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Santa Maria, RS, Brazil

Show de Schumacher e vitória de Massa

 Meu aniversário é no final do mês de novembro, mas este ano meu presente veio antecipado. Em maio, meu irmão Rodrigo reservou nossos ingressos para o GP do Brasil de Fórmula 1. No último domingo, juntamente com mais 65 mil pessoas, tive o prazer de assistir à corrida, em São Paulo. Dei sorte, sou pé quente. Vi a última corrida, o último show do alemão Michael Schumacher, o bicampeonato do espanhol Fernando Alonso e a vitória de Felipe Massa. Vale lembrar que a última vitória de um piloto brasileiro em Interlagos foi em 1993, ainda com o eterno Ayrton Senna.

Ao entrarmos no autódromo – eu e meu irmão – logo nos damos conta de que estamos em território “inimigo”. Um grupo de gaúchos com camisetas do Grêmio e do Internacional é vaiado em coro, pela maioria paulista, que faz referência ao jeito “machão” dos habitantes da região mais sul do país.

 Não demora muito para os gaúchos serem esquecidos. Um torcedor desfila pra lá e pra cá com a camisa da seleção Argentina, chamando a atenção de todos. Ao perceberem que o argentino está imune aos xingamentos, os torcedores brasileiros põem em prática sua maior especialidade, a criatividade. Alguém, perto de onde estamos, vem com a pérola: “Sai daí argentino, vocês não têm nem astronauta”.

Um americano, sem entender o que acontecia, pergunta a um de seus amigos o porquê das gargalhadas. Aliás, um elogio a este americano. Tudo o que ele consumia, toda a sujeira que produzia era devidamente enrolada e guardada em sua mochila, diferente de nós, brasileiros, que deixamos o lixo na arquibancada.

No entanto, em nenhum momento o clima fica tenso. As provocações servem apenas para fazer passar mais rápido as cinco e até seis horas de espera pela corrida. E a espera nas arquibancadas é recompensada – e como! – quando os carros começam a sair dos boxes.

 Para minha surpresa, noto que os brasileiros, enfim, se renderam ao talento de Schumacher e estão torcendo para ele, na disputa pelo título, com o rival Fernando Alonso. Poucos são os que torcem para o espanhol. Parece que a mágoa que existia em relação a Schumi, por ter sucedido a geração Senna e pelas pequenas desavenças com Rubens Barrichello, não existe mais. O vermelho Ferrari está por todos os lados e numa bandeira gigante, que tremula com a força do vento. Lindo, incrível!

 Apesar da torcida a favor, a sorte dá sinais de ter se aposentado um pouquinho antes do piloto alemão. No treino de sábado, um problema no câmbio, deixa-o na 10ª colocação no grid. No domingo, um pneu furado ao ultrapassar o italiano Giancarlo Fisichella, obriga-o a antecipar sua entrada nos boxes.

Aos 37 anos, heptacampeão, com uma fortuna avaliada em 350 milhões de dólares, vendo a possibilidade de ser campeão pela oitava vez disparar lá na frente no carro azul de Fernando Alonso, o que faria Schumacher voltar à pista? Para mim, ele provou que ainda é o melhor piloto da atualidade, que mesmo prestes a se aposentar ainda está no auge.

A corrida de recuperação foi fantástica. Mal sabia eu que, Michael Schumacher também tinha guardado um presente para mim. A cada ultrapassagem, uma explosão nas arquibancadas. Até mesmo quando ultrapassou Rubinho, a torcida vibrou como num gol. Era comum ouvir comentários do tipo “mas esse Schumacher é fora de série, hein?”. Num certo momento, eu dizia para mim mesmo, “ele não pode se aposentar”.


Passado mais de uma hora de corrida, a velocidade dos carros já não era a prioridade da torcida feminina. Muitas já estavam sentadas, protegendo-se do sol, e nem assistiam mais a corrida. Uma não cansava de repetir: “Amor, acho que ano que vem eu não venho contigo”.

 Enquanto isso, Felipe Massa fazia uma corrida à parte. Com uma boa vantagem, tinha o caminho livre para a vitória. Já podíamos começar a desembrulhar o pacote. Era mais um presente para mim e para a fanática torcida brasileira.

 

*Fabrício Carbonel é estudante de Jornalismo da Unifra e acompanhou, em São Paulo, o grande prêmio de Fórmula 1 do Brasil, no domingo passado.

 

Fotos: Fabríco e Rodrigo Carbonel

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 Meu aniversário é no final do mês de novembro, mas este ano meu presente veio antecipado. Em maio, meu irmão Rodrigo reservou nossos ingressos para o GP do Brasil de Fórmula 1. No último domingo, juntamente com mais 65 mil pessoas, tive o prazer de assistir à corrida, em São Paulo. Dei sorte, sou pé quente. Vi a última corrida, o último show do alemão Michael Schumacher, o bicampeonato do espanhol Fernando Alonso e a vitória de Felipe Massa. Vale lembrar que a última vitória de um piloto brasileiro em Interlagos foi em 1993, ainda com o eterno Ayrton Senna.

Ao entrarmos no autódromo – eu e meu irmão – logo nos damos conta de que estamos em território “inimigo”. Um grupo de gaúchos com camisetas do Grêmio e do Internacional é vaiado em coro, pela maioria paulista, que faz referência ao jeito “machão” dos habitantes da região mais sul do país.

 Não demora muito para os gaúchos serem esquecidos. Um torcedor desfila pra lá e pra cá com a camisa da seleção Argentina, chamando a atenção de todos. Ao perceberem que o argentino está imune aos xingamentos, os torcedores brasileiros põem em prática sua maior especialidade, a criatividade. Alguém, perto de onde estamos, vem com a pérola: “Sai daí argentino, vocês não têm nem astronauta”.

Um americano, sem entender o que acontecia, pergunta a um de seus amigos o porquê das gargalhadas. Aliás, um elogio a este americano. Tudo o que ele consumia, toda a sujeira que produzia era devidamente enrolada e guardada em sua mochila, diferente de nós, brasileiros, que deixamos o lixo na arquibancada.

No entanto, em nenhum momento o clima fica tenso. As provocações servem apenas para fazer passar mais rápido as cinco e até seis horas de espera pela corrida. E a espera nas arquibancadas é recompensada – e como! – quando os carros começam a sair dos boxes.

 Para minha surpresa, noto que os brasileiros, enfim, se renderam ao talento de Schumacher e estão torcendo para ele, na disputa pelo título, com o rival Fernando Alonso. Poucos são os que torcem para o espanhol. Parece que a mágoa que existia em relação a Schumi, por ter sucedido a geração Senna e pelas pequenas desavenças com Rubens Barrichello, não existe mais. O vermelho Ferrari está por todos os lados e numa bandeira gigante, que tremula com a força do vento. Lindo, incrível!

 Apesar da torcida a favor, a sorte dá sinais de ter se aposentado um pouquinho antes do piloto alemão. No treino de sábado, um problema no câmbio, deixa-o na 10ª colocação no grid. No domingo, um pneu furado ao ultrapassar o italiano Giancarlo Fisichella, obriga-o a antecipar sua entrada nos boxes.

Aos 37 anos, heptacampeão, com uma fortuna avaliada em 350 milhões de dólares, vendo a possibilidade de ser campeão pela oitava vez disparar lá na frente no carro azul de Fernando Alonso, o que faria Schumacher voltar à pista? Para mim, ele provou que ainda é o melhor piloto da atualidade, que mesmo prestes a se aposentar ainda está no auge.

A corrida de recuperação foi fantástica. Mal sabia eu que, Michael Schumacher também tinha guardado um presente para mim. A cada ultrapassagem, uma explosão nas arquibancadas. Até mesmo quando ultrapassou Rubinho, a torcida vibrou como num gol. Era comum ouvir comentários do tipo “mas esse Schumacher é fora de série, hein?”. Num certo momento, eu dizia para mim mesmo, “ele não pode se aposentar”.


Passado mais de uma hora de corrida, a velocidade dos carros já não era a prioridade da torcida feminina. Muitas já estavam sentadas, protegendo-se do sol, e nem assistiam mais a corrida. Uma não cansava de repetir: “Amor, acho que ano que vem eu não venho contigo”.

 Enquanto isso, Felipe Massa fazia uma corrida à parte. Com uma boa vantagem, tinha o caminho livre para a vitória. Já podíamos começar a desembrulhar o pacote. Era mais um presente para mim e para a fanática torcida brasileira.

 

*Fabrício Carbonel é estudante de Jornalismo da Unifra e acompanhou, em São Paulo, o grande prêmio de Fórmula 1 do Brasil, no domingo passado.

 

Fotos: Fabríco e Rodrigo Carbonel