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Santa Maria, RS, Brazil

O Theatro como nem sempre foi

 Quando se fala no Theatro Treze de Maio, pode-se imaginar que ele sempre foi assim, um teatro.  O prédio foi espaço para efervescência cultural entre 1890 e 1913. E, também, em outras épocas, palco de atividades, como a redação de um jornal, Foro da Comarca, biblioteca pública e centro cultural.A construção de um prédio que pudesse ser chamado de teatro era o anseio dos moradores de Santa Maria e só foi idealizada em 1888, por João Daudt Filho, o primeiro farmacêutico santa-mariense. Antes disso, a dramaturgia vivia nos palcos improvisados em salões da cidade.

A Igreja da Matriz estava em ruínas e foi arrematada em leilão judicial por Daudt Filho, em 23 de dezembro de 1888.  A madeira da velha igreja transformou-se no teatro público tão esperado. Em 27 de janeiro de 1889, Daudt convoca a população para uma reunião na Câmara de Vereadores, onde declara sua iniciativa de fundar uma sociedade para construir um teatro.

Os primeiros recursos foram destinados à compra do terreno, no centro da cidade. A obra ficou por conta do arquiteto e ator Carlos Boldrin e finalizada no ano seguinte, em 1890. Começava uma nova era nas expressões artísticas da cidade, como Daudt lembra, em suas memórias, em 1936: “Não podia ser mais feliz e tranqüila a vida que por muitos anos levara em Santa Maria, sem outras preocupações a não ser o árduo e constante trabalho da minha profissão, no bem estar da minha família e na alegria de viver naquela pacata
cidadezinha que eu agitava em permanentes diversões no Theatro 13 de Maio, construído por minha iniciativa”.

Até 1913, o Theatro foi mesmo um teatro. Naquela época, o trem era o mais importante meio de transporte e a estação férrea movimentava Santa Maria. As estradas de ferro traziam até a cidade diversos artistas, que mesmo só de passagem, acabavam visitando o Treze de Maio. Pisaram no palco companhias alemãs, espanholas e italianas, concertistas, ilusionistas e declamadores.

Os anos de agitação cultural duraram até 1913, quando a Intendência Municipal comprou o prédio. “Finalmente, após um período de efervescência, o Theatro Treze de Maio deu lugar ao cinema Recreio Ideal – que funcionou na parte superior do prédio – e, pouco depois, ao jornal Diário do Interior”, registrou o escritor Getulio Schilling.

Em 1916, o espaço foi sede da redação do jornal Diário do Interior e depois foi, ainda, o Foro da cidade. A partir de 1939, o prédio do teatro transforma-se na biblioteca pública. Paulo Cassel, 77 anos, lembra da época em que trabalhou na biblioteca, do movimento, das constantes visitas de aposentados e estudantes.

Onde hoje é a biblioteca pública, na Avenida Presidente Vargas, seria feito um novo teatro. O projeto da prefeitura, na época o prefeito era José Farret, ficou inacabado. O sucessor foi Evandro Behr, que se deparou com uma outra proposta: por que não recuperar o antigo Theatro Treze de Maio? E foi assim, trocou-se a biblioteca para o quase teatro e o novo teatro ficou onde sempre foi, na Praça Saldanha Marinho. Como explica o diretor técnico do Theatro Treze de Maio, Gustavo Isaia, que participou dos dois projetos: “Aonde está a biblioteca propriamente dita era a entrada do teatro, que a gente chama de foyer. Aquela praça que tem ali no meio era a platéia e onde está a Secretaria de Cultura hoje, era o palco. O teatro era daquele tamanho”.

Isso era início dos anos 90, cem anos depois da construção do prédio. Cem anos de metamorfoses e que na transição da biblioteca para o novo e velho teatro rendeu polêmica na cidade, como recorda Cassel: “Eu acho que ali não era lugar para teatro. Teatro tem que ter estacionamento, tem que ser num lugar mais retirado. E aí enchia essa biblioteca. Esses dias, eu falei com alguns colegas (que trabalham na biblioteca) e eles disseram :‘Ah Seu Paulo! Não vem mais ninguém’”.

Depois de muita discussão, a cara nova do antigo Treze de Maio já completa nove anos. A comunidade de Santa Maria mobilizou-se para auxiliar na recuperação do espaço cultural e do prédio. Nascia em 1993 a Associação de Amigos do Theatro Treze de Maio (AATTM). Entre outubro de 95 e maio de 97, foi restabelecida a identidade do prédio como um teatro. No dia 26 de maio comemorou-se nove anos da reinauguração.

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 Quando se fala no Theatro Treze de Maio, pode-se imaginar que ele sempre foi assim, um teatro.  O prédio foi espaço para efervescência cultural entre 1890 e 1913. E, também, em outras épocas, palco de atividades, como a redação de um jornal, Foro da Comarca, biblioteca pública e centro cultural.A construção de um prédio que pudesse ser chamado de teatro era o anseio dos moradores de Santa Maria e só foi idealizada em 1888, por João Daudt Filho, o primeiro farmacêutico santa-mariense. Antes disso, a dramaturgia vivia nos palcos improvisados em salões da cidade.

A Igreja da Matriz estava em ruínas e foi arrematada em leilão judicial por Daudt Filho, em 23 de dezembro de 1888.  A madeira da velha igreja transformou-se no teatro público tão esperado. Em 27 de janeiro de 1889, Daudt convoca a população para uma reunião na Câmara de Vereadores, onde declara sua iniciativa de fundar uma sociedade para construir um teatro.

Os primeiros recursos foram destinados à compra do terreno, no centro da cidade. A obra ficou por conta do arquiteto e ator Carlos Boldrin e finalizada no ano seguinte, em 1890. Começava uma nova era nas expressões artísticas da cidade, como Daudt lembra, em suas memórias, em 1936: “Não podia ser mais feliz e tranqüila a vida que por muitos anos levara em Santa Maria, sem outras preocupações a não ser o árduo e constante trabalho da minha profissão, no bem estar da minha família e na alegria de viver naquela pacata
cidadezinha que eu agitava em permanentes diversões no Theatro 13 de Maio, construído por minha iniciativa”.

Até 1913, o Theatro foi mesmo um teatro. Naquela época, o trem era o mais importante meio de transporte e a estação férrea movimentava Santa Maria. As estradas de ferro traziam até a cidade diversos artistas, que mesmo só de passagem, acabavam visitando o Treze de Maio. Pisaram no palco companhias alemãs, espanholas e italianas, concertistas, ilusionistas e declamadores.

Os anos de agitação cultural duraram até 1913, quando a Intendência Municipal comprou o prédio. “Finalmente, após um período de efervescência, o Theatro Treze de Maio deu lugar ao cinema Recreio Ideal – que funcionou na parte superior do prédio – e, pouco depois, ao jornal Diário do Interior”, registrou o escritor Getulio Schilling.

Em 1916, o espaço foi sede da redação do jornal Diário do Interior e depois foi, ainda, o Foro da cidade. A partir de 1939, o prédio do teatro transforma-se na biblioteca pública. Paulo Cassel, 77 anos, lembra da época em que trabalhou na biblioteca, do movimento, das constantes visitas de aposentados e estudantes.

Onde hoje é a biblioteca pública, na Avenida Presidente Vargas, seria feito um novo teatro. O projeto da prefeitura, na época o prefeito era José Farret, ficou inacabado. O sucessor foi Evandro Behr, que se deparou com uma outra proposta: por que não recuperar o antigo Theatro Treze de Maio? E foi assim, trocou-se a biblioteca para o quase teatro e o novo teatro ficou onde sempre foi, na Praça Saldanha Marinho. Como explica o diretor técnico do Theatro Treze de Maio, Gustavo Isaia, que participou dos dois projetos: “Aonde está a biblioteca propriamente dita era a entrada do teatro, que a gente chama de foyer. Aquela praça que tem ali no meio era a platéia e onde está a Secretaria de Cultura hoje, era o palco. O teatro era daquele tamanho”.

Isso era início dos anos 90, cem anos depois da construção do prédio. Cem anos de metamorfoses e que na transição da biblioteca para o novo e velho teatro rendeu polêmica na cidade, como recorda Cassel: “Eu acho que ali não era lugar para teatro. Teatro tem que ter estacionamento, tem que ser num lugar mais retirado. E aí enchia essa biblioteca. Esses dias, eu falei com alguns colegas (que trabalham na biblioteca) e eles disseram :‘Ah Seu Paulo! Não vem mais ninguém’”.

Depois de muita discussão, a cara nova do antigo Treze de Maio já completa nove anos. A comunidade de Santa Maria mobilizou-se para auxiliar na recuperação do espaço cultural e do prédio. Nascia em 1993 a Associação de Amigos do Theatro Treze de Maio (AATTM). Entre outubro de 95 e maio de 97, foi restabelecida a identidade do prédio como um teatro. No dia 26 de maio comemorou-se nove anos da reinauguração.