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empoderamento feminino

Empoderamento feminino no meio rural

A 40° edição da Expointer abriu o cenário para o empoderamento da mulher no agronegócio. A feira que teve abertura no dia 26 de agosto e irá até 3 de setembro no Parque Assis Brasil, em

Da luta ao empoderamento

Em meio a rótulos, estereótipos e padrões criados por uma sociedade machista, as mulheres vêm quebrando paradigmas e mostrando que “Lugar de mulher é onde ela quiser, sim senhor”.     A busca pelo direito de

Alunos e professores assistem a abertura da copa do mundo feminina. Fotos: Beatriz Bessow/LABFEM

Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Sérgio Lopes: sentados no tapete e em grandes bancos de madeira arrastados até à frente da pequena televisão, os alunos dos anos finais se reuniram, atentos, para assistir a abertura da copa do mundo feminina. O silêncio era absoluto, mesmo porque as caixas de som não ajudam muito na acústica da sala de convivência, localizada em um grande contêiner sem qualquer tratamento térmico ou acústico, ao lado da escola. Alunos e professores olhavam atentamente para a TV. Seus diversos troféus e medalhas ao fundo enfeitando a sala, junto aos diversos cartazes sobre empoderamento feminino, direitos igual, e o lugar da mulher no esporte.

A Escola ” Sérgio Lopes” , como é popularmente conhecida, se encontra no bairro Renascença, nos fundos do Shopping Praça Nova, região periférica de Santa Maria.  Era conveniada com uma instituição filantrópica até 2016, ano em que recebeu uma nova direção do município. Desde então, participa dos Jogos Esportivos de Santa Maria (JESMA), no qual cerca de 70 escolas se inscrevem para jogar. A escola Prof. Sérgio Lopes tem ganho grande destaque entre as escolas municipais.

Troféus da JESMA expostos na sala de convivência.

Cartazes podem ser vistos colados em todo o corredor e por toda a sala de convivência, e remetem ao esforço da escola em trabalhar projetos que incentivem os alunos. A diretora Andréia Aparecida Liberali Schorn conta que em um deles estão trabalhando o esteriótipo de gênero que delimita o que meninos e meninas podem fazer ou não. “A gente começou a puxar pelo lado do futebol para eles entenderem, já que aqui as meninas ganham muito no futebol do JESMA”, comenta Andréia.

Cada sala de aula tem um nome escolhido que homenageia uma mulher importante na história, e os cartazes dispostos em suas portas explicam o porquê  de terem sido escolhidas. Entre elas podemos encontrar Frida Kahlo, Djamila Ribeiro, Marie Curie, Maria Rita Py Dutra, Carolina Maria de Jesus, sem esquecer da Marta Vieira da Silva que ocupa o nome da sala do 3º ano.

 Apesar da pouca estrutura, os alunos da Sérgio Lopes participam em diversas categorias. Jogam tanto nos esportes coletivos quanto nos individuais, e mesmo que não tenham cesta de basquete para os treinos, improvisam com cadeiras empilhadas para compreenderem o básico do lançamento. Além disso, a vice diretora, Vanessa Flores explicou que a professora de Educação Física trabalha todas as modalidades  do esporte em aula, mas como o interesse dos alunos é grande, foi criado um projeto no turno inverso em que um professor proporciona 4 horas de futebol para os times feminino e masculino praticarem.

Raiane Lamach Almeida tem 12 anos e ganhou o troféu de primeiro lugar em xadrez no ano passado.

A Sérgio Lopes é bicampeã entre as escolas municipais, tendo arrecadado mais pontos pela grande participação em muitas categorias. No ano passado, o único título geral que ganhou foi no xadrez com a aluna Raiane Lamach Almeida do 6º ano, na categoria infantil. Ela conta que não achou ganharia, pois costumava perder nas partidas em aula, mas ficou muito feliz por poder representar o colégio. “Gosto muito da escola. Sempre que eu precisei eles me ajudaram”, confessa Raiane. Apesar de na hora nem acreditar que havia ganhado, a menina de 12 anos levou um troféu só dela para casa.

Desde 2016, quando a escola começou a participar JESMA, a realidade das crianças foi melhorando. O ex-aluno, Eduardo Conceição de Abreu, de 15 anos afirma que antes não era assim, “era só aula atrás de aula”. Foi quando mudou para escola municipal que Eduardo sentiu o incentivo ao esporte fazer uma diferença nos seus dias. “Eu sinto muita saudade da escola, venho ajudar aqui, às vezes, porque eu me sinto em casa; é como uma segunda casa pra mim”, expressa.

Além dos alunos aprenderem muito sobre disciplina e trabalho em grupo, a vice diretora, Vanessa Flores, relata também ter aprendido muito com eles. “Acho que o esporte é fundamental, tudo que eles aprendem influencia na aula, principalmente para trabalhar o companheirismo”, afirma Vanessa. Apesar das condições não serem das melhores, como precisarem descer no Rio Cadena para busca a bola quando cai, a vice diretora destaca a garra de seus alunos por nunca se vitimizarem, sempre manterem a determinação e persistirem, fazendo o que gostam. Mesmo no JESMA já foram elogiados pela organização, por sua educação e comportamento e, ainda,  por dificilmente receberem cartões durante as partidas.

“Elas voam com o futebol”, comenta a diretora Andréia sobre a participação das meninas no esporte.

A vice diretora ressalta que acha muito importante mostrar que acredita neles, e que  notou uma transformação quando o esporte começou a ser mais incentivado. “Eles se uniram muito mais em questão do esporte”, menciona. Mesmo quando um ex aluno vai participar de jogos, ela é convidada e sempre marca presença na plateia para torcer por seus alunos.

A 40° edição da Expointer abriu o cenário para o empoderamento da mulher no agronegócio. A feira que teve abertura no dia 26 de agosto e irá até 3 de setembro no Parque Assis Brasil, em Esteio, não omitiu a profissão da mulher do campo, mas exaltou a dignidade de seu trabalho.

A feira, que se originou no ano de 1901, é mundialmente conhecida pela agropecuária e pela extensa variedade de produtos expostos para venda e degustação. Também oferece diversos conteúdos e mídias online através do site. O conteúdo publicado na página da Expointer, no dia dia 6 de agosto, revelou a realidade da autonomia feminina para além do comércio urbano: “De acordo com informações da Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), no Pavilhão da Agricultura Familiar, por exemplo, 50% das agroindústrias que estão expondo são comandadas por mulheres. Em um estudo feito pelas Organização das Nações Unidas (ONU) o empoderamento da mulher do campo pode vir representar 30% na produção agrícola, assegurando assim a segurança alimentar do planeta”.

A igualdade de gênero tem sido uma luta diária para as mulheres. Incluindo a igualdade de profissão e de cargos. A mulher do campo tem expandido sua forma de trabalho. Ela faz artesanato, mas também pode administra empresa, sejam micro, pequena ou grande. Ela é mãe, mas também é apicultora. Ela é estudante, mas também é agricultora. Ela é casada ou solteira, mas também é pecuarista.

Texto: Mariana Tabarelli

Disciplina: Jornalismo Digital 1

Professor: Maurício Dias

Observatório da mídia CS-02Em meio a rótulos, estereótipos e padrões criados por uma sociedade machista, as mulheres vêm quebrando paradigmas e mostrando que “Lugar de mulher é onde ela quiser, sim senhor”.

    A busca pelo direito de exercer a feminilidade sem ser chamada de “gostosa” ou de ouvir, em casos de estupro, “Ela estava pedindo”, são apenas grãos de areia para quem tem de lutar todos os dias pela igualdade de gênero. Quando falamos em sociedade machista, estamos tratando da soberania masculina e do olhar preconceituoso da população brasileira em relação às mulheres. É uma questão cultural. A imagem da mulher é sempre rotulada, sempre vista como quem vai cuidar da casa, dos filhos. Quem vai ao mercado e passa a vida esquentando a barriga no fogão, enquanto o esposo trabalha fora para sustentar a família. Estes são tempos que não voltam mais. Hoje as atividades rotineiras do lar não são suas únicas prioridades. A independência e o empoderamento feminino ganham mais força com a ascensão da mulher na política.

Vistas como o sexo frágil, elas têm ganhado o terreno que por muito tempo fora o mundo particular dos homens. Ainda que com relutância seja por parte dos partidos, ou pela imagem que a mídia cria da mulher, é considerável o crescimento das mulheres neste segmento. Pensar em política, em comandar um país sempre nos remete a uma ideia de força, de pulso firme no setor econômico. É claro que isso não combina com mulheres. Lá se vai mais um clichê. Mentalidade pequena de quem não acredita que o prédio da esquina foi uma mulher quem arquitetou o projeto ou que o mestre de obras era “mulher”. Há quem diga que elas querem tirar o lugar dos homens. Engana-se quem pensa deste modo. Elas querem apenas ser valorizadas por sua capacidade. Por não serem tão frágeis quanto você supunha. Não querem rótulos, esteriótipos e muito menos terem suas vidas privadas colocadas em questão em meio uma campanha para concorrer a um cargo.

Sempre lembro de uma frase que diz assim: “Atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher”. As mulheres do século XXI não precisam mais ficar escondidas na sombra de seus homens, aprenderam que inteligência impõe respeito. É destas mulheres inteligentes que estamos falando. Da capacidade de unir a sensibilidade, o carinho, a força e a liderança exatamente na dosagem certa. Estamos falando da mulher real, não da ilusão que a mídia cria em nossas mentes. Uma distorção, um esteriótipo de capa de revista. Fútil é o que eles querem que pensamos. Astutas e corajosas. É assim que as vejo. Lutando pelo direito ao corpo que é seu. Lutando para não sofrer violência doméstica. Para não ser estuprada, por um ou trinta homens. Buscando a todo tempo que a sociedade se dispa dos preconceitos, abandone o falso moralismo nos discursos contra as feministas. De olhos vendados o povo foi as ruas pedindo por impeachment. Pela primeira vez na história deste país, uma mulher havia chegado à presidência. Mais uma vez venceu a alienação midiática, o machismo, o sexismo e a falta de informação verdadeira.

 Não vamos permitir um retrocesso. Precisamos de mais mulheres no poder, mais mulheres comandando. Precisamos de igualdade de gênero. O cidadão precisa perceber que sem a mulher, nada se contrói. Lutemos para dar à elas o empoderamento. Para que o grito seja de liberdade, não de dor. Que a mulher que hoje ganha o mundo, possa conquistar também o respeito ao seu corpo, ao seu gênero e a sua essência. Está aí estampado para quem quiser ver. Lei Maria da Penha, vagão rosa ou táxis para mulheres não é a solução. Pais eduquem seus filhos para quando passar por uma mulher na rua independente da maneira como ela esteja vestida, da raça, cor, etnia, que ele possa ver ali, um ser humano igual a ele, dotado de capacidade e com os mesmos direitos.

14269377_956954634415458_425496450_nWillian Ignácio, 27 anos. É estudante de jornalismo. Gosta de livros, café bem forte e quente, como a vida deve ser. Autêntico e de personalidade marcante. Prefere uma boa conversa com os amigos ou um filme no sofá a uma balada de final de semana. É apaixonado pela vida, e pela liberdade.

*Texto produzido para a disciplina de Legislação e Ética em Jornalismo

A luta das mulheres por direitos civis e sociais iguais aos dos homens, a luta contra o assédio nas ruas e contra a violência de gênero se fortalece cada vez mais em Santa Maria. A Marcha das Vadias tomou força na cidade e ganhou apoio de vários grupos sociais locais.
Porém, algumas feministas declaradas sofrem ataques de homens que não aceitam o empoderamento e a união feminina. A força que as mulheres estão ganhando assusta alguns homens que partem para a agressão – via online e fisicamente.
Um grupo de feministas fez uma manifestação em repúdio à violência no dia 5 de setembro. A mobilização teve como  motivo repudiar a agressão que uma menina sofreu em frente à boate Macondo Lugar, no estacionamento do outro lado da rua.

Laura já foi assediada em uma discussão sobre a hipersexualização de mulheres em vídeo-games (foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)
Laura Lena Bastos acredita que os homens que criticam feministas nunca leram sobre o movimento (Foto: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)

Na página do protesto, muitas meninas foram atacadas verbalmente, expostas e assediadas por dois meninos que entraram no grupo para menosprezar o movimento. E infelizmente, muitas mulheres feministas sofrem isso todos os dias.
“Eles te chamam de vadia, qualquer coisa que venha na cabeça, e criticam com tudo que podem o movimento. É muita desinformação. Em primeiro lugar, muita carga que vem do início da luta feminista. Os homens que nos atacam nunca leram sobre o movimento e carregam o machismo, que está impregnado”, nota Laura Lena Bastos, estudante de Artes Visuais da UFSM, que já foi assediada algumas vezes nas redes sociais por sua militância. Ela também foi assediada em uma discussão sobre a hipersexualização de mulheres em vídeo-games.

(foto por: Tabata da Cruz/Laboratório de Fotografia e Memória)
Ana Carolina Bragança discutiu nas redes sociais com homens que atacam o feminismo (Foto: Tabata da Cruz/Laboratório de Fotografia e Memória)

No grupo online, estava Ana Carolina Bragança, que discutiu com os meninos por comentários num post. “Quem participa do movimento está exposta a sofrer esse tipo de violência. E mesmo quando não ocorre diretamente contigo, tu te afetas porque eles atacam o feminismo. Quem nos agride geralmente procura o porquê que lutamos e transformam em deboche ou menosprezam”, nota Ana Carolina. “Me senti violada,, como se nenhuma mulher pudesse votar, como se nós não tivéssemos que fazer isso, não tivéssemos que lutar por nossos direitos e nossas reivindicações. Temos que desvincular o feminismo do ódio, as pessoas acham que o feminismo é como o machismo, mas na verdade é igualdade que queremos e não excluir o gênero masculino”, explica a estudante.

Agressões físicas praticadas por desconhecidos

Thays já foi atacada na rua por um grupo de meninos (foto por: Roger Haeffner/Laboratório de Fotografia e Memória)
Thays já foi atacada na rua por um grupo de meninos (Foto: Roger Haeffner/Laboratório de Fotografia e Memória)

“Esse poder de diálogo com os homens só acontece quando eles sabem respeitar e param de atacar o movimento. As mulheres não gostam de falar sobre a causa com pessoas que só as atacam e criticam a luta. Hoje em dia a gente vê muito mais o empoderamento feminino do que diálogos com os homens. As mulheres estão percebendo o universo de privilégios masculinos e sabem que o patriarcado precisa ser derrubado. Elas enxergam muito mais disso do que aberturas para conversas com homens”, argumenta Thays Campagnol, que revela ter sido atacada várias vezes. Para a estudante de Direito, os ataques vêm de pessoas que não têm conhecimento da causa e de quem está no meio político.

Segundo a acadêmica Thays, são microataques que passam despercebidos, como participar em debates políticos e ser silenciada. “O fato que ocorreu, por exemplo, no grupo do Facebook ”Não Passarão! Manifestação em Repúdio à Violência Contra a Mulher! foram dois meninos que assediaram e ofenderam (além de expor) mulheres que participavam do protesto. Um deles tem 16 anos, e claramente não entende o movimento. Temos artefatos para processá-lo, mas sabemos que a Justiça não nos ajuda! Ele também fez uso do slut shaming, que é quando a sexualidade da mulher é reprimida, ela só é bem vista quando é para o homem. E eles usam isso na rua e fazem a gente se sentir violada”, desabafa a moderadora do grupo.

A feminista conta que no meio político existe uma rixa, pois as pessoas diminuem a causa, e eles atacam as mulheres que lutam chamando-as de ‘feminazi’, o que é absurdo, comparar a luta feminista com o nazismo, absurdo e ignorante.”São coisas que tem que haver uma compreensão. Os homens que estão no movimento estão lá para apoiar, e não para se colocar no lugar da vítima ou silenciá-la. Tu deves apoiar e entender, mas em momento nenhum ele deve apontar o dedo para uma de nós e atacar. Eles teriam que entender os privilégios e fazer essa desconstrução com eles mesmos, mas isso não ocorre, então é desconfortável para ambas as partes”, destaca a estudante.

Como Thays, outras feministas também já sofreram ataques físicos inclusive, na rua, por homens desconhecidos. Uma menina de 17 anos, feminista, que não quis se identificar (justamente por conta da violência), contou sobre a violência que sofreu no mês de abril deste ano. “Eu estava voltando do Parque Itaimbé, estava na rua Serafim Valandro, eram seis horas da tarde, tinham quatro meninos vindo na minha direção. Eles me viram e conversaram entre si, eles vieram e me colocaram contra a parede, passaram a mão em mim, me xingaram, eles sabiam que eu era feminista não sei como. Eles diziam ‘é isso que feminista precisa, você tem sorte por não te estuprarmos aqui mesmo’. Depois eles me empurraram e saíram e enquanto caminhavam me mandaram ‘ter cuidado’. Eu fiquei em estado de choque, fui pra casa e no dia seguinte fui na delegacia da mulher (DEAM) e tentei fazer uma ocorrência, mas por alguns desentendimentos não consegui registrar”, contou a menina.

Ela afirma que esse incômodo dos homens com a luta é por eles não estarem acostumados com isso, com mulheres se emponderando e tentando alcançar o lugar em que eles estão. Para a jovem, feminismo ganhou muita força agora, e as meninas os enfrentam e sabem que têm vez e voz para lutar, e eles ainda enxergam as mulheres como submissas.

A desinformação sobre o atendimento às vítimas

Débora Dias fala sobre a importância de registrar qualquer crime contra o corpo da mulher (foto por: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)
Débora Dias fala sobre a importância de registrar qualquer crime contra o corpo da mulher (Foto: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)

A delegada da Delegacia de Polícia para Mulheres, Débora Dias, afirma que é muito importante que se faça a ocorrência para criar antecedentes criminais, pois, quem faz esse tipo de violência contra a mulher geralmente fará de novo ou já fez outras vezes. E depois da segunda ocorrência de assédio ele cumpre uma pena, segundo Débora geralmente ele cumpre serviço comunitário. “Quando ocorre o estupro, que é um ato violento, com ou sem penetração, com ações libidinosas no corpo da vítima, o homem é preso imediatamente após a comprovação das investigações”, explica a delegada.

Assista ao depoimento captado pelo Laboratório de Produção Audiovisual (Laproa)
[youtube_sc url=”https://youtu.be/hGcUHuVbf8g”]

11873617_684531898347419_681395522311792939_n“Sororidade: pacto de mulheres reconhecidas como irmãs, que se unem para lutar por seus direitos”. Essa é dimensão que o movimento feminista traz, além do emponderamento de mulheres, a luta por igualdade socioeconômica, a luta contra a inferioridade da mulher perante o homem e contra a misoginia.
Uma dessas vertentes que inspirou a jornalista Babi Souza a começar o projeto Vamos Juntas?, hoje conhecido pelo país todo, foi a colaboratividade entre as mulheres, a união de pessoas para tornar o mundo um local harmonioso.

"É muito emocionante. Posso ver um sinal de que o futuro do mundo realmente é mais bondoso e colaborativo", diz Babi.
“É muito emocionante. Posso ver um sinal de que o futuro do mundo realmente é mais bondoso e colaborativo”, diz Babi (Foto: Arquivo Pessoal)

“Nesse sentido, vinha pensando muito sobre a relevância que eu tinha, não tanto como jornalista, mas principalmente como ser humano. Foi quando comecei a estudar e pesquisar sobre colaboracionismo e empreendedorismo social”, conta Babi. A jornalista relata que há muito tempo pensava sobre a ideia, pois ela refletia sobre a importância de união para sermos felizes.
Babi tomou para si a velha ideia de que a união faz a força e, de que ao invés de reclamar dos poderes, começou a pensar sobre as pessoas se empenharem a fazer o mundo um pouco melhor. Ela teve o despertar para o movimento quando estava voltando para casa com sua amiga Vika, designer do projeto, ela montou um texto com as ideias do Vamos juntas? e então postou para suas amigas, mas afirma que não imaginava ter essa repercussão toda. Hoje a página do movimento no Facebook tem 124.139 mil curtidas, também há um grupo para as meninas que moram no sul.

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Amanda acredita que ainda falta muito investimento na segurança pública para mulheres (Foto: Arquivo Pessoal)

Como Babi, a estudante de direito da Fadisma considera necessário a reprodução do projeto na internet, devido ao grande alcance. Amanda Dias chegou até o movimento através de suas amigas que compartilham informações sobre a luta das mulheres, hoje ela faz parte da página e do grupo Vamos juntas? Sul no Facebook e acompanha os relatos e imagens do projeto. No momento que se compartilha as imagens do Vamos Juntas?, todas as suas amigas visualizam a importância de nos unirmos e protegermos umas as outras, como a idealizadora do movimento profere. “Infelizmente, não são raras as oportunidades em que mulheres são perturbadas de alguma forma na rua quando estão sozinhas. Conheço várias amigas que já foram incomodadas, mais de uma vez, e também já passei por mais de uma situação em que me senti amedrontada. Se conhecesse o movimento (ou ele existisse) antes, provavelmente teria me aproximado de alguma outra mulher para que caminhássemos juntas”, nota Amanda. A estudante ainda não “utilizou” o movimento, nunca voltou junta com uma menina para proteção, mas afirma com certeza que está disposta a ajudar e a se unir com mulheres quando tiver a oportunidade ou precisar.
“Em relação à segurança pública para mulheres, não creio que tenham acontecido mudanças significativas nessa área, o que é lamentável. Além de, claro, os movimentos feministas, os quais são grandes difusores de boas ideias”, alega a estudante.
[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”250px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Segundo a delegada da Delegacia de Polícia para Mulheres (DM) alerta que todos os crimes que envolvem violência doméstica, lesão corporal, ameaças, crimes contra a honra da mulher, injúria, difamação e estupro devem ser denunciados.[/dropshadowbox]

(Foto por: Diego Garlet/laboratório de Fotografia e Memória)
Carol acha horrível tudo o que nós, mulheres, sofremos atualmente (Foto: Diego Garlet/laboratório de Fotografia e Memória)

O emponderamento de mulheres que o feminismo difunde conquistou Carol Ribas, bailarina, que chegou ao movimento devido às páginas feministas que faz parte no Facebook, e então entrou em contato com o grupo do Vamos Juntas?.
“Quando eu tinha 12 anos estava caminhando indo para o balé e um homem veio atrás de mim e começou a falar coisas muito indecentes, eu corri e entrei na escola de balé, eu me senti muito sozinha e vulnerável naquele momento, então acho importante não nos sentirmos sozinhas ou desprotegidas”, relata a estudante.
Ela diz que teve muitas discussões familiares com relação ao machismo. Então, percebeu a necessidade de entrar para o movimento e aderir ao projeto Vamos Juntas?. “Coisas simples como tarefas de casa, limpar a cozinha, eu percebo isso e então falo que isso não está certo, converso com minhas amigas sobre o feminismo e a violência contra a mulher para tentar trazer elas para o movimento e também convido elas para o grupo no Facebook”.

(Foto por: Victoria Martins/laboratório de Fotografia e Memória)
(Foto: Victoria Martins/laboratório de Fotografia e Memória)

“Acho muito preocupante para as mulheres andarem sozinha. A violência só aumenta. Um dia eu estava com uma amiga minha procurando um táxi de noite e estávamos com muito medo mesmo juntas. Mas a insegurança é muito grande ainda”, relata Andressa, estudante de Direito do Centro Universitário Franciscano. Ela viu as imagens do movimento através do compartilhamento de sua amiga nas redes sociais, no dia em que a polícia faria paralisação, elas estavam preocupadas com sua proteção nas ruas. Andressa ressalta a importância desse movimento, para ela voltar para casa ela sobe uma rua muito escura, e o medo de andar sozinha é grande, conta. Para a estudante de Direito, a iniciativa é maravilhosa, pois quanto mais mulheres souberem mais mulheres se unirão. “É uma forma melhor de tentar lidar com essa violência, é muito válido que esse movimento cresça e seja conhecido cada vez por mais mulheres”.

Confira a reportagem sobre a violência contra a mulher, do Laboratório de Produção Audiovisual (Laproa), com relatos de meninas que foram atacadas e a fala da delegada da DM: [youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=umigOc-4PaI&feature=youtu.be” title=”Violência%20contra%20a%20mulher”]