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Dia internacional da mulher

Dia Internacional da Mulher

Quando as mulheres, de todas as cores, se movimentam, a sociedade muda junto com elas.

“Não é o batom vermelho. Tem outras coisas além disso”

  O título da matéria é a frase da empresária Jaqueline Adams. Ela ilustra bem a dimensão que o bate-papo Mulheres e Mercado de trabalho: muito mais que poder, protagonismo tomou na última quinta-feira, 8 de março, dia

Manifestos online marcam o Dia Internacional da Mulher

No dia 8 de março de 1857, 130 tecelãs morreram incendiadas em uma fábrica em Nova York. As mulheres reivindicavam  melhores condições de trabalho, carga horária menos exaustiva e reconhecimento. Elas foram trancadas na fábrica pelos

8 de março, dia internacional da mulher

Lugar de mulher é em todos os lugares. A ACS acompanha a caminhada delas  a cada dia,  e  a registra em entrevistas, notícias e reportagens.

Dia Internacional da Mulher

A Agência Central Sul sabe que todos os dias são dias das mulheres. No dia de hoje quer apenas lembrar a luta pelos direitos das milhares de mulheres que ainda enfrentam o peso da diferença de

Quando as mulheres, de todas as cores, se movimentam, a sociedade muda junto com elas.

 

Jacqueline Adams. Fotos: Juliana Brittes/LABFEM

O título da matéria é a frase da empresária Jaqueline Adams. Ela ilustra bem a dimensão que o bate-papo Mulheres e Mercado de trabalho: muito mais que poder, protagonismo tomou na última quinta-feira, 8 de março, dia internacional da mulher. A discussão promovida pela Gema (Agência Experimental do Curso de Publicidade e Propaganda), teve como questão central promover um debate sobre questões que cercam a mulher no mundo profissional.

Além da fundadora da J. Adams Propaganda, atuante em Santa Maria há mais de 20 anos, participaram da discussão Shaiana Antonello, atendimento na agência MP&C Comunica, Raquel Martins, sócia-fundadora da Agência Advertência, e Julie Jarosczniski, sócia proprietária do Mercato Amorino, mediadas pela estudante de Publicidade e Propaganda, também freelancer Débora Lemos.

Tudo começou com apresentações das participantes e uma breve trajetória de cada uma no mercado de trabalho. “Peguei um período histórico de formação tradicional. O assédio moral, aquela cantada fora de hora sempre existiu”, relatou Jaqueline. Raquel, que começou como diretora de arte diz ter sofrido no início da carreira profissional devido a inexperiência. Um sentimento compartilhado por Shaiana: “já sofri preconceito por ter pouca idade e ser novata no mundo profissional”.

Já Julie relatou que seu maior problema como empresária é lidar com as atitudes de alguns clientes. “Sofremos assédio de alguns deles. Dizem frases como: sou solteiro. Eu dou liberdade para as minhas funcionárias reagirem da forma que quiserem. Não posso permitir que algo dessa natureza aconteça apenas para manter um cliente”, revela. Ela ainda relata que alguns vizinhos homens agem de forma machista: eles são estudantes e tem aproximadamente a minha idade. Ficam na sacada dando nota para as funcionárias e clientes do mercado. Gritam coisas como: Cinco, essa é muito feia”.

De preto e branco, combinação favorita da estilista feminista Coco Chanel, mediadora e participantes mostram seu protagonismo. Foto: Juliana Brittes.

Entretanto, percebe atitudes dessa natureza ao lidar com os fornecedores: “eles geralmente preferem falar com o Maurício, meu sócio, do que comigo”. É algo também relatado por Débora, que já passou por esse tipo de situação. “Trabalho com o meu namorado e os homens que ligam preferem tratar com ele do que comigo. Como nós dois atuamos em todas as áreas, nunca demos muita importância para isso”. A questão de uma profissional multitarefa nas agências também por Raquel, que ressaltou já ter trabalhado um pouco em todas as funções. “Nas agências do interior é assim”, explica.

Shaiana ressalta isso como um ponto positivo, relatando não ver tanto machismo em consequência dos funcionários atuarem em diversas áreas. Algo diferente em grandes centros: “quando fui para Porto Alegre, senti a diferença entre homens e mulheres através dos setores da empresa onde trabalhei. Na área da criação, por exemplo, a maior parte eram homens”.

Esse tipo de dominância acaba por refletir em questões do dia a dia, como destaca Raquel: “Se tratando de competência, nunca senti preconceito por ser mulher, mas sim em questões rotineiras da agência, como na hora de lavar a louça do café”. A sócia da Agência Advertência destaca que esse tipo de situação vem, muitas vezes, de berço. “O machismo vem da educação, mesmo da própria mãe. O homem não é cobrado a fazer faxina, por exemplo”.

Outro ponto tratado neste sentido é o fator da vestimenta de trabalho. “Duvido que alguma mulher aqui nunca tenha tido medo de usar alguma roupa e ser assediada”, relatou Shaiana. Raquel ressaltou ainda que não se deve temer o que vestir: “meninas, vistam as roupas que vocês quiserem. O que importa são as atitudes, a competência e a experiência de vocês”. Ao entrar nesse ponto de discussão, uma das mulheres que assistia ao debate desabafou já ter sofrido com questões ligada a vestimenta e aparência. “A empresa em que trabalho já me avisou. Se eu tomar alguma atitude como colorir o meu cabelo, vou para a rua”.

A estudante de Direito e Ciências Contábeis Marcela Denardi, de 21 anos,  participando do bate-papo, declarou para todos ter gostado muito da experiência: “é muito importante esse tipo de discussão. Ambos os cursos que faço tem uma aura machista. Em um deles, falamos sobre mercado de trabalho todos os dias, mas nunca foi abordado o ponto de vista das mulheres”.

Imagem/Reprodução: Think Olga
Imagem/Reprodução: Lado M

No dia 8 de março de 1857, 130 tecelãs morreram incendiadas em uma fábrica em Nova York. As mulheres reivindicavam  melhores condições de trabalho, carga horária menos exaustiva e reconhecimento. Elas foram trancadas na fábrica pelos donos, que colocaram fogo na mesma. Somente em 1975 a Organização das Nações Unidas oficializou a data como Dia Internacional da Mulher.
Hoje, a mulher ainda recebe 30% a menos que o homem em uma mesma função de trabalho. A atriz Patricia Arquette fez uma fala na premiação do Oscar, ano passado, pedindo direitos trabalhistas igualitários. Neste ano, em sua performance no Oscar, Lady Gaga apresentou a música Till It Happens To You, denunciando o abuso sexual de universitárias.

Este foi um dia de sofrimento, batalha por direitos, e não de comemoração. Em função disso, entidades virtuais, escritoras, jornalistas, fizeram campanhas via online para trazer esta data como dia de luta, dia de movimento e tentar conscientizar a sociedade. O Youtube criou o Programa Global para Mulheres, uma série de vídeos de empoderamento feminino nos seus respectivos canais. No Brasil, a representante da campanha é a Júlia Tolezano, dona do canal Jout Jout prazer, que também foi convidada da ONU para participar do #ElesPorElas. O primeiro vídeo da série saiu na quarta-feira, sobre mulheres com mais de 30 anos que são youtubers, com a participação da Lili Prata, Tati Feltrin e Tati Leite.

Imagem/Reprodução: Think Olga
Imagem/Reprodução: Think Olga

O site Think Olga, criado em 2013 pela jornalismo Juliana de Faria, lançou uma cartilha e convida suas leitoras a distribuí-la no Dia da Mulher para os homens, contra a violência de gênero, contra o assédio, e com informações sobre denúncias. “Assim, refletindo no conteúdo e mudando seus hábitos de acordo, daremos a eles a chance de nos dar o presente que verdadeiramente queremos: o fim do assédio sexual, um homem de cada vez”, Think Olga.

“Quero que a Lei Maria da Penha, que completará 10 anos, seja de fato posta em prática. Quero que a Delegacia da Mulher funcione em todos os dias da semana. Quero que cada vez mais mulheres em situação de violência doméstica e familiar sejam socorridas”, Lado M lança o manifesto online #NãoQueroFlores, para todas as mulheres postarem o que desejam para este dia usando a hashtag. O intuito é que as usuárias denunciem ou peçam respeito, igualdade, direitos, para conscientizar os homens de que não basta das flores e respeito em um só dia, enquanto no resto do ano elas são estupradas e violentadas por eles mesmos.

O site Fotoverbe-se em parceria com Self-dh e a página Elas Também., lançou a campanha #OFeminismoSouEu, para mostrar que o movimento feminista é empoderamento, escolha, liberdade e amor. O projeto convida as mulheres a postarem fotos empoderadoras nas suas redes sociais usando a hashtag, mostrando conquistas e o olhar delas sobre a luta, como elas recebem o feminismo. As fotos iniciais representativas, com voluntários, da campanha foram feitas pelo fotógrafo da Fotoverbe-se, Paulo Andrade.

O movimento Vamos Juntas?, da jornalista Babi Souza, campanha para mulheres voltarem juntas na rua, para evitar assédios e se sentirem mais seguras, realizará um encontro de suas usuárias hoje, em Porto Alegre, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country. Terá o lançamento do livro do projeto, “Vamos Juntas? O Guia de Sororidade para todas”, escrito pela Babi, e um bate-papo com a escritora.

 

Lugar de mulher é em todos os lugares. A ACS acompanha a caminhada delas  a cada dia,  e  a registra em entrevistas, notícias e reportagens.
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8 de março, dia Internacional das Mulheres. Foto-montagem capturada do Blog da Igualdade

A Agência Central Sul sabe que todos os dias são dias das mulheres.

No dia de hoje quer apenas lembrar a luta pelos direitos das milhares de mulheres que ainda enfrentam o peso da diferença de gênero.