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planeta Terra

Cena do documentário Ice on Fire que teve estréia mundial no último dia 11.

A propósito do lançamento do novo documentário de Leonardo DiCaprio, cabe relembrar nomes de outros filmes que questionam o modo de vida atual e que provocam reflexão sobre o futuro.  Adepta cada vez mais de um discurso positivo para o enfrentamento, adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, me parece importante mostrar que nem só de imagens chocantes (e pessimistas) se pode transformar a realidade, o caminho é a informação e conhecimento.

Ice on Fire (2019) foi lançado no Festival de Cannes, em parceria com a HBO, e teve estreia mundial em 11 junho. O documentário é da linha que “chama para ação” (call-for-action), e procura mostrar exemplos de ações, ainda que muito ligado ao desenvolvimento tecnológico e científico, do que está sendo feito no mundo. Mas não é o primeiro documentário que Leonardo DiCaprio esteve envolvido com essa temática.

Em 2016, em parceria com a National Geographafic, DiCaprio lançou o documentário Before the Flood (que acabou sendo traduzido como A inundação da Terra, em Portugal, e, Seremos história? no Brasil) sobre impactos e o que a sociedade pode fazer para prevenir o desaparecimento de espécies. O documentário tem entrevistas de Barack Obama, Papa Francisco e Ban Ki-Moon e apela para ações dos governantes, foi idealizado e dirigido por Fisher Stevens.

Dez anos antes, o ator ambientalista havia lançado The 11th Hour (2007) (traduzido como A última hora, no Brasil, e a 11ª hora, em Portugal) com a mensagem de que não é tarde demais e que somos a geração que pode mudar (diga-se salvar) o mundo para as novas gerações. Produzido por Chuck Castleberry, Brian Gerber, Leila Conners Petersen, Irmelin e Leonardo DiCaprio e dirigido por Leila Conners Petersen e Nadia Cooners e DiCaprio, 11th Hour tem mais de 50 entrevistados, incluindo o cientista Stephen Hawking.

No mesmo ano, o filme de Al Gore teve grande destaque sendo premiado com Oscar de melhor documentário de longa-metragem com An inconvenient truth (Uma verdade inconveniente), dirigido por Davis Guggenheim. Em 2017, Al Gore lança An inconvenient Sequel: trufh of power (Uma sequela inconveniente, dirigido por Bonni Cohen e Jon Shenk) que mostra as consequências das alterações climáticas e o que aconteceu nos últimos dez após o primeiro filme (que foi recebido como alarmista).

Menos mediatizado do que os documentários de Al Gore, e que ser considerado consequência do documentário Uma verdade inconveniente (lançado oficialmente em 2006), é Meat the truth (2008). Traduzido como Uma verdade mais que inconveniente, mas que significa “carne, a verdade”, faz o trocadilho com a expressão “meet the truth”, ou seja, “conheça a verdade” foi lançado pela parlamentar holandesa Marianne Thieme para mostrar o que foi omitido no documentário premiado e de grande impacto ambiental, a produção de carne. O documentário foi realizado pela Fundação Nicolaas Pierson e dirigido por Karen Soeters e Gertjan Zwanikken. Nessa mesma linha, o documentário Coswpiracy: the sustentability secret (2014), de Kip Andersen e Keegan Kuhn, é revelador.

A era da estupidez (2009) aponta problemas olhando para o passado. “Porque não nos salvamos enquanto tivemos a chance?” é uma das grandes perguntas do filme The Age of Stupid, dirigido por Franny Armstrong e produzido por Lizzie Gillett. Em um cenário devastador, ambientado em 2055, o inquietante filme tem como pano de fundo um arquivista que olha para imagens do começo do século a procura de respostas.

O impacto do nosso estilo de vida atual no planeta Terra é o tema do documentário do fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, Home (2009), como diretor e narrador. Traduzido para Home, nosso planeta, nossa casa o documentário tem imagens aéreas para alertar que ainda há tempo para mudança – do que foi feito nos últimos 50 anos – e de “salvar” a Terra, que antes se transformava e vivia em harmonia.

No Brasil, o filme A lei da água (2014) sobre o novo Código Florestal brasileiro (de 2012), mostra a importância das florestas para preservação dos recursos hídricos. Além disso, expõe a ignorância (sobretudo política) sobre a conexão das florestas com regime de chuvas, o quanto a ciência foi colocada de lado e a importância direta da floresta para a agricultura.

Quero deixar claro que não sou contra o alarme, ele é necessário frente ao desafio atual que se coloca, mas tenho receios quanto ao alarmismo que pode paralisar. Há diversos documentários e filmes quem tiver interesse em refletir é cada vez mais comum encontrar filmes com foco na questão animal (The cove, 2009, sobre matança de golfinhos, Earth, 2009, da Disneynature), produção de alimentos (A ilha das flores, 2009; Food Inc/Comida SA, 2009), e muitos envolvendo os dois lados (para além do Cowpiracy, What the heath, 2017; Terráqueos, 2005; Forks over knives, 2011 e poderia fazer um texto somente sobre vegetarianismo, veganismo, etc), a questão do lixo (A história das coisas, 2007; Lixo extraordinário, 2009), entre outros.

Muitos desses filmes já estão disponíveis livremente na internet. Poderia citar ainda diversos outros filmes relacionados com as temáticas, mas deixo algumas horas de indicações e provocações (e aceito outras sugestões).

 

 

Alice Dutra Balbé,  doutora em Ciências da Comunicação e mestre em Informação e Jornalismo pela Universidade do Minho, Portugal,  jornalista egressa UFN.