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Santa Maria, RS, Brazil

Impressões de uma guerra

 Caminhando pelas ruas do centro de uma cidadezinha alemã chamada Freiburg, olhando lojas, a arquitetura totalmente diferente e a semelhança das pessoas que por mim passavam, escuto de longe gritos e buzinas de carros. A multidão quase me atropela e eu fico ali, na ponta dos pés, tentando entender o que estaria acontecendo.

Foi quando estes gritos ficaram mais próximos e pude ver que as pessoas estavam protestando por alguma coisa, carregavam fotos e uma bandeira vermelha e branca. Foi quando tudo cruzou na minha frente e pude entender: a manifestação era contra Israel, as bandeiras eram do Líbano e, lógico, que os Estados Unidos e George W. Bush estavam juntos metidos nessa história: “Gerge Bush terrorista” foi uma das frases gritadas que consegui entender. Logo pensei: Meu Deus! Que momento único. Como a guerra está afetando a vida destas pessoas? Por que no Brasil eu não tinha essa noção?

 

O fato pode ser respondido de uma maneira simples: a quantidade de muçulmanos existente na Europa é infindável. Na Alemanha, existem lojas, padarias, lanchonetes, mulheres de lenço na cabeça. A xenofobia é grande, porém, mascarada.

 

O que o mundo iria pensar se um país que já foi palco de um grande racismo adotasse leis contra outro povo?

 

Por outro lado (o lado dos muçulmanos), se existiu uma guerra contra judeus, os alemães gostam de muçulmanos, certo?

 

Onde me alojei, moravam um isralense e um afegão e, por incrível que pareça, se davam muito bem e inclusive viviam fazendo brincadeiras do tipo: Teu país tem o Osama! E o outro cumprimenta: “Hello”, terrorista!

 

Quando a guerra ficou mais cruel, o isralense logo teve de voltar para sua terra natal. Momentos horríveis dentro do prédio. Uma libanesa grávida de sete meses chorava querendo voltar para o seu país, já que estava na iminência de ter o bebê e o marido não estava conseguindo voltar para a Alemanha. Após muito esforço e muitas tentativas invalidas de tentar convencê-la a ficar, ela relutou e conseguiu ir. E não sabemos notícias dela até hoje.

 

 Nesse mesmo dia compro dois jornais. O britânico em sua nota principal usa a palavra: vingança. O italiano fala em massacre. E o povo libanês no meio disto tudo, sem aprovar a guerra, pagando por um pequeno grupo enquanto ingleses e americanos pensam em petróleo.  Volto para o Brasil, vejo que agora as coisas tornaram-se distantes novamente.

 

 

 

 

 

Felizmente, ainda não somos alvos diretos desse tipo de guerrilha.

 

*Bárbara Henriques é aluna de Jornalismo da Unifra e esteve na Alemanha no mês de julho de 2006.

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 Caminhando pelas ruas do centro de uma cidadezinha alemã chamada Freiburg, olhando lojas, a arquitetura totalmente diferente e a semelhança das pessoas que por mim passavam, escuto de longe gritos e buzinas de carros. A multidão quase me atropela e eu fico ali, na ponta dos pés, tentando entender o que estaria acontecendo.

Foi quando estes gritos ficaram mais próximos e pude ver que as pessoas estavam protestando por alguma coisa, carregavam fotos e uma bandeira vermelha e branca. Foi quando tudo cruzou na minha frente e pude entender: a manifestação era contra Israel, as bandeiras eram do Líbano e, lógico, que os Estados Unidos e George W. Bush estavam juntos metidos nessa história: “Gerge Bush terrorista” foi uma das frases gritadas que consegui entender. Logo pensei: Meu Deus! Que momento único. Como a guerra está afetando a vida destas pessoas? Por que no Brasil eu não tinha essa noção?

 

O fato pode ser respondido de uma maneira simples: a quantidade de muçulmanos existente na Europa é infindável. Na Alemanha, existem lojas, padarias, lanchonetes, mulheres de lenço na cabeça. A xenofobia é grande, porém, mascarada.

 

O que o mundo iria pensar se um país que já foi palco de um grande racismo adotasse leis contra outro povo?

 

Por outro lado (o lado dos muçulmanos), se existiu uma guerra contra judeus, os alemães gostam de muçulmanos, certo?

 

Onde me alojei, moravam um isralense e um afegão e, por incrível que pareça, se davam muito bem e inclusive viviam fazendo brincadeiras do tipo: Teu país tem o Osama! E o outro cumprimenta: “Hello”, terrorista!

 

Quando a guerra ficou mais cruel, o isralense logo teve de voltar para sua terra natal. Momentos horríveis dentro do prédio. Uma libanesa grávida de sete meses chorava querendo voltar para o seu país, já que estava na iminência de ter o bebê e o marido não estava conseguindo voltar para a Alemanha. Após muito esforço e muitas tentativas invalidas de tentar convencê-la a ficar, ela relutou e conseguiu ir. E não sabemos notícias dela até hoje.

 

 Nesse mesmo dia compro dois jornais. O britânico em sua nota principal usa a palavra: vingança. O italiano fala em massacre. E o povo libanês no meio disto tudo, sem aprovar a guerra, pagando por um pequeno grupo enquanto ingleses e americanos pensam em petróleo.  Volto para o Brasil, vejo que agora as coisas tornaram-se distantes novamente.

 

 

 

 

 

Felizmente, ainda não somos alvos diretos desse tipo de guerrilha.

 

*Bárbara Henriques é aluna de Jornalismo da Unifra e esteve na Alemanha no mês de julho de 2006.