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Santa Maria, RS, Brazil

O som do futuro

Um computador com acesso à internet e um simples programa para download de arquivos MP3. Dessa maneira, a música chega virtualmente e invade o mundo dos jovens. Entre as vantagens estão as economias de tempo e dinheiro: podemos obter na rede, gratuitamente, discos completos que ainda não chegaram às lojas.

Cada vez mais surgem aparelhos compactos de armazenamento e reprodução de áudio, os MP3 Players. Há também os MP4, que tem uma função a mais em relação ao MP3: assistir vídeos. O mais famoso deles se chama Ipod e pertence à empresa de Informática Apple. Ele foi desenvolvido para que as pessoas acostumadas a baixar músicas pela Internet possam escutá-las em qualquer lugar, com um fone de ouvido. O aparelho é semelhante a um walkman e pode armazenar mais de 500 músicas, dependendo de seu modelo.

Levando em conta que um CD possui, em média, 15 faixas, seria necessário pelo menos 26 discos para armazenar a mesma quantidade de músicas. Se você tivesse que escolher entre carregar 26 CDs ou um aparelhinho que cabe em qualquer bolso de sua roupa, qual seria sua escolha?

O sucesso desses aparelhos se deve à sua praticidade. Além  de utilizar pouco espaço nos computadores, o arquivo possui uma qualidade sonora muito similar a do CD convencional. Porém, o diferencial entre esta e todas as outras revoluções tecnológicas está no fato de que, se a novidade é considerada a maravilha do século para o público consumidor de música, para a indústria fonográfica ela  representa a maior de todas as ameaças.

No Brasil, fazer o download de um arquivo MP3 que está legalmente disponível na rede é como gravar uma música que toca na rádio em uma fita cassete. Ou seja, não é ilegal. Mas a distribuição não autorizada de músicas é crime de pirataria.

Um camelô, que prefere não se identificar, tira o seu sustento da venda de CDs e DVDs piratas no centro de Santa Maria. Ele diz que não faz as cópias, apenas revende. “Compro de um pessoal que copia tudo o que é lançamento. Dá pra lucrar bastante”, garante o ambulante. Em média, ele vende 15 unidades por dia. “Às vezes  vendemos mais, como nas épocas de Natal. Entre CD’s e DVD’s, cheguei a vender quase 50 num único dia”, comemora o vendedor. 

Para a vendedora de uma loja de discos, Caroline Nunes, 25 anos, as causas para a preferência dos discos piratas são óbvias: a renda média da população brasileira é muito menor do que a renda média de pessoas dos países de primeiro mundo. “Aqui nós pagamos três vezes mais caro por um CD. O arquivo virtual é mais acessível financeiramente e não exige espaço físico”, garante. O estudante Fabrício Melo, 18 anos, questiona: “Por que vou pagar R$40 por um CD que compro por R$3?”.

Os consumidores comemoram. Para o estudante de Engenharia Mecânica, Vitor Hugo Bálsamo, 19 anos, a invenção do MP3 trouxe benefícios imediatos. “Minha coleção de músicas cresceu como não cresceria em cem anos. Além de dinheiro, eu gastava tempo atrás de CD’s que nunca chegavam às lojas. Se antes eu comprava um disco por mês, hoje baixo três por semana”, conta.

Na opinião do DJ Orzabal, as bandas novas precisam utilizar a Internet para encontrar caminhos alternativos de divulgação do seu trabalho. A Nookie, banda na qual ele toca, gravou o primeiro CD em 2005, e após venceram um concurso musical, lançaram seu disco pela gravadora Orbeat Music. Durante os shows, eles mesmos vendem os CD’s. “A gravadora vende em maior quantidade nas lojas, mas nós conseguimos mais lucro nos CDs vendidos nos shows”, diz o DJ.

Mesmo tendo alguma experiência no meio musical, o músico não arrisca um palpite sobre o futuro do mercado fonográfico. Ele comenta que as produções independentes e pequenas gravadoras estão ganhando cada vez mais importância. Apesar de agora não ser independente, a banda continua disponibilizando algumas músicas no site do grupo: www.nookie.com.br

Uma solução que agrade ambas as partes envolvidas nesta batalha parece ainda estar distante, apesar das inúmeras tentativas de proibição, por parte das gravadoras, do uso desautorizado de MP3. O que tudo indica é que, enquanto tal situação não estiver regularizada assistiremos à massificação desta nova tecnologia que agrada ao bolso daqueles que já não pagam mais pela música.

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Um computador com acesso à internet e um simples programa para download de arquivos MP3. Dessa maneira, a música chega virtualmente e invade o mundo dos jovens. Entre as vantagens estão as economias de tempo e dinheiro: podemos obter na rede, gratuitamente, discos completos que ainda não chegaram às lojas.

Cada vez mais surgem aparelhos compactos de armazenamento e reprodução de áudio, os MP3 Players. Há também os MP4, que tem uma função a mais em relação ao MP3: assistir vídeos. O mais famoso deles se chama Ipod e pertence à empresa de Informática Apple. Ele foi desenvolvido para que as pessoas acostumadas a baixar músicas pela Internet possam escutá-las em qualquer lugar, com um fone de ouvido. O aparelho é semelhante a um walkman e pode armazenar mais de 500 músicas, dependendo de seu modelo.

Levando em conta que um CD possui, em média, 15 faixas, seria necessário pelo menos 26 discos para armazenar a mesma quantidade de músicas. Se você tivesse que escolher entre carregar 26 CDs ou um aparelhinho que cabe em qualquer bolso de sua roupa, qual seria sua escolha?

O sucesso desses aparelhos se deve à sua praticidade. Além  de utilizar pouco espaço nos computadores, o arquivo possui uma qualidade sonora muito similar a do CD convencional. Porém, o diferencial entre esta e todas as outras revoluções tecnológicas está no fato de que, se a novidade é considerada a maravilha do século para o público consumidor de música, para a indústria fonográfica ela  representa a maior de todas as ameaças.

No Brasil, fazer o download de um arquivo MP3 que está legalmente disponível na rede é como gravar uma música que toca na rádio em uma fita cassete. Ou seja, não é ilegal. Mas a distribuição não autorizada de músicas é crime de pirataria.

Um camelô, que prefere não se identificar, tira o seu sustento da venda de CDs e DVDs piratas no centro de Santa Maria. Ele diz que não faz as cópias, apenas revende. “Compro de um pessoal que copia tudo o que é lançamento. Dá pra lucrar bastante”, garante o ambulante. Em média, ele vende 15 unidades por dia. “Às vezes  vendemos mais, como nas épocas de Natal. Entre CD’s e DVD’s, cheguei a vender quase 50 num único dia”, comemora o vendedor. 

Para a vendedora de uma loja de discos, Caroline Nunes, 25 anos, as causas para a preferência dos discos piratas são óbvias: a renda média da população brasileira é muito menor do que a renda média de pessoas dos países de primeiro mundo. “Aqui nós pagamos três vezes mais caro por um CD. O arquivo virtual é mais acessível financeiramente e não exige espaço físico”, garante. O estudante Fabrício Melo, 18 anos, questiona: “Por que vou pagar R$40 por um CD que compro por R$3?”.

Os consumidores comemoram. Para o estudante de Engenharia Mecânica, Vitor Hugo Bálsamo, 19 anos, a invenção do MP3 trouxe benefícios imediatos. “Minha coleção de músicas cresceu como não cresceria em cem anos. Além de dinheiro, eu gastava tempo atrás de CD’s que nunca chegavam às lojas. Se antes eu comprava um disco por mês, hoje baixo três por semana”, conta.

Na opinião do DJ Orzabal, as bandas novas precisam utilizar a Internet para encontrar caminhos alternativos de divulgação do seu trabalho. A Nookie, banda na qual ele toca, gravou o primeiro CD em 2005, e após venceram um concurso musical, lançaram seu disco pela gravadora Orbeat Music. Durante os shows, eles mesmos vendem os CD’s. “A gravadora vende em maior quantidade nas lojas, mas nós conseguimos mais lucro nos CDs vendidos nos shows”, diz o DJ.

Mesmo tendo alguma experiência no meio musical, o músico não arrisca um palpite sobre o futuro do mercado fonográfico. Ele comenta que as produções independentes e pequenas gravadoras estão ganhando cada vez mais importância. Apesar de agora não ser independente, a banda continua disponibilizando algumas músicas no site do grupo: www.nookie.com.br

Uma solução que agrade ambas as partes envolvidas nesta batalha parece ainda estar distante, apesar das inúmeras tentativas de proibição, por parte das gravadoras, do uso desautorizado de MP3. O que tudo indica é que, enquanto tal situação não estiver regularizada assistiremos à massificação desta nova tecnologia que agrada ao bolso daqueles que já não pagam mais pela música.