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Santa Maria, RS, Brazil

Entrevista: Ricardo Fontes Mendes

  Jornalismo investigativo é não ser indiferente às mazelas do mundo. Prestar atenção no fato que desrespeita a integridade humana e acreditar que pode ser feita alguma coisa em prol da vida, é praticar o jornalismo que investiga a causa, porque não aceita a conseqüência. Há 20 anos, Ricardo Fontes Mendes pratica esse tipo de jornalismo. Em entrevista à ACS, falou sobre como o mercado recebe a investigação, sobre as relações de poder com veículo e a relação com os órgãos do governo.

 

 ACS.: O que pode ser destacado na sua formação que tenha lhe levado ao jornalismo investigativo?

Mendes: Não seria na formação acadêmica, mas os caminhos que eu segui, foram as experiências que eu vivenciei. Eu estou refletindo sobre isso com a pergunta. Mas, acredito que tenham sido as minhas vivências, os fatos que eu vi me fizeram refletir e me levaram por esse caminho.

ACS.: Como o mercado recebe o jornalismo investigativo?

Mendes: É bem recebido. Em geral, há espaço para o jornalismo investigativo. Ele gera repercussão, o que promove o veículo. O que acontece é que custa caro. Os meios não mantém repórteres trabalhando por três, quatro meses em uma pauta, ou mesmo 15 dias. E, também, não podem retirar um jornalista de pautas diárias para colocar em uma matéria investigativa, que exige tempo.    

ACS.: Como é a relação do jornalismo investigativo com os órgãos do governo?

Mendes: Não existe uma parceria fixa, o que acontece é em casos específicos, quando o jornalista tem material para uma denúncia e precisa do apoio, ou mesmo do serviço da polícia, ou de outro órgão. A ocorrência de uma denúncia, onde o jornalista vai passar as informações para a polícia, vai levá-la até o crime, a polícia prende e o jornalista veicula o material. Mas, em geral, isso não acontece, porque, inclusive, na maioria das vezes, existe a participação de órgãos governamentais agindo no crime. O comércio de pessoas, a “venda” de mulheres, por exemplo.

ACS.: Sabe-se que existem relações de poder no jornalismo. Já houve algum caso em que você teve uma matéria impedida de publicação? 
 

Mendes: Não. O que aconteceu foi em uma reportagem em que a empresa que seria fechada era anunciante do veículo. O editor me chamou e me pediu sobre o que se tratava, se haviam dados. Eu disse que sim e a matéria saiu.

ACS.: Você poderia destacar um trabalho, que tenha sido benéfico, no âmbito pessoal?

Mendes: É difícil, em 20 anos foram tantos. Mas, eu acho que o da prostituição infantil em Salvador e no interior da Bahia, feito junto com a profª. Rosana Zucolo. Nós viajamos pra as cidades e vimos a questão. O trabalho foi premiado e indicado para prêmio internacional. Repercutiu, a Polícia Federal foi até Salvador, conversou conosco. Hoje, não se vê mais tanto quanto antes, já não está tão aparente.      

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  Jornalismo investigativo é não ser indiferente às mazelas do mundo. Prestar atenção no fato que desrespeita a integridade humana e acreditar que pode ser feita alguma coisa em prol da vida, é praticar o jornalismo que investiga a causa, porque não aceita a conseqüência. Há 20 anos, Ricardo Fontes Mendes pratica esse tipo de jornalismo. Em entrevista à ACS, falou sobre como o mercado recebe a investigação, sobre as relações de poder com veículo e a relação com os órgãos do governo.

 

 ACS.: O que pode ser destacado na sua formação que tenha lhe levado ao jornalismo investigativo?

Mendes: Não seria na formação acadêmica, mas os caminhos que eu segui, foram as experiências que eu vivenciei. Eu estou refletindo sobre isso com a pergunta. Mas, acredito que tenham sido as minhas vivências, os fatos que eu vi me fizeram refletir e me levaram por esse caminho.

ACS.: Como o mercado recebe o jornalismo investigativo?

Mendes: É bem recebido. Em geral, há espaço para o jornalismo investigativo. Ele gera repercussão, o que promove o veículo. O que acontece é que custa caro. Os meios não mantém repórteres trabalhando por três, quatro meses em uma pauta, ou mesmo 15 dias. E, também, não podem retirar um jornalista de pautas diárias para colocar em uma matéria investigativa, que exige tempo.    

ACS.: Como é a relação do jornalismo investigativo com os órgãos do governo?

Mendes: Não existe uma parceria fixa, o que acontece é em casos específicos, quando o jornalista tem material para uma denúncia e precisa do apoio, ou mesmo do serviço da polícia, ou de outro órgão. A ocorrência de uma denúncia, onde o jornalista vai passar as informações para a polícia, vai levá-la até o crime, a polícia prende e o jornalista veicula o material. Mas, em geral, isso não acontece, porque, inclusive, na maioria das vezes, existe a participação de órgãos governamentais agindo no crime. O comércio de pessoas, a “venda” de mulheres, por exemplo.

ACS.: Sabe-se que existem relações de poder no jornalismo. Já houve algum caso em que você teve uma matéria impedida de publicação? 
 

Mendes: Não. O que aconteceu foi em uma reportagem em que a empresa que seria fechada era anunciante do veículo. O editor me chamou e me pediu sobre o que se tratava, se haviam dados. Eu disse que sim e a matéria saiu.

ACS.: Você poderia destacar um trabalho, que tenha sido benéfico, no âmbito pessoal?

Mendes: É difícil, em 20 anos foram tantos. Mas, eu acho que o da prostituição infantil em Salvador e no interior da Bahia, feito junto com a profª. Rosana Zucolo. Nós viajamos pra as cidades e vimos a questão. O trabalho foi premiado e indicado para prêmio internacional. Repercutiu, a Polícia Federal foi até Salvador, conversou conosco. Hoje, não se vê mais tanto quanto antes, já não está tão aparente.