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Santa Maria, RS, Brazil

reportagem

Acessibilidade para cadeirantes é precária na cidade

Não é de hoje que a assistência governamental referente a pessoas necessitadas no Brasil deixa a desejar em diversos pontos. Em 2019, tais características encontram-se  desde cidades do interior até as mais habitadas nacionalmente. Partindo do

O minimalismo como filosofia de vida

O movimento minimalista é um estilo encontrado no design, com a ideia de que “menos é mais”. Com origem em um conjunto de movimentos do século XX, o minimalismo tem como lema fazer coisas simples –

Geração Bad: a gíria e o sentimento

“Hoje eu estou na bad”. “Estou na maior bad do mundo”. “Que bad”. “Hoje eu só vou curtir a bad”. “Essa música é boa para curtir numa bad”. Se você tem o hábito de utilizar a

Não é de hoje que a assistência governamental referente a pessoas necessitadas no Brasil deixa a desejar em diversos pontos. Em 2019, tais características encontram-se  desde cidades do interior até as mais habitadas nacionalmente. Partindo do ponto de vista sobre a assistência pública, quando abordam-se ferramentas para facilitar a vida de pessoas portadoras de deficiência, especificamente paraplégicas ou cadeirantes, conclui-se que ainda há muito o que melhorar.

A partir de uma linha cronológica, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas portadoras de deficiência cresce constantemente no Brasil. Em 2015, pelo menos 6,2% da população possuia algum tipo de deficiência, sendo que, desse montante, 1,3% representa quem tem algum tipo de deficiência física, sendo que quase a metade desse total (46,8%) possui nível intenso de imitações. Infelizmente, o auxílio governamental  não acompanha o crescimento desse percentual.

Ponto de ônibus da av. Rio Branco. Foto: arquivo ACS.

Tendo em vista algumas cidades do estado do Rio Grande do Sul, por meio de depoimentos e estudos realizados sobre a assessoramento municipal dessas regiões, mostram que os investimentos dos órgãos públicos deixam a desejar quando o assunto gira em torno da assistência para cadeirantes ou pessoas paraplégicas. O estudante da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Samuel Augusto Seiffert, de 21 anos, explicou sobre a situação que passa diariamente com os acessos no município. “Os avanços que encontramos hoje foram obtidos através de muita luta, mas ainda há muito que melhorar. O campus da Universidade por exemplo, necessita mais acessibilidade arquitetônica. Mas, além dele, a cidade deixa muito a desejar nesses aspectos”, declarou Seiffert.

Além de Augusto, há outros estudantes cadeirantes que passam pelas mesmas dificuldades. De acordo com o estudante, é uma situação que não é priorizada pelos órgãos públicos municipais e acabam sendo deixados de lado. Em Santa Maria, a inexistência de rampas em calçadas e de elevadores em construções é um assunto usualmente abordado. Segundo Seiffert, além da instalação desses recursos, o tópico mais enfatizado é a manutenção dos que já existem: “Deveria haver ao menos o suporte sobre acessos presentes na cidade, pois muitos estão velhos e inaptos a serem manuseados. Há ausência de rampas em pontos com grande movimento, ônibus sem o suporte para embarcar passageiros cadeirantes, falta de táxis adaptados para tais situações…”.

Contudo, desde a construção dos prédios mais novos na cidade, há a implementação de recursos para cadeirantes, como elevadores e portas automáticas, presentes no Shopping Praça Nova ou nas lojas HAVAN, por exemplo. Embora tenha havido a instalação desses utensílios em construções da cidade, o objetivo é fazer com que esses aprimoramentos saiam de pontos específicos e se façam presentes em todo lugar.

Sobre o transporte público

Contudo, a preocupação vai além dos acessos mal distribuídos pela cidade, voltando-se para os transportes públicos municipais. Dentre todas as linhas de ônibus da Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU), há um número significativo de veículos, porém, não são todos que possuem recursos utilizados como elevadores ou rampas para o embarque. 

Segundo o motorista e funcionário da ATU, Éverton Rodrigues, há um número abaixo do esperado de ônibus com esta ferramenta. “Estou lidando com cadeirantes diariamente no meu trabalho. Como motorista de ônibus, a responsabilidade de assistir e auxiliar essas pessoas é enorme, porém há um número abaixo do esperado de veículos que contenham este dispositivo”, ressalta Rodrigues.

Plataforma de embarque para cadeirantes – Foto: Fabiano Rocha – Jornal Extra

De acordo com a revista Exame, a falta de acessibilidade nos transportes públicos ainda é predominante nas cidades brasileiras. A matéria corrobora com a escassez de acesso nos prédios públicos e privados de uso coletivo, restaurantes, universidades, hotéis e em espaços públicos, principalmente em transportes. 

O página TrânsitoIdeal destaca igualmente a falta de recursos direcionados à cadeirantes ou deficientes físicos.  A importância deveria priorizar os investimentos a serem aplicados em acessibilidade para quem necessita, ao invés de direcionar verba pública para fins supérfluos.

No Brasil, a lei de acessibilidade (Decreto Lei nº 5.296) aborda as temáticas de transportes e trânsito. Um dos principais tópicos é que projetos arquitetônicos e urbanísticos devam atender às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e os concepções como espaços, artefatos e produtos que intuam atender todas as pessoas.

Situação em outras cidades gaúchas

Rodrigo Forcin é cadeirante e reside em Formigueiro, município localizado no interior do estado do Rio Grande do Sul, com  6.715 habitantes. “A acessibilidade onde moro não é nada gratificante… os órgãos públicos não tomam atitudes a fim de facilitar a vida de quem realmente precisa. Degraus em todo lugar e nada de rampas. Sempre tenho que pedir ajuda para me atenderem, mas é muito chato, porque parece que o errado sou eu. Há muito que ser melhorado ainda”, comentou Forcin.

Formigueiro não é a única cidade do interior gaúcho que apresenta dificuldades relacionadas à pessoas com deficiências físicas. Com fronteira com Paso de Los Libres, na Argentina, o município de Uruguaiana possui cerca de 120.000 habitantes, e encontra-se em contexto evolutivo para portadores de deficiência física, de acordo com alguns moradores. A fisioterapeuta Camila Trindade, explicou sobre o cenário municipal e a relação abrangente com sua área profissional: “Em Uruguaiana houve uma evolução ligada a adaptação para cadeirantes, desde quando tornou-se exigência em estabelecimentos comerciais. Mas o que mais preocupa é a consciência das pessoas em ajudar ao outro, em preocupar-se com a vida do outro. Eu já tive pacientes paraplégico e tetraplégico. O tratamento exige fisioterapia neurológica, a fim de reabilitar e promover o máximo de qualidade de vida para a pessoa comprometida. Indivíduos nessas condições se deparam com uma grande alteração bio psico social, pois é uma vida nova que apresenta enormes dificuldades”.

Assistência pública em outros países

Enquanto isso, outros países dão exemplo em como tratar a questão da acessibilidade. Por exemplo, desde as últimas eleições presidenciais no Canadá (2015), com a posse do primeiro ministro Justin Trudeau, os investimentos governamentais tornaram-se mais rígidos sobre utensílios auxiliares à pessoas com deficiências. O Governo canadense atualizou sua política de inadmissibilidade por razões de saúde para refletir a inclusão desses cidadãos.

Uma das prioridades do governo é garantir oportunidades para  deficientes físicos,  provendo a instalação de mais recursos a cada ano. Não é a toa que anualmente há aplicação financeira direcionada a esse fim, para beneficiar esta população em áreas como educação, segurança e esporte. De acordo com a Aquarela Magazine, os portadores de deficiências residentes no Canadá não precisam pagar impostos sobre certos dispositivos médicos e assistenciais, permitindo o acesso gratuito à equipamentos como muletas ou andadores.

Botão para abertura de portas no Canadá – Foto: Ricardo Shimosakai

Falando especificamente sobre Vancouver, é comum o encontrar rampas, portas automáticas e transportes públicos equipados propriamente para embarque de pessoas com deficiência física. Além do centro da cidade, em localizações mais retiradas como na University of British Columbia (UBC), há a tecnologia para abertura de portas, com funcionamento manual e automático simultaneamente. Estas contam com a presença de botões para auxiliar cadeirantes que desejam acessá-la.

Menos é mais! Foto: Pixabay

O movimento minimalista é um estilo encontrado no design, com a ideia de que “menos é mais”. Com origem em um conjunto de movimentos do século XX, o minimalismo tem como lema fazer coisas simples – mas não simplórias. Entre essas características, está o uso de menos elementos nas peças, para evitar poluição visual pelos excessos, como em ilustrações, por exemplo.

Aplicado tanto na arte como no design para a resolução de problemas, o movimento busca a essência no encontro com a simplicidade, para chegar na completude da vida. “O minimalismo é uma filosofia para que se mantenha consigo o que é mais importante”, descreve José Façanha. Designer gráfico há dois anos e seguidor do movimento, ele conheceu o estilo no design há um ano. Posteriormente, por meio do site The Minimalists, descobriu a vertente como uma filosofia de vida.

O designer José Façanha. Foto: arquivo pessoal

O desenvolvimento da filosofia do minimalismo é subjetivo, sendo pessoal a interpretação de quem for seguir os princípios. Sem regras para obedecer, a ideia é de que a pessoa mantenha consigo o que realmente faz sentido para sua vida, tanto objetos quanto hábitos e associações interpessoais, procurando mais relações com profundidade do que em grande número.

“O intuito simplesmente é manter aquilo que faz sentido e que agrega valor para tua vida”, elucida Façanha. Ele conclui que as práticas “menos é mais” ajudam muito em todas as áreas de seu trabalho, tanto na organização quanto na execução dos processos, no passo a passo da maneira como organiza seu dia, e que é influenciado pelos princípios do minimalismo em todo seu cotidiano.

Na rotina do designer, o minimalismo se apresenta pelo consumo consciente, evitando comprar por impulso ou apenas porque algum pertence está na promoção, ao pensar no impacto que cada compra poderá ter não apenas na sua vida, mas também na sociedade.

Rafael Miranda, jornalista especialista em marketing e músico, também segue a filosofia do minimalismo. “Quando comecei a trabalhar com marketing digital, iniciei uma busca por ferramentas que trouxessem resultados. Então me deparei com um mar de informações que não conseguia classificar. Para definir uma estratégia a longo prazo, percebi que precisava encontrar soluções”, declara Rafael.

Rafael Miranda, músico e marketing digital. Foto: arquivo pessoal

O músico conheceu o minimalismo por acaso, em uma pesquisa por literatura sobre foco, organização e planejamento, quando encontrou o documentário ‘Minimalismo’, realizado pelos criadores do site The Minimalistsde Joshua Fields Millburn e  Ryan Nicodemus. Para Rafael, muitos conceitos podem ser abordados no minimalismo, mas o núcleo principal é viver com aquilo que é essencial, ao procurar significado com maior profundidade, deixando de lado o que é supérfluo.

Em contrapartida ao consumismo exagerado, o minimalismo prega o consumo consciente e sustentável, conforme relata Façanha: “Sempre fui contra o consumo descontrolado, e nunca vi isso como uma forma de atingir a felicidade”. Ele acrescenta: “Ao aprender sobre o minimalismo como uma forma de viver com menos, achei fantástico. Era a explicação elaborada da filosofia de vida que eu estava tentando desenvolver”.

Em conexão com a arte e o design, Façanha percebe a influência do minimalismo hoje na maneira como a tecnologia se apresenta para as pessoas. “A experiência de usuário tem forte influência do minimalismo na maneira como os aplicativos são desenvolvidos, como as interfaces são desenvolvidas para serem intuitivas, sem gerar atrito no uso”, analisa.

João Vitor Generali, acadêmico de Medicina, conheceu o minimalismo na internet e pelo convívio com amizades que seguem a vertente. Ele diz que se tornou um adepto do movimento devido ao viés de desapego relacionado tanto a bens materiais quanto em relação a hábitos comportamentais. Segundo Generali, as práticas do minimalismo se desenvolvem através de uma filosofia, que permeia tanto o comportamento como a arte. Ele conclui que “se trata do uso de menos elementos em peças artísticas para dar margem a maiores interpretações subjetivas, dando liberdade para a reflexão de cada pessoa”.

Arthur Vanz, artista e estudante de Publicidade, Foto: arquivo pessoal

Outra pessoa que segue os princípios do minimalismo é Arthur Dalmaso Vanz, um artista em ascensão e estudante de Publicidade e Propaganda. “Minhas artes têm como objetivo exercer um impacto pequeno, para que algo pequeno no mundo mude”, conta ele.

Além de focar em sua faculdade, ele dedica boa parte do tempo para o projeto a ilha, no qual produz desenhos para serem tatuados. Ele relata que, desde a infância, teve grande interesse em desenho, como uma expressão de seus sentimentos e para cativar outras pessoas. Sobre o minimalismo, ele acredita que a vertente sempre esteve ali, em algum lugar, mas ele não sabia que nome dar ao movimento. Arthur conta que conheceu o minimalismo e se aprofundou nos conceitos quando entrou na universidade, percebendo que o estilo é interessante para a criação de suas peças publicitárias.

“O minimalismo como uma filosofia de vida é algo bem interessante, que eu defendo sempre que posso. O movimento prega que, em tese, você deve usar o mínimo de recursos possíveis, então eu evito o desperdício e trato a vida de forma objetiva. As coisas devem ser funcionais, não há porque ter uma abundância quando eu consigo me virar com o mínimo”, comenta. O artista conclui que, com a realidade atual do consumismo, gera-se um impacto negativo para a sociedade, e o minimalismo seria uma forma de impactar positivamente.

Quanto ao impacto, Generali é mais modesto, pois para ele o minimalismo é um ponto de partida para uma filosofia, um estilo de vida que traz a ideia de dar prioridade para valores humanos, desapegando de valores materiais para valorizar o importante – a vida.

Confira o minidoc com os depoimentos de Arthur e Rafael sobre a influência do minimalismo na arte: [youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=eRJvTIc1qwc” title=”A%20influência%20do%20minimalismo%20na%20vida,%20em%20desenhos%20e%20na%20música” autohide=”1″ fs=”1″]

Foto: Juliano Dutra/ Labfem

“Hoje eu estou na bad”. “Estou na maior bad do mundo”. “Que bad”. “Hoje eu só vou curtir a bad”. “Essa música é boa para curtir numa bad”. Se você tem o hábito de utilizar a internet e frequentar as redes sociais, provavelmente já se deparou com alguma destas frases ou suas variantes. Tão provável quanto é que você já tenha publicado alguma bad em rede social ou usado a expressão para conversar com alguém próximo.

Mas afinal, o que é bad? Essa é uma pergunta difícil e complexa de ser respondida, pois a bad é um sentimento subjetivo e complexo em cada um, mas basicamente podemos dizer que é uma tristeza. Ter sentimentos é bom, normal e saudável, inclusive se sentir triste. A tristeza faz parte da vida, assim como, as alegrias. O problema está na proporção. Bad é um termo que ficou naturalizado na internet, mas que em diversos casos esconde sentimentos profundos e perigosos que necessitam de atenção.

“Na verdade, eu falo que estou na bad quando minha depressão aparece querendo arrancar minha porta. É quando meu corpo começa a doer por causa da minha dor psicológica. Mas as pessoas não gostam de ouvir pessoas com depressão, sobre a doença. É como se ao admitir nossos sintomas e sentimentos estivessemos deixando de lutar, sendo fracos (…). Chamo só de bad o que na verdade me coloca num chão de lama” – depoimento anônimo.

Em uma pesquisa online realizada com 200 participantes foi possível entender um pouco mais sobre o que é e como se manifesta a bad, os dados obtidos com ela serão utilizados em toda a reportagem. O questionário foi divulgado no Twitter e em grupos do Facebook, principalmente. Foram feitas treze perguntas, nem todas sendo obrigatória a resposta. Os participantes são residentes de mais de dezesseis estados e Distrito Federal, o que demonstra a pluralidade de pessoas alcançadas. As idades variam de “menos de 16 anos” (1,5%) até “mais de 25 anos” (18,5%), mas a maioria está na faixa etária que vai dos 19 anos aos 22 anos, sendo 40% dos participantes. Quando questionados quanto ao nível de escolaridade 53,5% afirmaram ter Ensino Superior Incompleto, ou seja, a maior parte está cursando a faculdade. Outros níveis de escolaridade também apareceram, como Fundamental Completo (0,5%), Ensino Médio Incompleto (5,5%), Ensino Médio Completo (11,5%), Ensino Superior Completo (22%) e Pós-graduação (7%).

Se sentir momentos de tristeza é normal, também é natural vivenciar situações de bad. Por isso, a pesquisa mostra que 98,5% têm bad, sendo este valor referente a 197 pessoas. Mas se é normal, por que problematizar a bad? O problema, como dito antes, está na proporção e também na frequência, já que 42,5% diz ter bad pelo menos uma vez na semana e 27% todos os dias. Para alguns, bad é somente uma gíria da moda, para outros é um problema real e uma forma de conseguir falar sobre os sentimentos.

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

Para a psicóloga Gabriela Quartiero, as respostas dos questionário são parecidas ou remetem às mesmas situações. “Várias coisas são ligadas a redes sociais e como você vê a vida do outro bem”, esclarece. A psicóloga Natacha Ferrão acredita que o problema está na comparação que os sujeitos fazem da própria vida com a dos outros. “Na internet, com as redes sociais as pessoas se modificam, uma pessoa que está numa bad pode ver uma outra pessoa que está tudo lindo e maravilhoso, então há muita comparação e mascaramento do estado real”, destaca. “Às vezes alguém que está chateado e desanimado em um dia de chuva, por exemplo, tira uma selfie sorrindo e mostrando a tarde feliz que está curtindo. Outra pessoa, que está na mesma situação, de chateação e desânimo, pode ver aquela foto e achar que só ela está se sentindo daquela forma”, complementa Gabriela.

“As redes sociais me parecem vender uma realidade inexistente e inalcançável que promovem uma sensação de fraqueza e derrota. Além disso, perde-se mais tempo observando a vida ‘maravilhosa’ das pessoas do que se empenhando na própria. As redes sociais são incríveis ferramentas, mas bastante tóxicas quando usadas em excesso ou sem ‘filtro’. Talvez estejamos no momento mais profundo da Era do Espetáculo, em que mostrar vale mais do que viver. Essa sensação de ‘bad’ me parece ser, muitas vezes, um drops da depressão causada por uma sociedade bem desconexa, apesar de fortemente conectada.” – resposta anônima do questionário

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

“Esse negócio de comparação que é criado com certeza é um fator para que a gente não se aceite e não veja nossa vida como algo massa também. Obrigado pelo formulário, faz bem escrever sobre isso” – resposta anônima do questionário.

Sobre o uso da expressão bad, foi possível observar que são diversas as situações em que as pessoas utilizam o termo. “Algumas pessoas entendem como uma ‘situação bad’, mas muitas não tratam como um sentimento de depressão, outras utilizam a expressão para falar sobre a própria depressão”, explica Gabriela. “Tem pessoas que mostram uma angústia muito grande e que podem estar com uma bad mais voltada a depressão. Como pessoas que disseram não ter vontade de levantar da cama, que querem tomar remédio para dormir ou que ficam muito tristes em ver as outras pessoas felizes na rede social”, acrescenta.

“Sinto vontade de sumir, desistir de tudo o que faço porque nada faz sentido e nada vai dar certo. Fico desanimada” – resposta anônima do questionário.

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

Por dentro da internet

Para que frequenta Blogs, canais no Youtube, Instagram de diversas personalidades diferentes, a experiência é uma. Mas e para quem decide compartilhar sua vida em vídeo todos os dias?

Foto: Arquivo Pessoal

A Isabella Saldanha e o Felipe Luz são os youtubers do canal “Isabella e Felipe”, que antes se chamava “Fotografando a mesa”. Com mais de 500 vídeos e ultrapassando a marca de 3 milhões de visualizações totais, eles estão há um ano postando vídeos todos os dias. Em cada publicação diária eles compartilham sua rotina, mostram lugares para conhecer em São Paulo, as peripécias da vida adulta, viagens, aventuras capilares e todas as outras coisas que envolvem seus interesses pessoais e a vida que levam. Como todas as pessoas, eles tem seus momentos de bad e como não poderia ser diferentes, alguns destes momentos geram reflexões que estão nos vídeos.

Isabella contou que a frequência dessas bad é de aproximadamente uma vez por mês, mas não chegam a acontecer uma vez na semana. “Depois que tive depressão, eu evito muito ter esses momentos. Sei que é muito difícil sair, então tenho alguns truques para não entrar nessa bad”, comenta. Para ela o que desencadeia a bad é a falta de vontade de fazer as coisas e a facilidade em questionar a validade do próprio trabalho, pois é algo diferente. “Para a gente é muito fácil fazer isso, fazemos um negócio que não dá cem por cento certo”.

São incontáveis o número de bloggers e youtubers que trabalham hoje com a internet, porém é raro ver essas pessoas falando sobre os sentimentos. Para Isabella não é fácil falar sobre o assunto, por serem coisas muito íntimas e as pessoas julgarem, mas é melhor que a alternativa de fingir que está tudo bem. “Quando você opta por fazer o que nós fazemos no Youtube, seria necessário uma frieza muito grande para excluir os momentos de bad. Você tem que encarar só como um trabalho e nada mais. É mais fácil você sair de casa (para ir trabalhar) e esconder esses sentimentos. A gente começou a pensar no conteúdo que não consumimos, por que é tudo muito falso e feliz o tempo todo. Eu não concordo que a felicidade o tempo seja necessária, acho até que seja meio doentio”, revela a youtuber. “Quando você está na bad é importante saber que você não está sozinho”, completa Isabella.

Foto: Juliano Dutra/ Labfem

Como sair da bad?

Não existe uma fórmula mágica, pois cada pessoa vivencia os sentimentos da sua forma. Mas algumas coisa podem ajudar, como:

  • Ouvir uma música que te faça feliz. E dançar também, porque não?
  • Fazer exercícios. Você não precisa sair correndo para se matricular em uma academia. Uma caminhada pelo bairro já ajuda.
  • Conversar com os amigos.
  • Exercitar ou aprender um novo hobby.
  • Ler. Experimentar uma nova vivência, mesmo que através das páginas de um livro, pode ajudar a colocar os acontecimentos reais em uma nova perspectiva.

“A bad é desencadeada por diversos fatores, pessoas que tratam mal umas às outras, pressão para estarmos sempre perfeitos. E isso pode culminar em uma depressão. É perigoso. Nós precisamos estar mais atentos a pessoas que ficam constantemente na bad. Obrigada pela conversa.” – resposta anônima do questionário.


Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Unifra, durante o primeiro semestre de 2017.
Edição: Professora Carla Simone Doyle Torres.