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Reforma da Previdência

Greve geral: trabalhadores e estudantes em luta

No início da tarde da última sexta-feira, dia 14 os professores da rede municipal de ensino se reuniram entre a Prefeitura Municipal, em uma manifestação pública para solicitar um encontro com o prefeito Jorge Pozzobom. A

Estudantes e professores vão às ruas em defesa da educação pública

Apresentações culturais, intervenções artísticas e muitos cartazes coloridos encheram de vida a Praça Saldanha Marinho na tarde da última quarta-feira, dia 15. Segundo levantamento da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm), cerca

Ato em defesa da Previdência e dos direitos dos trabalhadores

Na tarde desta sexta-feira, 10, ocorreu o “Ato em defesa da Previdência e dos direitos dos trabalhadores”. Os manifestantes se reuniram na Praça Saldanha Marinho, às 16:30 e o movimento deve se estender até às 19

Santa-marienses protestam contra a reforma da previdência

Na tarde de hoje, quarta 15,  Santa Maria integrou as cidades que participam da manifestação  nacional contra a Reforma da Previdência. Marcada para acontecer na praça Saldanha Marinho, a manifestação foi organizada e teve a presença dos

75% das escolas municipais aderiram a greve geral. Fotos: Mariana Olhaberriet/LABFEM

No início da tarde da última sexta-feira, dia 14 os professores da rede municipal de ensino se reuniram entre a Prefeitura Municipal, em uma manifestação pública para solicitar um encontro com o prefeito Jorge Pozzobom.

A coordenadora de Organização e Patrimônio do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), Martha Najar, explica que entre as pautas do ato está o descongelamento do auxilio alimentação, que permanece o mesmo valor desde 2014, e a garantia do tempo de planejamento para os educadores. “Nossas condições de trabalho não são respeitas, esse tempo de planejamento está no nosso plano de carreira, no mínimo 20% da carga horária deve ser destinada ao planejamento e isso não acontece em todas as escolas”, conta Martha.

Já sobre a questão salarial, os professores receberam uma reposição de 3,75% atrasada e parcelada, e não receberam o aumento de salário referente ao piso nacional.

“Não podemos aceitar que um governo eleja a educação e os educadores como os inimigos da nação”, diz Martha Najar.

Entre as professoras municipais aposentadas que se uniram a causa, Eva Bastianello esperava por mais colegas presentes. “Esperamos, com este ato, um retorno do prefeito que até agora não nos recebeu”, afirma Eva. Ao solicitarem a presença do prefeito, foram convidados a formar uma comitiva para entrar e conversar com ele, porém, após uma votação, decidiram que manteriam suas exigências de que todo o grupo de manifestantes fosse recebido. Porém, o prefeito Jorge Pozzobom não concordou com a decisão, se negando a ir receber os professores.

Eloiz Guimarães Cristino, coordenador da Central Única do Trabalhador.

Ás 16 horas, o ato se encaminhou para a Praça Saldanha Marinho, onde estudantes e trabalhadores se reuniam para protestar contra a reforma da previdência proposta pelo governo federal. Uma das frentes organizadoras deste ato foi a Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual Eloiz Guimarães Cristino é coordenador. Ele alega que, neste dia, a classe trabalhadora do país inteiro luta para mostrar ao presidente que irão resistir até o fim e que não querem a aprovação do projeto da reforma da previdência.

Segundo Franciéli Barcellos de Moraes, coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM, a greve geral é uma paralisação apoiada por mais de uma categoria usada para parar a geração de capital e para parar o comércio, afim de mostrar as pautas pelas quais estão lutando e dialogar com a população que passa pelo centro comercial da cidade. Sobre o projeto da previdência, Franciéli diz que “não é uma reforma, mas um desmonte que vai atacar os mais pobres” e que o DCE se reuniu aos trabalhadores “porque a gente também é filho de trabalhador, vai ser da classe trabalhadora, também quer se aposentar com qualidade e entrar no mercado de trabalho com dignidade”.

Tânia Lopes, professora estadual aposentada.

Já o estudante de filosofia da UFSM, Arthur de Oliveira Machado, manifesta que a proposta da previdência “vai fazer com que o trabalhador trabalhe mais e ganhe menos, recebendo apenas 60% do salário médio”. Participando também da manifestação, a professora aposentada do estado e escritora infantil, Tânia Lopes afirma que “se a gente cala, a gente se submete ao que o poder central disser, mas nós temos que ter voz e vez, é isso que a nossa presença deve representar”. Além disso, os estudantes do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) se fizeram presente na manifestação, o aluno Kassio Ventura conta que “nesse momento histórico para o povo brasileiro, nós devemos nos unir para lutar pelos nossos direitos e que para que nossas vozes sejam ouvidas”.

Foi às 17h que a manifestação tomou seu rumo pelas ruas de Santa Maria, saindo da Praça Saldanha Marinho, descendo a Avenida Rio Branco até a Rua Silva Jardim, voltando para passar embaixo do Viaduto Evandro Behr. Logo, seguiu na Rua do Acampamento até a Avenida Nossa Senhora das Dores, entrando na Rua Riachuelo e subindo a Rua Ângelo Uglione até a Praça novamente.

Cartazes, banners e sinalizadores coloridos deram vida as ruas de Santa Maria neste 14 de junho.
A greve geral está prevista para o dai 14 de junho. Fotos: Mariana Olhaberriet/LABFEM

Apresentações culturais, intervenções artísticas e muitos cartazes coloridos encheram de vida a Praça Saldanha Marinho na tarde da última quarta-feira, dia 15. Segundo levantamento da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm), cerca de 10 mil pessoas, entre elas estudantes e professores, protestaram contra as contingências feitas no orçamento das universidades públicas e contra a reforma da previdência propostas pelo governo. O ato saiu da Praça Saldanha Marinho e percorreu a Avenida Rio Branco, seguindo em direção à Rua do Acampamento. Enquanto o início da caminhada passava a Rua Pinheiro Machado, o final ainda cruzava a Venâncio Aires.

O coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Poletto, afirma que os cortes de orçamento e a reforma da previdência não representam o que os estudante precisam nesse momento: “Precisamos do aumento dos nossos direitos e não da retirada deles”, defende Rodrigo.

Estefane Dias, acadêmica de Dança na UFSM.

No Brasil, o orçamento da educação é dividido, basicamente, em dois: uma parcela para gastos obrigatórios e outra para os discricionários, sendo que 88% desse orçamento vai para os obrigatórios, que incluem salários, aposentadorias, entre outros. Já os 12% restantes são para gastos discricionários, que é direcionado conforme critérios de cada universidade. Os 30% cortados do orçamento da educação, são dentro dos 12% de gastos discricionários, ou seja, restando cerca de 3,5% para estes gastos das universidades públicas. Sabrina Somacal, pós-doutoranda do Programa de Alimentos da UFSM, conta que esses cortes afetam manutenções básicas da universidade e que “vai chegar um momento que vão ser inviáveis os trabalhos e a gente vai ter que parar”. Ela também traz à tona que “a comunidade santa-mariense esquece que o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) está ligado à UFSM, e que se a universidade fechar vai afetar diretamente o atendimento”.

“A programação é que a verba da universidade acabe até setembro e a gente não sabe como vai continuar o nosso curso”, conta Laura Marques, estudante de História na UFSM. Já Estéfane Dias, que cursa Licenciatura em Dança, afirma marcar presença na manifestação “para manter o nosso curso e nossos benefícios, lutando por aquilo que a gente acredita”.

A coordenadora de comunicação do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (SINPROSM) e professora de português, Celma Pietczak, explica que os cortes feitos no orçamento da educação, independente do nível, afeta todo mundo. “A maioria dos professores municipais se formaram na UFSM, fizeram pós-graduação lá e recebem projetos em suas escolas que são desenvolvidos pela universidade”, conta Celma.

Celma Pietczak, coordenadora de comunicação do SINPROSM.

A professora também expõe sobre a luta contra a reforma da previdência, em que as mulheres professoras serão as mais prejudicadas se o texto for aprovado como está hoje. As mudanças na previdência preveem um aumento na idade mínima para se aposentar e também no tempo de contribuição.

Atualmente, a idade mínima para se aposentar é de 60 anos para mulheres e 65 para homens (anteriormente era de 55 e 60, respectivamente). A proposta do governo propõe que a das mulheres aumente para 62. Já por tempo de contribuição, atualmente o mínimo é de 15 anos para quem se aposenta por idade; já para quem se aposenta por tempo de contribuição são 35 anos para homens e 30 para mulheres. Após a reforma, serão 20 anos de contribuição para todos, e para receber 100% da aposentadoria será preciso contribuir por 40 anos.

A professora do curso de Educação Física da UFSM, Márcia Morschbacher, avalia  que o cenário que a reforma da previdência coloca é extremamente complexo, se aprovado. “Agora é um dia para aglutinarmos todos os trabalhadores para lutar contra a retirada de direitos que o governo atual vem tentando realizar, rumo à greve geral de 14 de julho”, afirma a professora. Ela complementa que os impactos da inviabilização das atividades da universidade afetam para além dos muros da universidade, considerando que ela representa para o município e toda a região, não só em termo de formação profissional, mas também em termos de atendimento de saúde e educação.

Os indígenas também aderiram à manifestação, segundo Rodrigo Mariano, estudante de Direito que pertence ao povo Guarani. “A gente está há muito tempo nessa cobrança do poder público pelos nossos direitos, e agora não é diferente”, explica Mariano. Os cortes na educação afetam as comunidades indígenas desde sempre, e a reforma da previdência vai atingi-los diretamente. “Acho que estamos cumprindo mais do que um dever, uma luta que é de costume já dos povos indígenas. E […] com o pessoal se mobilizando junto, a gente sabe que tem força; é um inicial para mostrar do que somos capazes”, enfatiza Mariano.

No turno da manhã, os estudantes da UFSM fizeram um ato dentro da universidade. A coordenadora geral do DCE, Franciéle Barcellos, diz que foi muito proveitoso ver tanta gente apoiando a luta e ainda conta que a marcha deve ser não só contra os cortes de orçamento, mas também pela reforma da previdência. “Não dá para escolher só uma pauta, as duas são direitos e esses direitos devem ser garantidos”, afirma Franciéle.

Com colaboração de Emanuely Guterres.

Estudantes, professores e trabalhadores contra os cortes de orçamentos na educação e contra a reforma da previdência.
Ato na praça Saldanha Marinho. Foto:Jéssica Marin

Na tarde desta sexta-feira, 10, ocorreu o “Ato em defesa da Previdência e dos direitos dos trabalhadores”. Os manifestantes se reuniram na Praça Saldanha Marinho, às 16:30 e o movimento deve se estender até às 19 horas.

A mobilização reuniu associações de técnicos administrativos, docentes, sindicato dos trabalhadores de Santa Maria , participantes e coordenadores do PIBID e organizações estudantis. O ato se posiciona contra a reforma trabalhista, contra a reforma da previdência, o desmonte da educação pública brasileira e a falta de repasse de verbas para os institutos federais e universidades.

Segundo Celma Pietczak, coordenadora de comunicação do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Simprosm), o ataque aos direitos trabalhistas e o tramite da reforma da previdência no Congresso Nacional, representam alterações da lei que afetam diretamente os direitos dos trabalhadores.

 

 

Foto: Juliano Dutra
Praça Saldanha Marinho hoje à tarde. Foto: Juliano Dutra

Na tarde de hoje, quarta 15,  Santa Maria integrou as cidades que participam da manifestação  nacional contra a Reforma da Previdência. Marcada para acontecer na praça Saldanha Marinho, a manifestação foi organizada e teve a presença dos sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais, estudantes e o funcionalismo público que se reuniram na defesa das garantias conquistadas pela classe trabalhadora. Contrários às medidas do governo federal, os manifestantes protestaram contra o governo Temer, a PEC 287 e as privatizações previstas com cartazes e placas  que pediam a saída do presidente Temer e o respeito à classe trabalhadora.

Sindicato dos Metalúrgicos
O metalúrgico Luis Mario, da comissão organizadora da manifestação. Foto: Maria Olhaberriet

Luís Mario, metalúrgico, 59 anos, é um dos integrantes da comissão organizadora do protesto. Ele afirma que o ato é importante para a população tomar conhecimento do que vem acontecendo no país e observar como isso tudo irá afetar suas vidas. “A ideia inicial era participar de atos que ocorreriam em Porto Alegre, porém decidimos esquematizar uma manifestação na nossa própria cidade. Após debatermos em conjunto com alguns sindicados da cidade em uma reunião que ocorreu na última sexta-feira, foi decidida a organização de um ato em Santa Maria. Nosso principal objetivo era chamar atenção com essa manifestação para que a população, que parece tão distante da realidade, preste mais atenção nas mudanças tão importantes e que pode impactar de diversas maneiras a vida do cidadão. Qualquer um é bem-vindo desde que entenda nossa mensagem e a necessidade de estar presente no ato”, diz.

Segundo Mario, outra reunião está programada para a próxima sexta-feira, 27,  com o objetivo de discutir e organizar novas manifestações contra as reformas do governo, e também para dialogar sobre o que mais irá agregar às manifestações.

Foto: Juliano
Manifestantes carregavam cartazes com as reivindicações. Foto: Juliano Dutra
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O  professor Fábio Martins. Foto: Maria Olhaberriet

 

Fábio Martins, professor, 32 anos, não faz parte de nenhum grupo específico de apoiadores, apenas incentiva a causa. Ele considera a Reforma da Previdência um ataque à classe trabalhadora. “Quando os trabalhadores se organizam é para buscar uma melhor qualidade dentro do lugar onde trabalham, quem não vier manifestar, está perdendo de lutar pelos seus direitos”, afirma.

Posição semelhante é a de Orizabete Aquino, 55 anos, também professora. Para ela, a reforma deve ser debatida entre as pessoas que serão diretamente atingidas. Orizabete afirma que o principal objetivo dos professores na manifestação é dizer não ao governo que consideram ilegítimo.

Professora Orizabete Aquino. Foto: Maria Olhaberriet
Professora Orizabete Aquino. Foto: Maria Olhaberriet

“Nós, professores das escolas públicas, temos que defender os direitos dos nossos estudantes, não consideramos uma reforma, mas sim, um desmonte da Previdência no Brasil”, conclui.  

O ato que estava marcado para às 16h se estendeu até o início da noite. Os repórteres-aprendizes da equipe da ACS/LabMEM estiveram presentes na cobertura da manifestação.

Por Gabriel Leão e Luísa Peixoto, equipe da ACS