Sempre tive curiosidade em conhecer um pouco mais de nossas raízes. Apesar de não ser um país campeão de pacotes turísticos, alguma coisa me dizia para ir lá. E escolhi companhias perfeitas: meus amigos brasileiros e três venezuelanas, que conheci no meu curso. Pegamos um ônibus em Madrid e fomos direto para Portugal. Foram nove horas de viagem em um "autocar", como diriam os potugueses, cheio de gente estranha. Admito que fiquei com um pouco de medo. Mas ao despertar, abro a cortina e vejo através da janela o doce balanço do Rio Tejo. Vejo Lisboa!
Sua arquitetura moderna enriquece a cidade ao lado de obras conhecidas no mundo todo. A estaçao do Oriente lembra as fotos que vi de Sidney, a ponte 25 de Abril faz a releitura da famosa ponte de São Francisco, até porque foi construída pelo mesmo grupo, assim como o Elevador de Santa Justa (foto acima), que foi construído por um discípulo de Eiffel.
Caminhando pelas ruas, descobrimos alguma coisa em comum. Além da receptividade e amabilidade das pessoas (nada comum para quem vive em Madrid), as avenidas, as árvores, a simplicidade das pessoas caminhando nas ruas, o sabor do pão com café de um boteco bem português, o som das palavras me lembravam o Brasil.

Mas foi no Elevador de Santa Justa que Lisboa me conquistou. Com mais de 45 metros de uma estrutura de ferro, subimos para ver a cidade de outro ângulo, um ângulo realmente fascinante. Do alto, a beleza do Rio Tejo, azul como o mar. Ao lado, a arquitetura antiga das casas abaixo do Castelo de Sao Jorge. As ruas, a perfeiçao dos azulejos, os monumentos, tudo ficou mais evidente. Sentamos em uma pequena cafeteria e saboreamos um bom café contemplando o pôr-do-sol de Lisboa. Fascinante!
No domingo pela manha, pegamos um ônibus e em 1hora e meia estávamos em Fátima. Enquanto caminhávamos em direçao ao Santuário, me senti como na Romaria da Medianeira, pessoas com flores, concentraçao e devoçao. Ao entrar no terreno do Santuário, nao sei explicar tamanha energia que existe naquele lugar. Pessoas pagando promessas de joelhos, que na hora me fizeram lembrar Ana Maria Braga quando foi até lá agradecer a cura de um câncer, velas, maes, filhos, senhoras, com uma fé que podia ser transmitida pelo ar. A igreja é simples, com os túmulos das crianças que viram a apariçao de Nossa Senhora, nada de muito luxo, mas tudo transbordando energia. Fui até a Capela das promessas, rezei, agradeci, pedi também, peguei um pouco de água benta na fonte e fui embora. Com uma tranquilidade no coraçao, uma paz na alma.

*Mariana Paniz é jornalista formada pela primeira turma do Centro Universitário Franciscano. Atualmente, faz cursos na Espanha.