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O descaso com Santa Maria

O calçadão Salvador Isaías, corredor de maior interesse para pedestres no centro comercial de Santa Maria, após semanas de reforma, ainda não está com as obras finalizadas. Isto pode ser constatado pessoalmente, por qualquer transeunte que

O futuro é feminino

“The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou

O Hulk brasileiro

Os profissionais que vivem dos materiais recicláveis – catadores e recicladores em especial – são, sem sombra de dúvidas, dos mais importantes para a sociedade. Além de serem profissões dignas e honestas, não se pode negar

O calçadão Salvador Isaías, corredor de maior interesse para pedestres no centro comercial de Santa Maria, após semanas de reforma, ainda não está com as obras finalizadas. Isto pode ser constatado pessoalmente, por qualquer transeunte que se locomova atravessando o local.
Trata-se de uma reforma que, a priori, era referente às substituições de encanamentos no calçadão. Já não bastasse demora na execução da obra, que por sua vez dificultava o trânsito de pessoas no local, agora a mesma encontra-se temporariamente suspensa, restando um reparo não acabado e mal feito. A incompletude da reforma, no que tange a ausência das pedras finais, adiciona um desnível considerável no chão, facilitando acidentes. Comerciantes locais, inclusive, testemunharam ainda a queda de uma mulher no meio do espaço que resta ser reformado, que mesmo com cones de sinalização, ainda oferece riscos de acidentes ao pedestres. O olhar fotográfico sobre esta situação no Centro da cidade demonstra o que vem acontecendo em quase toda Santa Maria: um retrato do descaso.

Texto e foto de Lucas Linck, acadêmico de Publicidade e Propaganda da UFN, integra o laboratório de Fotografia e Memória, mantém o olhar atento ao universo ao seu redor.

Texto e foto de Mariana Olhaberriet/LABFEM

The Future Is Female” apareceu originalmente em uma camiseta feita em 1972 por Jane Lurie e Marizel Rios, donas da Labyris Books, a primeira livraria de mulheres em Nova York. Em 1975, a fotógrafa Liza Cowan clicou sua namorada vestindo a camiseta para um projeto e desde então o slogan passou a ser usado por feministas. Atualmente, ele faz parte de um contexto muito maior, representa a luta diária das mulheres para ocupar espaços sociais e políticos. Marielle Franco era socióloga e foi vereadora da Câmara do Rio de Janeiro, pelo PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, e presidente da Comissão da Mulher do mesmo município. A representatividade feminina na política brasileira é bastante inexpressiva, por isso Marielle queria mudar esse quadro e entendia que a presença feminina em espaços como esses é importante para reduzir desigualdades. Marielle foi assassinada em março de 2018, deixando marcas e herdeiras.

Foram mulheres que organizaram e reuniram o maior número de pessoas em manifestações pelo Brasil durante o período eleitoral, desde os protestos de setembro de 2016. O registro fotográfico feito durante o ato “Justiça para Marielle”, no dia 14 de março passado, representa como vejo o futuro: uma sociedade com mulheres inspiradoras, que apoiam umas às outras, lutam por seus objetivos e, principalmente, não se calam diante aos erros que são tratados como banalidades, apenas por estarem enraizados na nossa sociedade e cultura. O futuro é feminino porque a luta de Marielle e tantas outras brasileiras é também a minha luta, enquanto mulher, na busca pela igualdade de direitos.

Hulk Brasileiro – Foto: Laura Fabrício

Os profissionais que vivem dos materiais recicláveis – catadores e recicladores em especial – são, sem sombra de dúvidas, dos mais importantes para a sociedade. Além de serem profissões dignas e honestas, não se pode negar que batalhadas também é uma característica que lhes precedem. E como poderíamos deixar de constatar este fato ou seremos indiferentes a isso em se sabendo as condições deste tipo de trabalho, do pouco ou nenhum apoio governamental e a vida daqueles que são os seus profissionais? Ignorar suas origens e situações socioeconômicas de pobreza ou miséria total? Muitas vezes sem acesso à escolaridade – não fossem as Cooperativas e ONG’s formadas pelos próprios profissionais destas áreas – também não teriam condições de qualificar-se para o desenvolvimento destas atividades.

Este fragmento fotojornalístico de rua demostra exatamente a luta diária dos brasileiros e profissionais iguais ao sujeito da imagem. A partir do conteúdo do instante fotográfico e seus detalhes, vê-se um homem humilde e de resistência. Segurando uma enorme e quase lotada bagagem de materiais recicláveis às costas, com o andar e a postura curvados como se estivesse fazendo muita força, e com o rosto escondido sob um boné que representa, com sua estampa de um ícone da força física das histórias em quadrinhos, filmes e desenhos infantojuvenis, sua batalha. E tal como o personagem do seu gorro, O Incrível Hulk, com sua força imbatível – emocional e física -, carrega seu fardo/trabalho pela necessidade de sobreviver.

Por Laura Fabrício, jornalista, fotógrafa e professora no curso de Jornalismo da UFN