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Santa Maria, RS, Brazil

Feira do Livro 2019

Espetáculo conscientiza sobre a preservação ambiental

Com a proposta de conscientizar sobre as questões ambientais que envolvem o lixo, o espetáculo Terra à Vista 2: a aventura continua foi apresentada à criançada na tarde desta terça-feira, 7 de maio, durante a 46ª Feira do

A lucidez de Eliane Brum

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação

Cultura indígena na Feira do Livro

A Praça Saldanha Marinho recebeu na tarde desta terça-feira, 30, o projeto Leitura Inclusiva que abordou a Cultura indígena, e contou com a presença da escritora portuguesa Margarida Botelho. O projeto foi organizado por Aldeia Guarani,

Feira do Livro 2019 já tem patrono e homenageados

A Comissão Organizadora da Feira do Livro de Santa Maria divulgou os nomes do Patrono e dos Homenageados da edição 2019, que vai de sexta, 26 de abril a sábado, 11 de maio na Praça Saldanha Marinho.

46ª Feira do Livro tem espetáculo que ensina a preservar o meio-ambiente.Foto: Lucas Linck/LABFEM

Com a proposta de conscientizar sobre as questões ambientais que envolvem o lixo, o espetáculo Terra à Vista 2: a aventura continua foi apresentada à criançada na tarde desta terça-feira, 7 de maio, durante a 46ª Feira do Livro. O projeto, criado em 2015, surgiu através de uma solicitação CRVR, Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos, responsável pelo aterro sanitário de Santa Maria

Inicialmente apresentada só no Rio Grande do Sul, a peça hoje percorre diferentes cidades do Brasil. Sua primeira edição “Terra à Vista: uma aventura pirata” conta a história dos três irmãos que lutam para pagar a dívida de uma casa deixada como herança por seus avós. Em Terra à Vista 2: a aventura continua,  já tendo conseguido ficar com a casa, Miguel, Manuela e Mateus, querem construir um parque temático pirata mas se deparam com um terreno atulhado de lixo. Bartô, cúmplice do advogado que quer roubar a casa, afirma ser o dono do local. Em seguida, começa  a disputa para ver com quem ficará a terra. A peça aborda assuntos como a separação do lixo, efeito estufa e a geração de energia através do biogás, tudo de uma maneira lúdica e didática que envolve o público infantil.

A atriz  Patrícia Garcia conta que quando começaram a trabalhar com as questões que envolviam o meio ambiente e o lixo se depararam com uma realidade muitas vezes desconhecida. “Conforme fomos evoluindo o espetáculo e passando pelos lugares, conhecemos a realidade das pessoas que vivem dos resíduos ou que tem problemas sérios com eles”, afirma. Eles perceberam em temporadas no litoral que havia muitos problemas com a poluição das águas e que as crianças faziam campanhas para retirar o lixo  deixado pelos turistas.  Ela ainda fala da ausência de noção do quanto para alguns o lixo é importante e para outros é um problema e que, infelizmente, o ser humano não possui uma consciência ambiental e a consciência de ensinar as novas gerações sobre o problema do lixo, para que em um futuro isso mude.

O estudante Aldebar Pereira é pai e acha importante a educação de como dispor os resíduos em espetáculos, pois reforça o que já é aprendido em casa e na escola. “ Através dessa abordagem lúdica, depois eles falam bastante de por o lixo no lugar certo” afirma.

Eliane Brum durante o Livro Livre. Fotos: Thayane Rodrigues/LABFEM

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação do Livro Livre durante a 46ªFeira do Livro, e agendada inicialmente para o Theatro Treze de Maio. Os ingressos esgotaram no primeiro dia, levando à troca de local capaz de receber um público maior.

Eliane Brum se mostrou à vontade e agradeceu por estar em Santa Maria, segundo ela, uma intenção antiga sempre interrompida por uma agenda de compromissos múltiplos.  Iniciou com o cumprimento que revela o seu lugar de fala: – Mariele presente! Sob aplausos, ressaltou a impunidade que marca o Brasil da atualidade e a necessidade de não esmorecer na luta pela justiça.

Durante o bate-papo mediado pela jornalista Liciane Brun, Eliane Brum se diz uma contadora de histórias e que, ao contrário do que afirma a suposta objetividade jornalística, escreve “com o fígado”,  porque o texto “precisa passar pelas vísceras”.  Ao ser questionada sobre como se treina o olhar jornalístico, Eliane lembrou a famosa frase “notícia é quando o homem morde o cachorro”, de John B. Bogart, revelando que se interessa muito mais pelo cachorro que morde o homem, porque, segundo ela, “não existem vidas comuns, existem olhos domesticados, e, infelizmente, esses olhos são os nossos”.

A escritora relatou que passou 20 anos se preparando para sair das redações, porque queria ter um novo tipo de vida e conhecer seu próprio tempo. Trabalhou durante dois anos com a morte, buscando entendê-la, e passou 115 dias convivendo com uma mulher que tinha um câncer incurável. A frase dita pela mulher que fez Eliane perceber a importância do tempo foi: “quando eu tive tempo, eu descobri que meu tempo tinha acabado”.  Segundo a jornalista, foi nesse momento em que começou a pensar melhor sobre seu tempo, deixou coisas para trás e escreveu seu primeiro romance.

Sem meias palavras, a jornalista e escritora falou de como suas reportagens se voltam para os temas que ela considera fundamentais na vida. Disse nem sempre saber o rumo que as histórias tomarão, mas o fato da escuta atenta determina o lugar aonde chegar. Com a  lucidez que caracteriza os seus textos,  Eliane falou dos processos que a levaram a escrever como condição para existir.  Para ela, escrever é “incendiar com as palavras. Escrever para não matar e para não ser morta”. A jornalista falou da tristeza, da morte como condição da vida e processo de aprendizagem, da desesperança como lugar do existir, da necessidade de resistir e persistir.

“Precisamos voltar a encarnar as palavras”, diz Eliane Brum

Ambientalista, alertou para a responsabilidade coletiva diante das mudanças climáticas.  Ressaltou que não apenas a vida planetária está sendo destruída, mas que a herança deixada às gerações vindouras não será mais a de um planeta difícil, e sim a de um planeta hostil.

Ao se dizer nômade, falou também da sua opção por se instalar em Altamira, no Pará. Para ela, a Amazônia é o centro do mundo e a preservação da floresta é fundamental.

Há muitos anos Eliane Brum vem realizando reportagens sobre as populações ribeirinhas e indígenas assoladas pela exploração desenfreada e pelas fraudes dos grileiros naquela região.  A jornalista narrou o drama de pessoas e famílias que foram sendo alijadas de suas próprias histórias de vida  por grilagem ou pela construção de obras como a da barragem de Belo Monte. Há de lembrar que Eliane Brum sempre fez duras críticas aos governos petistas por ignorarem as realidades locais quando da construção das grandes obras. Hoje, ressaltando que as terras indígenas e ribeirinhas são públicas e asseguradas pela constituição federal –  e onde os moradores tem usufruto e não o direito de posse sobre elas -, a jornalista criticou o governo Bolsonaro pela perversidade com que vem deturpando o sentido das coisas no Brasil.  Ao ser questionada sobre o esvaziamento da palavra no Brasil, ressaltou que a criação do comum começa pela linguagem e o que o atual governo tenta desconstruir é justamente o sentido das palavras que asseguram a concretude do que é comum e público.

Nessa direção, ao referir o seu texto no jornal El País sobre o balanço dos cem dias de Bolsonaro como presidente, Eliane Brum voltou a criticar o novo governo. Segundo ela, se trata de um governo que faz oposição a si mesmo como estratégia de se manter no poder, sequestra o debate nacional, transformando o país todo em refém, e estimula a matança dos mais frágeis. Para ela, isso é a perversão.

Afirmando a paralisia que caracteriza a todos nesse momento do Brasil, e o esvaziamento das instituições que deveriam assegurar a democracia, ela defende que a resistência está na reinvenção do cotidiano, na capacidade de rir, de se reunir, de imaginar o futuro, porque somente a retomada da política é capaz de mudar o país.

Ela conta que as pessoas dizem que ela dá esperança ao povo. “A esperança é super valorizada, é um luxo que a gente não tem”, afirma. Os indígenas que conheceram o fim do mundo deles, ensinaram Eliane que a maior forma de resistência é a alegria, que é importante rir nem que seja por desaforo. “Eles nos destroem nas pequenas coisas, temos que lutar sem deixar nos arrancarem a alegria”, completa ela.

“Um espelho da alma brasileira”, como já foi chamada pelo jornal El País onde é colunista, Eliane fala que sempre buscou escutar as pessoas e duvidar de si mesma, só fazendo uma coluna se ninguém tivesse dito aquilo ou, pelo menos, do mesmo jeito que ela. Depois de 11 anos trabalhando no jornal Zero Hora e outros 10 na revista Época, optou por um projeto independente. Mora entre Altamira e São Paulo, faz palestras, segue fazendo reportagens e prioriza o que considera essencial – o próprio tempo.

Os livros de Eliane Brum estavam disponíveis para aquisição e autógrafos: A menina quebrada (2013),  Meus desacontecimentos, Uma duas (2011), A vida que ninguém vê (2006), O olho da rua (2ª edição 2017).

Colaborou Bibiana Rigão

 

 

Crianças se apresentaram na Praça Saldanha Marinho. Foto: Denzel Valiente/LABFEM

A Praça Saldanha Marinho recebeu na tarde desta terça-feira, 30, o projeto Leitura Inclusiva que abordou a Cultura indígena, e contou com a presença da escritora portuguesa Margarida Botelho. O projeto foi organizado por Aldeia Guarani, Aldeia Caingangue, EEEF Indígena Augusto Ope da Silva (Caingangue), EEEF Indígena Yvyra ‘Ja Tenonde Vera Miri (Guarani), Escola Indígena Guarani e Núcleo de Ações Afirmativas UFSM.

O evento começou com uma performance do grupo Cantos e Danças, da Aldeia Guarani. Eles apresentaram canções na linguagem Guarani, língua materna e própria do grupo. Segundo Dionatan, cacique da aldeia, as canções foram feitas com o objetivo de mostrar a tristeza que eles sentem em ver a mata sendo desmatada e os rios poluídos, prejudicando sua alimentação. Logo após, ocorreu a leitura com a escritora portuguesa Margarida Botelho que contou, de maneira resumida, a história do seu livro IARA/YARA.

A obra fala sobre duas meninas com o mesmo nome. Yara que vive em um país da Europa, e Iara, uma menina Kayapó que vive no Brasil. Divididas geográfica e culturalmente por seus países, contam seu cotidiano — brincadeiras, amigos, alimentação, escola, costumes, etc . E apesar de diferentes, nada imprede o encontro das duas em um ambiente natural, o rio. O livro, segundo Margarida, é uma história documental que nasceu após uma viagem que ela fez até Kararaô, uma aldeia indígena Kayapó na bacia do rio Xingu, na Amazônia, onde trabalhou como professora em 2012.

Para finalizar a programação do projeto, os indígenas Caingangue, da Escola Indígena Augusto Ope da Silva, além de exibirem seus trajes típicos, fizeram uma performance com duas músicas com a qual mostraram as características da etnia Caingangue. Margarida Botelho ainda incentivou todos que se apresentaram: ”Muito bonito! Se vocês continuarem a cantar e dançar, sua história nunca morrerá”.

Margarida Botelho, escritora, arte-educadora, trabalha desde 2009 em parceria com instituições e ONGs em projetos de intervenção comunitária através da arte, em Moçambique, no Brasil, na Índia, em Timor-Leste e em Cabo Verde. Foto: Denzel Valiente/LABFEM

 

Maurício Corrêa Leite Foto:Ronald Mendes, Humberto G. Zanatta, e Pedro Brum Santos (Foto: acervos pessoais). 

A Comissão Organizadora da Feira do Livro de Santa Maria divulgou os nomes do Patrono e dos Homenageados da edição 2019, que vai de sexta, 26 de abril a sábado, 11 de maio na Praça Saldanha Marinho.

O Patrono é Maurício Corrêa Leite. O sul-matogrossense Mauricio é um promotor de leitura, arte e educador brasileiro. É um dos idealizadores do projeto Malas de Leituras, apoiado pela UNICEF e pela Universidade Solidária de Brasília, que estabeleceu um método eficiente de formação de leitores. O projeto começou a ser implementado nos anos oitenta  nas aldeias indígenas na Ilha do Bananal localizada na divisa dos estados de Tocantins, Mato Grosso e Goiás e escolas da zona rural da região centro-oeste. Desde o ano 2000 leva as Malas de Leitura para países lusófonos como Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Portugal. Desde 2017 participa durantes os 16 dias da Feira do Livro de Santa Maria, como convidado e incentivador de leitura.

O professor homenageado é Pedro Brum Santos. Graduado em Letras pela Faculdade Imaculada Conceição (hoje UFN) em 1985, tem  Mestrado  e Doutorado  em Teoria Literária, pela PUCRS, além de Pós-Doutoramento  em Literatura Brasileira, pela USP – São Paulo. É professor do Curso de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSM. Desde 1990 conta com quase quatro dezenas de publicações, entre livros, capítulos de livros e artigos de caráter acadêmico. Figuram nesse conjunto títulos de obras sobre autores santa-marienses como Felippe D’Oliveira,  Prado Veppo,  Memórias, de João Daudt Filho e a  Cronologia Histórica de Santa Maria e do antigo município de São Martinho  de Romeu Beltrão.Na Feira do Livro de 2019, assina a reedição da Obra completa de Prado Veppo, pela Editora da UFSM.

O escritor homenageado é Humberto Gabbi Zanatta.  Autor de mais de 20 livros publicados de forma individual ou em antologias de poesia, crônicas e contos, além de vários títulos na  literatura infantil, com destaque para a versão de A Lenda de Imembuy para a criançada e A Fubica da Vovó, que será lançada em CD na edição deste ano. Zanatta também foi compositor de uma centena de músicas, vencedoras e premiadas em festivais nativistas do Rio Grande do Sul e Paraná. Algumas se tornaram clássicas como Tropa de Osso, Minuano  e Não Podemo S’Entregá Pros Home. Faleceu em dezembro de 2018.

 A Feira do Livro de Santa Maria ocorre de 26 de abril a 11 de maio de 2019, das 13h às 20h30min, exceto aos sábados, quando inicia às 10h. É uma realização da Prefeitura Municipal, Câmara do Livro, CESMA, UFSM, Universidade Franciscana e 8ª Coordenadoria Regional de Educação.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Feira do Livro