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patrimômio cultural.

Arquiteto sugere preservar o patrimônio Art Déco de Santa Maria

Na Avenida Rio Branco, em Santa Maria, escondido entre os prédios comerciais de arquitetura modernista estão os patrimônios históricos (alguns na lista de tombamento provisório) que tornam a cidade destaque entre as que possuem o maior acervo

A história em debate no SEPE

O segundo dia do XVII Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (Sepe), que começou quarta-feira, dia 2, no Centro Universitário Franciscano, marcou as apresentações na área da História. Na sala 205 do Conjunto I da IES,

Foto: Mariana Olhaberriet/LABFEM

Na Avenida Rio Branco, em Santa Maria, escondido entre os prédios comerciais de arquitetura modernista estão os patrimônios históricos (alguns na lista de tombamento provisório) que tornam a cidade destaque entre as que possuem o maior acervo contínuo de Art Déco das Américas. Chega a ser equiparada, nas devidas proporções, a Miami Beach, nos Estados Unidos, por exemplo.

Este estilo arquitetônico com influência no cubismo e apreço pela simplicidade das formas surgiu na Europa dos anos 1920, mas foi no continente  norte-americano que houve maior desenvolvimento, irradiado em toda a América Latina devido ao movimento do rural para o urbano e o desenvolvimento das cidades, segundo a arquiteta Márcia Kümmel. “Há toda uma estética ligada com a industrialização, a era da máquina. Não interessava mais o excesso de ornamentos. Era uma ruptura com isso”, comenta ela, ao referir-se ao movimento anterior, o ecletismo.

Na manhã desta sexta-feira, 29, ocorreu uma visita guiada para a observação dos prédios Art Déco da Avenida Rio Branco, organizada em função da visita do professor Paulo Edi Rivero Martins na cidade, que veio para uma aula inaugural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), cujo tema abordou “Patrimônio cultural, arquitetônico, histórico e gestão pública”.

No município de Santa Maria 135 prédios foram protegidos provisoriamente, em 2018,  devido a mudanças no Plano Diretor. Essa lista é resultado da pressão de um grupo de pessoas que formaram um coletivo em defesa do patrimônio histórico cultural de santa Maria, que junto com o Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic) reivindicou na Câmara dos Vereadores alterações nas regras de planejamento, construção e organização urbana da cidade.

Paulo Rivero, que é doutor em  Arquitetura  pela Universitat Politecnica de Catalunya, na Espanha, atentou para a importância da preservação daquilo que foi construído por cada geração. Ele explica que para haver o progresso, não é necessário a destruição de patrimônios históricos. De acordo com o professor, todos os estilos que foram sendo construídos ao longo do tempo têm sua importância e precisam ser preservados para manter a memória da cidade em cada momento histórico.

Foto: Mariana Olhaberriet/LABFEM

O segundo dia do XVII Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão (Sepe), que começou quarta-feira, dia 2, no Centro Universitário Franciscano, marcou as apresentações na área da História. Na sala 205 do Conjunto I da IES, na rua dos Andradas foram cinco trabalhos: dois abordaram o tema da educação patrimonial e da história local. Além destes, os outros dois temas foram apresentados o respeito às diferenças culturais nos livros didáticos usados em sala de aula e a história dos trabalhadores informais em Santa Maria.

O patrimônio cultural e a história local

Os trabalhos que tratam sobre patrimônio cultural foram apresentados pelas acadêmicas do curso de História do Centro Universitário Franciscano , Andressa de Rodrigues Flores e Tatiane de Almeida Machado e pela já professora de História, Janaína Souza Teixeira.

O título do trabalho das acadêmicas é Educação Patrimonial: a valorização da memória local em sala de aula. O projeto foi implantado no Centro de Atenção Integral a Criança (CAIC) e ao Adolescente “Luizinho de Grandi”, localizado na Vila Lorenzi, em Santa Maria. Na prática os oito alunos que compõem o grupo passaram aos alunos do sexto ano a importância de conservar o patrimônio público e também a importância dos museus. Uma oficina de diferenciação entre grafite e pichação foi outra atividade proporcionada aos alunos, já que muitos patrimônios são danificados por vândalos com esse tipo de atitude. “Preservar e manter viva a história da nossa cidade, da nossa gente, é fundamental”, ressaltou a estudante Andressa.

O outro trabalho que abordou sobre esse mesmo tema, a preservação do patrimônio público, foi apresentado pela já professora em História, Janaina Souza Teixeira. O objetivo da professora é ver como as escolas de educação básica e os professores trabalham esta questão da história local e também da educação patrimonial. “Cidades do interior nem sempre tem sua história escrita por historiadores, por isso é preciso se trabalhar nesse sentido”, explica Janaina. O projeto é realizado através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), conta com 20 bolsistas e iniciou em agosto de 2012.

Questões culturais

Com o título A renovação das pesquisas históricas nos livros didáticos e sua contribuição para o respeito das diferenças culturais nas salas de aula, a acadêmica do curso de História do Centro Universitário Franciscano, Tatiane de Andrade Machado trouxe à tona a questão do preconceito com exemplos como a escravidão e o racismo. Com o trabalho ela busca descobrir quais as renovações que estão sendo feitas em livros didáticos dentro das escolas para ajudar na diminuição do racismo e do preconceito. O objeto de estudo são os livros utilizados do sétimo ao nono ano do ensino fundamental, nas edições de 2009 a 2011 e 2011 a 2013.

“A pesquisa está em andamento, estamos conseguindo levantar muitos dados sobre o assunto. É muito importante que haja essa mudança, já que o livro auxilio o professor em sala de aula”, salienta Tatiane.

Você conhece como surgiram os camelôs em Santa Maria?

Você sabe? Não? É isso o que o mestrando em História pela UFSM, Matheus Rosa Pinto, vem buscando há cerca de dois anos e meio de pesquisa. Com o título: A metamorfose do trabalho urbano no caso dos comerciantes de Santa Maria, o pesquisador tenta explicar como surgiu e o desenvolvimento do mercado informal nas principais ruas de Santa Maria e depois com a criação do Shopping “Popular” Independência. Para isso ele delimitou o tempo dos anos 80 até 2011 e classificou como mercado informal os camelôs, ambulantes e artesãos.

As justificativas para o trabalho são de que envolve diversas áreas: economia, política, identidades culturais e migração. Alguns resultados já foram obtidos como a responsabilização de falta de políticas públicas para a expansão do negócio e as características de Santa Maria ser uma cidade polo na região, que atraí pessoas de outras cidades devido à UFSM e aos quartéis. A conseqüência disso é que muitos que não conseguiram empregos no mercado formal devido a falta de qualificação, encontraram no mercado informal a saída para conseguir renda. As fontes de pesquisa de Pinto são fontes orais, documentos da prefeitura e de associações de comércio e também jornais da época.

Neste ano foram inscritos 623 trabalhos de pesquisa e extensão para o seminário, de todas as áreas do conhecimento na instituição. Uma novidade no Sepe é o Concurso Acadêmico Melhores Projetos sobre Transformação Criativa. Os projetos selecionados estão expostos no Pátio Interno do Conjunto I e os melhores serão premiados na sexta-feira, 4, o último dia de encontro.

Por Naiôn Curcino