Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Para viver mais que uma borboleta

                                           

Mais um final de semana em Porto Alegre. No Rio Grande do Sul, as temperaturas baixas são um desafio para quem quer sair à noite. Mesmo assim, milhares de adolescentes não estão preocupados com os termômetros e saem em busca de diversão. Na madrugada, algum deles, segundo as estatísticas, pode perder a vida em acidente de trânsito. Infelizmente, é o que acontece. O estudante Thiago de Moraes Gonzaga, de 16 anos, foi vítima da perigosa combinação entre álcool e direção. Ele não saiu de carro, mas pegou carona com um amigo que bebeu demais e dirigiu. O veículo em que estavam chocou-se contra um contêiner de lixo colocado irregularmente na rua.  

O fato aconteceu no dia 20 de maio de 1995. Nesses 11 anos, muitos jove ns morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil. Outras histórias poderiam ser contadas, mas a de Thiago é peculiar. As palavras da mãe, Diza de Moraes Gonzaga, explicam o porquê: “eu sabia que tinha que fazer alguma coisa para que outros pais não passassem por essa dor e outros jovens lindos como meu filho não perdessem a vida”.

No dia 13 de maio de 1996, data em que Thiago completaria 17 anos, nasceu a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, com sede em Porto Alegre. Sete dias depois era lançada a Campanha Vida Urgente com uma série de ações realizadas pela fundação, como a Madrugada Viva e Borboletas pela Vida. A intenção da ONG (Organização Não-Governamental) é prevenir acidentes de trânsito que resultam da perigosa combinação entre álcool e direção, principalmente entre os jovens. O nome dado ao movimento foi idéia de Diza. “Quem me conhece, quem conviveu comigo naqueles primeiros dias sabe que eu dizia: Vida Urgente. Não é possível que o Thiago lindo, que eu fui levar em uma festa, não tenha voltado para casa”, lembra a mãe.

        O início de uma nova realidade para a família, com a perda de Thiago, foi difícil. A vida de Diza Gonzaga mudou . “De arquiteta eu acho que não tenho mais nada”. Atualmente, a coordenadora do Movimento Vida Urgente se dedica quase que exclusivamente à fundação. Como deixou de lado a profissão, o marido, Régis Gonzaga, tomou conta das finanças da casa – o casal têm mais cinco filhos.

 

O tempo mostra que o trabalho de Diza tem respaldo na sociedade, pois muitos acreditam nessa causa. Outros pais que também perderam filhos nas mesmas circunstâncias da família Gonzaga implantaram sedes do Vida Urgente nas cidades onde residem. No Rio Grande do Sul, os núcleos do movimento estão presentes em Santa Maria (foto ao lado), Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Garibaldi, Erechim, São Leopoldo, Bagé, Canoas e Palmares do Sul. Garopaba, em Santa Catarina, também abriga um núcleo do Vida Urgente.

 

Equipe

        No dia 13 de maio de 2006, a ONG completou 10 anos. Um dos motivos para o sucesso do trabalho desenvolvido é a presença de voluntários. “A fundação não existe, não é nada sem eles. E ela só funciona com esse exército de jovens”, afirma Diza Gonzaga.

A fundação tem registro de  4.752 voluntários. E, de todos eles, apenas 3% têm histórico de acidentes na família. “Faz dois anos q ue eu entrei no Vida Urgente e o principal motivo que me trouxe foi a vontade mesmo de fazer algum trabalho voluntário. Não tenho históricos na família de acidentes de trânsito, é só vontade de ajudar e conscientizar o jovem sobre os perigos de beber e dirigir”, diz o universitário Ricardo Zanatta, 25 anos (na foto ao lado, o 2º da esq. para direita, com outros voluntários do Vida Urgente em Santa Maria).

        Na fundação desde 1998, Jorge Curtis, 26 anos, é o atual coordenador de voluntários na capital. Ele salienta que o Vida Urgente educa o jovem de hoje para não punir o homem de amanhã. “Quando a gente tá abordando, a única coisa que a gente quer é alertar a galera: ‘Se beber não dirija, bebida e direção, essa dupla é de morte´”. Jorginho, como é conhecido na instituição, também fala das lições aprendidas nesses oito anos de voluntariado: “Se qualquer coisa que eu fiz ou qualquer dia que troquei se adiantou pra mudar a vida de uma pessoa, eu já acho que valeu a pena, porque uma vida vale muito a pena”. O coordenador complementa: “a gente não é contra a bebida. Na verdade. a gente não é contra nada, mas sim a favor da vida”.

       Numa das principais ações do Vida Urgente, o ‘Madrugada Viva’,  60 voluntários são escalados em Porto Alegre para visitar bares e restaurantes onde a vida noturna é mais intensa. O ônibus é o meio de transporte, mas a motivação é o combustível para realizarem a missão de conscientizar os jovens de que bebida alcoólica e direção representam uma dupla de morte e, acima de tudo, aconselhar aqueles que estão bebendo de que arrumem uma carona. Vale a distribuição de panfletos e, para os que bebem, o teste do bafômetro. Quem é reprovado no ‘exame’ ganha um adesivo vermelho com a seguinte inscrição: “Tomei todas. Quero carona”.

        Se grife é sinônimo de admiração e respeito, então o Vida Urgente já adquiriu esse nível. Segundo Sérgio Neglia, diretor-executivo da Fundação Thiago Gonzaga, eles são respeitados em qualquer lugar, não importa onde as ações sejam desenvolvidas. A recepção das pessoas, surpreende Ceres Zasso Zago, coordenadora do Vida Urgente em Santa Maria. “A própria sociedade e a transmissão oral de um jovem para o outro se encarregou de fazer com que o movimento se tornasse muito grande. Ele é grande na cabeça, no visual, é grande na representação que tem frente ao transito”, destaca Ceres.

Registro total de voluntários

4752
No Rio Grande do Sul 4273
Voluntários de Porto Alegre 2884
Voluntários de Santa Maria 94

 

Borboletas pela vida

        A borboleta virou o símbolo da campanha. O motivo é simples: Thiago era considerado em casa um ‘pesquisador borboleta’, pois assim como o bicho, tinha diversas atividades. Fazia de tudo um pouco: judô, basquete, natação, aula de guitarra etc. E, assim como uma mariposa, ele viveu pouco tempo. Hoje, principalmente no Rio Grande do Sul, é bastante comum a identificação da borboleta com o movimento.

     Ao andar de carro em Porto Alegre ou em alguma das 10 cidades onde o Vida Urgente possui núcleos e se deparar com uma borboleta pintada em branco na rua (como na foto da esquina entre as ruas Andradas e Duque de Caxias, da cidade gaúcha de Santa Maria), reduza a velocidade. Naquele lugar, alguém perdeu a vida vítima de u m acidente de trânsito.

O projeto surgiu há três anos. Conforme Ceres Zago, a Brigada Militar (a Polícia Militar do estado) passa uma lista com os locais onde pessoas perderam a vida. A pintura é realizada, principalmente, onde jovens perderam a vida . “Podem ser jovens ou não, mas a gente prima para que sejam jovens”, conta Ceres. A primeira borboleta pintada em Porto Alegre foi a de Thiago Gonzaga e a primeira em Santa Maria foi a de Giulliano Zasso Zago (filho de Ceres Zago), que também foi uma vítima da perigosa combinação de álcool e direção.  

        A cor da pintura é branca, pois simboliza a paz. Entretanto, o objetivo não é aterrorizar quem passa pelo local, já que naquele lugar alguém morreu, mas proporcionar um momento de reflexão sobre os perigos do trânsito. “O que nós queremos é que o motorista quando enxergue a borboleta, tire o pé do acelerador”, explica Ceres.

A iniciativa do movimento com essa ação mostra que salvar vidas – prevenindo acidentes no trânsito – é a meta da Fundação Thiago Gonzaga. Diza Gonzaga resume o sentimento da fundação quando o assunto é trânsito: ”Para nós da Fundação Thiago Gonzaga, da campanha Vida Urgente, o que circulam nas ruas, nas avenidas, nas estradas, não são máquinas, são vidas. Então, nós trouxemos a parte de humanização do trânsito. Não somos técnicos do trânsito, nem queremos ser. Nós falamos de uma cultura: o que está matando no trânsito não é o desconhecimento da sinalização, é uma cultura que diz que pra ser feliz tem que correr, tem que beber. Essa cultura que está nas revistas, na televisão, nos jornais, nos filmes, é que nós estamos tentando desmistificar”.

Veja algumas das ações desenvolvidas pelo grupo

Madrugada Viva

Grupos de 60 voluntários que percorrem os locais onde a vida noturna é mais intensa conscientizando as pessoas sobre a perigosa combinação de álcool e direção. Folders informativos são entregues na ação.

Moto Vida

É realizada uma blitz para distribuição de adesivos para capacetes, acompanhados de folder alertando sobre dados estatísticos e incentivando o uso de capacete e a moderação da velocidade.

DM Vida Urgente na estrada

Voluntários do Vida Urgente e da DM Transporte e Logística Internacional conversam com motoristas de caminhão e de carro sobre os cuidados que ambos devem ter ao pegarem a estrada.

Borboletas pela Vida

Pinturas de borboletas que sinalizam os locais onde o trânsito deixou marcas e vidas se foram.

Curso de Capacitação de Voluntariado Jovem

Tem o objetivo de formar multiplicadores da idéia de preservação da Vida. Os jovens são preparados para serem agentes de transformação em suas comunidades.

 

ENTREVISTA – Ceres Zasso Zago, coordenadora do núcleo Vida Urgente em Santa Maria

 “O que a gente quer com a borboleta? Queremos paz”

 

 

Agencia CentralsulO que representa o movimento Vida Urgente?

Ceres  “O movimento Vida Urgente, até pela palavra, representa a vida. Urgente, porque a mensagem que se passa é para o jovem. Então o jovem não se dá conta de que a vida pode ser bem mais demorada, bem mais longa, bem mais expressiva e ele vai a ‘mil por hora’”.

ACS Como é vista a recepção do movimento pela sociedade? Até por ter se espalhado pelo Rio Grande do Sul,  o Vida Urgente é bem recebido.

Ceres – “Ele é bem recebido e, às vezes, até surpreende quando a gente vai dar, por exemplo, uma palestra ou conversar com os jovens em uma escola; eles têm quase toda a informação que quer se passar naquela hora”.

ACSÉ realizado também um trabalho que visa educar as crianças para que não cometam erros no futuro.

Ceres – “A gente educa a criança de uma maneira bem lúdica, elas já se interam no conceito principal que é o Vida Urgente, né. Uma fundação de prevenção aos acidentes de trânsito”.

ACSVocês pintam borboletas em alguns locais da cidade. Então, por que pintar e o que ela representa?

Ceres – “Isso aí é um projeto; faz parte do projeto ‘Borboletas pela Vida’. Ele surgiu há três anos. A idéia principal foi tirada do Chile onde eles colocam cruzes nas estradas para mostrar onde uma pessoa perde a vida. Aí, a gente pensou em colocar o nosso símbolo. Por que pela vida? Porque alguém perdeu a vida naquele lugar onde está colocada a borboleta. Simboliza que alguém morreu ali. Tem muita gente de famílias que perderam alguém que vão lá na sede pedir a pintura da borboleta. O que a gente quer com a borboleta? Ela é branca porque queremos paz. O que nós queremos é que o motorista quando enxergue a borboleta, tire o pé do acelerador. Pois, aquela borboleta representa a vida dele. Vamos cuidar a nossa vida, preservar a nossa vida no trânsito para que amanhã depois não sejamos uma borboleta no asfalto”.

Fotos: Núcleo de Fotografia e Memória (Rodrigo Simões) e Marcel Neves (da Redação)

LEIA TAMBÉM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Adicione o texto do seu título aqui

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

                                           

Mais um final de semana em Porto Alegre. No Rio Grande do Sul, as temperaturas baixas são um desafio para quem quer sair à noite. Mesmo assim, milhares de adolescentes não estão preocupados com os termômetros e saem em busca de diversão. Na madrugada, algum deles, segundo as estatísticas, pode perder a vida em acidente de trânsito. Infelizmente, é o que acontece. O estudante Thiago de Moraes Gonzaga, de 16 anos, foi vítima da perigosa combinação entre álcool e direção. Ele não saiu de carro, mas pegou carona com um amigo que bebeu demais e dirigiu. O veículo em que estavam chocou-se contra um contêiner de lixo colocado irregularmente na rua.  

O fato aconteceu no dia 20 de maio de 1995. Nesses 11 anos, muitos jove ns morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil. Outras histórias poderiam ser contadas, mas a de Thiago é peculiar. As palavras da mãe, Diza de Moraes Gonzaga, explicam o porquê: “eu sabia que tinha que fazer alguma coisa para que outros pais não passassem por essa dor e outros jovens lindos como meu filho não perdessem a vida”.

No dia 13 de maio de 1996, data em que Thiago completaria 17 anos, nasceu a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, com sede em Porto Alegre. Sete dias depois era lançada a Campanha Vida Urgente com uma série de ações realizadas pela fundação, como a Madrugada Viva e Borboletas pela Vida. A intenção da ONG (Organização Não-Governamental) é prevenir acidentes de trânsito que resultam da perigosa combinação entre álcool e direção, principalmente entre os jovens. O nome dado ao movimento foi idéia de Diza. “Quem me conhece, quem conviveu comigo naqueles primeiros dias sabe que eu dizia: Vida Urgente. Não é possível que o Thiago lindo, que eu fui levar em uma festa, não tenha voltado para casa”, lembra a mãe.

        O início de uma nova realidade para a família, com a perda de Thiago, foi difícil. A vida de Diza Gonzaga mudou . “De arquiteta eu acho que não tenho mais nada”. Atualmente, a coordenadora do Movimento Vida Urgente se dedica quase que exclusivamente à fundação. Como deixou de lado a profissão, o marido, Régis Gonzaga, tomou conta das finanças da casa – o casal têm mais cinco filhos.

 

O tempo mostra que o trabalho de Diza tem respaldo na sociedade, pois muitos acreditam nessa causa. Outros pais que também perderam filhos nas mesmas circunstâncias da família Gonzaga implantaram sedes do Vida Urgente nas cidades onde residem. No Rio Grande do Sul, os núcleos do movimento estão presentes em Santa Maria (foto ao lado), Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Garibaldi, Erechim, São Leopoldo, Bagé, Canoas e Palmares do Sul. Garopaba, em Santa Catarina, também abriga um núcleo do Vida Urgente.

 

Equipe

        No dia 13 de maio de 2006, a ONG completou 10 anos. Um dos motivos para o sucesso do trabalho desenvolvido é a presença de voluntários. “A fundação não existe, não é nada sem eles. E ela só funciona com esse exército de jovens”, afirma Diza Gonzaga.

A fundação tem registro de  4.752 voluntários. E, de todos eles, apenas 3% têm histórico de acidentes na família. “Faz dois anos q ue eu entrei no Vida Urgente e o principal motivo que me trouxe foi a vontade mesmo de fazer algum trabalho voluntário. Não tenho históricos na família de acidentes de trânsito, é só vontade de ajudar e conscientizar o jovem sobre os perigos de beber e dirigir”, diz o universitário Ricardo Zanatta, 25 anos (na foto ao lado, o 2º da esq. para direita, com outros voluntários do Vida Urgente em Santa Maria).

        Na fundação desde 1998, Jorge Curtis, 26 anos, é o atual coordenador de voluntários na capital. Ele salienta que o Vida Urgente educa o jovem de hoje para não punir o homem de amanhã. “Quando a gente tá abordando, a única coisa que a gente quer é alertar a galera: ‘Se beber não dirija, bebida e direção, essa dupla é de morte´”. Jorginho, como é conhecido na instituição, também fala das lições aprendidas nesses oito anos de voluntariado: “Se qualquer coisa que eu fiz ou qualquer dia que troquei se adiantou pra mudar a vida de uma pessoa, eu já acho que valeu a pena, porque uma vida vale muito a pena”. O coordenador complementa: “a gente não é contra a bebida. Na verdade. a gente não é contra nada, mas sim a favor da vida”.

       Numa das principais ações do Vida Urgente, o ‘Madrugada Viva’,  60 voluntários são escalados em Porto Alegre para visitar bares e restaurantes onde a vida noturna é mais intensa. O ônibus é o meio de transporte, mas a motivação é o combustível para realizarem a missão de conscientizar os jovens de que bebida alcoólica e direção representam uma dupla de morte e, acima de tudo, aconselhar aqueles que estão bebendo de que arrumem uma carona. Vale a distribuição de panfletos e, para os que bebem, o teste do bafômetro. Quem é reprovado no ‘exame’ ganha um adesivo vermelho com a seguinte inscrição: “Tomei todas. Quero carona”.

        Se grife é sinônimo de admiração e respeito, então o Vida Urgente já adquiriu esse nível. Segundo Sérgio Neglia, diretor-executivo da Fundação Thiago Gonzaga, eles são respeitados em qualquer lugar, não importa onde as ações sejam desenvolvidas. A recepção das pessoas, surpreende Ceres Zasso Zago, coordenadora do Vida Urgente em Santa Maria. “A própria sociedade e a transmissão oral de um jovem para o outro se encarregou de fazer com que o movimento se tornasse muito grande. Ele é grande na cabeça, no visual, é grande na representação que tem frente ao transito”, destaca Ceres.

Registro total de voluntários

4752
No Rio Grande do Sul 4273
Voluntários de Porto Alegre 2884
Voluntários de Santa Maria 94

 

Borboletas pela vida

        A borboleta virou o símbolo da campanha. O motivo é simples: Thiago era considerado em casa um ‘pesquisador borboleta’, pois assim como o bicho, tinha diversas atividades. Fazia de tudo um pouco: judô, basquete, natação, aula de guitarra etc. E, assim como uma mariposa, ele viveu pouco tempo. Hoje, principalmente no Rio Grande do Sul, é bastante comum a identificação da borboleta com o movimento.

     Ao andar de carro em Porto Alegre ou em alguma das 10 cidades onde o Vida Urgente possui núcleos e se deparar com uma borboleta pintada em branco na rua (como na foto da esquina entre as ruas Andradas e Duque de Caxias, da cidade gaúcha de Santa Maria), reduza a velocidade. Naquele lugar, alguém perdeu a vida vítima de u m acidente de trânsito.

O projeto surgiu há três anos. Conforme Ceres Zago, a Brigada Militar (a Polícia Militar do estado) passa uma lista com os locais onde pessoas perderam a vida. A pintura é realizada, principalmente, onde jovens perderam a vida . “Podem ser jovens ou não, mas a gente prima para que sejam jovens”, conta Ceres. A primeira borboleta pintada em Porto Alegre foi a de Thiago Gonzaga e a primeira em Santa Maria foi a de Giulliano Zasso Zago (filho de Ceres Zago), que também foi uma vítima da perigosa combinação de álcool e direção.  

        A cor da pintura é branca, pois simboliza a paz. Entretanto, o objetivo não é aterrorizar quem passa pelo local, já que naquele lugar alguém morreu, mas proporcionar um momento de reflexão sobre os perigos do trânsito. “O que nós queremos é que o motorista quando enxergue a borboleta, tire o pé do acelerador”, explica Ceres.

A iniciativa do movimento com essa ação mostra que salvar vidas – prevenindo acidentes no trânsito – é a meta da Fundação Thiago Gonzaga. Diza Gonzaga resume o sentimento da fundação quando o assunto é trânsito: ”Para nós da Fundação Thiago Gonzaga, da campanha Vida Urgente, o que circulam nas ruas, nas avenidas, nas estradas, não são máquinas, são vidas. Então, nós trouxemos a parte de humanização do trânsito. Não somos técnicos do trânsito, nem queremos ser. Nós falamos de uma cultura: o que está matando no trânsito não é o desconhecimento da sinalização, é uma cultura que diz que pra ser feliz tem que correr, tem que beber. Essa cultura que está nas revistas, na televisão, nos jornais, nos filmes, é que nós estamos tentando desmistificar”.

Veja algumas das ações desenvolvidas pelo grupo

Madrugada Viva

Grupos de 60 voluntários que percorrem os locais onde a vida noturna é mais intensa conscientizando as pessoas sobre a perigosa combinação de álcool e direção. Folders informativos são entregues na ação.

Moto Vida

É realizada uma blitz para distribuição de adesivos para capacetes, acompanhados de folder alertando sobre dados estatísticos e incentivando o uso de capacete e a moderação da velocidade.

DM Vida Urgente na estrada

Voluntários do Vida Urgente e da DM Transporte e Logística Internacional conversam com motoristas de caminhão e de carro sobre os cuidados que ambos devem ter ao pegarem a estrada.

Borboletas pela Vida

Pinturas de borboletas que sinalizam os locais onde o trânsito deixou marcas e vidas se foram.

Curso de Capacitação de Voluntariado Jovem

Tem o objetivo de formar multiplicadores da idéia de preservação da Vida. Os jovens são preparados para serem agentes de transformação em suas comunidades.

 

ENTREVISTA – Ceres Zasso Zago, coordenadora do núcleo Vida Urgente em Santa Maria

 “O que a gente quer com a borboleta? Queremos paz”

 

 

Agencia CentralsulO que representa o movimento Vida Urgente?

Ceres  “O movimento Vida Urgente, até pela palavra, representa a vida. Urgente, porque a mensagem que se passa é para o jovem. Então o jovem não se dá conta de que a vida pode ser bem mais demorada, bem mais longa, bem mais expressiva e ele vai a ‘mil por hora’”.

ACS Como é vista a recepção do movimento pela sociedade? Até por ter se espalhado pelo Rio Grande do Sul,  o Vida Urgente é bem recebido.

Ceres – “Ele é bem recebido e, às vezes, até surpreende quando a gente vai dar, por exemplo, uma palestra ou conversar com os jovens em uma escola; eles têm quase toda a informação que quer se passar naquela hora”.

ACSÉ realizado também um trabalho que visa educar as crianças para que não cometam erros no futuro.

Ceres – “A gente educa a criança de uma maneira bem lúdica, elas já se interam no conceito principal que é o Vida Urgente, né. Uma fundação de prevenção aos acidentes de trânsito”.

ACSVocês pintam borboletas em alguns locais da cidade. Então, por que pintar e o que ela representa?

Ceres – “Isso aí é um projeto; faz parte do projeto ‘Borboletas pela Vida’. Ele surgiu há três anos. A idéia principal foi tirada do Chile onde eles colocam cruzes nas estradas para mostrar onde uma pessoa perde a vida. Aí, a gente pensou em colocar o nosso símbolo. Por que pela vida? Porque alguém perdeu a vida naquele lugar onde está colocada a borboleta. Simboliza que alguém morreu ali. Tem muita gente de famílias que perderam alguém que vão lá na sede pedir a pintura da borboleta. O que a gente quer com a borboleta? Ela é branca porque queremos paz. O que nós queremos é que o motorista quando enxergue a borboleta, tire o pé do acelerador. Pois, aquela borboleta representa a vida dele. Vamos cuidar a nossa vida, preservar a nossa vida no trânsito para que amanhã depois não sejamos uma borboleta no asfalto”.

Fotos: Núcleo de Fotografia e Memória (Rodrigo Simões) e Marcel Neves (da Redação)