumir o cargo, Merino apresentou sua renúncia e seu lugar foi assumido por um governo de transição. 

Neste ano, o Haiti entrou em uma forte ebulição social após uma onda de violência e sequestros assolar o país. Os haitianos exigiam atitude por parte do governo contra os grupos criminosos. Os conflitos passaram a se intensificar desde fevereiro, quando o então presidente Jovenel Moise recusou deixar o cargo e prendeu opositores políticos. Em 7 de junho, Moise foi assassinado em sua residência nos subúrbios de Porto Príncipe em um crime ainda sem solução.

Um dos maiores conflitos sociais que podemos destacar em 2021 foi o ocorrido na Colômbia. No dia 15 de abril o presidente colombiano Iván Duque apresentou ao Congresso uma proposta de reforma tributária que visava aumentar a base de arrecadação do imposto sobre serviços básicos e IVA. A medida buscava liberar 6,3 bilhões de dólares para financiar os gastos do governo durante a pandemia e a recuperação econômica para os próximos anos.

Desde que foi lançada, a proposta de reforma foi considerada onerosa para a classe média do país. Segundo especialistas, a medida retiraria dinheiro dos que movem a economia da Colômbia, deixando-os vulneráveis e incapazes. A partir daí, sindicatos, movimentos sociais e diversos setores da sociedade se manifestaram contra a reforma, o que ocasionou forte turbulência social e rapidamente os protestos se espalharam pelo país.

A cidade de Cali, terceira mais populosa da Colômbia, se tornou o epicentro do embate entre policiais militares e manifestantes. O governo criticou a violência das manifestações e acusou dissidentes guerrilheiros e grupos criminosos de participação nos atos. Desde então, os protestos contra o governo e as denúncias de desaparecimento e morte de manifestantes se intensificaram. Os atos contra o governo e a política neoliberal de Iván Duque resultaram em 67 mortes segundo um relatório do Human Rights Watch.

A forte repressão e violência policial na Colômbia foi relatada pela jornalista colombiana Gina Piragauta que esteve presente na cobertura dos protestos:

“A situação na Colômbia é de conflito social crescente desde muito tempo, há elementos que contribuíram para que aumentassem os conflitos como a falta de emprego, educação, péssimo sistema de saúde e houve protestos muito significativos no ano passado mas foram suspendidos por questão da pandemia. A pandemia veio a acrescentar os conflitos sociais e políticos no país. Esta greve não é de nenhum partido político, de nenhuma organização política, é do povo colombiano trabalhador e nesse sentido levou as pessoas massivamente para a rua. Temos visto que a repressão policial tem sido dirigida especialmente às pessoas da imprensa e também dirigida às pessoas que cuidam dos direitos humanos durante as manifestações. Temos visto que estão disparando nos olhos dos manifestantes, temos muitos desaparecidos. Algumas dessas pessoas desaparecidas aparecem mortas nos rios e de outras nada se sabe e também tivemos muitos presos.”

Os relatos da ação policial disseminaram-se pelas redes sociais e pela imprensa. No dia 1º de maio, Alejandro Zapata, um jovem de 20 anos, foi gravemente ferido pelo esquadrão de choque Esmad durante um protesto em Bogotá e não resistiu. No dia 5 de maio, Lucas Villa, de 37 anos, recebeu vários disparos em uma marcha pacífica na cidade de Pereira. O universitário morreu no dia 11 do mesmo mês. 

Em 14 de maio, Sebastián Munera de 22 anos morreu após ser atingido por uma granada lançada por agentes da Esmad. Um dos casos que mais revoltou os manifestantes e que provocou a convocação de novos atos pelo país foi o da jovem de 17 anos Alison Meléndez. Alison foi presa na noite de 12 de maio e violentada sexualmente por agentes da polícia. Um dia depois a jovem se suicidou.

O êxodo venezuelano

Para além dos conflitos sociais que eclodiram nos últimos anos e que vimos anteriormente, a América Latina também passa por um momento de intensos processos migratórios. Tais movimentos podem ser deslocamentos entre os países latinoamericanos, como os decorrentes de crises humanitárias, mas também, pelos processos de imigrantes de outros países do globo que chegam na América Latina todos os anos. A política de recepção dessas pessoas em processo de deslocamento é diferente em cada país.

De acordo com o cientista político venezuelano Xávier Franco, “nada define mais a espécie humana desde suas origens do que sua capacidade de se mover ao redor do mundo”. Entre os motivos que podem levar uma pessoa a sair de seu país de origem estão as crises humanitárias como a venezuelana, mas também existem outros, como a legítima aspiração por uma melhor qualidade de vida.

Entretanto, no caso da Venezuela, é preciso compreender os aspectos que levaram aos processos de deslocamento populacional. A crise no país vem se intensificado desde 2013 após a eleição de Nicolás Maduro. A população começou a sofrer os impactos econômicos a partir de 2014, quando o barril do petróleo se desvalorizou e a economia venezuelana começou a desmoronar. 

Desde então o país atravessa uma grave crise humanitária onde parte da população é obrigada a se refugiar em países vizinhos. O número de venezuelanos que migraram forçadamente para outros países só em 2020 é de 3,9 milhões. Esses dados são do relatório anual da UNHCR (Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados)

O relatório  mostra um crescimento no número de refugiados venezuelanos no continente latinoamericano. Houve aumento do fluxo de migrações para o Brasil, México e Peru. Porém, mais de 120 mil refugiados venezuelanos que estavam na Colômbia retornaram ao país de origem em 2020. Segundo o documento, entre os motivos para o retorno estão as dificuldades enfrentadas desde o início da pandemia do coronavírus.

Atualmente a Colômbia hospeda cerca de 1,7 milhões de imigrantes venezuelanos. Dados do novo relatório também estimam que entre refugiados e venezuelanos deslocados no exterior, quase um milhão de crianças nasceram em situação de deslocamento entre 2018 e 2020, uma média de entre 290 mil e 340 mil por ano.

O Xávier Franco evidencia que a imigração em massa da Venezuela nos últimos anos “se expandiu em todas as direções mas principalmente para os países fronteiriços, o que gerou uma verdadeira crise política, diplomática e humanitária de proporções continentais para as quais nenhum governo foi preparado e coordenado”.

Para a professora da UFSM e coordenadora do Migraidh (Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional da UFSM) a migração de venezuelanos é “potencializada pelas questões socioeconômicas e que tem muito forte a própria mobilidade como uma possibilidade de promover as chamadas remessas, levar ao país de envio o suporte para os que ficaram”. Ou seja, nesses casos, a população migrante envia recursos financeiros para os familiares que continuam a residir no país de origem. 

Ataques à imprensa 

Assim como com os movimentos sociais, a imprensa latinoamericana tem sofrido recorrentes ataques e censura. Entre janeiro a junho de 2020 foram mais de 600 violações à liberdade de imprensa na América Latina segundo dados do último dossiê levantado pelo Voces del Sur, um projeto que monitora as agressões à imprensa e a liberdade de expressão em 11 países da região e que no Brasil conta com o apoio da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).

Conforme o levantamento, entre as vítimas estão 336 jornalistas, 27 repórteres independentes, 220 meios de comunicação, 46 fotógrafos e cineastas, 37 diretores, editores e executivos de meios de comunicação, 11 trabalhadores de comunicação e 1 produtor de conteúdo. Além disso, os dados apontam que 453 desses ataques foram realizados por parte dos governos, 95 por meios não estatais e 61 de forma desconhecida.

Outra denúncia do Voces del Sur é sobre as leis que buscam criminalizar a desinformação, as conhecidas notícias falsas. Apesar dessas leis serem propostas como formas de se conter a difusão de rumores e conteúdos falsos que prejudiquem a sociedade, elas podem se tornar ambíguas e quando usadas de forma estratégica por governos, até prejudiciais à democracia.

Segundo a Comissão Internacional dos Direitos Humanos, as proibições de divulgação de desinformações são baseadas em conceitos vagos como “notícias falsas” ou “informação não objetiva”. Porém, é importante que os aspectos sejam analisados cuidadosamente para que se evite imprecisões que possam vir a favorecer atos de arbitrariedade.

Com a covid-19, por exemplo, alguns governos latinoamericanos estão redigindo leis que, por sua vez,  acabam por censurar a informação incômoda. Ou seja, aquela que prejudica ou denuncia a atuação dos governos. Na Venezuela, por exemplo, a Lei Contra o Ódio e o Código Penal foram utilizadas para prender cidadãos e jornalistas que divulgaram informações não oficiais.

O relatório ainda evidencia que o país com mais casos de violação ao jornalismo em 2020 foi o Brasil com 168 casos. Logo depois estão Nicarágua com 123, Equador e Honduras com 50, Peru com 18, Argentina com 16,  Uruguai com 10 e Guatemala com uma violação à liberdade de imprensa.

Texto produzido na disciplina de Jornalismo Internacional, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana sob a orientação da professora Carla Torres.

Nesta edição, o corpo de jurados do Comunica Roots é composto pelo publicitário e digital influencer Felipe Machado e a jornalista Teka Powaczuk.

Influecer Felipe Machado, jurado do Comunica Roots. Foto: Thais Trindade/ Labfem

Segundo Felipe, ter sido convidado para o júri é gratificante “hoje voltar como jurado é fantástico, eu poder trazer tudo que eu aprendi, um pouco da minha história, da minha trajetória”, completa o egresso do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana (UFN). O influencer que participou da  primeira edição do evento comenta que a integração é um dos principais pontos do Comunica Roots “ele tem essa função de integração que é fundamental na comunicação, a ideia da criação e da co-criação, de eles estarem unidos”.

Jornalista Teka Powackzuk, jurada do Comunica Roots. Foto: Thais Trindade/ Labfem

Para a jurada Teka Powaczuk a ideia de criar uma campanha sem o uso de tecnologia digital faz o diferencial do Comunica Roots “achei muito legal a proposta porque vai bem ao contrário daquilo que a gente ta acostumado, viver, acordar, respirar com tecnologia, estamos tão nesse mundo acelerado que a gente precisa parar um pouco e exercitar a nossa memória e nossa criatividade”. Teka é egressa do curso de Jornalismo da UFN. 

 

 

Mesmo sendo realizado pelos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN), a terceira edição do Comunica Roots conta com a participação de estudantes de outros cursos da própria UFN e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Neste ano, as equipes tem como objetivo criar uma campanha publicitária para o lançamento da nova Coca-Cola Energy.

Isadora participa do Comunica Roots pela primeira vez. Foto: Thais Trindade/ Labfem

Para a acadêmica de Arquitetura e Urbanismo da UFN, Isadora Watthier, 17 anos, o convite para participar do Comunica Roots veio através de uma amiga, estudante de publicidade também na UFN. “Achei que podia me ajudar porque eu também vou tratar com comunicação, eu tenho que entender o que as pessoas querem e entregar isso para elas”, comentou a participante. Além disso, para Isadora, o evento apesar de divertido é um desafio, pois todas as campanhas devem ser criadas a mão, sem o uso de tecnologias.

Jaqueline faz Desenho Industrial na UFSM. Foto: Thais Trindade/ Labfem

Já para a acadêmica de Desenho Industrial, Jaqueline Friedrich Petroni, 19 anos, este é o segundo ano participando do Comunica Roots. A estudante da UFSM relata que resolveu participar novamente por ter gostado muito das atividades realizadas em 2019.

Nesta semana, o grupo de teatro Todos aos Palco da Universidade Franciscana (UFN) realizou uma intervenção cênica no Hospital Casa de Saúde. Formado por alunos e egressos da universidade, o Natal está nas Ruas foi encenado pela primeira vez último domingo (08) no Mercado da Vila Belga.

Já nesta quarta-feira, 11, ocorreram duas apresentações; a primeira para os pacientes do ambulatório da Casa de Saúde, e a segunda para os pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), anexa ao hospital.

Pacientes assistem O Natal Está Nas Ruas no ambulatório do Hospital Casa de Saúde. Foto: Denzel Valiente/ Labfem

Segundo a enfermeira Carla Drewin, responsável pelo ambulatório, a ideia de levar a intervenção para o hospital partiu do desejo de que os pacientes possam vivenciar o Natal de uma maneira diferente e refletirem sobre o nascimento de Jesus, questões de doenças, dificuldades e família.

As duas apresentações chamaram a atenção do público que interagiu com os atores, como foi o caso de Emerita Oliveira, que acompanhava sua mãe na UPA. Para Eremita atividades como essas são boas pois ajudam tanto os pacientes como os acompanhantes a se sentirem mais calmos e pensarem sobre outras coisas.

Hoje, 13, o Todos ao Palco fará uma apresentação no pátio do conjunto III da UFN às 20h. Na próxima sexta, 20, a intervenção ocorrerá na Rua Rua Alberto Pasqualini às 17h e no domingo, 22, na Paroquia Santo Antônio, bairro Patronado, às 19h30m.

Atores de O Natal Está nas Ruas após apresentação na UPA. Foto: Denzel Valiente/ Labfem

Em execução há 20 anos, a Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria (LIC-SM) beneficia atualmente 40 projetos culturais em diversas áreas na cidade. Através do incentivo fiscal, propostas como o Livro Livre da Feira do Livro de Santa Maria, o Brique da Vila Belga e o projeto Royale – Arte e Cidadania da Royale Escola de Dança e Integração podem ser realizados, contribuindo para o desenvolvimento cultural do município. Confira a seguir como funciona a LIC-SM.

Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria foi instituída em 1996. Foto: PMSM

 Incentivo à Cultura no Brasil

A história do incentivo à cultura no Brasil perpassa períodos como a Nova República, a Ditadura Militar e a República Populista. Foi em 1937, durante a Era Vargas, que o Estado passou a reconhecer efetivamente a cultura. Durante o governo de Vargas foram criados inúmeros institutos culturais, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto da Música e do Livro. 

Se no regime de Getúlio Vargas foram realizadas as primeiras ações notórias relacionadas à cultura no cenário pós-império, foi durante os anos de 1950 e 1960 que o incentivo privado começou a se desenvolver. Entretanto, o desenvolvimento foi interrompido pela chegada dos militares ao poder em 1964. Já a primeira Lei de Incentivo à Cultura no Brasil surgiu durante a redemocratização e ficou conhecida como Lei Sarney. A partir daí foram instituídos mecanismos de incentivo fiscal às manifestações artísticas. Na mesma época foi criado o Ministério da Cultura que, junto com a Lei Sarney, atuou durante quatro anos, até o início do governo Collor, quando ambos foram extintos.

Sem o apoio do governo federal para cultura, começaram a surgir as primeiras leis estaduais e municipais de fomento às produções culturais. A primeira lei municipal de incentivo cultural surgiu em 1991 na cidade de São Paulo e é conhecida como Lei Mendonça. No mesmo ano foi criada a Lei Rouanet, lei nacional de incentivo à cultura. Em 1992, dois anos após sua extinção, o Ministério da Cultura ressurgiu já no governo de Itamar Franco. O Minc seguiu atuando durante 27 anos no fomento e incentivo às produções culturais, até ser extinto em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro.

Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria

Criada em 1996 e implementada em agosto de 1999, a LIC (Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria) busca através do incentivo fiscal estimular o desenvolvimento de projetos culturais locais. A contribuição se dá por meio do recolhimento de até 30% do valor dos impostos de ISSQN (Imposto sobre serviços de qualquer natureza), taxa cobrada de empresas prestadoras de serviços e profissionais autônomos, IPTU (Imposto predial e territorial urbano), taxa cobrada de imóveis e terrenos localizados na cidade, e ITBI (Imposto de transmissão de bens e móveis) taxa cobrada pela venda e compra de imóveis.

Segundo Marcia Gasparini da Rocha, responsável pela LIC-SM, a lei tem como principais finalidades estimular e incentivar o desenvolvimento da cultura na cidade através do apoio à criação, produção e valorização das manifestações culturais. Além disso, a LIC visa  promover ações de preservação e recuperação do patrimônio material e imaterial do município e oportunizar o acesso da população aos serviços culturais.

Jornalista e escritora Eliane Brum discursa durante Livro Livre de 2019. Foto: Thayane Rodrigues/ LABFEM/ Feira do Livro SM

Como funciona a adesão à LIC

Produtores culturais interessados em receber o incentivo fiscal devem possuir  Cadastro de Empreendedor Cultural na PMSM (Prefeitura Municipal de Santa Maria), residir na cidade há pelo menos dois anos e estar em regularidade fiscal com o município, estado e união. Segundo a responsável pela LIC, os produtores também devem possuir currículo com qualificação técnica ou experiência na área.

Já para as organizações com ou sem fins lucrativos, Marcia destaca que devem possuir sede em Santa Maria há pelo menos dois anos e terem como objetivo a realização de projetos culturais. Estarem em regularidade fiscal com o poder público, possuirem alvará e CNPJ atualizado e apresentarem um relatório de atividades na área também estão entre os requisitos.

Os empreendedores que contemplarem essas condições poderão inscrever seus projetos para a capacitação de recursos pela LIC. Após inscritos, os projetos são analisados pela coordenação da lei seguindo regras como relevância cultural e exequibilidade. Posteriormente, os projetos aprovados passam para a etapa de capacitação de verba. Nessa fase, o produtor cultural deve partir em busca de empresas e/ou pessoas que estejam dispostas a direcionar parte do valor dos impostos para o projeto aprovado.

O que dizem os produtores culturais

Para a produtora e relações públicas Fabiana Pereira, a LIC-SM oferece benefícios tanto para as empresas, no que se refere a destinação de recursos, como para os produtores culturais.“Ela vem para democratizar questões como capacitação de recursos de diversidade de projetos”, comenta Fabiana. Contudo a produtora cultural salienta alguns pontos que considera deficientes na lei. Entre essas questões, estão os problemas enfrentados durante as negociações entre produtores e empresas: “algumas empresas têm dificuldade de entender que na verdade o dinheiro da LIC é um dinheiro público porque ele é parte de um imposto que a empresa ia pagar para o governo municipal e opta por destinar diretamente para um projeto”. Além disso, Fabiana relata que o excesso de burocracia acaba por afastar os investidores: “a burocracia às vezes afasta um pouco as empresas. Para diminuir este problema, já foram feitas várias campanhas tanto pela PMSM, como pela Secretaria de Turismo e pela própria equipe da LIC”. 

A relações públicas ainda destaca que é necessário que as comissões de análise da LIC reconheçam a caminhada dos produtores para que projetos bem executados não sejam prejudicados. Uma das considerações da produtora é acerca de projetos que anualmente tem o valor solicitado indeferido pela coordenação, enquanto outros conseguem aprovar altos valores mas não realizam a captação do mesmo. “Parece que, ano a ano, não há um olhar com a pessoa do produtor, que é quem encabeça esse processo e que vai ter uma caminhada na LIC”, finaliza.

Uma das instituições beneficiadas pela LIC-SM em 2019 é a TV OVO, associação sem fins lucrativos que visa a formação e a produção audiovisual santa-mariense. Para o integrante da TV OVO, Marcos Borba, a existência de uma lei de incentivo à cultura própria do município é de extrema importância. Borba também enfatiza a relevância do Fundo de Apoio à Cultura: “o Fundo de Apoio a Cultura é recurso onde o produtor apresenta um projeto e, se houver aprovação, os valores são diretos do poder público”, ou seja, não há necessidade de captação junto a iniciativa privada.

Neste ano, três projetos da TV OVO estão sendo executados com apoio da LIC, um deles destinado a produção de documentários relativos a presença indígena em Santa Maria. Outro projeto promove oficinas audiovisuais nas escolas públicas da cidade. Até agora foram produzidos mais de dez produtos audiovisuais com alunos do ensino fundamental. O terceiro projeto, Narrativas em Movimentos, surgiu em 2016 e tem como objetivo a produção de oficinas e debates com convidados importantes no cenário audiovisual.

Casarão onde será construído o Sobrado Centro Cultural da TV Ovo a partir da LIC-RS. Ao fundo, a sede da TV Ovo. Foto: Denzel Valiente/LABFEM

Dificuldade para novos produtores culturais

Segundo a produtora Fabiana Pereira, novos empreendedores culturais seguidamente enfrentam dificuldades em captar recursos pela LIC. Isso se dá pela necessidade de negociação dos produtores com as empresas: “negociações entre produtores e empresas são complicadas porque o produtor precisa ter um reconhecimento, ele tem que ter uma entrada pra chegar no diretor de uma grande instituição”. 

Para os que estão iniciando no universo da produção cultural, Fabiana aconselha que: “primeiro façam uma caminhada com produtores reconhecidos para que sejam conhecidos e para que, depois, possam apresentar os seus projetos e tenham credibilidade”. O produtor Marcos Borba, da TV OVO, esclarece que o Fundo de Apoio à Cultura é a melhor opção para os novos empreendedores: “ele pode fomentar muitos projetos que estão iniciando, o empreendedor cultural pode mostrar o trabalho e desenvolver o projeto dentro de um edital específico”.

Para saber mais informações sobre a LIC, produtores culturais e colaboradores você pode acessar o portal oficial da lei.

Lista de projetos apoiados pela LIC em 2019

1. Projeto: A Hora do Conto nas Escolas Municipais de Santa Maria – 2019
2. Projeto: Contando a História da Cultura Italiana – 2019
3. Projeto: Coral Nativista Gaúcho – 2019
4. Projeto: Brique da Vila Belga – 2019
5. Projeto: Mostra CTG Maneco Rodrigues – 2019
6. Projeto: Banda Marcial Manoel Ribas – Transformação Social Através da Música – 2019
7. Projeto: Espaço Cultural da Feira do Livro – 2019
8. Projeto: Ilumina – 2019
9. Projeto: Gaitaço – Oficina de Gaiteiros – 2019
10. Projeto: Carrossel Cultural – Férias Divertidas – 2019
11. Projeto: A Fubica da Vovó – 2019
12. Projeto: Livro Livre – 2019
13. Projeto: Oficina de Percusão Social Atoque – 2019
14. Projeto: 23º Mercocycle – Encontro de Motociclistas do Mercosul
15. Projeto: Super Ação Através da Arte – 2019
16. Projeto: VII Festa dos Carreteiros e VII Carreteada da Canção e Poesia
17. Projeto: XXXV Festival de Música Carnavalescas “Luizinho de Grandi”
18. Projeto: 25º Rodeio Internacional do Cone Sul
19. Projeto: Treze: O Palco da Cultura – 13º Edição
20. Projeto: Manutenção e Melhorias da Infraestrutura do Theatro Treze de Maio – 2019
21. Projeto: Em Cartaz – 2019
22. Projeto: Mundo Infantil – 2019
23. Projeto: Música Mista – 2019
24. Projeto: Por Onde Passa a Memória da Cidade – 2019
25. Projeto: Narrativas em Movimento – 2019
26. Projeto: Olhares da Comunidade – 2019
27. Projeto: Organização e Preservação do Fundo Documental do Jornal A Razão, Custodiado pelo Arquivo Histórico Municipal
28. Projeto: Otimização do Processo de Digitalização do Acervo da Casa de Memória Edmundo Cardoso
29. Projeto: Festival Internacional de Cinema Estudantil – CINEST – 2019
30. Projeto: Serata Cultural AISM – 2019
31. Projeto: Concertos Didáticos – 10ª Edição
32. Projeto: Viva a Vida – 2019
33. Projeto: AKI SOM – 2019
34. Projeto: Da Rua pra Roda – 2019
35. Projeto: A Caminho da Cidadania: Cantando, Dançando e Tocando em Frente – II
36. Projeto: XXII FESTXIRU – Festival Artistico Cultural de Invernadas Xirus – 2019
37. Projeto: XXV – FESTMIRIM – Festival Artistico Cultural de Invernadas Mirins
38. Projeto: Passageiros da Alegria – 2019
39. Projeto: 2ª Mostra Retalhos de Teatro
40. Projeto: Royale – Arte e Cidadania – 2019

Texto produzido na disciplina de Jornalismo III, no 2º semestre de 2019 e supervisionado pela professora Glaíse Palma.

Professores e visitantes fazem molde em gesso. Foto: Denzel Valiente / LABFEM

Interessados em cursar a graduação em Odontologia na Universidade Franciscana (UFN) puderam visitar os laboratórios do curso durante a 8ª Mostra das Profissões. Professores e alunos realizaram a visitação guiada que passou pelas clínicas onde os alunos colocam em prática os conhecimentos adquiridos durante as aulas teóricas. 

Para Julia Bruning, 17 anos, aluna da Escola Padre Pedro Marcelino Copetti, de Ivorá (RS), a Mostra trouxe a oportunidade de aprender muito sobre diversos cursos, como a Odontologia que interessou a estudante.

Professor mostra simulador para visitantes em laboratório. Foto: Denzel Valiente // LABFEM

Outra aluna da Escola Padre Pedro presente na visitação foi Danieli Peripolli Tonel, 17 anos. Segundo ela, a visitação aos laboratórios de Odontologia possibilitou que ela conhecesse mais sobre a área que é uma de suas opções para graduação. Além disso, as estudantes também elogiaram  a estrutura da UFN e do curso visitado. 

 

Professora Adriana DallAstra mostra simuladores aos visitantes. Fotos: Denzel Valiente

A visitação aos laboratórios do Curso de Enfermagem promoveu aos alunos uma visão detalhada das atividades teóricas e práticas realizadas durante a graduação. No Laboratório de Habilidades, os acadêmicos do 5º semestre Wagner Mazzaro e Amanda Mussiol contaram suas experiências no uso dos bonecos simuladores e demais processos. O laboratório é utilizado pelos alunos durante todos os semestres e possui corpos e órgãos simuladores onde os estudantes podem treinar as práticas da profissão.

Segundo a professora Adriana DallAstra dentro do Curso de Enfermagem da Universidade Franciscana (UFN) o aluno é parte do processo: “ele não apenas observa como também atua”. Sobre a profissão, Adriana esclarece que o enfermeiro é o profissional que visa um plano de cuidados para o paciente, trabalhando em conjunto com outros profissionais na prevenção e na promoção de sua saúde.

Uma das participantes da visitação foi Ana Paula Moro, 17 anos, aluna da Escola Padre Pedro Marcelino Copetti, de Ivorá (RS). A estudante que pretende cursar enfermagem, relatou ter gostado muito da visitação e da estrutura da universidade. 

Visitantes, alunos e professora no Laboratória de Habilidades. Fotos: Denzel Valiente

Desde 2007, quando Steve Jobs lançou os primeiros Iphones em Cupertino nos Estados Unidos, a popularidade desses pequenos dispositivos alcançou índices nunca antes previstos. O fato é que, independente da marca, tamanho, modelo ou geração, os smartphones, como são chamados, atingiram a soma de 220 milhões de exemplares apenas no Brasil, segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Esse índice já é maior do que o número de brasileiros e provoca inúmeras mudanças no comportamento e nas relações humanas.

Tecnologia oferta possibilidades de mobilidade na palma da mão. Foto: Denzel Valiente

Uma dessas modificações é o surgimento de aplicativos de mobilidade nas cidades. Entre eles estão o Uber, o 99Pop e os santa-marienses Garupa e Urmob.city. A universitária Patrícia Turchetti, 25 anos, usuária desses aplicativos, comenta que os utiliza, ao menos, duas vezes por dia. Para a acadêmica de Medicina da Universidade Franciscana (UFN), entre as vantagens desses suportes estão a comodidade, praticidade e o respeito dos motoristas.

A estudante do ensino médio do Colégio Marista, Mariana Vidal, 15 anos, relata que faz uso tanto do Garupa quanto do Uber para se locomover no trajeto entre casa e escola. Mariana conta que opta pelos apps por causa da agilidade dos motoristas e pela segurança. Para Kelvin Marques, 20 anos, estudante de Enfermagem na UFN, o Garupa e o 99Pop são os meios de locomoção mais usados seja para ir a faculdade ou até mesmo para voltar do mercado. Mas, para além dos que optam pelo uso de apps de carros particulares, os usuários das linhas de ônibus também contam com uma alternativa que facilita a sua locomoção.

Em 2018, a I3 Tecnologia lançou o aplicativo Urmob.city. Desenvolvido em Santa Maria, o Urmob auxilia no transporte público e na mobilidade urbana, como conta a gerente de mídias sociais Gabriela Werner, de 20 anos: “surgiu com essa ideia de rastrear os ônibus e com uma demanda da ATU (Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria) que, pra ter o aumento da passagem tinha que oferecer como contrapartida um aplicativo ou algo que ajudasse os usuários.”

Responsável pelo marketing do app, Gabriela descreve que a principal funcionalidade do aplicativo é  rastrear as linhas dos ônibus, mostrando em tempo real a movimentação deles e todas as rotas que eles fazem. Além disso, Gabriela revela que começarão a serem disponibilizadas novas rotas semanalmente dentro do app, que, até janeiro contava apenas com a linha até a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Outro dado importante é a aderência rápida do público ao Urmob.city, que já conta com cerca 10 mil usuários em 6 meses de funcionamento.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do aplicativo Garupa e até o final desta edição não obtivemos retorno.

Ocorreu neste domingo, 18, no Largo da Locomotiva a 4ª Parada LGBT Alternativa de Santa Maria. Organizado pelo Coletivo Voe, o encontro reuniu os membros da sigla LGBT+, além de simpatizantes do movimento. Trouxe como tema anual a “Saúde Mental de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros e quaisquer outras identificações não heterossexuais ou não cisgêneras”.

Organizadores da parada LGBT levantam os braços, enquanto três deles seguram bandeira com as cores do arco-íris. Eles estão encima do palco de costas para o público. O público no fundo levanta os braços para a foto.
Membros do Coletivo Voe posam frente ao público da 4ª Parada LGBT. (Foto: Denzel Valiente)

A concentração do público começou às 15h, na Praça dos Bombeiros. Por volta das 16h, os integrantes saíram em passeata até o Largo da Locomotiva, na Avenida Presidente Vargas, onde ficaram reunidos, ao ar livre, em frente a um palco montado nos fundos da Biblioteca Pública aproximadamente até as 22h.

Para animar público, houve diversas apresentações, danças e discursos promovidos pelos integrantes do Coletivo Voe, assim como demais convidados, entre eles drags e transsexuais que manifestaram palavras de força, superação e resistência dos movimentos sociais para com o conservadorismo e o preconceito existentes na sociedade e em algumas famílias intolerantes, e também, palavras de amor e união.

A jornalista e integrante do Coletivo Voe, Carolina Bonoto, 28 anos,  comentou que apesar de Santa Maria possuir uma parada LGBT oficial promovida pela prefeitura, a mesma por muitas vezes não ouviu e nem integrou os movimentos sociais. Logo, o Voe, como movimento social, resolveu criar uma Parada LGBT construída por LGBTs para os integrantes da LGBTs. A organizadora completa sua fala dizendo acreditar “na importância de ocupar o espaço público, de se reconhecer na pessoa do lado e de conhecer a pessoa ao lado”.

Surgiu então a Parada LGBT Alternativa de Santa Maria, que chegou em 2018 a sua 4ª edição, e é promovida com trabalho e mobilização do Coletivo ao longo do ano todo para que possa ocorrer. Para a realização dessa edição, foi criado um financiamento coletivo online com R$ 1.144 arrecadados, para cobrir com os gastos do evento que não recebe nenhum tipo de apoio por parte da Prefeitura Municipal.

A Parada LGBT ainda contou com a venda de batata frita, hambúrguer, pizza, chope e bebidas em geral nos diversos food trucks que se instalaram ao redor do espaço.

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

 

O Dia dos Finados deste ano reuniu um grande número de pessoas nos cemitérios para prestar homenagens a amigos e familiares falecidos. Em Santa Maria, o forte sol e o calor da tarde do dia 2 não espantaram o público que lotou os espaços com flores, velas e orações. Apesar de um grande número de religiosos ser adepto ao feriado, há uma parcela de pessoas, principalmente jovens, que não se identifica com a data.

Atualmente estima-se que 19,3% dos jovens do Brasil sejam ateus, e 6% agnósticos. O número de jovens que não creem em Deus só é menor que a porcentagem dos mesmos que se denominam católicos, 34,3%, segundo pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

A estudante Victoria Maciel, 21 anos, intitula-se como agnóstica e relata não ter o costume de participar dos eventos desta data, considerando apenas um dia normal. Apesar disso, a futura publicitária comenta que o feriado tem um certo peso por se tratar do dia em que sua avó fazia aniversário, por isso respeita e participa esporadicamente quando necessário, pois representa algo importante para a sua família.

A estudante Helena Martins Longhinotti, 18 anos, identifica-se como ateia e diz não participar com frequência das atividades do dia. “Meu avô morreu já faz 2 anos, porém eu nunca visitei o túmulo dele. Não por falta de respeito nem nada disso, mas porque eu sei que ali só tá o corpo dele em decomposição. Eu prefiro lembrar só das memórias que eu tenho com ele”, conta.

Já o soldado Túlio Guilherme Bastos, 19 anos, considera-se agnóstico. O militar diz ter um enorme respeito pelas pessoas que seguem o feriado porém, o trata como um dia normal, indiferente em seu cotidiano.

Divergindo dos jovens que dizem não possuir religião ou crença, a universitária Luíza Dotta Scarrone, 19 anos, tem grande carinho pelo Dia dos Finados. Ela costuma visitar com a família os túmulos dos parentes falecidos para prestar homenagens. Além disso, a jovem se identifica como católica e participa de diversas cerimônias da igreja.