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Feira do Livro

Feira do Livro chega a 45 mil exemplares vendidos

Até a noite de quinta-feira, dia 09, o balanço de livros vendidos na 46ª Feira do Livro era de 45.055 exemplares. Segundo o presidente da Câmara do Livro de Santa Maria, Télcio Brisolin,  os dois livros

A outra história de Maria Bonita

Na noite de quinta-feira, 9 de maio, quem esteve no palco do Livro Livre foi a escritora e jornalista Adriana Negreiros. A seu lado, a também jornalista do Diário de Santa Maria, Pâmela Matge. Adriana é 

Confira a programação da Feira do Livro nesta sexta, dia 10

14h – Leitura inclusiva:  Cultura Negra Promovido pelo Núcleo de Ações Afirmativas UFSM, com a profª Maria Rita Py, também escritora de livros infantis. 14h – Lançamentos infantis Cadê o Patinho? – Jacira Pedroso Filhotes Aventureiros – Auri Antonio Sudati

Espetáculo conscientiza sobre a preservação ambiental

Com a proposta de conscientizar sobre as questões ambientais que envolvem o lixo, o espetáculo Terra à Vista 2: a aventura continua foi apresentada à criançada na tarde desta terça-feira, 7 de maio, durante a 46ª Feira do

Thixa, a lagartixa, agora baila em braile

Na tarde desta segunda-feira, dia 6, aconteceu o lançamento do livro infantil “Thixa a Lagartixa a Bailarina e suas aventuras em braile”, de Tânia Lopes. A professora aposentada conta que os livros serão doados para as bibliotecas de

Para aprender a pensar como um economista

O livro Aprendendo a pensar como um economista lançado na tarde de ontem, quinta-feira, 2, pelo economista José Maria Dias Pereira é um convite ao pensamento econômico. Escrito de forma didática tem como objetivo fazer o

Livro infantil explora patrimônio histórico e arquitetura

O lançamento do livro infantil Lelé João-de-Barro: arquiteto de histórias, que carrega o selo do Sobrado Centro Cultural, projeto de restauração do imóvel centenário que abriga a sede da TV OVO, se estendeu por mais de três horas

Brincar e ler é a ideia da oficina Revoada Poética

Ontem, dia 01, e hoje, quinta-feira, 02, no palco da praça Saldanha Marinho, foi o momento da criançada se divertir e aprender com a Revoada Poética, oficina realizada pela escritora Alessandra Roscoe. Nela, o público infantil

A lucidez de Eliane Brum

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação

O patrono Maurício Leite esteve presente com a organização da Feira durante os 16 dias. Fotos: Denzel Valiente/LABFEM

Até a noite de quinta-feira, dia 09, o balanço de livros vendidos na 46ª Feira do Livro era de 45.055 exemplares.

Segundo o presidente da Câmara do Livro de Santa Maria, Télcio Brisolin,  os dois livros mais vendidos da Feira foram, até agora, A Sutil Arte de Ligar O F* de Mark Manson, e Lelé João-de-barro: arquitetura e história de Clarissa Pereira, Daniel Pereyron e Neli Mombelli. Já em escala menor, entram nos mais procurados O Diário de um Banana, Baixada Melancólica, Prado Veppo, Brincando com Lucas Neto e O Pequeno Príncipe.

Télcio explica que só em terem 3 livros de autores locais na lista dos 10 mais procurados é muito importante, pois sem a Feira eles não ganhariam essa visibilidade para concorrer com os historicamente mais procurados como O Diário de um Banana e Brincando com Lucas Neto.

Ajudando na organização da Feira desde 78, Télcio conta que antes haviam 4 ou 5 autores e que hoje é uma grande satisfação ver cerca de 100 autores trazendo lançamentos para a Feira do Livro a cada ano. “A Feira ajuda no processo de conhecimento, e o conhecimento ajuda no desenvolvimento da cidade”, diz.

Os livros mais vendidos foram A Sutil Arte de Ligar O F* e Lelé João-de-Barro: arquitetura e história.

A atração principal da Feira, segundo o presidente da Câmara do Livro, foi a participação da jornalista Eliane Brum no palco do Livro Livre, que teve sua localização mudada duas vezes devido à grande procura do público,  excedendo as expectativas.

A palestra de Marina Colasanti também foi muito procurada. A Feira estava tentando trazê-la há anos.

Outra participação importante foi a do patrono Maurício Leite, que esteve presente com a organização durante os 16 dias de feira. Ele é uma grande influência como promotor da leitura tanto no Brasil como na África. A presença de Maurício também foi de grande importância para o contato com grande nomes que vieram participar desta edição.

“Só o conhecimento nos leva a quebrar paradigmas”, diz Adriana. Foto: Beatriz Bessow/LABFEM

Na noite de quinta-feira, 9 de maio, quem esteve no palco do Livro Livre foi a escritora e jornalista Adriana Negreiros. A seu lado, a também jornalista do Diário de Santa Maria, Pâmela Matge. Adriana é  paulista de nascença, mas criada no Ceará. A autora do livro Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço,  conta a saga de Maria Gomes de Oliveira, a cangaceira mais famosa da história nordestina.

Adriana explica que cresceu ouvindo sua avó contar histórias sobre os cangaceiros e sobre como vivia com medo, porque eles eram grupos armados que cometiam crimes e violências por onde passavam. O mais conhecido  foi Lampião, marido de Maria Bonita, de quem todos contam as histórias, porém, a escritora revela que surgiu a curiosidade pessoal, histórica e jornalística de como seria o ponto de vista de Maria Bonita, o que logo se tornou sua missão feminista.

A história diz que Maria era casada com um mulherengo impotente que sempre a traía, e que quando ela reclamava disso, ele a agredia. O que a tornava uma mulher transgressora de quem todos falavam, era o fato de que Maria Bonita também traia o marido e falava para quem quisesse ouvir que preferia estar com um homem valentão. Foi quando Lampião chegou na cidade de Maria e foi recebido pelo pai dela. Logo parou nos ouvidos de Lampião que ela queria ir embora com os cangaceiros. Lampião concedeu seu desejo. Segundo a jornalista, Maria Bonita queria fugir da situação ruim em que estava e o único jeito que encontrou foi o de se colocar em outra.

Já no cangaço, Adriana afirma que os homens eram os mais vaidosos. Eles exibiam seus chapéus e bolsas enfeitados do mesmo jeito que exibiam suas mulheres. Quanto mais enfeitada a mulher, mais poderoso era o homem. Como a água era escassa, era guardada para a higiene feminina. Já os homens, depois de estuprarem diversas mulheres e contrair doenças, não se lavavam tanto, pois as doenças eram um símbolo de virilidade.

A escritora também comenta que apesar de Maria Bonita ser vista como feminista hoje em dia, no cangaço não era bem assim. Ela era uma transgressora em relação ao comportamento das mulheres da época, mas não tinha a união com outras mulheres que o feminismo defende. Maria Bonita, diferente das outras que haviam sido sequestradas ainda quando crianças, queria estar lá.

Havia uma regra dentro do cangaço de que se a mulher traísse, ela deveria morrer, independente de se ela fosse estuprada ou não. Adriana conta que a mulher do cangaço mais feia era chamada de Cristina, e que certo dia alguém suspeitou que ela estivesse tendo um caso com o cantor e animador do grupo. Quando perguntada sobre isso, Maria Bonita disse que Cristina devia morrer, mesmo sem provas. Adriana explica que não é plausível que exijam dessas mulheres um ato feminista, pois elas eram vistas como objetos ou acessórios pelos homens, e como criminosas pelos policiais. Elas não sabiam o que era se unir contra alguma coisa.

A jornalista acrescenta sobre a falta de informações sobre as mulheres no cangaço, e que a principal informação encontrada era sobre as pernas de Maria Bonita. Mesmo nas crônicas dos cangaceiros ou pela imprensa da época, as mulheres eram narradas como se estivessem lá atrapalhando o tempo inteiro. As fontes só falavam da história dos homens.

Por fim, Adriana diz que no livro pode escrever como a nordestina que é. Também acredita que entre Lampião e Maria Bonita havia um pouco de amor, pois nos registros fotográficos ele sempre a colocava em destaque, coisa jamais feita por  cangaceiros que enxergavam a mulher como  enfeite. E, apesar de todo o massacre cometido por ele, não há registros de violência em relação a ela.

A escritora afirma que a pesquisa e produção do livro a transformou. Foi entendendo a vivência destas mulheres e estudando sobre filosofia que Adriana pôde afirmar que “feminismo é uma causa urgente e necessária”. Ela, que vem de uma época em que não se falava em feminismo, hoje fica feliz em poder dizer com orgulho que é feminista, e diz acreditar que se Maria Bonita vivesse hoje, possivelmente o seria também.

Veja mais no site da Feira do Livro.

Profª Maria Rita Py fará leitura inclusiva ás 14h. Foto: Divulgação.

14h – Leitura inclusiva:  Cultura Negra

Promovido pelo Núcleo de Ações Afirmativas UFSM, com a profª Maria Rita Py, também escritora de livros infantis.

14h – Lançamentos infantis

Cadê o Patinho? – Jacira Pedroso

Filhotes Aventureiros – Auri Antonio Sudati – Irene Fernades dos Santos – Lourdes Morales Dallacosta

14h30min – OS MÚSICOS DE BREMEN

17h  Lançamentos de livros

Familía Miron – Fátima Inês Miron

Fernando Pessoa: Poemas  e Fingimentos – Ensaios – Lígia Militz da Costa

Os Embaixadores – Luiz Olyntho Telles da Silva

Mil Estrelas Estão Passando – Maria Esther MegaHiperUltraPower

Charlas do Tio Lalo – Hylário João Agostini

O Absoluto e o Pós-Homem: como vir-a-ser Deus-que-ultrapassa-a-si-mesmo – Sérgio Canarim

Travessia dos Lucros Perpétuos: Fogo e Lama – Luciano Santos

Maneco Pedroso um Herói Esqucido – Carlos Roberto Gomide

Evidências Empreendedoras na Enfermagem: ensino, pesquisa,e extensão – Dirce Stein Backs – Silomar Ilha – Juliana Silveira Colomé

Territórios Em Movimentos – Orgs. Ivanio Folmer – Ane Carine Meurer

19h – Livro livre

O bate-papo com a Cátedra Unesco de Leitura, que seria na sexta-feira, dia 10, às 19h, foi adiado em função de problemas de saúde da palestrante. A palestra foi remarcada para o dia 16 de maio, às 19h, no Theatro Treze de Maio. Eliana Yunes é formada em Filosofia e Letras pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, com pós doutorado em Leitura pela Universidade de Colônia. É professora associada da PUC – Rio e professora visitante em universidades brasileiras e do exterior. Criou para a Biblioteca Nacional o Programa Nacional de Leitura (Proler), é assessora do Cerlalc/Unesco e comparte a direção da Cátedra Unesco de Leitura no Brasil.

Raphael Montes diz que as histórias policiais não devem traduzir a realidade, pois a violência é banalizada no país. Fotos: Denzel Valiente/LABFEM

Raphael Montes foi a atração da noite na 46ª Feira do Livro, no palco do Livro Livre desta terça-feira, dia 7. O escritor de literatura policial já publicou 4 livros que, juntos, venderam cerca de 80 mil cópias no Brasil. Formado em direito, o carioca estreou na literatura em 2012 com seu romance Suicidas. Já seu segundo livro, Dias Perfeitos, foi publicado em mais de 14 países.

Criado em uma casa sem estímulos literários, Raphael conta que, quando pequeno, não gostava de ler e que seu único contato com os livros era na escola. “Os livros podem ser gostosos de ler, mas eu não sabia disso”, explica Raphael. Aos 12 anos, ele estava na casa de sua avó e, por não ter nada para fazer, resolveu ler Um Estudo em Vermelho, sobre as aventuras de Sherlock Holmes, e resolveu que queria escrever também.

Quando questionado sobre a formação em direito, o carioca afirma que não quer desmerecer a profissão, mas que só o fez para ter um diploma. Também diz que logo no fim do ensino médio, um amigo o convidou para escrever o roteiro de um curta, cuja história originaria seu primeiro livro: Suicidas. A obra foi publicada no início de sua graduação, porém ele decidiu continuar estudando e garantir o diploma para ter um futuro. Logo, seu segundo livro foi publicado e, graças ao sucesso, soube que seria escritor.

Raphael comenta que houve as pessoas falarem que quando terminam um livro ficam tristes por sentir falta dos personagens, já ele diz terminar seus livros “de saco cheio” e que nunca os lê depois de publicados. O escritor explica que quando vai escrever o próximo, precisa que o máximo de coisas sejam diferentes do anterior, tanto os pontos de vistas quanto os personagens. Para ele é imprescindível a busca pela provocação e por assuntos interessante e novos, pois são ingredientes que renovam a sua escrita. “Boa literatura é necessariamente popular e complexa, não é preciso focar em extremos”, revela.

“A história é fácil, é o como escrever que é difícil”, afirma Raphael.

Sobre o conteúdo de seus livros, afirma que “qualquer um de nós é um potencial criminoso”, por isso, gosta de observar as pessoas e ouvir suas histórias. Ele traz que a violência é algo humano e que, por mais que escreva sobre esse lado das pessoas, confessa não gostar de coisas mórbidas e nem de olhar fotos sangrentas. “O que me interessa não é a violência, é o que tem por trás dela”, garante Raphael. Ele também diz que sempre consulta amigos para as atrocidades que escreve, como uma amiga veterinária para saber como se abre um corpo, e informa que sente bastante medo e talvez seja por isso que escreve sobre.

O escritor também falou sobre seu novo livro, intitulado A Mulher no Escuro. Trata-se, segundo ele, de um projeto menos graficamente violento sobre a jornada de amadurecimento de uma mulher muito solitária que viu sua família sendo assassinada quando tinha 4 anos, dentro de sua casa. O livro irá narrar sobre como ela ignora a situação traumática e vive sem viver realmente, mas é obrigada a lembrar de tudo quando, depois de 20 anos, o assassino volta para terminar o serviço.

46ª Feira do Livro tem espetáculo que ensina a preservar o meio-ambiente.Foto: Lucas Linck/LABFEM

Com a proposta de conscientizar sobre as questões ambientais que envolvem o lixo, o espetáculo Terra à Vista 2: a aventura continua foi apresentada à criançada na tarde desta terça-feira, 7 de maio, durante a 46ª Feira do Livro. O projeto, criado em 2015, surgiu através de uma solicitação CRVR, Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos, responsável pelo aterro sanitário de Santa Maria

Inicialmente apresentada só no Rio Grande do Sul, a peça hoje percorre diferentes cidades do Brasil. Sua primeira edição “Terra à Vista: uma aventura pirata” conta a história dos três irmãos que lutam para pagar a dívida de uma casa deixada como herança por seus avós. Em Terra à Vista 2: a aventura continua,  já tendo conseguido ficar com a casa, Miguel, Manuela e Mateus, querem construir um parque temático pirata mas se deparam com um terreno atulhado de lixo. Bartô, cúmplice do advogado que quer roubar a casa, afirma ser o dono do local. Em seguida, começa  a disputa para ver com quem ficará a terra. A peça aborda assuntos como a separação do lixo, efeito estufa e a geração de energia através do biogás, tudo de uma maneira lúdica e didática que envolve o público infantil.

A atriz  Patrícia Garcia conta que quando começaram a trabalhar com as questões que envolviam o meio ambiente e o lixo se depararam com uma realidade muitas vezes desconhecida. “Conforme fomos evoluindo o espetáculo e passando pelos lugares, conhecemos a realidade das pessoas que vivem dos resíduos ou que tem problemas sérios com eles”, afirma. Eles perceberam em temporadas no litoral que havia muitos problemas com a poluição das águas e que as crianças faziam campanhas para retirar o lixo  deixado pelos turistas.  Ela ainda fala da ausência de noção do quanto para alguns o lixo é importante e para outros é um problema e que, infelizmente, o ser humano não possui uma consciência ambiental e a consciência de ensinar as novas gerações sobre o problema do lixo, para que em um futuro isso mude.

O estudante Aldebar Pereira é pai e acha importante a educação de como dispor os resíduos em espetáculos, pois reforça o que já é aprendido em casa e na escola. “ Através dessa abordagem lúdica, depois eles falam bastante de por o lixo no lugar certo” afirma.

Tânia já escreveu 11 livros e participou de outros. Foto: Mariana Olhaberriet/LABFEM

Na tarde desta segunda-feira, dia 6, aconteceu o lançamento do livro infantil “Thixa a Lagartixa a Bailarina e suas aventuras em braile”, de Tânia Lopes. A professora aposentada conta que os livros serão doados para as bibliotecas de escolas públicas que têm crianças com problemas visuais.

“Como a Thixa é um modelo de resiliência e de superação, achei interessante fazer em braile”, diz Tânia. A Secretaria da Educação forneceu a lista com as escolas que irão receber uma cópia do livro, e por mais que sejam doações, não haverá mais livros além dos das escolas para serem doados.

O livro conta a história da lagartixa Thixa que estava limpando a casa e acabou perdendo seu rabo ao prendê-lo na janela. Por se sentir mais leve sem o rabo, começou a dançar balé e descobriu que gostava muito. Quando começou a se adaptar, o rabo cresceu de volta, dando a ela a oportunidade de participar de corridas.

A especialista em pintura, é autora de 11 livros e participa em outros. Na tarde de ontem, dia 5 de maio, também participou dos lançamentos da Feira com a coletânea de contos e crônicas, Primavera. A itaquiense também é Integrante da Academia Santa-mariense de Letras e foi patronesse da Feira de 2014.

Publicação original no site da Feira do Livro.

José Maria Dias Pereira autografando seu livro. Foto: Beatriz Bessow (LABFEM/UFN)

O livro Aprendendo a pensar como um economista lançado na tarde de ontem, quinta-feira, 2, pelo economista José Maria Dias Pereira é um convite ao pensamento econômico. Escrito de forma didática tem como objetivo fazer o leitor se sentir em uma sala de aula de macroeconomia, e pretende ajudar a desenvolver o hábito de pensar como um economista. Segundo José Maria Pereira, a obra traz muito mais do que ensinamentos sobre a economia. Ela busca fazer o leitor entender que essa área do conhecimento não é tão difícil como todos costumam supor.

O exemplar possui capítulos que foram organizados na forma de aulas, preparadas com base nos principais manuais de macroeconomia usados no país, e contém citações da Teoria Geral, do Emprego, do Juro e da Moeda de John Maynard Keynes, obra que serviu de base para o desenvolvimento da macroeconomia atual.

José Maria Dias Pereira é doutor em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e trabalhou em diversas instituições de ensino como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Universidade Franciscana (UFN). Ele também foi técnico da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Aposentou-se após 40 anos como professor.

Houve fila durante toda a tarde para a sessão de autógrafos. Foram vendidos cerca de 192 exemplares. Foto: divulgação TV OVO

O lançamento do livro infantil Lelé João-de-Barro: arquiteto de histórias, que carrega o selo do Sobrado Centro Cultural, projeto de restauração do imóvel centenário que abriga a sede da TV OVO, se estendeu por mais de três horas na tarde de ontem, 01, na Feira do Livro. Aproximadamente 190 exemplares foram vendidos e autografados pelos autores. Os três profissionais responsáveis pelo projeto arquitetônico do Sobrado, são também professores na Universidade Franciscana.   Clarissa Pereira e Daniel Pereyron atuam no curso de Arquitetura e Neli Mombelli,  jornalista e integrante da TV OVO, é professora  no curso de Jornalismo da UFN.

O livro é  narrado pelo personagem Lelé, um João-de-barro que mora na Jasmin, uma árvore que fica ao lado do Sobrado. A obra conta com dobraduras, jogos de tabuleiro, labirintos, pinturas e jogo dos 7 erros, para contar um pouco sobre arquitetura, patrimônio histórico e sobre Santa Maria. Proporcionando uma interação com as crianças, o livro ensina sobre ecletismo, estilo arquitetônico no Sobrado.

O arquiteto Daniel Pereyron conta que começou a discussão sobre como as crianças de hoje estão sendo educadas para entender a importância do patrimônio histórico e que reflexos isso vai ter quando foram adultas e forem as novas tomadoras de decisões. “Como eu e a Clarissa somos os autores do projeto da reforma da TV OVO, e a Neli é da TV OVO, a receita já estava montada”, brinca Daniel. Ele afirma que a ideia é atingir as crianças e os pais, trazendo a importância do patrimônio de forma lúdica e introduzindo assuntos de arquitetura.

Clarissa diz que quando perdemos exemplares importantes da arquitetura da cidade, perdemos um pouco da nossa história também. Ela acredita que ao ensinar arquitetura para crianças, elas se tornarão muito mais responsáveis pela sua cidade, tanto pelos patrimônios históricos quanto com o urbanismo. Clarissa afirma que “foi muito divertido e feito com muito carinho”.

Apesar de o público alvo serem crianças, Neli explica que é também para famílias. “A ideia é que a criança vá brincando com livro, mas devido aos diferentes graus de dificuldades das atividades, em algum momento alguém da família vai intervir”, conta Neli. Apesar de parecer um tema difícil, o livro mostra o patrimônio cultural lindo que Santa Maria tem em seu histórico e que estão desprotegidos.

 

Oficina Revoada Poética. Fotos: Beatriz Bessow/LABFEM

Ontem, dia 01, e hoje, quinta-feira, 02, no palco da praça Saldanha Marinho, foi o momento da criançada se divertir e aprender com a Revoada Poética, oficina realizada pela escritora Alessandra Roscoe.

Nela, o público infantil ouviu Alessandra contar histórias e, posteriormente, produzir suas próprias poesias que foram colocadas em pandorgas, para serem empinadas pelas crianças em suas casas. Isso parte da ideia de que a leitura não pode ser uma obrigação. De acordo com Alessandra, a leitura deve ser incentivada de maneira correta, pois quando isso acontece, ela se torna um vínculo afetivo. É diferente da escola que acabou criando uma obrigação associada à leitura, e onde a criança precisa ler para fazer o dever de casa ou uma prova, deixando de ser um prazer. “Você não vai ao cinema e tem que sair de lá e fazer uma ficha cinematográfica do filme, por isso você gosta de ir ao cinema” ressalta ela. Este é o objetivo das pandorgas, mostrar que brincadeira e leitura podem estar ligadas. “Ela realmente faz a imaginação, faz os livros voarem e a gente brincar de ler”, diz Alessandra.

Espaço para as crianças exercitarem a imaginação.

Alessandra defende a leitura desde o ventre, Ela desenvolve um projeto guarda-chuva chamado “Uniduniler Todas as Letras” em que estão inseridos vários projetos, desde a leitura com grávidas até a leitura com pacientes terminais em hospitais. Segundo ela, “a leitura tem o poder de nos abraças e nos trazer sentido”.

Fabio Zucolotto, um dos pais presentes da oficina afirmou que por ter uma filha é interessante  pois ela acaba se interessando pela leitura, ” a autora interage com eles, acho bem legal pra chamar e plantar a semente pra eles começarem a ler a brincar, ressalta.”

 

Eliane Brum durante o Livro Livre. Fotos: Thayane Rodrigues/LABFEM

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação do Livro Livre durante a 46ªFeira do Livro, e agendada inicialmente para o Theatro Treze de Maio. Os ingressos esgotaram no primeiro dia, levando à troca de local capaz de receber um público maior.

Eliane Brum se mostrou à vontade e agradeceu por estar em Santa Maria, segundo ela, uma intenção antiga sempre interrompida por uma agenda de compromissos múltiplos.  Iniciou com o cumprimento que revela o seu lugar de fala: – Mariele presente! Sob aplausos, ressaltou a impunidade que marca o Brasil da atualidade e a necessidade de não esmorecer na luta pela justiça.

Durante o bate-papo mediado pela jornalista Liciane Brun, Eliane Brum se diz uma contadora de histórias e que, ao contrário do que afirma a suposta objetividade jornalística, escreve “com o fígado”,  porque o texto “precisa passar pelas vísceras”.  Ao ser questionada sobre como se treina o olhar jornalístico, Eliane lembrou a famosa frase “notícia é quando o homem morde o cachorro”, de John B. Bogart, revelando que se interessa muito mais pelo cachorro que morde o homem, porque, segundo ela, “não existem vidas comuns, existem olhos domesticados, e, infelizmente, esses olhos são os nossos”.

A escritora relatou que passou 20 anos se preparando para sair das redações, porque queria ter um novo tipo de vida e conhecer seu próprio tempo. Trabalhou durante dois anos com a morte, buscando entendê-la, e passou 115 dias convivendo com uma mulher que tinha um câncer incurável. A frase dita pela mulher que fez Eliane perceber a importância do tempo foi: “quando eu tive tempo, eu descobri que meu tempo tinha acabado”.  Segundo a jornalista, foi nesse momento em que começou a pensar melhor sobre seu tempo, deixou coisas para trás e escreveu seu primeiro romance.

Sem meias palavras, a jornalista e escritora falou de como suas reportagens se voltam para os temas que ela considera fundamentais na vida. Disse nem sempre saber o rumo que as histórias tomarão, mas o fato da escuta atenta determina o lugar aonde chegar. Com a  lucidez que caracteriza os seus textos,  Eliane falou dos processos que a levaram a escrever como condição para existir.  Para ela, escrever é “incendiar com as palavras. Escrever para não matar e para não ser morta”. A jornalista falou da tristeza, da morte como condição da vida e processo de aprendizagem, da desesperança como lugar do existir, da necessidade de resistir e persistir.

“Precisamos voltar a encarnar as palavras”, diz Eliane Brum

Ambientalista, alertou para a responsabilidade coletiva diante das mudanças climáticas.  Ressaltou que não apenas a vida planetária está sendo destruída, mas que a herança deixada às gerações vindouras não será mais a de um planeta difícil, e sim a de um planeta hostil.

Ao se dizer nômade, falou também da sua opção por se instalar em Altamira, no Pará. Para ela, a Amazônia é o centro do mundo e a preservação da floresta é fundamental.

Há muitos anos Eliane Brum vem realizando reportagens sobre as populações ribeirinhas e indígenas assoladas pela exploração desenfreada e pelas fraudes dos grileiros naquela região.  A jornalista narrou o drama de pessoas e famílias que foram sendo alijadas de suas próprias histórias de vida  por grilagem ou pela construção de obras como a da barragem de Belo Monte. Há de lembrar que Eliane Brum sempre fez duras críticas aos governos petistas por ignorarem as realidades locais quando da construção das grandes obras. Hoje, ressaltando que as terras indígenas e ribeirinhas são públicas e asseguradas pela constituição federal –  e onde os moradores tem usufruto e não o direito de posse sobre elas -, a jornalista criticou o governo Bolsonaro pela perversidade com que vem deturpando o sentido das coisas no Brasil.  Ao ser questionada sobre o esvaziamento da palavra no Brasil, ressaltou que a criação do comum começa pela linguagem e o que o atual governo tenta desconstruir é justamente o sentido das palavras que asseguram a concretude do que é comum e público.

Nessa direção, ao referir o seu texto no jornal El País sobre o balanço dos cem dias de Bolsonaro como presidente, Eliane Brum voltou a criticar o novo governo. Segundo ela, se trata de um governo que faz oposição a si mesmo como estratégia de se manter no poder, sequestra o debate nacional, transformando o país todo em refém, e estimula a matança dos mais frágeis. Para ela, isso é a perversão.

Afirmando a paralisia que caracteriza a todos nesse momento do Brasil, e o esvaziamento das instituições que deveriam assegurar a democracia, ela defende que a resistência está na reinvenção do cotidiano, na capacidade de rir, de se reunir, de imaginar o futuro, porque somente a retomada da política é capaz de mudar o país.

Ela conta que as pessoas dizem que ela dá esperança ao povo. “A esperança é super valorizada, é um luxo que a gente não tem”, afirma. Os indígenas que conheceram o fim do mundo deles, ensinaram Eliane que a maior forma de resistência é a alegria, que é importante rir nem que seja por desaforo. “Eles nos destroem nas pequenas coisas, temos que lutar sem deixar nos arrancarem a alegria”, completa ela.

“Um espelho da alma brasileira”, como já foi chamada pelo jornal El País onde é colunista, Eliane fala que sempre buscou escutar as pessoas e duvidar de si mesma, só fazendo uma coluna se ninguém tivesse dito aquilo ou, pelo menos, do mesmo jeito que ela. Depois de 11 anos trabalhando no jornal Zero Hora e outros 10 na revista Época, optou por um projeto independente. Mora entre Altamira e São Paulo, faz palestras, segue fazendo reportagens e prioriza o que considera essencial – o próprio tempo.

Os livros de Eliane Brum estavam disponíveis para aquisição e autógrafos: A menina quebrada (2013),  Meus desacontecimentos, Uma duas (2011), A vida que ninguém vê (2006), O olho da rua (2ª edição 2017).

Colaborou Bibiana Rigão