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Umsonstladen, loja onde tudo é de graça

Em um mundo capitalista é quase impossível imaginar uma forma diferente de tentar realizar as coisas. Assim como no fim dos anos 80 e no começo dos anos 90 houve nos países ditos de terceiro mundo, a febre das lojas de tudo por R$1,99; hoje, na Europa, existe um movimento social que promove a integração da sociedade por meio da economia popular solidária. É um movimento contra a compra excessiva dos produtos de massa.

A economia solidária propõe que a produção industrial tenha como foco principal o desenvolvimento e o bem-estar do ser humano e não no capital, como hoje ocorre.
O movimento originado na Alemanha, e que se alastra por todo o continente, leva a finco estes preceitos. Quem chegar em Berlim certamente ouvirá falar das Umsonstladen, que em português quer dizer Loja onde tudo é de graça. Localizadas em Berlim Oriental, uma delas pode ser visitadas no bairro cultural Prenzlauerberg. Dentro destas lojas se discute o custo real das coisas para o ser humano, e se estes bens são necessários.

O mais interessante é o sentimento gerado por este movimento na população como um todo. Mais do que adquirir este ou aquele bem, as pessoas doam seus pertences ao movimento para que ele os faça chegar a outras pessoas que necessitem naquele momento.

Para que o movimento dê certo nos países desenvolvidos, é necessário que a população tenha maturidade em compreender as reais razões do mesmo, e não corra para estas lojas a fim de obter mais bens. Tal maturidade deve demorar um pouco ainda para chegar a níveis aceitáveis nos países desenvolvidos, e um pouco mais para que possa existir algo similar no Brasil ou na América do sul.

A estrutura atual da economia mundial não favorece este tipo de empreendimento social, porque os bens duráveis são produzidos em larga escala em todo o planeta e o consumo atual não suporta a quantidade de bens produzidos. Atualmente são necessários cinco planetas Terra para consumir o que a indústria mundial produz segundo dados do Banco Mundial.

Os europeus do leste são mais propensos a aceitar e compartilhar seus objetos com este tipo de movimento por conta da sua história, o que não ocorre na mesma proporção com os europeus do ocidente que agora estão começando a compreender melhor os reais motivos deste movimento social. Berlim oriental é muito diferente da ocidental. A Berlim ocidental é igual a qualquer cidade européia, com lojas e carros de luxo. Nada diferente. Os dois povos vivem bem, mas em Berlim oriental a vida tem um tom mais alternativo.

A economia solidária e seus conceitos pode ser ferramenta muito valiosa para um país que necessita fazer com que sua população tenha melhores condições de vida. Utilizar estas estratégias pode ser uma boa maneira de iniciar o trabalho de recuperação econômica de uma população com baixo poder aquisitivo. Também nessa mesma linha de atuação pode-se promover o micro crédito comoforma de dar condição a população de desenvolver seu próprio negócio.

O movimento de economia solidária que hoje se estende por toda a Europa busca cada vez mais ajudar a população a melhorar as suas condições de vida e, aos poucos, a condição financeira. Isso, com certeza, melhora a auto-estima do ser humano.

* Juliano M. Trindade é economista e mora em Berlim Oriental.

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Em um mundo capitalista é quase impossível imaginar uma forma diferente de tentar realizar as coisas. Assim como no fim dos anos 80 e no começo dos anos 90 houve nos países ditos de terceiro mundo, a febre das lojas de tudo por R$1,99; hoje, na Europa, existe um movimento social que promove a integração da sociedade por meio da economia popular solidária. É um movimento contra a compra excessiva dos produtos de massa.

A economia solidária propõe que a produção industrial tenha como foco principal o desenvolvimento e o bem-estar do ser humano e não no capital, como hoje ocorre.
O movimento originado na Alemanha, e que se alastra por todo o continente, leva a finco estes preceitos. Quem chegar em Berlim certamente ouvirá falar das Umsonstladen, que em português quer dizer Loja onde tudo é de graça. Localizadas em Berlim Oriental, uma delas pode ser visitadas no bairro cultural Prenzlauerberg. Dentro destas lojas se discute o custo real das coisas para o ser humano, e se estes bens são necessários.

O mais interessante é o sentimento gerado por este movimento na população como um todo. Mais do que adquirir este ou aquele bem, as pessoas doam seus pertences ao movimento para que ele os faça chegar a outras pessoas que necessitem naquele momento.

Para que o movimento dê certo nos países desenvolvidos, é necessário que a população tenha maturidade em compreender as reais razões do mesmo, e não corra para estas lojas a fim de obter mais bens. Tal maturidade deve demorar um pouco ainda para chegar a níveis aceitáveis nos países desenvolvidos, e um pouco mais para que possa existir algo similar no Brasil ou na América do sul.

A estrutura atual da economia mundial não favorece este tipo de empreendimento social, porque os bens duráveis são produzidos em larga escala em todo o planeta e o consumo atual não suporta a quantidade de bens produzidos. Atualmente são necessários cinco planetas Terra para consumir o que a indústria mundial produz segundo dados do Banco Mundial.

Os europeus do leste são mais propensos a aceitar e compartilhar seus objetos com este tipo de movimento por conta da sua história, o que não ocorre na mesma proporção com os europeus do ocidente que agora estão começando a compreender melhor os reais motivos deste movimento social. Berlim oriental é muito diferente da ocidental. A Berlim ocidental é igual a qualquer cidade européia, com lojas e carros de luxo. Nada diferente. Os dois povos vivem bem, mas em Berlim oriental a vida tem um tom mais alternativo.

A economia solidária e seus conceitos pode ser ferramenta muito valiosa para um país que necessita fazer com que sua população tenha melhores condições de vida. Utilizar estas estratégias pode ser uma boa maneira de iniciar o trabalho de recuperação econômica de uma população com baixo poder aquisitivo. Também nessa mesma linha de atuação pode-se promover o micro crédito comoforma de dar condição a população de desenvolver seu próprio negócio.

O movimento de economia solidária que hoje se estende por toda a Europa busca cada vez mais ajudar a população a melhorar as suas condições de vida e, aos poucos, a condição financeira. Isso, com certeza, melhora a auto-estima do ser humano.

* Juliano M. Trindade é economista e mora em Berlim Oriental.