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espaço público

Por que a praça amanheceu pintada?

Já é triste pensar que a nossa cidade não possui muitos espaços públicos. E os poucos que existem, às vezes, não são adequados para o uso da população. Não estou generalizando, pelo contrário, acredito que as

Flores e áreas verdes são questões de infraestrutura municipal

A estudante Caroline Welter, 20 anos, sempre mantém no seu apartamento um pequeno jardim de temperos e flores, mas esse hábito não tem a ver somente com a beleza das plantas. Caroline é cuidadosa no cultivo, adora

Calçadas para quem?

Conteiners sobre as calçadas deixam pouco espaço para os pedestres. Fotos: Guilherme Benaduce. Lab. Fotografia e Memória. Além do trânsito caótico em Santa Maria e uma educação coletiva que demora a acontecer, outros fatores influenciam o estabelecimento

Praça do Mallet foi repaginada nesta semana após longo período de abandono. Foto: Julia Trombini

Já é triste pensar que a nossa cidade não possui muitos espaços públicos. E os poucos que existem, às vezes, não são adequados para o uso da população. Não estou generalizando, pelo contrário, acredito que as pessoas podem e devem utilizar os locais para lazer, esporte ou qualquer atividade ao ar livre. Afinal, o espaço público é considerado como aquele que é de uso comum e posse de todas as pessoas. Ao entender a cidade como um local de encontros, o espaço público, geralmente representado pelas praças, tem um papel muito importante para os cidadãos.

Moro no bairro Passo D’Areia há alguns anos e foram poucas as vezes que vi algum trabalho de melhoria feito pelo poder público nesse aspecto. O bairro tem uma praça que é conhecida pela quantidade de assaltos e violência na cidade, mesmo estando em frente a um lugar de segurança, que tem guardas 24 horas. Aos domingos, essa mesma praça reúne a comunidade de Santa Maria. As crianças brincam na pracinha, alguns idosos fazem atividades, as pessoas caminham, correm, jogam, outras levam seus animais de estimação para passear.  Todas essas atividades realizadas com atenção para não cair em um buraco. Mas eu não to querendo só falar do lado ruim de morar perto de uma praça e saber que muitas pessoas deixam de utilizar o seu espaço por medo de assaltos, ou porque não está adequada, que às vezes parece um matagal ou  que, quando chove, mesmo que pouco, a quadra parece uma piscina, ou então, que os brinquedos são quebrados ou somem. Ou, ainda porque já ficou muito conhecida e estereotipada como um um ponto da cidade que mostra a violência a luz do sol do meio-dia.

 A praça General Osório, conhecida como Praça do Mallet, amanheceu totalmente revitalizada  nesta semana. A grama foi cortada. Os brinquedos estão em boa condição de uso. A pintura da praça, realizada pela Sulclean, terceirizada pela Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, é notada rapidamente por qualquer pessoa que passa pelo local. Para um morador é ainda mais evidente, tendo em vista que é uma praça marcada pelo abandono. O branco das calçadas clareou esse trecho da Avenida Liberdade e eu não questiono o feito, mas me pergunto por qual motivo ela simplesmente amanheceu assim? Até que lembrei que o atual presidente do Brasil chega amanhã na cidade, em sua primeira visita ao Estado após a posse, para prestigiar a Festa Nacional da Artilharia no 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado, o Regimento Mallet, que fica em frente à praça.

Julia Trombini é jornalista escorpiana egressa da UFN. Fez parte da equipe do LabFem (Laboratório de Fotografia e Memória) como repórter fotográfica. Trabalhou também com diagramação, assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Tem interesse em fotografia, audiovisual e temas de resistência política.

A estudante Caroline Welter, 20 anos, sempre mantém no seu apartamento um pequeno jardim de temperos e flores, mas esse hábito não tem a ver somente com a beleza das plantas. Caroline é cuidadosa no cultivo, adora se dedicar  e conta que sempre cuida e mexe a terra quando necessário, atentando para diferenças entre as espécies e a quantidade de água que cada uma deve receber. Para Caroline, o contato com a natureza, mesmo que restrito à sacada do apartamento, é fundamental para seu cotidiano.

Já o professor José Renato Ferraz da Silveira, 35 anos, foi desde criança incentivado pelos pais a amar os animais e as plantas. Ele sempre ajudava a mãe a regar e cuidar das mesmas. “Agora que vivo sozinho em Santa Maria, gosto de comprar flores para decorar o apartamento, atrair boas vibrações e afastar más energias. Elas me transmitem muita serenidade”, comenta.

Plantas no ambientes domésticos

Para a arquiteta Adriana Pereira Santana, 39 anos, mesmo em ambientes internos é melhor optar por plantas nativas, que adaptam-se melhor ao clima, para só depois serem desenvolvidos outros conceitos mais estéticos, como volume, texturas, cores. É necessário avaliar nos projetos, também, questões que envolvem os cuidados com a planta, como ventilação, a quantidade de luz que deve receber e etc.

“As plantas podem ser utilizadas, além da ornamentação, como recursos para amenizar insolação ou propagação de luz”, sugere Adriana. Mas isso, no entanto, nem sempre é fácil. Dependendo do tamanho da planta e de suas necessidades, é necessário levar em conta questões técnicas e avaliar se as edificações estão preparadas para o cultivo.

Além disso, é necessária atenção redobrada para os espaços onde serão utilizadas. Adriana explica que não é recomendável o uso de plantas na ornamentação de quartos, justamente por ser um ambiente que fica fechado enquanto as plantas fazem trocas de ar durante a noite. Isso pode prejudicar a qualidade do ar durante o sono. Quem tem crianças ou bichos de estimação em casa também deve estar atento ao acesso a determinados tipos de plantas, que podem ser tóxicas ou conter espinhos, por exemplo.

ALGUMAS FLORES PARA CULTIVAR EM CASA

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As fotos são colaboração de Carlos Donaduzzi

INFRAESTRUTURA URBANA

O paisagismo vai muito além dos espaços de convivência em condomínios e na ornamentação de casas e apartamentos. Para a arquiteta Adriana, ele faz parte do esquema da ambientação urbana, não se delimitando a questão do embelezamento dos espaços da cidade. A vegetação no espaço urbano traz diversos benefícios, como controle térmico e até mesmo barreiras acústicas. “É possível criar microclimas em regiões somente com vegetação”, comenta. Segundo a arquiteta, pensar a vegetação e o paisagismo também deveriam ser considerados uma questão de infraestrutura.

O que se vê, no entanto, são que os índices de aproveitamento máximo do terreno acabam não privilegiando essa dimensão da habitação, aponta a arquiteta. Um terreno que antes abrigava uma casa e atendia a uma família costuma ser substituído por prédios que passam a abrigar diversas famílias.

Ainda que existam praças e parques na cidade de Santa Maria, espaços como o Parque Itaimbé não são suficientes para desempenhar um papel climático na região central da cidade, onde dominam essas edificações.

ÁREAS VERDES EM SANTA MARIA

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Principais espaços verdes de convivência na área central de Santa Maria. Mapeamento desenvolvido com auxílio do Google Maps.

Para o professor José Silveira, o espaço urbano em Santa Maria é carente em sua relação com a natureza. “Construímos cada vez mais espaços cinzentos e frios. Poucas árvores, poucos parques e praças com flores. Acredito que é um momento importante de repensar o espaço urbano tanto no que tange a mobilidade quantos às áreas de lazer e de convivência”, conta.

Por outro lado, a estudante Caroline Welter considera os espaços bem pensados, os quais fazem muito bem para a qualidade da região onde mora. “Moro perto do Parque da Medianeira, e é ótimo ficar lá”, comenta. Caroline conta que antes de morar em Santa Maria, quando morava no Rio de Janeiro, não tinha esse hábito, pois apesar de existirem parques grandes, como o Parque Lage e o Jardim Botânico, eles eram bem distantes dos espaços urbanos e áreas de convivência.

A identificação da comunidade com os projetos urbanos é um dos aspectos salientados pela arquiteta. “Muitas vezes são soluções simples ao invés de obras complexas”, aponta. As necessidades dos moradores têm que ser valorizadas, o que faz com que seja necessário, muitas vezes, zonear as cidades, de acordo com regiões, perfil dos moradores, etc. “Não adianta ter um grande parque na cidade se ele for distante e de difícil acesso, não atenderia toda população”, conclui Adriana.

Por Ana Luiza Vedovato, para a disciplina de Jornalismo Online

Conteiners sobre as calçadas deixam pouco espaço para os pedestres. Fotos: Guilherme Benaduce. Lab. Fotografia e Memória.
Sujeira, pouco espaço e carros estacionados na faixa amarela.

Além do trânsito caótico em Santa Maria e uma educação coletiva que demora a acontecer, outros fatores influenciam o estabelecimento das boas maneiras que marcam a qualidade de vida nas cidades.  Entre elas,  a oferta de calçadas em boas condições que são destinadas aos pedestres. São?  O registro da equipe da ACS  mostra o contrário. Transeuntes desviam de conteiners para transitar pela calçada  da rua dos Andradas, quase em frente ao prédio 17 do Centro Universitário Franciscano, enquanto carros estão estacionados na faixa amarela. Ao mesmo tempo, sujeira se acumula sobre as calçadas. 

A ACS  procurou a Revitá que informou ter acatado uma decisão do Ministério Público junto à Prefeitura, porque os conteiners estariam atrapalhando o trânsito naquele local.

Atitude da pedestre parece questionar sobre o lugar dos conteiners.

 Procurada, a Secretaria de Proteção Ambiental, através de Renata Pauletto, diretora responsável pela supervisão dos conteiners no município, afirmou que assim como os carros, os conteiners não podem estar no meio fio das faixas amarelas e, nesses casos, são colocados sobre as calçadas, devendo deixar um espaço para o pedestre. 

 No episódio da rua dos Andradas, disse que a faixa amarela onde eles estavam colocados corresponde à parada de ônibus e ao estacionamento dos deficientes físicos que chegam à Unifra. Por conta disto foram deslocados para a calçada.

Questionada se a prioridade das calçadas não seria dos pedestres já pressionados pelo fluxo do trânsito, ao invés dos conteiners , ela concorda e salienta que, não raro, os próprios usuários reclamam quando estes são deslocados para locais mais distantes.

 A diretora se comprometeu a verificar o caso junto à Revitá para buscarem alternativas viáveis.