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Charles Kiefer e a construção da identidade

 O VII Seminário Internacional de Letras recebeu ontem o escritor e professor de Letras da Pontifica Universidade Católica (Puc-RS), Charles Kiefer.  Kiefer tem importantes prêmios da literatura, como três jabutis  pelos livros Pêndulo do relógio, Um outro olhar e Antologia Pessoal. Seus textos foram adaptados para peças de teatro na França, Suíça e Polônia.

Charles Kiefer começou a conferência explicando como a idéia de sujeito e a construção da identidade foi concebida através dos tempos. A primeira idéia é a do sujeito do ponto de vista iluminista. O indivíduo com razão consciência e ação. Este sujeito é composto por um núcleo que com ele se desenvolve, e este é considerado a sua identidade. Após, a sociologia vê a construção da identidade como a interação do sujeito e da sociedade. Atualmente, somos caracterizados pelo sujeito fragmento. O sujeito é composto de várias identidades, às vezes contraditórias.

 Vários fatores podem interferir na nossa cultura e, consequentemente, na nossa personalidade. A narrativa da ação é composta por cenários, histórias e símbolos, entre outros, que dão sentido à ação. Nesse contexto, a identidade nacional é considerada como primordial. A estratégia discursiva diz respeito às tradições que podem ser antigas, e são recebidas e repetidas ou inventadas. 

O mito fundacional, torna o passado tão distante que ele se perde em um tempo místico, isto transforma desordem em ordem e derrotas em vitórias. Kiefer usou o caso das comemorações do dia 20 de setembro para ilustrar este caso. No 20 de setembro comemoramos como vitória uma derrota. Ele também usou como exemplo o churrasco e a bombacha que usamos como símbolos de nossa cultura, mas que tem outras origens. "A identidade gaúcha não é representada na figura do gaúcho. Existem vinte e sete etnias no Rio Grande do Sul que não se identificam nesta imagem", complementou o professor.

Segundo ele a mídia também tem grande influência na mistificação ou desmistificação de imagens incorporadas na sociedade. Muitos dos nossos padrões culturais são impostos pelos veículos de comunicação, principalmente os localizados nos grandes centro como São Paulo, que hoje é responsável por 75% do Produto Interno Bruto ( PIB) brasileiro. A literatura também é um fator de influência :"A literatura tem o poder de ajudar a construir essa identidade ou destruí-la", finalizou.  

Fotos: Isadora Spezia Mello (Núcleo de Fotografia e Memória)

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 O VII Seminário Internacional de Letras recebeu ontem o escritor e professor de Letras da Pontifica Universidade Católica (Puc-RS), Charles Kiefer.  Kiefer tem importantes prêmios da literatura, como três jabutis  pelos livros Pêndulo do relógio, Um outro olhar e Antologia Pessoal. Seus textos foram adaptados para peças de teatro na França, Suíça e Polônia.

Charles Kiefer começou a conferência explicando como a idéia de sujeito e a construção da identidade foi concebida através dos tempos. A primeira idéia é a do sujeito do ponto de vista iluminista. O indivíduo com razão consciência e ação. Este sujeito é composto por um núcleo que com ele se desenvolve, e este é considerado a sua identidade. Após, a sociologia vê a construção da identidade como a interação do sujeito e da sociedade. Atualmente, somos caracterizados pelo sujeito fragmento. O sujeito é composto de várias identidades, às vezes contraditórias.

 Vários fatores podem interferir na nossa cultura e, consequentemente, na nossa personalidade. A narrativa da ação é composta por cenários, histórias e símbolos, entre outros, que dão sentido à ação. Nesse contexto, a identidade nacional é considerada como primordial. A estratégia discursiva diz respeito às tradições que podem ser antigas, e são recebidas e repetidas ou inventadas. 

O mito fundacional, torna o passado tão distante que ele se perde em um tempo místico, isto transforma desordem em ordem e derrotas em vitórias. Kiefer usou o caso das comemorações do dia 20 de setembro para ilustrar este caso. No 20 de setembro comemoramos como vitória uma derrota. Ele também usou como exemplo o churrasco e a bombacha que usamos como símbolos de nossa cultura, mas que tem outras origens. "A identidade gaúcha não é representada na figura do gaúcho. Existem vinte e sete etnias no Rio Grande do Sul que não se identificam nesta imagem", complementou o professor.

Segundo ele a mídia também tem grande influência na mistificação ou desmistificação de imagens incorporadas na sociedade. Muitos dos nossos padrões culturais são impostos pelos veículos de comunicação, principalmente os localizados nos grandes centro como São Paulo, que hoje é responsável por 75% do Produto Interno Bruto ( PIB) brasileiro. A literatura também é um fator de influência :"A literatura tem o poder de ajudar a construir essa identidade ou destruí-la", finalizou.  

Fotos: Isadora Spezia Mello (Núcleo de Fotografia e Memória)