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Tempo

O tempo pede passagem

Às vezes acho que as pessoas falam porque não gostam de ouvir o próprio silêncio. Bate, tem ruído, ecoa por dentro. E sempre que alguém fala pouco, eu penso o quanto essa pessoa escuta. É por

Black Mirror é eixo de conferência do XXI SEPE

“O futuro não é um espelho negro – tecnologia, tempo, cidade” foi o título da conferência ministrada por Márcio Tascheto da Silva, na manhã desta sexta-feira, 06, no Conjunto I do Centro Universitário Franciscano. Graduado em

Unifra sedia exposição “Uma visita pelo tempo”

O hall do Prédio 7,  do Conjunto I do Centro Universitário Franciscano, sedia uma exposição que representa as transformações ocorridas com objetos que marcam o tempo. A mostra ‘Uma Visita pelo Tempo’ pode ser visitada até

Clima para a semana em Santa Maria

A chuva em Santa Maria começou na madrugada de terça-feira, 2 de setembro. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a semana será, parcialmente, chuvosa. Nesta quarta-feira, 3, o tempo terá uma variação de nebulosidade, períodos

A prova de vestibular da Universidade Franciscana é constituída de prova objetiva com 50 questões e redação para os cursos de Medicina e Odontologia, e somente prova de redação para os demais cursos, um total de 28.  A proposta de redação para a maioria dos cursos trouxe o seguinte questionamento: “O que as pessoas estão deixando de ver quando passam muito tempo olhando para uma telinha?”

Victor acredita que concorrentes podem tangenciar o tema. Foto: Lucas Linck LABFEM

O vestibulando de Psicologia Victor Brum, afirmou não ter se surpreendido com o tema, o considerou fácil escrever sobre o tema, mas, ao mesmo tempo, bastante propenso ao tangenciamento. Se sentindo preparado, ele fez um paralelo do tema com sua própria experiência com o uso do celular.

Vestibulanda disse não ter sentido dificuldades em desenvolver o tema.  Foto: Lucas Linck LABFEM

Isadora Souza, que prestou vestibular para o curso de Direito, gostou da temática por ser um assunto muito discutido atualmente. Ela afirma ter tido bastante facilidade em escrever, uma vez que já havia realizado uma dissertação sobre o uso de tecnologias durante o ensino médio. Isadora procurou permanecer focada no tema, abordando principalmente os prejuízos causados pelo uso excessivo do celular.

Já o tema da redação dos vestibulandos de Medicina e Odontologia, abordou os motivos da sensação de falta de tempo, apressa constante e a necessidade de priorizar aquilo que realmente importa na vida. Apesar de diferentes, os temas das duas redações estavam diretamente interligados, pois a questão do tempo permeava ambas as provas.

Isadora se surpreendeu com o tema. Foto: Lucas Linck LABFEM

Para a estudante Isadora Brum, que prestou vestibular para Medicina, o tema fugiu completamente de suas expectativas. “Eu não sabia se falava em relação a mim, ao que achava sobre o tema, ou se abordava o parâmetro geral”, declarou.

Em contrapartida, Maria Eduarda, que também pretende cursar Medicina, considerou o tema de extrema importância, já que ele engloba todas as questões da modernidade, destacando o risco de vários vestibulandos tangenciarem.

Maria Eduarda comenta que o tempo também permeou a prova objetiva. Foto: Lucas Linck LABFEM

“Eu acho que muitas pessoas vão tangenciar porque todos os anos a UFN desenvolve provas com palavras-chave que precisam aparecer no texto e desta vez isso não aconteceu”.

Maria Eduarda, natural de Alegrete, que prestou vestibular para Odontologia, ficou muito feliz com o tema pois acredita ser atual e que facilita a argumentação. “Foi bem melhor do que o ano passado. É uma questão atual que me deixou muito confiante. Usei vários argumentos de livros do ensino médio”, comenta ela.

Colaborou Evelin Bitencourt

Desacelerar provavelmente é uma das coisas mais difíceis hoje. E não estou falando de correr contra as 24h do dia. Pisar o pé no acelerador para chegar na hora no trabalho ou acelerar ainda mais para chegar o quanto antes em casa. A questão aqui é mudar a velocidade da produção mental, do pensamento e, por que não, da prisão do Novo. Desacelerar é respeitar os processos naturais.

Como uma pessoa mentalmente acelerada, prazer, me cobro muito a necessidade de estar sempre criando. Já entrei em alguns processos desagradáveis de produção frenética. E é esperado que eu entre em parafuso quando naturalmente não consigo produzir, mesmo que minha cabeça continue à mil. Passei os últimos vinte dias surtada pela estagnação. Me desesperei pois não teria pauta para essa coluna e para outros textos que deveria entregar. A situação só se resolveu quando percebi que o problema não estava na falta, mas no excesso. Eram muitas pautas, textos e reflexões desorganizadas. Isso já aconteceu antes e com certeza vai acontecer de novo no futuro – aguarde cenas dos próximos vinte dias. Momentos assim fazem parte do meu processo, mas também são reflexo da quantia absurda de informações que recebo todos os dias. Uma realidade que não é só minha. Todos estamos sendo bombardeados com informação o tempo todo.

Demorei um tempo para compreender que o que parecia um problema localizado e privado, na verdade, é coletivo. Um trecho do livro “No enxame”, do filósofo Byung-Chul Han, diz que “hoje não somos mais destinatários e consumidores passivos de informação, mas sim remetentes e produtores ativos”. Ou seja, além de recebermos informação nova constantemente, não nos basta ser apenas o destino da mensagem. Sentimos necessidade de comunicar nós mesmo. (E não é o que estou fazendo aqui?). O autor conclui o pensamento dizendo que esse comportamento, o “duplo papel”, aumenta enormemente a quantidade de informação.

Não basta estar atualizado sobre as notícias locais e do mundo. Não basta acompanhar as peripécias políticas que tomaram conta do país. Até por que, vamos combinar, isso ninguém consegue. Se você não está confuso, ouso dizer que você não entendeu nada. No fim ninguém entende mesmo. Mas vamos lá. Além de todas as notícias, tem aquele artigo i-n-c-r-í-v-e-l que você precisa ler. Uma música que todos estão ouvindo. Aquela série importantíssima lançada há duas semanas por aquela famosa plataforma de streaming – assistam “Coisa mais linda”. Deu conta de tudo? Na verdade, não. Enquanto você assistia a um episódio da série mais um Ministro foi demitido. Outro artigo viralizou. Mais um meme está bombando no Twitter. O Laranja vendeu mais dois carros. E a Bettina está trilhardaria.

Queria poder trazer soluções para lidar com a sensação de atraso, o peso e o desgaste gerados por essa enxurrada de informação que nos caça e consume durante os dias. Mas acredito que ainda vá levar algum tempo para que a gente encontre meios e rotinas mais saudáveis de consumir informação. Um primeiro passo talvez seja aceitar que não vai dar para saber de tudo o tempo todo. Já começou difícil – mais para alguns do que para outros. Vamos conversar sobre FoMO (Fear of Missing Out – medo de estar por fora, perdendo algo) nos próximos meses.

O método que eu tenho encontrado para desacelerar a produção é escrever a mão. Não é sempre que funciona, mas tem dado certo nos momentos mais críticos do último ano. Foi assim que eu escrevi boa parte do trabalho final de graduação – mais de sessenta páginas (risos nervosos). O processo de transportar ideias para o papel ao invés de uma tela ajuda meu pensamento a desacelerar. É como se minhas mãos falassem diretamente com meu cérebro. “Colega, você vai ter que desacelerar aí, senão a gente vai perder um monte de coisa boa. Vai com calma!”. Funcionou com esse texto.

Mas como trabalhar com informação, querer comunicar sobre tudo, gerar conteúdo o tempo todo e não colaborar com o esgotamento mental de outras pessoas? Perenidade, permanência, durabilidade. Optar por produzir textos que permanecerão relevantes daqui dois dias, três meses e até anos. E consumir conteúdo de datas passadas. Nessa cultura do “pra ontem”, esquecemos que existem coisas importantes no hoje da semana passada.

Provavelmente vou precisar reler esse texto nos próximos vinte dias.

 

 

Arcéli Ramos é jornalista egressa da UFN. Repórter da Agência Central Sul em 2015. Com pesquisas na área jornalismo literário e linguagem, hoje também estuda “Pesquisa de tendências”. É colaboradora na New Order, revista digital na plataforma Medium, e produz uma newsletter mensal.

O tempo pede passagem – Foto: Julia Trombini

Às vezes acho que as pessoas falam porque não gostam de ouvir o próprio silêncio. Bate, tem ruído, ecoa por dentro. E sempre que alguém fala pouco, eu penso o quanto essa pessoa escuta. É por isso que eu sempre gostei de ler os jornais. A gente lê em silêncio, mas, pensando bem, até que se escuta. No fundo tem uma voz que se ouve. A gente diz que não vê, mas enxerga tanta coisa. A gente diz que não quer, mas até sente medo de ter. A gente também nega, até o fundo, que não aguenta mais e só quer gritar. A gente diz tudo bem, sem estar. Às vezes a gente fala sem se escutar. A gente diz mais, mas isso não é ficar. A gente fica mesmo por se importar. A gente ama, sem falar. E quando fala não consegue mais ficar em silêncio.

Julia Trombini é jornalista escorpiana egressa da UFN. Fez parte da equipe do LabFem (Laboratório de Fotografia e Memória) como repórter fotográfica. Trabalhou também com diagramação, assessoria de imprensa e produção de conteúdo. Tem interesse em fotografia, audiovisual e temas de resistência política.

Márcio Tascheto utilizou elementos da série Black Mirror para embasar sua fala no XXI SEPE. Foto: Juliano Dutra

“O futuro não é um espelho negro – tecnologia, tempo, cidade” foi o título da conferência ministrada por Márcio Tascheto da Silva, na manhã desta sexta-feira, 06, no Conjunto I do Centro Universitário Franciscano. Graduado em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutorado em Educação pela UFRGS, Márcio usou a temática apresentada na série britânica “Black Mirror” como base para sua apresentação, separando-a em três eixos: tecnologia, tempo e cidade.

O professor buscou desconstruir a conotação sombria e pessimista criada por Charlie Brooker em seu seriado, dando foco as inúmeras possibilidades oferecidas pelas inovações do ramo digital.

Quanto à tecnologia,  destacou duas consequências de sua existência: a tecnofobia (medo e superstição acerca dos meios digitais) e tecnofilia (dependência e crença na salvação da humanidade a partir do uso tecnológico). Também dá ênfase aos quatro tipos de leitores citados no trabalho de Lucia Santaella, uma das principais estudiosas da semiótica do país: o leitor contemplativo, movente, imersivo e ubíquo. Os dois últimos se referem ao estilo de leitura desenvolvido na era digital, sendo a ubiquidade uma característica predominante na atualidade, por meio da qual se está conectado aos acontecimentos em tempo real e de maneira onipresente.

A quebra da linearidade temporal englobou o segundo eixo, no qual, Márcio classificou o tempo como material plástico, o que implicaria sua constante modificação, ocasionando na desconstrução do passado histórico fixo. “O futuro também é ubíquo, já que está presente no dia a dia, embora mal distribuído”, disse ele.

A temática das subjetividades contemporâneas foi definida em cinco características: o endividamento, midiatização, securitização, representação e velocização; todos relacionados à modificação das rotinas modernas com relação ao ritmo acelerado da atualidade. Nesse contexto, o professor apresenta a cidade no centro das possibilidades educativas e frisa a importância do projeto “Cidade Educadora”, que foi adaptado para a UPF com o nome “UniverCidade Educadora” e conta com a iniciativa “Vidas em Movimento” (registros de moradores da cidade de Passo Fundo) e o aplicativo “Rotas Literárias”, um game inspirado nos jogos de mistério, que auxilia na formação de leitores e admiradores da literatura brasileira.

 

O hall do Prédio 7,  do Conjunto I do Centro Universitário Franciscano, sedia uma exposição que representa as transformações ocorridas com objetos que marcam o tempo. A mostra ‘Uma Visita pelo Tempo’ pode ser visitada até 25 de setembro.

As peças pertencem ao Museu Histórico e Cultural das Irmãs Franciscanas e ao Museu Vicente Pallotti. Entre elas, ampulhetas e relógios de bolso e de parede. Além de ser uma atividade cultural, a mostra também tem caráter histórico. O relógio de sol, por exemplo, é o mais antigo objeto de medição do tempo. Já a ampulheta, inventado há cerca de 3,5 mil anos, marca o tempo pela passagem da areia do recipiente de cima para baixo.

O público pode visitar a exposição de segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h30min às 18h.

Fonte: ASSECOM Unifra

Céu encoberto em Santa Maria. Foto: Helena Moura - Laboratório Fotografia e Memória.
Céu encoberto em Santa Maria. Foto: Helena Moura – Laboratório Fotografia e Memória.

A chuva em Santa Maria começou na madrugada de terça-feira, 2 de setembro. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a semana será, parcialmente, chuvosa. Nesta quarta-feira, 3, o tempo terá uma variação de nebulosidade, períodos curtos de sol intercalados com chuva. A temperatura mínima será de 12°C e máxima de 23°C.

Já na quinta e sexta-feira, 4 e 5, o dia virá acompanhado de pancadas de chuva pouco prolongada e pode ter trovoadas a qualquer hora do dia. Na quinta a mínima será de 11°C e máxima de 24°C e na sexta a mínima de 15°C e máxima de 26°C.

O final de semana será composto por chuvas na cidade. No sábado, 6, haverá muitas nuvens e chuva. A condição mínima será de 15°C e máxima de 26°C.

O domingo e a segunda-feira, 7 e 8, serão de pancadas de chuvas de curta duração e pode ocorrer trovoadas. A diferença entre os dois dias é apenas a temperatura. No domingo a mínima será de 14°C e máxima de 22°C e segunda, 10°C a mínima e 27°C a máxima.