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Eduardo Bueno, o Peninha, lota Theatro Treze de Maio

O escritor, jornalista, editor e tradutor Eduardo Bueno, mais conhecido como Peninha, esteve na Feira do Livro de Santa Maria na segunda-feira, autografando suas obras e conversando com o público. Com seu modo irreverente, Peninha falou

A outra história de Maria Bonita

Na noite de quinta-feira, 9 de maio, quem esteve no palco do Livro Livre foi a escritora e jornalista Adriana Negreiros. A seu lado, a também jornalista do Diário de Santa Maria, Pâmela Matge. Adriana é 

Confira a programação da Feira do Livro nesta sexta, dia 10

14h – Leitura inclusiva:  Cultura Negra Promovido pelo Núcleo de Ações Afirmativas UFSM, com a profª Maria Rita Py, também escritora de livros infantis. 14h – Lançamentos infantis Cadê o Patinho? – Jacira Pedroso Filhotes Aventureiros – Auri Antonio Sudati

Marina Colasanti, a literatura e o feminino

Marina Colasanti é uma das escritoras brasileiras mais premiadas, com 6 prêmios Jabuti e mais de 50 obras publicadas no Brasil e exterior ao longo da carreira. Ela, inicialmente formada em artes plásticas, que também atuou como jornalista

A lucidez de Eliane Brum

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação

Hoje, segunda-feira, 29, na Feira do Livro

A programação de hoje 29 de abril , segunda-feira, na Feira do Livro: 14H – 17h  Leitura Inclusiva: Pessoas com deficiência visual – ACDV, SMED, Projeto Cegueira e Baixa Visão da UFSM e Núcleo de Acessibilidade da UFSM 

Confira a programação do Livro Livre da Feira do Livro

A 46ª Feira do Livro de Santa Maria começa nesta sexta-feira, dia 26, às 19h, na Praça Saldanha Marinho. Mais de 250 escritores estarão presentes, serão 40 barracas com livros para venda num total de 16 dias de

O escritor, jornalista, editor e tradutor Eduardo Bueno, mais conhecido como Peninha, esteve na Feira do Livro de Santa Maria na segunda-feira, autografando suas obras e conversando com o público.

Eduardo Bueno participou da Feira do Livro na segunda-feira. Imagem: Felipe Perosa

Com seu modo irreverente, Peninha falou especialmente sobre a História do Brasil e seu  último livro “Dicionário da Independência – 200 anos em 200 verbetes”. O livro, que tem o formato de dicionário, traz ilustrações que ajudam a explicar o bicentenário da independência.“Utilizei a ilustração pois eu acredito em uma história pop. É fundamental conhecermos nosso passado, pois, como já diz o ditado, um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-lo”. Bueno respondeu questionamentos de quem estava presente, comentou sobre a direita no Brasil dizer que ele é de esquerda, além de acusá-lo de comunista, e as pessoas da esquerda dizerem que ele é de direita, com o bom humor que lhe é peculiar. Ao final, aplaudido de pé, gritou um Fora Bolsonaro que foi ecoado pelo público.

O autor tem mais de 30 livros publicados e com a coleção Brasilis, que reúne A viagem do descobrimento, Náufragos, traficantes e degredados, Capitães do Brasil e A coroa, a cruz e a espada, tornou-se o primeiro autor brasileiro a emplacar simultaneamente quatro títulos entre os cinco primeiros nas listas dos mais vendidos dos principais jornais e revistas do país. Já editou mais de 200 títulos, tendo colaborado com algumas das principais editoras brasileiras.

Para quem quiser acompanhar Eduardo Bueno pelas redes, ele mantém um Podcast e um canal no Youtube, ambos denominados Buenas Ideias.

A Feira do Livro de Santa Maria segue até dia 14 de maio, na Praça Saldanha Marinho. Para assistir ao Livro Livre, que ocorre todos os dias às 19h no Theatro Treze de Maio, é só pegar o ingresso gratuito na recepção do Theatro.

“Só o conhecimento nos leva a quebrar paradigmas”, diz Adriana. Foto: Beatriz Bessow/LABFEM

Na noite de quinta-feira, 9 de maio, quem esteve no palco do Livro Livre foi a escritora e jornalista Adriana Negreiros. A seu lado, a também jornalista do Diário de Santa Maria, Pâmela Matge. Adriana é  paulista de nascença, mas criada no Ceará. A autora do livro Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço,  conta a saga de Maria Gomes de Oliveira, a cangaceira mais famosa da história nordestina.

Adriana explica que cresceu ouvindo sua avó contar histórias sobre os cangaceiros e sobre como vivia com medo, porque eles eram grupos armados que cometiam crimes e violências por onde passavam. O mais conhecido  foi Lampião, marido de Maria Bonita, de quem todos contam as histórias, porém, a escritora revela que surgiu a curiosidade pessoal, histórica e jornalística de como seria o ponto de vista de Maria Bonita, o que logo se tornou sua missão feminista.

A história diz que Maria era casada com um mulherengo impotente que sempre a traía, e que quando ela reclamava disso, ele a agredia. O que a tornava uma mulher transgressora de quem todos falavam, era o fato de que Maria Bonita também traia o marido e falava para quem quisesse ouvir que preferia estar com um homem valentão. Foi quando Lampião chegou na cidade de Maria e foi recebido pelo pai dela. Logo parou nos ouvidos de Lampião que ela queria ir embora com os cangaceiros. Lampião concedeu seu desejo. Segundo a jornalista, Maria Bonita queria fugir da situação ruim em que estava e o único jeito que encontrou foi o de se colocar em outra.

Já no cangaço, Adriana afirma que os homens eram os mais vaidosos. Eles exibiam seus chapéus e bolsas enfeitados do mesmo jeito que exibiam suas mulheres. Quanto mais enfeitada a mulher, mais poderoso era o homem. Como a água era escassa, era guardada para a higiene feminina. Já os homens, depois de estuprarem diversas mulheres e contrair doenças, não se lavavam tanto, pois as doenças eram um símbolo de virilidade.

A escritora também comenta que apesar de Maria Bonita ser vista como feminista hoje em dia, no cangaço não era bem assim. Ela era uma transgressora em relação ao comportamento das mulheres da época, mas não tinha a união com outras mulheres que o feminismo defende. Maria Bonita, diferente das outras que haviam sido sequestradas ainda quando crianças, queria estar lá.

Havia uma regra dentro do cangaço de que se a mulher traísse, ela deveria morrer, independente de se ela fosse estuprada ou não. Adriana conta que a mulher do cangaço mais feia era chamada de Cristina, e que certo dia alguém suspeitou que ela estivesse tendo um caso com o cantor e animador do grupo. Quando perguntada sobre isso, Maria Bonita disse que Cristina devia morrer, mesmo sem provas. Adriana explica que não é plausível que exijam dessas mulheres um ato feminista, pois elas eram vistas como objetos ou acessórios pelos homens, e como criminosas pelos policiais. Elas não sabiam o que era se unir contra alguma coisa.

A jornalista acrescenta sobre a falta de informações sobre as mulheres no cangaço, e que a principal informação encontrada era sobre as pernas de Maria Bonita. Mesmo nas crônicas dos cangaceiros ou pela imprensa da época, as mulheres eram narradas como se estivessem lá atrapalhando o tempo inteiro. As fontes só falavam da história dos homens.

Por fim, Adriana diz que no livro pode escrever como a nordestina que é. Também acredita que entre Lampião e Maria Bonita havia um pouco de amor, pois nos registros fotográficos ele sempre a colocava em destaque, coisa jamais feita por  cangaceiros que enxergavam a mulher como  enfeite. E, apesar de todo o massacre cometido por ele, não há registros de violência em relação a ela.

A escritora afirma que a pesquisa e produção do livro a transformou. Foi entendendo a vivência destas mulheres e estudando sobre filosofia que Adriana pôde afirmar que “feminismo é uma causa urgente e necessária”. Ela, que vem de uma época em que não se falava em feminismo, hoje fica feliz em poder dizer com orgulho que é feminista, e diz acreditar que se Maria Bonita vivesse hoje, possivelmente o seria também.

Veja mais no site da Feira do Livro.

Profª Maria Rita Py fará leitura inclusiva ás 14h. Foto: Divulgação.

14h – Leitura inclusiva:  Cultura Negra

Promovido pelo Núcleo de Ações Afirmativas UFSM, com a profª Maria Rita Py, também escritora de livros infantis.

14h – Lançamentos infantis

Cadê o Patinho? – Jacira Pedroso

Filhotes Aventureiros – Auri Antonio Sudati – Irene Fernades dos Santos – Lourdes Morales Dallacosta

14h30min – OS MÚSICOS DE BREMEN

17h  Lançamentos de livros

Familía Miron – Fátima Inês Miron

Fernando Pessoa: Poemas  e Fingimentos – Ensaios – Lígia Militz da Costa

Os Embaixadores – Luiz Olyntho Telles da Silva

Mil Estrelas Estão Passando – Maria Esther MegaHiperUltraPower

Charlas do Tio Lalo – Hylário João Agostini

O Absoluto e o Pós-Homem: como vir-a-ser Deus-que-ultrapassa-a-si-mesmo – Sérgio Canarim

Travessia dos Lucros Perpétuos: Fogo e Lama – Luciano Santos

Maneco Pedroso um Herói Esqucido – Carlos Roberto Gomide

Evidências Empreendedoras na Enfermagem: ensino, pesquisa,e extensão – Dirce Stein Backs – Silomar Ilha – Juliana Silveira Colomé

Territórios Em Movimentos – Orgs. Ivanio Folmer – Ane Carine Meurer

19h – Livro livre

O bate-papo com a Cátedra Unesco de Leitura, que seria na sexta-feira, dia 10, às 19h, foi adiado em função de problemas de saúde da palestrante. A palestra foi remarcada para o dia 16 de maio, às 19h, no Theatro Treze de Maio. Eliana Yunes é formada em Filosofia e Letras pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, com pós doutorado em Leitura pela Universidade de Colônia. É professora associada da PUC – Rio e professora visitante em universidades brasileiras e do exterior. Criou para a Biblioteca Nacional o Programa Nacional de Leitura (Proler), é assessora do Cerlalc/Unesco e comparte a direção da Cátedra Unesco de Leitura no Brasil.

Marina Colsanti encantou o público com sua vitalidade. Foto: Eduardo Camponogara/LABFEM

Marina Colasanti é uma das escritoras brasileiras mais premiadas, com 6 prêmios Jabuti e mais de 50 obras publicadas no Brasil e exterior ao longo da carreira. Ela, inicialmente formada em artes plásticas, que também atuou como jornalista no Jornal do Brasil, esteve no Livro Livre, na Feira do Livro, nesta última segunda-feira, 6 de maio.

Com muito entusiasmo e bom humor, Marina, que já está com 82 anos, instigada pelo professor homenageado Pedro Brum Santos, começou falando sobre sua relação com o tempo, já que para ela, nessa idade é comum conviver com a ideia da morte com a qual ela diz lidar muito bem.

O principal assunto discutido na noite foi a literatura e o feminino. Marina falou sobre a presença das mulheres na literatura e afirmou que homens geralmente não compram livros escritos por mulheres ou exemplares quem tenham a palavra “mulher” no título. Ainda, criticou que as mulheres não estão incluídas junto aos nomes dos grandes poetas brasileiros, citando Adélia Prado como exemplo. Segundo ela, as mulheres “não fazem parte do duelo entre os machos”, isso se deve a uma estrutura cultural que se desenvolve entre os homens que foram educados para “ignorar a mulher porque ela não faz parte desse jogo”.

Marina sempre esteve as voltas com a literatura feminina e feminista. Ela diz que teve o “privilégio de organizar a cabeça de tantas mulheres e tantas jovens ideias que estavam fermentando” no período da ditadura militar, quando escrevia para a Revista Nova. Segundo ela, mulheres que haviam se exilado na época por questões políticas, entraram em contato com grupos feministas e quando voltaram sabiam como agir e organizar os movimentos.

Ainda, sobre o tema, questionada pelo professor Pedro se pode se falar que a escrita possui gênero, Marina ressaltou que sempre houve um questionamento sobre as características  da escrita das mulheres e respondeu: “Eu vejo o mundo através dos meus olhos de mulher, analiso o mundo através do meu cérebro de mulher”. Ela aponta que a ciência comprovou que o cérebro da mulher não funciona como o dos homens, pois a mulher usa os dois lados, brincou. E diz saber  que ao defender uma escrita do gênero feminino está colocando uma “bola de chumbo” sobre suas obras.

Ao fim da conversa, foi pedido a Marina que narrasse um de seus minicontos. De improviso, ela deixou o público boquiaberto e emocionado com a delicadeza de suas palavras e sua forma única de contar histórias.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Raphael Montes diz que as histórias policiais não devem traduzir a realidade, pois a violência é banalizada no país. Fotos: Denzel Valiente/LABFEM

Raphael Montes foi a atração da noite na 46ª Feira do Livro, no palco do Livro Livre desta terça-feira, dia 7. O escritor de literatura policial já publicou 4 livros que, juntos, venderam cerca de 80 mil cópias no Brasil. Formado em direito, o carioca estreou na literatura em 2012 com seu romance Suicidas. Já seu segundo livro, Dias Perfeitos, foi publicado em mais de 14 países.

Criado em uma casa sem estímulos literários, Raphael conta que, quando pequeno, não gostava de ler e que seu único contato com os livros era na escola. “Os livros podem ser gostosos de ler, mas eu não sabia disso”, explica Raphael. Aos 12 anos, ele estava na casa de sua avó e, por não ter nada para fazer, resolveu ler Um Estudo em Vermelho, sobre as aventuras de Sherlock Holmes, e resolveu que queria escrever também.

Quando questionado sobre a formação em direito, o carioca afirma que não quer desmerecer a profissão, mas que só o fez para ter um diploma. Também diz que logo no fim do ensino médio, um amigo o convidou para escrever o roteiro de um curta, cuja história originaria seu primeiro livro: Suicidas. A obra foi publicada no início de sua graduação, porém ele decidiu continuar estudando e garantir o diploma para ter um futuro. Logo, seu segundo livro foi publicado e, graças ao sucesso, soube que seria escritor.

Raphael comenta que houve as pessoas falarem que quando terminam um livro ficam tristes por sentir falta dos personagens, já ele diz terminar seus livros “de saco cheio” e que nunca os lê depois de publicados. O escritor explica que quando vai escrever o próximo, precisa que o máximo de coisas sejam diferentes do anterior, tanto os pontos de vistas quanto os personagens. Para ele é imprescindível a busca pela provocação e por assuntos interessante e novos, pois são ingredientes que renovam a sua escrita. “Boa literatura é necessariamente popular e complexa, não é preciso focar em extremos”, revela.

“A história é fácil, é o como escrever que é difícil”, afirma Raphael.

Sobre o conteúdo de seus livros, afirma que “qualquer um de nós é um potencial criminoso”, por isso, gosta de observar as pessoas e ouvir suas histórias. Ele traz que a violência é algo humano e que, por mais que escreva sobre esse lado das pessoas, confessa não gostar de coisas mórbidas e nem de olhar fotos sangrentas. “O que me interessa não é a violência, é o que tem por trás dela”, garante Raphael. Ele também diz que sempre consulta amigos para as atrocidades que escreve, como uma amiga veterinária para saber como se abre um corpo, e informa que sente bastante medo e talvez seja por isso que escreve sobre.

O escritor também falou sobre seu novo livro, intitulado A Mulher no Escuro. Trata-se, segundo ele, de um projeto menos graficamente violento sobre a jornada de amadurecimento de uma mulher muito solitária que viu sua família sendo assassinada quando tinha 4 anos, dentro de sua casa. O livro irá narrar sobre como ela ignora a situação traumática e vive sem viver realmente, mas é obrigada a lembrar de tudo quando, depois de 20 anos, o assassino volta para terminar o serviço.

Eliane Brum durante o Livro Livre. Fotos: Thayane Rodrigues/LABFEM

Na noite de hoje, 01 de maio, a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum foi ouvida por uma plateia atenta que lotou o anfiteatro do hotel Itaimbé. A vinda da jornalista foi planejada para integrar a programação do Livro Livre durante a 46ªFeira do Livro, e agendada inicialmente para o Theatro Treze de Maio. Os ingressos esgotaram no primeiro dia, levando à troca de local capaz de receber um público maior.

Eliane Brum se mostrou à vontade e agradeceu por estar em Santa Maria, segundo ela, uma intenção antiga sempre interrompida por uma agenda de compromissos múltiplos.  Iniciou com o cumprimento que revela o seu lugar de fala: – Mariele presente! Sob aplausos, ressaltou a impunidade que marca o Brasil da atualidade e a necessidade de não esmorecer na luta pela justiça.

Durante o bate-papo mediado pela jornalista Liciane Brun, Eliane Brum se diz uma contadora de histórias e que, ao contrário do que afirma a suposta objetividade jornalística, escreve “com o fígado”,  porque o texto “precisa passar pelas vísceras”.  Ao ser questionada sobre como se treina o olhar jornalístico, Eliane lembrou a famosa frase “notícia é quando o homem morde o cachorro”, de John B. Bogart, revelando que se interessa muito mais pelo cachorro que morde o homem, porque, segundo ela, “não existem vidas comuns, existem olhos domesticados, e, infelizmente, esses olhos são os nossos”.

A escritora relatou que passou 20 anos se preparando para sair das redações, porque queria ter um novo tipo de vida e conhecer seu próprio tempo. Trabalhou durante dois anos com a morte, buscando entendê-la, e passou 115 dias convivendo com uma mulher que tinha um câncer incurável. A frase dita pela mulher que fez Eliane perceber a importância do tempo foi: “quando eu tive tempo, eu descobri que meu tempo tinha acabado”.  Segundo a jornalista, foi nesse momento em que começou a pensar melhor sobre seu tempo, deixou coisas para trás e escreveu seu primeiro romance.

Sem meias palavras, a jornalista e escritora falou de como suas reportagens se voltam para os temas que ela considera fundamentais na vida. Disse nem sempre saber o rumo que as histórias tomarão, mas o fato da escuta atenta determina o lugar aonde chegar. Com a  lucidez que caracteriza os seus textos,  Eliane falou dos processos que a levaram a escrever como condição para existir.  Para ela, escrever é “incendiar com as palavras. Escrever para não matar e para não ser morta”. A jornalista falou da tristeza, da morte como condição da vida e processo de aprendizagem, da desesperança como lugar do existir, da necessidade de resistir e persistir.

“Precisamos voltar a encarnar as palavras”, diz Eliane Brum

Ambientalista, alertou para a responsabilidade coletiva diante das mudanças climáticas.  Ressaltou que não apenas a vida planetária está sendo destruída, mas que a herança deixada às gerações vindouras não será mais a de um planeta difícil, e sim a de um planeta hostil.

Ao se dizer nômade, falou também da sua opção por se instalar em Altamira, no Pará. Para ela, a Amazônia é o centro do mundo e a preservação da floresta é fundamental.

Há muitos anos Eliane Brum vem realizando reportagens sobre as populações ribeirinhas e indígenas assoladas pela exploração desenfreada e pelas fraudes dos grileiros naquela região.  A jornalista narrou o drama de pessoas e famílias que foram sendo alijadas de suas próprias histórias de vida  por grilagem ou pela construção de obras como a da barragem de Belo Monte. Há de lembrar que Eliane Brum sempre fez duras críticas aos governos petistas por ignorarem as realidades locais quando da construção das grandes obras. Hoje, ressaltando que as terras indígenas e ribeirinhas são públicas e asseguradas pela constituição federal –  e onde os moradores tem usufruto e não o direito de posse sobre elas -, a jornalista criticou o governo Bolsonaro pela perversidade com que vem deturpando o sentido das coisas no Brasil.  Ao ser questionada sobre o esvaziamento da palavra no Brasil, ressaltou que a criação do comum começa pela linguagem e o que o atual governo tenta desconstruir é justamente o sentido das palavras que asseguram a concretude do que é comum e público.

Nessa direção, ao referir o seu texto no jornal El País sobre o balanço dos cem dias de Bolsonaro como presidente, Eliane Brum voltou a criticar o novo governo. Segundo ela, se trata de um governo que faz oposição a si mesmo como estratégia de se manter no poder, sequestra o debate nacional, transformando o país todo em refém, e estimula a matança dos mais frágeis. Para ela, isso é a perversão.

Afirmando a paralisia que caracteriza a todos nesse momento do Brasil, e o esvaziamento das instituições que deveriam assegurar a democracia, ela defende que a resistência está na reinvenção do cotidiano, na capacidade de rir, de se reunir, de imaginar o futuro, porque somente a retomada da política é capaz de mudar o país.

Ela conta que as pessoas dizem que ela dá esperança ao povo. “A esperança é super valorizada, é um luxo que a gente não tem”, afirma. Os indígenas que conheceram o fim do mundo deles, ensinaram Eliane que a maior forma de resistência é a alegria, que é importante rir nem que seja por desaforo. “Eles nos destroem nas pequenas coisas, temos que lutar sem deixar nos arrancarem a alegria”, completa ela.

“Um espelho da alma brasileira”, como já foi chamada pelo jornal El País onde é colunista, Eliane fala que sempre buscou escutar as pessoas e duvidar de si mesma, só fazendo uma coluna se ninguém tivesse dito aquilo ou, pelo menos, do mesmo jeito que ela. Depois de 11 anos trabalhando no jornal Zero Hora e outros 10 na revista Época, optou por um projeto independente. Mora entre Altamira e São Paulo, faz palestras, segue fazendo reportagens e prioriza o que considera essencial – o próprio tempo.

Os livros de Eliane Brum estavam disponíveis para aquisição e autógrafos: A menina quebrada (2013),  Meus desacontecimentos, Uma duas (2011), A vida que ninguém vê (2006), O olho da rua (2ª edição 2017).

Colaborou Bibiana Rigão

 

 

A programação de hoje 29 de abril , segunda-feira, na Feira do Livro:

14H – 17h  Leitura Inclusiva: Pessoas com deficiência visual – ACDV, SMED, Projeto Cegueira e Baixa Visão da UFSM e Núcleo de Acessibilidade da UFSM 

Local: Praça Saldanha Marinho, Palco Principal

Promotores: Associação de Cegos e Deficientes Visuais de Santa Maria (ACDV), Secretaria Municipal de Educação (SMED), Projeto Cegueira e Baixa Visão UFSM, Núcleo de Acessibilidade UFSM.

 14H – OFICINA COZINHANDO HISTÓRIAS – COM MARGARIDA BOTELHO

Local: Centro Empresarial (Rua Angelo Uglione, 1509)

Margarida Botelho vem de Portugal e publica desde 2005 livros para a infância. Margarida cria e realiza projetos artístico-educativos em bibliotecas, escolas, centros culturais e sociais, museus, largos e praças públicas. Arte-educadora, trabalha desde 2009 em parceria com instituições e ONGs em projetos de intervenção comunitária através da arte, em Moçambique, no Brasil, na Índia, em Timor-Leste e em Cabo Verde.

14H30 – ENCONTRO COM O LEITOR JOVEM – STELLA MARIS REZENDE (No Theatro Treze de Maio)

Mineira de Dores do Indaiá, Stella Maris Rezende é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília, escritora, desenhista, cantora e atriz. Tem dezenas de livros publicados o público adulto e infantojuvenil. Atualmente, ministra a oficina Letras Mágicas, que incentiva a leitura e a escrita. Entre os vários prêmios que coleciona, estão quatro prêmios Jabuti.

19h – LIVRO LIVRE – DOCUMENTÁRIO PASSO DO VERDE – TV OVO

O documentário sobre o distrito de Passo do Verde foi produzido pela TV OVO em 2018 e tem direção de Helena Moura e Alan Orlando. A produção faz parte do projeto Por Onde Passa a Memória da Cidade -LIC/SM, que visa contar histórias de lugares, pessoas e memórias de Santa Maria.

 

A 46ª Feira do Livro de Santa Maria começa nesta sexta-feira, dia 26, às 19h, na Praça Saldanha Marinho. Mais de 250 escritores estarão presentes, serão 40 barracas com livros para venda num total de 16 dias de programação. A feira funcionará de domingo à sexta, das 13h às 20h30min e nos finais de semana e feriado, das 10h às 20h30min. Acompanhe as novidades no site ou na página do Facebook.

Confira a baixo a programação do Livro Livre, que acontece todo os dias às 19h no palco da praça.

26 de abril – Sexta-feira

19h – ABERTURA OFICIAL – Praça Saldanha Marinho

27 de abril – Sábado

19h – Espetáculo “BIOGRAFIAS” com Deborah Rosa

As mais emblemáticas cantoras da música brasileira evidenciadas em “Biografias”, por Deborah Rosa. Vozes, canções e histórias de vida de interpretes como Elis Regina, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Maria Bethânia, Elza Soares, entre outras.

28 de abril – Domingo

19h – LIVRO LIVRE BLUES

O projeto é formado por músicos, parceiros de outras bandas e amigos que têm como afinidade o BLUES em sua forma geral. Participam do show Paulo Noronha,  Vítor César, Diego Fiorenza e Ninu Ilha.

29 de abril – Segunda-feira

19h – DOCUMENTÁRIO PASSO DO VERDE – TV OVO

O documentário sobre o distrito de Passo do Verde foi produzido pela TV OVO em 2018 e tem direção de Helena Moura e Alan Orlando. A produção faz parte do projeto Por Onde Passa a Memória da Cidade -LIC/SM, que visa contar histórias de lugares, pessoas e memórias de Santa Maria.

30 de abril – Terça-feira

19h – Atena Beauvoir

Atena Beauvoir Roveda é escritora, filósofa e educadora transexual. Premiada pela sua atuação em defesa e promoção dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no RS. É integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Sexualidade (NEPEGS) do IFRS – Campus Porto Alegre e colaboradora do projeto TransEnem de Porto Alegre.

 

01 de maio – Quarta-Feira – feriado

19h –  Eliane Brum – No Hotel Itaimbé

Convites podem ser retirados na sala da Coordenação da Feira, na praça, a partir do dia 26, das 13 às 19h

Eliane Brum é jornalista, escritora e documentarista. Trabalhou 11 anos como repórter de Zero Hora, e dez como repórter especial da Revista Época, em São Paulo. Desde 2010 faz projetos de longo prazo com populações tradicionais da Amazônia e periferias da Grande São Paulo. De 2009 a 2013 foi colunista da revista Época. Desde 2013 tem uma coluna quinzenal, em português e espanhol, no jornal El País. É colaboradora do jornal britânico The Guardian. Eliane publicou seis livros – cinco de não ficção e um romance -, além de participar de coletâneas de crônicas, contos e ensaios.

02 de maio – Quinta-feira

19h – António Skármeta – O CARTEIRO E O POETA

António Skármeta é autor do livro Ardiente Paciencia, que inspirou o filme “O Carteiro e o Poeta”,filme dirigido por Michael Radford sobre a amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda e um humilde carteiro que deseja aprender a fazer poesia.  Esteban Antonio Skármeta Branicic é chileno descendente de croatas e também autor do livro “Um pai de Cinema”, que foi adaptado para o cinema com direção de Selton Mello, e que recebeu o título “O filme da Minha Vida”.

03 de maio – Sexta-feira

19h – Prado Veppo 20 anos: Vida e Poesia

Bate-papo misturando poesia, crítica literária e memória, sobre a obra do poeta Prado Veppo, com a coordenação do professor homenageado desta edição, Pedro Brum Santos. O bate-papo contará com a  participação de convidados, incluindo a filha do poeta.

04 de maio – Sábado

19h – Max Belzareno

Max Belzareno é graduando em História pela Universidade Federal de Rio Grande-FURG e Técnico em Química. Autor de outros dois livros publicados pela Chiado Editora, Inesquecível e Rua Nuvem de Estrelas, também é crítico literário.

05 de maio – Domingo

19h – GRUPO HORIZONTE E LUIZ CARLOS BORGES

Noite de homenagem a Humberto Gabbi Zanatta com show de Luiz Carlos Borges e Grupo Horizonte.

06 de maio – Segunda-Feira

 19h – Marina Colasanti

Escritora, jornalista e artista plástica, nasceu em 1937 em Asmara, na capital da Eritreia. Tem mais de 50 livros publicados no Brasil e no exterior, entre eles, poesias, contos, crônicas, livros para crianças e jovens e diversos ensaios. Trabalhou em televisão, como entrevistadora, redatora e apresentadora, em programas jornalísticos culturais. É uma das mais premiadas escritoras brasileiras, com vários prêmios Jabutis, além de dois prêmios latino-americanos.

07 de maio – Terça-Feira

19h – Raphael Montes  MISTÉRIOS DA LITERATURA: SUSPENSE E TERROR

Raphael Montes nasceu em setembro de 1990, no Rio de Janeiro. Advogado e escritor, teve contos publicados em diversas antologias de mistério, inclusive na Playboy e na prestigiada revista americana Ellery Queen’s Mystery Magazine.  Todos os seus livros tiveram os direitos de adaptação vendidos para o cinema e estão em produção.  Além disso, escreve roteiros para cinema e TV.

Dia 8 de maio – Quarta-feira

19h – NOITE DO PATRONO

Homenagem ao patrono da 46ª Feira do Livro, Maurício Leite.

Dia 9 de maio – Quinta-feira

19h – Adriana Negreiros

A autora da biografia da Cangaceira Maria Bonita conta como realizou a pesquisa para o livro – e o que ela descobriu. Adriana Negreiros, jornalista, é graduada em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Trabalhou nas revistas Veja, Playboy, Claudia e Marie Claire e é colaboradora da revista Piauí. Maria Bonita, sexo, violência e mulheres no cangaço é seu livro de estreia. Atualmente, trabalha em seu segundo livro, uma nova investigação sobre as mulheres, a ser lançado em 2020.

Dia 10 de maio – Sexta-feira

19h – Eliana Yunes

Eliana Yunes é formada em Filosofia e Letras pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, com pós doutorado em Leitura pela Universidade de Colônia. É professora associada da PUC – Rio e professora visitante em universidades brasileiras e do exterior. Criou para a Biblioteca Nacional o Programa Nacional de Leitura (Proler), é assessora do Cerlalc/Unesco e comparte a direção da Cátedra Unesco de Leitura no Brasil.

A 46ª edição da Feira do Livro de Santa Maria, que ocorre de 26 de abril a 11 de maio, tem divulgado semanalmente, em seu perfil do Instagram, dicas de quem serão os escritores confirmados para o Livro Livre, realizado todos os dias na Feira, às 19h. Até agora, três nomes foram confirmados e devem agradar diferentes gerações. 

O primeiro é o chileno Antonio Skármeta, autor de títulos como O carteiro e o poeta e El baile de la Victoria. Skármeta, nascido em 1940, estudou Filosofia e Literatura em seu país e em Nova Iorque, foi professor de Literatura e diretor teatral na Universidade do Chile até 1973. Na década de 80, dedicou-se à escrita, ao cinema e ao teatro, também participando como professor convidado em universidades europeias e norte-americanas. Seus romances e contos já foram traduzidos para mais de 25 idiomas. Em uma de suas adaptação para o cinema, conquistou cinco indicações ao Oscar. Produziu premiados livros, novelas, longa-metragens, livros infantis e peças teatrais, além de traduzir algumas obras para castelhano.

A segunda autora confirmada é Marina Colasanti, autora de diversos livros, entre eles Ofélia a ovelha, A moça tecelã e Breve História de um Pequeno Amor. Escritora, jornalista e artista plástica, nascida em 1937 na capital de Eritreia, país no “chifre” da África. Ainda pequena mudou-se com os pais para Itália e, em 1948, partiu para o Brasil fixando-se no Rio de Janeiro. Estudou artes plásticas e  ingressou na esfera da comunicação, atuando como editora, escritora de crônicas, redatora e ilustradora. Tem mais de 50 livros publicados no Brasil e no exterior, entre eles poesia, contos, crônicas, livros para crianças e jovens, e diversos ensaios. Além disso, trabalhou na televisão com programas jornalísticos culturais e é uma das mais premiadas escritoras brasileiras. Suas obras são direcionadas para crianças e jovens, e seus ensaios perpassam temas  como o feminino, a arte, o amor e os problemas sociais.

Por último, mas não menos importante, Raphael Montes também é nome confirmado na programação. Nascido em 1990 no Rio de Janeiro, é escritor e roteirista de literatura policial. Estreou na literatura em 2012 com seu romance Suicidas, que ganhou adaptação para o teatro em 2015. Seu segundo romance foi vendido em mais de 14 países e, assim como todos seus livros, teve os direitos de adaptação vendidos para o cinema e estão em produção. Desde abril de 2015, Raphael assina uma coluna semanal em O GLOBO e apresentou o programa Trilha de Letras na TV Brasil, de abril de 2017 à fevereiro de 2019. 

A programação completa da Feira do Livro deste ano será divulgada na próxima segunda,  no  Santa Cultura Café (Av. Presidente Vargas, 1400).