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Jornalista cobra R$ 650,00 para fazer monografias

Virou anúncio de jornal. Acadêmicos pagam para jornalista elaborar projetos, artigos, trabalhos finais de curso e até dissertação de mestrado. Esquema também envolve mestrando da UFSM.

Na edição do último fim de semana, o Diário de Santa Maria publicou o seguinte anúncio: 
“Monografias – Fazemos a sua, qualidade total, fazemos também projetos, artigos, revisão e diagramação de livros. F: 3217-1758 ou 9116-0130 Reinaldo Vizcarra”.

Ofertas similares são facilmente encontradas em sites da internet, e viraram dor de cabeça nas universidades. Professores e orientadores da graduação e da pós-graduação têm agora, a tarefa de identificar a originalidade e a procedência dos trabalhos produzidos pelos alunos.

Quem contrata tais “serviços” é acusado de fraude, sujeito a sanções e punições.  De acordo com as normas da maioria das universidades, se algum aluno é descoberto nessa prática, é reprovado automaticamente, devendo cursar de novo as disciplinas que envolvem o TFG, elaborar nova monografia e preparar nova defesa.

 Pagar alguém para fazer uma monografia é antiético, mas não é contra lei, segundo Glênio Vênes, advogado. “O problema é que na maioria dos casos esse pessoal faz plágio de obras alheias. Isso é crime, analisado pelo ministério público envolvendo direitos autorais”.  Cláudio Malgarin, assessor jurídico da Unifra, ressalta que em tais casos, o contratado pode ser apontado pelo aluno descoberto como co-autor e  sujeito à indenização por dano patrimonial, uso indevido da obra e indenização por dano moral.

Para descobrir como o esquema funciona em Santa Maria, nossa equipe ligou para o número do anúncio e consultou sobre a elaboração dos serviços. Sem saber que estava sendo investigado para uma matéria, Vizcarra, logo falou: 

“Você já tem um assunto para sua monografia? Olha, não tem problema. A gente se encontra e discute o melhor tema para o projeto”. 

 Vizcarra se apresenta como jornalista, especialista em educação ambiental e mestre em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ganhou o terceiro lugar no Concurso Literário Felippe D’ Oliveira e menção honrosa em 2004. Afirma ter ganho o prêmio também em 2005, e trabalhar no ramo há um ano, com uma média de seis clientes por mês. “A maioria da federal”, diz. 

“Quanto mais cedo às pessoas me ligarem melhor. Hoje o que vale mesmo é estágio e experiência no mercado de trabalho. As pessoas estão muito ocupadas para fazerem monografias”, avisa o jornalista. 

 Para contratá-lo não importa a área de conhecimento. Ele vai atrás de qualquer assunto e o valor varia conforme a área específica. Em média, são cobrados R$ 200,00 por um projeto de 10 páginas. Se a necessidade é de um artigo científico, o valor é R$ 250,00.  O preço da monografia é um pouco mais salgado, R$ 650,00. Já uma dissertação, ramo em que atua ocasionalmente, sai em torno de R$ 1.000,00. Ele não trabalha com teses de doutorado, mas um "auxílio" no processo de qualificação na análise de dados pode custar até R$ 320,00.

No caso da monografia e dissertação o jornalista só faz uma objeção: “Não pode ser pesquisa de campo. Tem de ser revisão bibliográfica, senão fica inviável, demora mais tempo para fazer e sai mais caro para você”. 

Vizcarra argumenta não praticar cópias, nem fazer plágios. Para dar conta da demanda informa ter como parceiro um mestrando em educação da UFSM, cujo nome mantém em sigilo, assim como a identidade de seus clientes. 

 Entramos novamente em contato para Vizcarra, solicitando uma entrevista para a Agência Central Sul. Ele aceitou e admitiu ser autor de monografias de outros acadêmicos. Também disse não estar agindo de forma antiética e comparou seu serviço ao de um antigo escriba egípcio, onde sua função é passar o conhecimento para a forma escrita.  

No entanto, o jornalista não quis confirmar os valores pedidos pelos trabalhos e nem que é auxiliado por um mestrando da UFSM. Ainda foi mais além, “se você tem gravado de alguma pessoa o preço que eu cobro, vou processá-la”.

Nossa equipe informa aos seus leitores que todas as informações foram concedidas pelo entrevistado e estão gravadas. 

Clique aqui para ver na integra a entrevista com Reinaldo Vizcarra.

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Na edição do último fim de semana, o Diário de Santa Maria publicou o seguinte anúncio: 
“Monografias – Fazemos a sua, qualidade total, fazemos também projetos, artigos, revisão e diagramação de livros. F: 3217-1758 ou 9116-0130 Reinaldo Vizcarra”.

Ofertas similares são facilmente encontradas em sites da internet, e viraram dor de cabeça nas universidades. Professores e orientadores da graduação e da pós-graduação têm agora, a tarefa de identificar a originalidade e a procedência dos trabalhos produzidos pelos alunos.

Quem contrata tais “serviços” é acusado de fraude, sujeito a sanções e punições.  De acordo com as normas da maioria das universidades, se algum aluno é descoberto nessa prática, é reprovado automaticamente, devendo cursar de novo as disciplinas que envolvem o TFG, elaborar nova monografia e preparar nova defesa.

 Pagar alguém para fazer uma monografia é antiético, mas não é contra lei, segundo Glênio Vênes, advogado. “O problema é que na maioria dos casos esse pessoal faz plágio de obras alheias. Isso é crime, analisado pelo ministério público envolvendo direitos autorais”.  Cláudio Malgarin, assessor jurídico da Unifra, ressalta que em tais casos, o contratado pode ser apontado pelo aluno descoberto como co-autor e  sujeito à indenização por dano patrimonial, uso indevido da obra e indenização por dano moral.

Para descobrir como o esquema funciona em Santa Maria, nossa equipe ligou para o número do anúncio e consultou sobre a elaboração dos serviços. Sem saber que estava sendo investigado para uma matéria, Vizcarra, logo falou: 

“Você já tem um assunto para sua monografia? Olha, não tem problema. A gente se encontra e discute o melhor tema para o projeto”. 

 Vizcarra se apresenta como jornalista, especialista em educação ambiental e mestre em engenharia de produção pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ganhou o terceiro lugar no Concurso Literário Felippe D’ Oliveira e menção honrosa em 2004. Afirma ter ganho o prêmio também em 2005, e trabalhar no ramo há um ano, com uma média de seis clientes por mês. “A maioria da federal”, diz. 

“Quanto mais cedo às pessoas me ligarem melhor. Hoje o que vale mesmo é estágio e experiência no mercado de trabalho. As pessoas estão muito ocupadas para fazerem monografias”, avisa o jornalista. 

 Para contratá-lo não importa a área de conhecimento. Ele vai atrás de qualquer assunto e o valor varia conforme a área específica. Em média, são cobrados R$ 200,00 por um projeto de 10 páginas. Se a necessidade é de um artigo científico, o valor é R$ 250,00.  O preço da monografia é um pouco mais salgado, R$ 650,00. Já uma dissertação, ramo em que atua ocasionalmente, sai em torno de R$ 1.000,00. Ele não trabalha com teses de doutorado, mas um "auxílio" no processo de qualificação na análise de dados pode custar até R$ 320,00.

No caso da monografia e dissertação o jornalista só faz uma objeção: “Não pode ser pesquisa de campo. Tem de ser revisão bibliográfica, senão fica inviável, demora mais tempo para fazer e sai mais caro para você”. 

Vizcarra argumenta não praticar cópias, nem fazer plágios. Para dar conta da demanda informa ter como parceiro um mestrando em educação da UFSM, cujo nome mantém em sigilo, assim como a identidade de seus clientes. 

 Entramos novamente em contato para Vizcarra, solicitando uma entrevista para a Agência Central Sul. Ele aceitou e admitiu ser autor de monografias de outros acadêmicos. Também disse não estar agindo de forma antiética e comparou seu serviço ao de um antigo escriba egípcio, onde sua função é passar o conhecimento para a forma escrita.  

No entanto, o jornalista não quis confirmar os valores pedidos pelos trabalhos e nem que é auxiliado por um mestrando da UFSM. Ainda foi mais além, “se você tem gravado de alguma pessoa o preço que eu cobro, vou processá-la”.

Nossa equipe informa aos seus leitores que todas as informações foram concedidas pelo entrevistado e estão gravadas. 

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